História Hopefullness - VHope - Don't Give Up

"Tão duro. 
É uma esperança vazia, agora adeus;
Tão longo
Mesmo que eu seja lento, andarei com os meus próprios pés;
Porque essa estrada é claramente a minha estrada.
Mesmo que eu volte, eu tocarei em algum momento;
Eu nunca, nunca irei.
Eu nunca irei perder o meu sonho..."

(Lost - BTS) 

-----------------------------------------------

5 anos depois.

Taehyung P.O.V's 

Quando o celular despertou as seis da manhã, eu já estava acordado. Há dias que não consigo dormir direito, então prefiro ficar olhando para o lado de fora pela janela que tem no quarto. A sensação de ser pequeno diante dessa imensidão de céu, por incrível que pareça, me deixa feliz. É bom olhar para as estrelas, é como se elas se comunicassem comigo a cada mínimo brilho que dão. Sentir o cheiro e o vento fresco, me dá liberdade, sinto como se pudesse levantar da cama e correr por aí, brincar e esquecer que um dia usei cadeira de rodas, mas a realidade é cruel demais. Eu não posso fazer isso, nem mesmo depois de quase três anos de fisioterapia, eu ainda não posso andar. Quando comecei a fazer, fomos para os medicamentos para dor que sinto na cintura, e para as massagens que a enfermeira faz em mim, mas ainda não comecei a dar os primeiros passos. E isso é tão está bom, parece que sou uma criança que ainda aprenderei a andar, quando na verdade tenho mais de vinte anos. 

- Bom dia! -uma voz alegre contagiou meu quarto e eu sorri olhando para a porta

- Bom dia Hope. -ele sorriu e veio até onde eu estava deitado, beijou minha testa e sentou na beirada da pequena cama 

- Vamos começar o dia? -perguntou sorrindo largo e eu assenti- Hoje vamos fazer alguns tratamentos diferentes. 

- Como assim? -perguntei confuso, eu tinha que seguir a lista que me foi passado 

- Conversei com o doutor e ele liberou. A Dona Solar está de folga hoje e eu cuidarei de você. E eu melhor do que ninguém consigo ver nos seus olhos o quanto você quer avançar com o tratamento, por isso estou aqui hoje. 

- Como assim? 

- Hoje te ajudarei a dar os primeiros passos. Mesmo sendo contra as regras, eu te ajudarei. -se levantou e arrumou a cadeira de rodas- Vamos trabalhar duro hoje, então quando você voltar, toma banho. 

- Mais eu não quero ir fedido. -murmurei enquanto ele me pegava no colo e me arrumava na cadeira 

- Você não está fedido. -disse e se abaixou para cheirar meu pescoço 

- Ho... -sussurrei sentindo um arrepio passar pelo meu corpo 

- Eu adoro o seu cheiro. -sorriu de lado me encarando, nossos rostos estavam praticamente colados, suspirei ao sentir sua respiração quente em meu rosto 

- Bom, vamos lá? -perguntou se afastando e eu assenti meio desnorteado 

Ele se pôs atrás de mim e começou a empurrar a cadeira. Acenava e falava com alguns dos pacientes dali, enfermeiras e os médicos. 

- Oh! Que bom que encontrei você aqui Taehyung, estava mesmo indo até o seu quarto. Precisamos conversar. -disse o médico que cuida de mim e eu assenti, mudamos nosso caminho e fomos até seu consultório, entramos em Hope se sentou ao meu lado em uma cadeira, o médico olhou para uns papéis que estavam em sua mão e olhou para mim 

- O que houve doutor? -perguntou Hope antes de mim, seu sorriso havia desaparecido e isso me fez tremer de medo 

- Saiu o resultado dos exames. -e se calou, eu também, Hope apenas olhou para mim, e isso me acalmou, mas ainda sim eu estava com medo 

Esse exame iria definir o meu estado. Se eu teria chance de voltar a andar, ou acabaria com todas minhas esperanças e daria o ultimato. 

- E o que deu? -perguntei respirando fundo

- Eu vou abrir agora. Preferir fazer isso na sua frente. -assenti fraco com a cabeça e senti a mão de Hope na minha, entrelaçou nossos dedos e apertou de leve 

E tudo aos poucos foi sumindo. Eu só conseguia ouvir o som do meu coração e o ponteiro do relógio me mostrando que a hora passava e que no minuto seguinte minha vida poderia mudar completamente. E então ele abriu, seus olhos passaram por toda a folha, e seu olhar entristeceu. E liberei minhas lágrimas. Eu sabia.

Nunca mais poderei andar de novo. 

Sem pensar duas vezes, soltei a mão de Hoseok e sair da sala apertando o botão automático, as pessoas que me viam me olhavam com pena e eu só queria ficar sozinho e chorar. Sentir minha própria dor tomando conta de mim, até que eu caísse na real. Eu sou um inválido. E nada vai mudar isso, tratamento nenhum vai me ajudar, eu sou um ninguém, nunca serei bom o suficiente para fazer qualquer coisa. 

Quando me joguei na frente do caminhão para salvar meu irmão, eu sabia do risco que estava correndo, do que estava por vir. Mais por incrível que pareça, eu tinha esperança, força de vontade para lutar, mas agora tudo isso foi por água a baixo, não adianta nada eu tentar fazer algo, quando não terá resultado positivo nenhum. Isso só acabará me machucando mais e mais. E já sofro demais com a rejeição do meu irmão. Talvez ele nunca me perdoe, apesar de que eu não errei, porque no fundo eu sabia que ele encontraria alguém, e me sinto feliz agora por ele, mas eu nunca encontrarei, alguém que queria um cadeirante, alguém que terá que passar a vida cuidando de mim. Eu nunca poderei brincar com essa pessoa, nunca poderei trabalhar ou sequer sair por aí sem ajuda. Eu nunca poderei fazer nada disso, pois por uma escolha minha, eu me auto machuquei. Eu me auto destrui, mas faria tudo de novo, só pra não ver ele passar por isso que estou passando. 

- Eu sabia que te encontraria aqui. -a voz do meu amigo soou baixa e trêmula 

- Vai embora. Eu quero ficar sozinho. -murmurei enquanto limpava as lágrimas 

- Quando entrei pela primeira vez no seu quarto, eu prometi que estaria com você pra sempre. -se ajoelhou na minha frente- Você pode me xingar, me bater, gritar comigo, mas daqui não vou sair. 

- Por que você está fazendo isso? Hope, eu nunca poderíeis te dar mais do que isso. -apontei para minha cadeira- Eu nunca poderei ser alguém melhor pois estou preso aqui pra sempre. E agora é definitivo, eu nunca mais voltarei a andar, então não tem pra que continuar tentando. Acabou! 

- É assim que vai acabar pra você? -sua voz saiu grossa e pela primeira vez eu o vi sério- Você saiu daquela sala e não deixou o médico terminar de falar. Você tem 70% de chances de não voltar a andar, mas o restante ainda é muito. Não é definitivo, não acabou. Você ainda tem chances Tae. 

- 30% numa escala de 100 é quase impossível. Eu não posso Hope, não posso continuar me ferindo dessa forma. A única decisão que posso ter é a de desistir. 

- Eu não estou ouvindo isso. Cadê o meu garoto que disse que não iria desistir? Que a cada fisioterapia, mesmo não tendo muito resultado saia com um sorriso lindo no rosto e a esperança renovada? -apontei pra mim e sorri de leve- Então você vai me prometer que nunca mais irá pronunciar essa palavra de novo. Eu acredito na sua cura Tae, e estarei aqui pra te segurar. 

- Eu não consigo... -murmurei sentindo minha garganta doer devido estar prendendo o choro 

- Você consegue sim. -se levantou e segurou minhas mãos- Vem! 

- O que? Não! Não Hope. -falei assustado, soltei suas mãos 

- Eu te segurarei Tae. -pegou minha mão novamente- Sempre! 

Respirei fundo e apertei sua mão na minha. Fechei os olhos e fiz força com meu corpo, senti uma dor na cintura e desisti. Abri os olhos e olhei nos seus, ele sorriu pra mim, largamente, lindo como sempre. Respirei fundo novamente e fiz força, ele me segurou mais forte, e me coloquei de pé, mesmo não sentindo nada e sabendo que a maior força quem estava fazendo era ele. Minhas lágrimas escorreram, e minha esperança se renovou no seu olhar. 

- Eu estou aqui pra te segurar Tae. -se aproximou de mim- Eu nunca te deixarei cair. Nunca! 

Sorri e quando tentei fazer força para dar um passo. Fomos ao chão. Senti meu corpo ser amparado pelo corpo magro de Hope, ouvi um leve gemido e em seguida sua gargalhada, olhei em seus olhos, e nossos lábios ficaram centímetros de encostarem.  

- Isso é tão lindo. --murmurou olhando em meus olhos 

- O que? -perguntei desconcertado 

- O seu sorriso. - sorriu e eu sorri tímido- Você é inteiramente lindo Tae. Você tem algo especial, e pude perceber isso desde a primeira vez que estive aqui. Que no olhamos e sorrimos um para o outro. Você não tem noção, mas mudou minha vida. Uma vez ouvi da minha mãe a seguinte frase: "Faça o brilho do seu sorriso iluminar a vida de alguém." Nunca havia entendido, mas meu pai falava para ela, e ela falava para mim, agora é minha vez de falar pra você. Mais de fato isso já aconteceu , você já iluminou minha vida Tae, somente por a cada manhã sorrir pra mim.