História Hora de dormir - Meanie - Banhos demorados

Dormir não era uma tarefa fácil.

Na verdade era uma tortura, não conseguia fazer os pensamentos pararem de rondar, era o trabalho, a faculdade, a saúde instável da sua mãe, a conta de gás que esqueceu de pagar. O livro que esqueceu de ler para apresentar o trabalho na semana que vem. Era tanta coisa na cabeça do pobre Wonwoo, que estava achando que iria ficar louco.

Estava cansado, estressado e tudo o que queria era dormir para deixar os problemas pra lá e descansar.

Sentia os olhos pesados, mas o sono não vinha, sentia seu corpo todinho doido e tenso. Precisava de uma boa noite de sono e precisava urgente.  Então não pensou muito quando pegou as chaves, um casaco que não protegia em nada do frio e saiu pelo pequeno apartamento, correndo até o outro lado do campus.

Eram exatas uma e trinta da manhã quando bateu na porta do ex-namorado.

Mingyu abriu como se adivinhasse exatamente que estava atrás daquela madeira. Mingyu estava exatamente igual ao mais velho, olheiras, corpo tenso, muitos pensamentos....

“Eu preciso dormir.” Wonwoo soltou ainda do lado de fora do dormitório, como se todo o resto da explicação fosse desnecessária, o que na verdade realmente era, por que Mingyu sabia exatamente como era a sensação.

Deu espaço para o menor passar e trancou a porta atrás de si.

“ Vou buscar os óleos, vai enchendo a banheira.” Mingyu tinha a voz rouca como se não tivesse a usado por muito tempo.

Wonwoo não precisou de muito mais para seguir pelo corredor tão conhecido e chegar ao banheiro.

Abriu a torneira para encher a porcelana o mais quente possível, Mingyu chegou logo depois com os óleos e toalhas limpas e secas.

Não havia mais dialogo, Wonwoo tirou as roupas sem muita cerimônia e  Mingyu o acompanhou, tentavam não olhar muito para o corpo um do outro, mas ao entrarem na banheira era inevitável.

Estavam de frente um para o outro, Wonwoo tinha as pernas esguias entrelaçadas na cintura do mais novo.

Era natural, como se fizessem isso todo dia, as mãos quentes e grandes de Mingyu pegava a água, em forma de concha e deslizava o liquido quente pelas costas brancas e ossudas de ex-namorado, enquanto o mais velho dava leves apertões nos ombros e pescoço do outro, fazendo uma massagem boa demais para ficar com os olhos abertos.

Os dois não estavam mais juntos, pela pressão da família, da faculdade e de ser um sentimento forte demais para ser sentido de uma só vez, foi cada um para um lado. Porém isso não quer dizer que eles não sintam mais nada. Muito pelo contrario, sabiam muito bem que essas dores musculares, essas enxaquecas, a insônia, o estresse e a tensão são exatamente por não terem lutado para fazer acontecer.

Wonwoo massageava os cabelos do maior, enquanto suas coxas e lombar eram acariciadas. Era bom, gostoso e reconfortante.

Esses banhos são sempre mais demorados do que de costume.

Era bom sentir as peles se tocando, era uma forma deliciosa de relaxar.

Os óleos que aromatizavam a água era ainda mais inebriantes e fazia a mão deslizar sobre a pele febril com tamanha delicadeza que fazia os pequenos pelinhos do corpo arrepiar.

Mingyu adorava fazer Wonwoo arrepiar.

Wonwoo adorava ter a pele arrepiada pelos toques de Mingyu.

“ Deveríamos estar dormindo”

“Está reclamando, Mingyu?”

“Não, não mesmo”

Wonwoo passava a pontinha do nariz na pele cheirosa do ombro e inicio de pescoço. Sentia as mãos enrugadas, mas não queria sair dali.

Sentia tanta falta do mais novo que chegava a doer.

“Quer dormir aqui?”

“Não estava pensando em ir pra casa.”

“ Não, claro que não.”

Mingyu levantou lentamente da banheira, mas wonwoo não demonstrava interesse em fazer o mesmo. Recostou-se do outro lado da porcelana e fechou os olhos, sentindo os aromas e a água que agora não estava mais fumegante, mas ainda tinha uma temperatura agradável.

“Arrumei a cama, vem eu te levo.”

Wonwoo levantou relutante fazendo um barulho estranho na água, enrolou-se na toalha e Mingyu o pegou no colo para irem até a cama. Era mais um habito do que por necessidade. Wonwoo era leve, seria mais rápido já que ele é preguiçoso e só gostava de o ter perto. Simples.

Vestiu roupas limpas e quentes do mais novo e se aconchegou na cama.

“Tá’ com fome? Quer comer alguma coisa antes de dormir.”

“Eu quero que você deite aqui e deixe eu te usar de travesseiro o resto da noite.”

Mingyu riu de ladinho. Seu Hyung era tão mandão com sono.

Deslizou pela cama até sentir o outro se aconchegar em seu peito, o aninhou em seus braços e suspirou.

“Você tem que parar de aparecer no meio da noite.”

“Só no meio do dia, então?”

“Você entendeu, babaca.”

“Eu não conseguia dormir.”

“Eu também não, mas... eu não posso continuar assim, não consigo.”

“Quer que eu vá embora?”

“Esse é o problema, eu quero que fique.”

“Me beija que eu fico.”

Finalmente os dois teriam uma noite descente de sono.

Depois de matar a saudade, na verdade.