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História Hope - Harry Styles (LIVRO UM) - Escuridão


Escrita por: sunzjm

Capítulo 11 - Escuridão


Fanfic / Fanfiction Hope - Harry Styles (LIVRO UM) - Escuridão

O beijo era intenso, mas não de um jeito bom. Algo me fez querer parar, mas busquei ignorar e tentei sentir Henry ao máximo. Pelo jeito ele não estava confuso (como eu havia pensado) e gostava de mim de verdade. Mas... havia alguma coisa fora do lugar, e resolvi acreditar que talvez tivesse relação comigo.

E se eu aceitasse ficar com ele?

E se eu desabafasse?

Parei de beijá-lo e, ainda de olhos fechados, permaneci próxima dos seus lábios. 

— Eu sei que talvez eu esteja indo rápido demais... — sussurrou Henry, e então segurou as minhas mãos para me fitar —, mas me dê só uma chance, Melissa. Eu posso te fazer feliz. — Aquela mesma sensação voltou e eu já sabia do que se tratava. Harry estava por ali mais uma vez…

Assim, abri os olhos e encarei o Henry. Contudo, logo atrás dele, percebi o seu irmão. O desespero me preencheu e o meu coração começou a palpitar rapidamente. Evitei olhar aquilo, a fim de que Henry não pensasse que eu estava louca, mas não consegui me acalmar.

Não faça isso, Melissa — pediu o irmão dele, a voz muito baixa e com um certo tom de…. desespero?, algo que eu nunca havia presenciado. — Por favor, é a única coisa que eu imploro. 

— Sai! — acabei exclamando, pondo as mãos na frente dos olhos e sentindo que eu começava a me descontrolar. Foi então que eu senti uma mão no meu braço, e era do Henry, que me ouvia e pensava que eu estava falando com ele. — Não faz isso...

— Me desculpa, Melissa — falou ele, rapidamente —, eu não consegui me controlar. Tente me entender, por favor.  

Se aceitar o pedido dele, vou fazê-la se arrepender... — Harry voltou a falar, mas daquela vez eu senti a ameaça e a fúria contaminarem todo o ambiente, bem mais forte. Percebi o tom de sua voz se tornar um pouco mais alto, à medida que eu me afastava do Henry aos poucos. Eu não queria que ele corresse um risco de vida, porque este não merecia todo aquele ódio. — Vamos, sai de perto dele!...

Apenas senti o rosto molhar e percebi que eu não conseguiria mais aguentar toda a pressão. Eu só queria pôr pra fora tudo o que andava acontecendo comigo naqueles últimos dias, e nem isso eu podia fazer. 

— Não, não se aproxime — mandei, assim que percebi Henry andando até mim. Ele pareceu triste e aquilo só doeu mais no meu coração. Harry continuava atrás dele, o observando, como se se alimentasse do que eu havia o feito sentir naquele instante; como se se alimentasse da tristeza que eu estava o fazendo passar. Afinal, que tipo de pessoa eu era? Se eu aceitasse ter uma relação com o Henry, tudo poderia piorar, e não era aquilo o que eu queria. — Eu vou embora…, e não venha atrás de mim, só peço isso. — Assim, antes que ele dissesse alguma coisa, saí do consultório o mais rápido possível.

— Melissa, aonde vai?! — Lewis havia perguntado, assim que passei correndo por ele. Ignorei a expressão dos outros funcionários e apenas deixei a minha adrenalina tomar conta de mim. Atravessei a avenida movimentada e forcei a corrida, a fim de escapar de qualquer um. 

Eu já tinha em mente o que iria fazer, tinha que ser aquilo e eu precisava ser o mais rápida possível, porque imaginei que Harry daquela vez não poderia me impedir.

Logo, corri mais do que eu era capaz, apenas para me afastar. Depois de minutos, o fôlego faltando nos pulmões, avistei o prédio abandonado. Tudo o que tinha se passado na minha vida, com a minha mãe e comigo mesma, me mostrava que era o certo a fazer.

E eu estava decidida. 

Você não vai fazer isso! — Me assustei com a voz dele, mas não consegui distinguir de onde vinha. Logo, me coloquei a correr pelas escadas. — Melissa!... 

— Me deixa em paz! — gritei e, depois de um tempo, cheguei ao último andar. Passei por entre o corredor escuro e entrei em um quarto qualquer, a fim de não perder tempo tentando destrancar a porta que levava ao térreo. O meu objetivo era único e Harry não poderia me impedir. — É agora, Melissa — sussurrei pra mim mesma, fitando a varanda. Assim, limpei novamente o meu rosto e corri em direção ao meu objetivo.

— Você não vai fazer isso, entendeu?! — Harry me puxou grosseiramente e eu fui de encontro com a parede, para depois cair no chão fétido. Então, tudo me doeu externa e internamente. — Não vou deixar isso acontecer, apenas desista dessa ideia idiota. 

— Sai da minha frente..., agora — rosnei, tentando mostrar forças. Mas lá estava ele, rígido e parecendo brilhar um pouco mais do que o normal. — Eu sei que eu posso ser mais forte do que você, que posso ignorar tudo até que você suma. 

— Realmente pode — concordou ele, muito sério —, mas é uma pena que não tenha fé o suficiente, que não consiga crer em si mesma. Você não vai estragar nada disso agora, nós temos um trato.

— Eu... — Me levantei rapidamente e tentei passar todo o ódio que eu tinha apenas com os olhos. — Eu não quero mais isso. Eu odeio você! Eu odeio e vou odiar pelo resto de toda a minha vida. Você nunca vai conseguir ser igual a ele, Harry…, nunca! Ele é melhor do que você e nada do que faça vai mudar isso — gritei, sentindo a minha garganta arder. 

E, como o raio de uma tempestade, os olhos dele ficaram totalmente negros e Harry segurou firme o meu pescoço e o meu braço.    

— Você não sabe o que está falando — rosnou de volta, enraivecido a ponto de me fazer encolher, com todo o poder que tinha tirado de mim. — Ele não era o melhor e nunca vai ser. 

— É, ele é sim. 

— Você não conhece o Henry de verdade! 

— Eu vou ser feliz com ele porque ele sempre me fez bem…, porque ele me ama. — Subitamente senti o meu cabelo ser puxado e Harry me forçou a andar até o peitoril da varanda, onde existia um mínimo espaço no qual me permitia ficar de pé. Havia grades, porém tinha um local que permitia que um corpo passasse, e eu estava naquele espaço. Os carros lá embaixo continuavam seguindo o seu trajeto e ninguém me percebia ali em cima. 

— Será? — perguntou ele perto do meu ouvido, me segurando pelo cabelo e pelos meus braços. — Se eu jogar você daqui…, isso não vai acontecer, não é mesmo? Não era isso o que você queria?! — Harry pôs mais força na mão que puxava as minhas mechas e eu não consegui evitar em gemer de dor. — Escuta, você não vai ser feliz com ele…, nunca. — E, depois daquilo, ele me puxou pra dentro do quarto de novo e me jogou no chão. — Não me provoque, eu não quero que fique com ele — mandou Harry, em um tom baixo demais, me fazendo arrepiar e estremecer. — Henry não merece ser feliz com ninguém.

Tentei fitar os seus olhos, à procura de verdades e de segredos, só que ele não permitiu.  

— Você disse pra mim que não era um monstro…, mas tudo o que faz prova o contrário — acusei, pondo a mão na cabeça enquanto começava a sentir dor. Harry então respirou fundo e se agachou na minha frente. O medo me consumiu totalmente, me fazendo afastar e desviar o olhar dele.

— Você não deveria ter se aproximado tanto do Henry — avisou, a voz e os olhos voltando ao normal. — Não deveria ter deixado que ele a beijasse. Isso foi... — ele se interrompeu e franzi o cenho. Me frustrei e me esforcei a olhar pra ele, confusa com o que ele estava querendo dizer.

— Você já está morto.

Harry então desviou o olhar, como se aquilo o tivesse machucado de alguma forma, e então me puxou para que eu levantasse junto com ele.    

— Eu sei disso…, e não foi um acidente. — Harry finalmente me fitou, daquela vez mais profundamente. E aquilo me paralisou, porque de alguma forma uma dor no coração me preencheu e eu tive uma súbita vontade de correr para afastá-la. Daquela vez, pude ter certeza de que Harry não tinha falecido por causa de um acidente, como eu havia imaginado antes. — Eu tenho uma coisa pra mostrar, mas eu não consigo... — Ele tirou o ódio que tinha no olhar e apenas vi um espírito atordoado à minha frente – talvez até desesperado.  

— Eu não quero nada de você — cerrei os dentes, devidamente irritada. Só que Harry me surpreendeu, tirando algumas mechas de cabelo do meu rosto e o envolvendo.

Tentei sair daquilo, mas ele não deixou.  

— Por favor... — pediu, baixinho. 

— Eu… quero ir embora desse lugar — mandei, e outra atitude sua me surpreendeu de novo. Os seus lábios colaram nos meus fortemente e aquilo foi o suficiente para me distrair, principalmente por conta da sensação gélida. Então aquelas vozes voltaram e as risadas também. Senti algo estranho quando percebi que os lábios dele não estavam mais nos meus, então tudo escureceu e eu perdi o foco. Só o que senti foi o meu corpo caindo no chão e então todas as vozes cessaram.

Assim, com desconfiança, abri os olhos e observei o lugar em que estava. Não era mais o quarto e o local era totalmente branco. Não totalmente, na verdade, porque existia uma grama verde e brilhante sob o meu corpo, assim como as árvores ao meu redor. O tempo parecia não existir e o silêncio era ensurdecedor. O sol brilhava à minha frente e, por um breve momento, senti que estava protegida. 

Mas foi só por um breve momento, porque vi Harry saindo de duas árvores grandes e aquilo me deu medo. Ele, porém, estava um pouco diferente. Consegui vê-lo melhor com toda a claridade, os seus olhos eram hipnotizantes ali naquele lugar e combinavam com a grama e as árvores. Ele também estava com as mesmas roupas brancas de quando o vi da última vez em que estava vivo, mas elas não estavam amassadas. 

Por incrível que pareça, o ambiente passou a ser bem mais nítido e leve. Assim, voltei ao meu normal rapidamente e me levantei, sentindo a cabeça latejar. 

— Vem comigo — pediu Harry, já bem próximo, e tudo passou a se tornar confuso pra mim, o vendo daquele jeito ali na minha frente. Eu não senti mais medo, mas também me perguntava se deveria confiar. — Eu sei que você é forte o suficiente... — continuou ele, sério, depois deu meia-volta e seguiu pro caminho que o trouxera até ali. Pisquei freneticamente pelo fato de ter esquecido de fazer aquilo enquanto o observava, e em seguida andei atrás dele.

Andando por alguns minutos o frio me consumiu e, a cada momento em que entrávamos mais fundo naquele lugar, todo o clima se tornava ruim, passando a escurecer em direção ao sentido que estávamos indo.

Até que, finalmente, vi Harry parando de costas pra mim. Continuei andando e percebi alguém sentado um pouco mais a frente, em um tronco quebrado – e alguém que, de longe, parecia muito triste e cabisbaixo. Quando cheguei ao lado do Harry, consegui perceber de quem se tratava.

— Não... — sussurrei, os olhos lacrimejando e a respiração passando a acelerar. Me perguntei o que Harry estaria fazendo com ela, mas logo esqueci aquele pensamento. Sem pensar duas vezes, corri em direção onde mamãe estava, sentindo a necessidade enorme de lhe trazer algum conforto. No entanto, uma barreira fina e transparente não me permitiu. — Não, me deixa ir até ela! O que você está fazendo!? — gritei, tentando quebrar aquela parede invisível.  

— Eu não estou fazendo nada, Melissa — falou Harry, me deixando mais frustrada ainda. Então, eu lhe vi andar e ultrapassar a barreira facilmente, para depois se agachar de frente para a minha mãe e tocar o seu braço. Olhei pra ela, mas a mesma não fez nada. Ela estava tão triste, e tão triste... Tentei fazer o mesmo que o Harry, mas a parede não me deixou. E o que era tudo aquilo? Por que eu não poderia chegar perto da minha própria mãe? Era o que Harry queria, me deixar pior do que eu já estava? — Eu pensava que, se deixasse você um pouco sozinha com ela, tudo melhoraria — comentou ele, e parecia desolado —, mas não melhorou e ela continua da mesma forma.

Então ele se levantou e veio na minha direção. 

— Como assim? — joguei, irritada com ele. — Você disse que ela estaria em um bom lugar, que as coisas não funcionavam da forma como eu pensava!  

— Melissa... — ele sussurrou, e instantaneamente fechei os olhos. Assim, após alguns segundos, respirei fundo, busquei me acalmar e limpei o rosto. — Ela está sentindo a sua dor. 

— O quê? 

— Ela deveria estar em um bom lugar, sim, assim como a minha mãe, mas algo me trouxe e eu a vi aqui, desse jeito — explicou ele, me observando. — Eu tentei falar com ela, mas a única coisa que consegui foi o seu olhar, sem palavra alguma. Então você me veio na cabeça de novo e...

— Você é um dos motivos pela minha dor, Harry — lhe acusei, muito cruel. — Não consegue se lembrar das coisas que me fez passar?  

— É a única maneira que eu tenho de conseguir...  

— E ela vai ficar desse jeito? Você quer mesmo que eu fique bem desse jeito? Tenha piedade no seu coração… aliás, por que diabos eu não posso me aproximar?! — perguntei, fazendo questão de interrompê-lo mais uma vez, com desgosto e batendo naquela parede que separava mamãe e eu.  

— Porque você não tem permissão pra isso — explicou Harry, olhando pra ela. — Você ainda está viva e ela já ultrapassou o seu mundo. O que você quer não pode acontecer, Melissa. Agora ela está exausta por todo o sofrimento. 

— E se eu fizer tudo sem reclamar? — eu perguntei, com esperanças pela minha mãe. — E se eu ficar bem…, mesmo passando por tudo o que você me faz passar? 

— Olha pra mim — pediu ele e eu fiz aquilo, à procura de uma solução —, eu vou contar tudo o que aconteceu, mas agora não é a hora, principalmente depois do que o Henry fez. Tem certas coisas que eu não posso fazer, porque não é tão simples quanto parece. Além do mais, você não pode mentir pra ela. Sua mãe vai saber se você fingir estar bem, e não vai adiantar em nada. A maior dor que ela sente não tem a ver comigo.

— Eu a amo muito — falei, passando a olhar a minha mãe novamente. Ela havia sofrido durante algum tempo enquanto esteve viva, e eu não desejava que acontecesse a mesma coisa até mesmo depois da sua morte. A alma dela precisava descansar e ela merecia estar no paraíso.

— Vocês ainda estão ligadas, de alguma forma — continuou Harry, passando a olhá-la também. — Tudo o que você sente, ela vai sentir também. Tente deixá-la ir, Melissa, assim você pode diminuir todo o sofrimento que ela está sentindo.

— Eu... não consigo. 

Como uma covarde, eu saí daquele lugar, esperando que, de alguma maneira, estivesse em casa. Talvez Harry entendesse e fizesse aquilo sem que eu visse. No seu mundo, tudo era possível. Eu deveria fazer o que ele tinha sugerido pro bem de quem eu mais amava, porém eu sentia que não conseguiria fazer sozinha.

Eu amava a minha mãe, mas...

Eu não conseguiria.




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