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História Hospício - Baby, why panic?


Escrita por: tartareuguines

Notas do Autor


brotei hehehe
primeiramente obg pras pessoas que deram fave nessa bagaça mesmo que muitos não estejam lendo esperando o final, espero que gostem quando forem ler
segundo, DESCULPA ESSA DEMORA falo mais nas notas finais
terceiro, DESCULPA ESSES 10 K E N DESISTE JIMIN
a partir daqui a panela começa a ferver q
esse capítulo vai pra Milena, espero que goste e pra Ana, a doida da minha xará que comentou saporra toda
bom, boa leitura ;<3

Capítulo 14 - Baby, why panic?


Fanfic / Fanfiction Hospício - Baby, why panic?

Kwang entrou no quarto ao lado do seu depois de não obter resposta quando bateu à porta. Estava silencioso demais e ele precisava chamar o colega para a reunião.

— Chang Ho?

— Chang Ho? — Chamou, novamente. Não obteve resposta.

O jeito foi caminhar mais para dentro do quarto. A cama estava desarrumada, pelo menos. Se tivesse saído, era algo recente. Viu a porta do banheiro mais aberta e decidiu dar uma checada, quem sabe o padre não tivesse saído antes de si? Era uma boa hipótese. Mas ele teria avisado, já que marcaram de o outro o acordar.

O problema era se Chang Ho não estivesse praticamente jogado sobre a privada, quase desacordado. A crise de vômito tinha vindo forte e, dessa vez, com sangue. Aquilo estava se tornando cada vez mais frequente e os padres não tinham ideia do que poderia ser. Já haviam suspeitado da comida, mas não havia coerência, já que os próprios plantavam e cultivavam alguns dos alimentos. Além de que muitas das cozinheiras recentes haviam sido demitidas, e, mesmo assim, os episódios e internações em hospitais mais especializados naquele tipo de situação, só havia ficado mais frequente.

Padre Kwang limpou um pouco dos restos de vômito e sangue do rosto e pescoço do colega e o carregou até a cama, novamente, com certa dificuldade porque o outro ao menos se aguentava nas pernas direito.  O amigo estava completamente impossibilitado de fazer qualquer atividade fora do quarto. Aquilo era mais que óbvio.

Não obtendo melhoras, mesmo após o vômito, Kwang acabou por deixar o outro em repouso, depois conversariam sobre as reuniões. O próprio Kwang já estava atrasado, o assunto do dia eram os possíveis rebeldes internos.

Era algo que já estava tirando o sono dos padres e uma visível ameaça de perigo, embora, aparentemente ainda não tivessem aprontado nada. O clima estava estranho e fazia um bom tempo, desde que prenderam Baekhyun e KyungSoo no laboratório. Havia diversos divergentes entre o Byun ter ou não culpa em qualquer ato de rebeldia internamente. Sem contar a desconfiança que alguns internos não estavam se medicando corretamente.

Quando entrou na sala, a maioria dos padres estava presente e esperando a reunião começar. Não estava, ao certo, atrasado, mas precisou prestar justificativas para a ausência de Chang Ho. Era um dos padres que mais contribuía com ideia de contenção dos pacientes, logo, uma boa peça para a formação do plano de acabar com quem estava bagunçando o hospício internamente.

JongDae, do canto mais escondido da sala, ao olhar a face já acabada do velho Kwang também se questionou sobre a ausência do outro padre. Será que eram os medicamentos colocados na horta anteriormente? A maioria dos clérigos estava com um semblante abatido, apáticos demais para a vontade que sempre tinham de se reunir com o bispo para planejar mais atrocidades.

Jong Seo, por mais que tivesse se passado dois meses de sua quase morte, ainda se recuperava de todas as agressões sofridas, ainda no hospital. Recebia visitas constantes de JongDae e Minseok, que, por mais que negasse, acabava se importando mais do que realmente aparentava, e ainda um completo segredo para qualquer pessoa externa ao grupo. O único além deles que sabiam já estava em estágio de decomposição a muitos palmos embaixo da terra.

— Então, senhores — começou o bispo, assim que fechou a porta. — Dadas as circunstâncias atuais, creio ser necessário que se aumente a vigilância. Sugestões?

— O que está acontecendo? — perguntou uma freira relativamente nova.

— É o que nós queremos descobrir. Estão acontecendo algumas coisas estranhas no hospício e nós precisamos saber o que é para que seja eliminado o mais cedo possível.

De fato, assim como apenas sabiam da troca de remédios os que ficavam sabendo dela, o grupo formado por internos e enfermeiros também era um mistério. Não se sabia o que era possível fazer, já que não se podia afirmar, com certeza, quem estava fazendo aquilo. Era certo que Chan Yeol tinha culpa no cartório, mas e se ele estivesse indo muito além das três mortes cometidas? E se tivesse arrastado o puro Baek Hyun para toda a sua maldade.

Apesar de tudo, eles criam na teoria do bom selvagem.

— Podemos reduzir o horário do toque de recolher.

— Como assim? — os olhos de JongDae estavam completamente atentos a todo aquele início de conspiração.

— Ao contrário de sempre colocarmos algumas horas após o jantar, podemos colocar logo depois. Como eles não saberão das mudanças, é provável que se saírem após o horário, não haverá luz nos corredores.

— É uma boa ideia — opinou um dos presentes.

Chen já não sabia como conter a vontade de sair correndo e para informar os outros.

— E você, Jongdae? — perguntou uma freira próxima ao bispo. — Anda sumido ultimamente, mas sempre teve boas ideias. O que acha desse plano? — Talvez, ele tenha sido pego de surpresa, entretanto, com a cara mais lavada do mundo, apenas sorriu para a questionadora, antes de se levantar.

— Eu acho um ótimo plano. Acho que conseguirão pegá-los de surpresa.

— Ah! Que bom —  respondeu um outro clérigo, do outro lado da sala, mas também sorridente.

— Sem querer interromper, mas sendo um pouco curioso, e Jong Seo? Ele não é visto por aqui faz algum tempo — se olhasse mais um pouco, a maior probabilidade seria o vômito para o Kim. Estava clara a intenção de maldade tantos nos olhos do homem que perguntara, quanto na própria pergunta.

Fazia realmente um bom tempo que Jong Seo havia "desaparecido", e a impressão deixada era que tinha acontecido algo para o irmão de Dae ter sumido tão subitamente, sendo isso extremamente atrelado ao fato de, apesar de não se envolver nas questões,  Seo saber demais sobre o que acontecia no hospício.

Não havia dúvida sobre o caráter quase ameaçador da pergunta e o Kim preferia que pudesse fazer o mesmo que fizera com o padre que quase matara seu irmão, mas acabou por fazer-se de sonso.

— Peço desculpas por não saber responder, mas nem eu sei, padre. Não nos falamos há algum tempo e eu não sei o que pode ter acontecido. Talvez, ele possa ter surtado, como já vimos uma vez.

De fato, era raro, mas, por vezes, acontecia: alguns dos cientistas, depois de tantas experiências, ou nem tantas assim, acabarem surtando por algum motivo. Era estressante mexer com corpos humanos, eles não poderiam negar, principalmente daquela forma clandestina, embora a maioria não negasse que adoravam ser acometidos pelos prazeres sádicos que a prática poderia causar.

— E você fala de um irmão sumido com tanta naturalidade, assim? — Retrucou o outro, completamente hipócrita.

— Não acho que o senhor se importe mais do que eu, de qualquer forma, por não ser um assunto que lhe diga algum respeito.

O padre não respondeu à acusação velada, logo depois sendo necessário que alguém pedisse que os assuntos externos à reunião fossem tratados em outro lugar, prosseguindo com as sugestões sobre o que fazer com os possíveis atrevidinhos internos. Não foi preciso muito, já que a ideia inicial tinha sido bem recebida.

 

❤❤❤

 

— Então... ai!

— Calma, Jong Seo, você ainda não pode fazer tanto esforço assim — Minseok e Dae haviam ido até o hospital fazer uma visita rotineira ao irmão do Kim mais novo. Nisso, o mais velho tentara se sentar sozinho, mas ainda sentia dores perturbadoras na coluna, tendo em vista os espinhos metálicos que lhe foram atravessados na região há quase dois meses.

— Está tudo bem. O médico disse que eu já preciso ir tentando alguns movimentos. Se me expulsarem daqui, eu vou poder ir correndo.

— Mas isso não significa fazer malabarismo com o corpo — Seo riu.

— Ele disse algo sobre você ter alta? —  Foi a vez de certo loirinho se intrometer.

— Não, mas eu sei que está próximo, e não tenho para onde ir.

Com um suspiro pesado, os dois Kim se entreolharam. Aquilo era uma verdade inegável e estava completamente fora de questão Jong Seo botar os pés de volta no hospício. Embora um dos maiores algozes dele e de JongDae estivesse morto, não significava que estavam fora de perigo. Existiam muitos outros padres que poderiam fazer coisas até piores, além do que, voltar de uma hora pra outra era algo completamente sujeito à desconfiança.

— Precisamos arranjar um lugar para você, então.

— Mas você não tem outras posses fora de lá, Dae —  respondeu o, ainda, paciente. —  Tão fodido quanto eu, e eu não sei o que você pode fazer.

— Mas eu sei —  retrucou MinSeok, tendo uma ideia que pareceu muito boa. Depois falaria com JongDae a respeito.

Não teve muito tempo porque o médico entrou sorridente na sala, pouco depois. E as notícias não poderiam ser melhores.  Jong Seo, apesar de todos os ferimentos, estava se recuperando até rápido para alguém com aqueles tipos de lesão. Pra quem tinha chegado ao hospital num estado de quase morte, ele estava realmente em condições quase excelentes. Aquela resistência toda impressionava ao médico e aos amigos porque todas as pancadas que recebera, principalmente na cabeça, não eram qualquer coisa. Da cabeça raspada era possível ver algumas pequenas cicatrizes, assim como, no máximo, umas três por todo o rosto de Jong Seo. Nada que abalasse a felicidade dos dois visitantes ao ver o outro tão bem.

Ainda não poderiam se abraçar, mas a certeza era que Jong Seo conseguiria se recuperar muito bem.

 

❤❤❤

 

— Lay? — Chamou Minseok.

— Ei! O que está fazendo? — Chen já não entendia o que o outro queria. Não era muito de conversar nem nas reuniões, por que faria isso fora delas?

— Resolvendo sua vida. Dois coelhos numa cajadada só.

— Oi — cumprimentou Yixing.

— Será que podemos conversar um pouco?

— Nós três?

— Sim.

— Vamos para o quarto do Suho. Pode não ser uma boa ideia ficar aqui no pátio.

 

O local não estava cheio, àquela hora da manhã, provavelmente, estariam medicando os internos ou limpando os chamados dormitórios. Logo, o caminho até o quarto onde Suho dormia, às vezes, foi tranquilo.

— Então, o que querem me dizer?

— Ao que parece, você é quem tem mais recursos de todos do nosso "grupo". Mais dinheiro, mais autonomia, mais liberdade aqui dentro e os padres te temem.

— Vocês querem dinheiro? — Foi direto.

— Não, exatamente, mas passa um pouco perto. Por favor, nos escute.

— Prossiga, MinSeok.

— Você sabe o que levou o JongDae a fazer parte desse pacto certo? — Olhou para o amigo escorado na porta do quarto, enquanto Min e Yixing estavam andando pelo cômodo.

— Sim, ao que me parece, algum deles fez mal para uma pessoa importante pra ele.

— Jong Seo, o quase irmão do Dae. Se eu não tivesse aparecido, provavelmente, teriam matado-o. E até hoje ele está se recuperando no hospital.

— Onde quer chegar?

— Seo, nos últimos meses, teve uma melhora significativa e está prestes a ter alta. Mas ele está enrolando no hospital porque não tem um lugar pra onde ir, quando sair. E eu pensei que você poderia nos indicar algum lugar. Não temos muito dinheiro, mas qualquer coisa, podemos pedir um empréstimo e...

— MinSeok — interrompeu o chinês.

— O que?

— Respira. Eu não deveria fazer isso, mas posso te ceder um apartamento até resolvermos essa porra aqui. Não acho que vá durar muito, mas depois vocês dão um jeito.

— É sério? — Interrompeu Chen, incrédulo.

— Sim, vocês não estão precisando?

— Sim, mas por que você faria isso?

— Acho que Suho não rejeitaria ajudar vocês. Se ele ficar feliz, eu fico. Caso contrário, eu não moveria um dedo.

— Tudo bem — MinSeok devolveu. — Já ficamos extremamente agradecidos por isso.

— Me avisem o dia em que seu irmão terá alta, que nós o buscaremos. Mas eu preciso dizer que quero algo em troca —  os olhos dos outros dois se arregalaram um pouco. Bom, eles deveriam saber que não poderiam esperar menos de um mafioso.

— E qual é sua condição?

— Não sejam desleais.

— Como? —  MinSeok perguntou, confuso.

— Eu não vou repetir. Mas fiquem avisados.

Aquilo era uma clara indireta para Chen. Um cientista no meio daquele grupo? Os outros também não eram tão confiáveis assim, mas de longe, o que mais cheirava a problema era JongDae. Isso, na opinião de Lay. Ele conhecia os padres bem demais para saber com quem deveria se preocupar ou não.

O Kim mais novo não respondeu, deu apenas um aceno de cabeça. Isso porque nem ele mesmo sabia mais de qual lado estava. Embora quisesse vingar seu irmão, também havia suas próprias ambições naquele meio em que viveu por tanto tempo. Ele não era tão altruísta quanto aparentava. Além disso, seu principal interesse era MinSeok. Talvez, se não fosse por ele, provavelmente estaria confabulando contra o grupo, ou seria um agente com uma ambiguidade maior ainda.

Era difícil se resolver, principalmente quando se entrava na questão de sua liberdade, além da liberdade das pessoas das quais gostava e o possível sumiço de todos os seus algozes. Ele gostava das pesquisas que fazia, mas e se pudesse fazer aquilo de um jeito menos cruel e mais humano? Legítimo, que não infringisse leis, nem machucasse pessoas. Principalmente, isso. Por mais que estivesse um tanto anestesiado da dor do mundo, o fato de ter presenciado uma tortura ainda lhe tirava o sono, por vezes.

MinSeok lhe olhava com certa compaixão. Aos poucos, a relação que os dois desenvolviam bambeavam entre a amizade e algo a mais. Não era como se pudessem controlar isso, mas, de tudo, não era ruim. Haviam se conhecido em condiçõe estranhas, e sempre se ajudavam, mas, talvez por vergonha, ou mesmo falta de tempo para pensar naquilo, não tinham como aprofundar qualquer contato.

Naquele tempo todo, as crises de MinSeok já tinham diminuído muito, e mesmo que ainda tivesse vez ou outra, já sabia lidar melhor com aquilo, além de saber que o risco de ser desencadeado por situações estressantes era enorme. Por isso, o mínimo de raiva que pudesse passar era melhor, além de que sempre tentava passar longe de qualquer confusão. De certa forma, Chen o ajudava nisso, e por vezes, acabavam tendo que fazer exercícios de respiração, como num dia em que teve um pesadelo com a noite que acabou matando algumas pessoas.

Ele e Kris não sabiam o que tinha virado toda aquela confusão, aparentemente tinham esquecido ou dado o caso como arquivado, porque os dois haviam sumido do mapa em tese. Mas vez ou outra sua mente o fazia questão de lembrar que não estava isento de culpa, nem de uma mente limpa. Embora isso não lhe atrapalhasse com frequência por não ter as memórias exatas. O Kim sabia que aquele estado mental poderia emergir de novo, mas não sabia como, nem o motivo. Restava-lhe tentar dar outro foco para seus pensamentos e amenizar as crises quando viessem.

Saíram do quarto de Suho, os três, em silêncio. Cada um divagando sobre seu próprio mundo. Havia ainda muito a se pensar e a se decidir e quanto mais rápido pudessem fazê-lo, melhor. Era arriscado continuar naquela enrolação, e na reunião feita anteriormente, os doze tinham resolvido agir nos dias seguintes. Um de cada vez, e esses dias se aproximavam. Chen ainda pensava se contaria ou não o que ouviu na reunião dos padres, mas poderia ser divertido ver se os garotos tinham realmente alguma força para superar obstáculos.

Os dois Kim seguiram para o quarto de MinSeok e Lay esperaria a mensagem de Suho para encontrá-lo na cidade. O dia estava calmo demais e, aparentemente, não aconteceria mais nada. Logo, ele poderia dar segmento ao combinado feito.

 

❤❤❤

 

Lay já estava de saída para o centro, quando recebeu uma mensagem de Suho, pedindo que o chinês pegasse uma embalagem na horta. O menor estava no apartamento dos dois, na cidade, e depois os dois iriam resolver seus assuntos juntos.

Mas Yixing acabou surpreendido quando encontrou Chan Yeol escondendo alguns dos frascos de medicamento adulterado, que ainda não tinha conseguido se livrar.

— Não é arriscado ficar aqui nesse horário?  

— Oi, Chan Yeol.  Bom, deve ser mais arriscado. Já que é você e está mexendo nisso.

— Preciso conferir uma coisa. Se a rotulação está muito diferente. Baek esqueceu de conferir alguns e na pressa, deixamos ir para vistoria de outro enfermeiro. Eu trouxe pra cá porque não costumam entrar muito aqui.

— Bem pensado. Depois eu levo essa tralha toda.

— Era só para não ficar muito amostra no quarto do Sehun.

— Ainda tem muito lá?

— Não. Só os frascos, os remédios foram praticamente todos jogados na horta.

Involuntariamente, Yixing deu um meio sorriso, e aquilo foi suficiente para Chan Yeol perceber que o fato de jogar o feitiço contra o feiticeiro também agradava bastante ao chinês. Ele deveria ter problemas sérios com a tortura que fizeram com Suho e embora não demonstrasse, ele poderia ser muito mais vingativo e impetuoso do que aparentava, de fato.  

Para o Park, de certo modo, era fácil identificar algumas características, principalmente o modo de agir de alguém. Ele precisava saber das reações que receberia caso atacasse, precisava se preparar pra isso, e pelo inconsciente, aplicava isso para todos com quem conversava, mesmo que não que não representasse nenhum risco para a pessoa.

— O que ficou decidido depois da reunião, não me pareceu muito concreto. Além de um pouco lento — disse Lay.

— Eu também acho, mas é possível que se formos mais rápidos, a chance de sermos descobertos é maior. Então, tem um ritmo certo.

— Eu não sei o que seria capaz de fazer se tentassem algo contra o Jun, de novo. Eu matei o padre daquela vez, mas não posso sair matando todo mundo, principalmente por causa das minhas relações. Mas faria de novo, e em qualquer momento que precisasse.

— Sim, é difícil. Ainda mais para alguém que tem um valor sentimental tão grande para você, eu não posso dizer que entendo, mas tenho algumas noções.

— E pra ser bem sincero, eu não sei o que esperar do futuro.

— Não espere. Você não tem cara de quem espera algo do desconhecido, e eu não acho que valha a pena criar expectativas.

— E se eles atacarem de surpresa? A maioria do grupo não tem nem preparação psicológica pra isso.

— Eles tem um prazo a cumprir. Comigo. E se fizerem antes disso, eles sabem que a merda pode ficar muito maior do que eles sequer imaginam. Primeiro porque você não está mais do lado deles — Chan Yeol sabia como jogar as palavras, por mais impulsivo que fosse. E ele sabia que Yixing era esperto para entender entrelinhas com maior facilidade. Ele tinha acertado a isca certa. —  Segundo, porque eles não tem noção do que Baek Hyun e eu podemos fazer, terceiro porque eles tem várias falhas de organização. Eles não olharam o porão antes de tentar me levar para lá. E vão continuar não olhando. Podem ser inteligentes, mas não serão completamente páreos para nós.

— Interessante. E você confia no Chen? Ele tem motivações para isso, mas sendo um padre, é duvidoso qualquer coisa que venha dele — Yixing também não perdia tempo. Embora soubesse da história e conhecesse Jong Seo, involuntariamente, por sua criação dentro da máfia, ele desconfiava das pessoas.

— É por isso que precisamos de mais pouco tempo. Até lá, será possível que essas dúvidas fiquem mais claras e que nós possamos distinguir quem vale aqui dentro ou não. Mas eu não me importo de ter que matar qualquer um que atrapalhe esse caminho — Até para Lay, o tom de Chan Yeol soou mais frio que o habitual, embora tivesse entonação em sua voz. Esse era um dos pontos que não entendia do Park: sua dicotomia. O quão frio conseguia parecer mesmo que sua voz passasse calor.

— Você sabe que eu também não me importo nenhum pouco — retrucou, talvez meio áspero, mas era o suficiente para que Yeol entendesse que Yixing, apesar de tudo, não representava perigo para quem estivesse ao seu lado. — Qual o próximo plano? — Yixing perguntou, já que estava ali, aproveitaria a conversa. Tinha alguns pontos de curiosidade e, talvez, fosse a melhor hora para se falar sobre aquilo. Durante as reuniões nenhum dos doze tinha muito tempo para conversar outras coisas não relacionadas ao plano, e eles tinham vontade de se conhecer melhor justo para saber em que tipo de terreno estavam pisando. Ninguém ali era totalmente confiável.

— Não sabemos, ao certo. O que precisava ser feito e poderíamos fazer, foi feito. Acho que o mais correto seria dizer que estamos aguardando os resultados, embora eles venham devagar.

— Você e Baek estão bolando algo?

— Por que a curiosidade? — O maior retrucou, desconfiado.

— Sabe — começou. — Senta aqui, eu queria falar com você sobre isso.

Chan Yeol se sentou em uma ponta da mesa e Yixing ficou encostado na janela à frente do outro.

— Sobre o quê?

— Sobre você e o Baek Hyun. O que vocês dois tem, de verdade? Um relacionamento?

A pergunta pegou o Park de surpresa. Geralmente, eles não trocavam mais do que olhares fora do quarto. Será que aquela atração toda estava perceptível?

    — Nós… não temos nada — omitiu —, além de alguma atração física. Se resume a isso.

    — Chan Yeol…

    — É, eu acho que posso definir por isso. Mais atração física do que por outros fatores, embora eu ache o jeito dele desconcertante. O jeito que nós nos olhamos, às vezes, também me deixa louco, sem juízo. Eu não deveria te falar isso, mas não é como se eu pudesse controlar tudo o que me faz sentir. E o pior é que dá pra ver que ele perde a linha toda vez, também. Espero que isso não se torne um problema para o plano.

    — Pelo visto, vocês já passaram da fase dos beijos há muito tempo.

    — Na verdade, não. Nós só tentamos algumas coisas nos últimos dias, mas nada que chegasse nesse ponto.

    — E vocês se preparam? É meio estranho falar isso, principalmente porque nós não nos conhecemos muito, nem temos uma amizade, mas você sabe que o sexo que nós costumamos fazer precisa ter muito mais cuidados do que se nós fizéssemos com uma mulher, não é? — Yeol começou a prestar mais atenção naquilo. — Não vai ser legal se vocês acabarem doentes por uma irresponsabilidade, ou que vocês não consigam se curtir o suficiente, mesmo que isso seja algo passageiro, uma forma de descontar o que vivem aqui dentro e uma forma de se sentir seguro dentre tantos problemas, de um dar assistência o outro e vice-versa.

    — Eles não ensinam esse tipo de coisa por aqui, e eu raramente saí dessa igreja. Eu não sei nem como conseguir camisinhas, além de que eles não me deixariam sair para comprar e é meio infundamentado já que eu poderia fugir e acabar não ajudando em nada. Eu não poderia me vingar, eu não teria como me manter por muito tempo lá fora. Acho que esse envolvimento pode me trazer mais coisas piores do que melhores.

    — Não pense assim, se vocês quase fizeram, vocês precisam disso. Todos precisam de um escape, vai de cada um como farão ele acontecer.  Eu prefiro que vocês ajam como os corpos de vocês pedem para agir. Mas que tomem cuidado porque as consequências vão muito além do que qualquer um de nós pode cogitar nesse mar de desinformação.

    Yixing antes mesmo de terminar o que estava dizendo, vasculhou os bolsos da calça, retirando de sua carteira dois pacotes de camisinhas e entregando na mão de Chan Yeol. Ele estava um pouco atrasado, mas se era pra ajudar em algo daquele tipo, não era importante desse jeito.

    — Não será nada legal e nem terá tratamento aqui, se vocês pegarem alguma doença por falta disso. Usem. É sério. E divirtam-se.

    O Park ao pegar os pacotes, voltou a olhar para Yixing, dando um riso soprado e sendo acompanhado pela face lívida e até um sorrisinho malicioso por parte do chinês.

    — Obrigado. — respondeu o maior.

    — Agora, eu vou indo, porque tenho alguns assuntos pendentes na cidade para tratar com o Jun, já peguei o que precisava. E quanto antes deixar isso pronto melhor. Suho falou com o Baek sobre isso, você pode perguntá-lo depois.

    — Bom passeio — Chan Yeol desejou, ao ver Lay sumindo pelo caminho entre as árvores até o estacionamento que daria na parte de fora.

    — Se cuida.

    Era estranho que falassem isso para Chan Yeol, não costumavam lhe falar isso. Não se importavam consigo, assim como ele nunca fizera questão de se importar com muitas pessoas. Não sentia afeto por Lay ou por qualquer pessoa daquele grupo, embora não desejasse mal à ninguém, mas consideraria aquela última frase do chinês como uma demonstração de aliança.

    Depois que o Zhang foi embora, tratou de sair o mais rápido possível daquele jardim. Não poderia ser visto em hipótese alguma, principalmente escondendo algo tão importante quanto aquela porcaria de remédio.

    

❤❤  Alguns bons dias depois ❤❤

 

Chan Yeol observava o teto do quarto deitado em sua cama. Já fazia algum tempo que havia conversado com Yixing, e a conversa ainda não havia saído de sua cabeça por vários motivos. Seu pensamentos fluíam — não tanto como gostaria, nem sobre os assuntos certos — quando se lembrava de alguns acontecimentos recentes. A questão era: quanto tempo mais aquilo iria durar? Ele sabia ser calmo, mas algumas coisas tinham limites e esse ponto estava cada vez mais próximo.

A começar pelo que tinham combinado ser muito maior do que o previsto, já que os padres tinham a ficha muito mais suja do que o imaginado. Baek Hyun havia se lembrado da vez em que foram ao porão e relatou sobre o que tinham visto, as várias jóias roubadas. As partes de corpos expostas, as fichas, o banho de sangue. Fazia quase mês, mas era nítido em sua cabeça.

Ele nunca se esqueceria daquele belo cenário.

Além disso, as várias confissões de JongDae o deixavam quase tremendo para que pudesse arrebentar uma cabeça. O buraco era muito mais fundo quando se tratava de tráfico de órgãos e comércio de jóias, e Yeol quase sentia ânsia ao pensar que aqueles mesmos padres já haviam conversado consigo com a cara mais limpa do mundo. Ele adorava órgãos, adorava corpos, mas era uma necessidade que seu corpo sentia e lhe dava prazer, nada além disso.

Não poderia negar também que o simples fato de usarem uma justificativa religiosa para fazer tudo aquilo lhe causava um pequeno incômodo, mas o ponto que cutucava seu âmago era justo o fato de que estavam em sua cola.

Ele odiava que lhe notassem, odiava que tentassem fazê-lo de bobo, odiava que pensassem que poderiam brincar consigo — esse era um dos pontos que mais lhe intrigava também com Baek Hyun. De certa forma, era ótimo porque ele poderia ter mais tempo para abater sua presa, mas se houvesse falha nessa tentativa, provavelmente não haveria outra.

Por  tudo o que tinham falado, o plano era tentar procurar o que fosse vantajoso para os doze, ainda que fosse apenas para olhar. Quanto mais coisas achassem, que lhes dessem benefícios, melhor. E o combinado era que aquilo acontecesse em quatro dias. Seria o dia de troca de funcionários, e, consequentemente, os alguns padres também teriam folga. Talvez o cenário perfeito para que pudessem fazer tudo com calma e sem a permissão de muitos deslizes, como outrora.

Chan e Baek ficariam responsáveis por procurar documentos que incriminassem os padres. Segundo os relatos do menor e de KyungSoo, havia muitos no laboratório e a probabilidade de ter no porão e na sala do bispo também era enorme. Mas o que lhe preocupava não estava tão relacionado ao plano, mas, sim, quem fazia parte dele.

A discussão com Baek já estava quase esquecida, também e o menor ao menos fazia questão de mostrar que estava se importando — o que era uma mentira, porque o outro também não conseguia disfarçar. Começando pelos dois dias seguintes que o mais novo acordava e ia automaticamente para a cama do outro lhe despertar, mas parava no meio do caminho, dando a volta e indo fazer outra coisa. Numa dessas, Chan o flagrou fazendo isso e soube, então, que o outro não era tão frio quanto sempre aparentou.

Ainda precisavam se falar para que organizassem os horários que saíam do quarto e como treinariam. O Byun pesava a mão nos golpes, e por estar mais familiarizado, acabava em um jogo de força com seu “oponente”. Chan Yeol também não facilitava, o outro parecia ser tão forte quanto a si com aquele bastão, embora com socos tivesse uma desvantagem por ser mais miúdo.

Só não saberia dizer se ficaria feliz ou não por aquilo ter terminado com os dois descontando tensão sexual. E ele continuava se lembrando perfeitamente. Haviam feito as pazes e ido um pouco além.

 

O maior tinha revidado de um jeito sujo, ao usar as mãos para barrar um golpe do mais novo, além de segurar seu ombro, impedindo o movimento do braço.

— Me solta — pediu o menor. Mas o outro apenas se aproximou, sorrindo de um jeito sádico. — Não vou pedir de novo.

— Ou o quê? — Desafiou.

O outro devolveu o sorriso, não perdendo o contato visual e se aproximou também, colocando o “bastão” improvisado apoiado no chão, entre os dois corpos, de modo que, enquanto distraía o outro com os olhos, usou as mãos para fazer o objeto dar um giro no ar e bater no maxilar do Park, que apenas fingiu não ter recebido qualquer golpe e aumentou o aperto no ombro. Ele podia sentir o local dar ferroadas, não daria o braço a torcer, não como fez com braço alheio depois de tacar o bastão para longe. E, desprevenido, o Byun teve o braço segurado para trás, novamente — poderia se dizer que era um golpe extremamente apreciado pelo maior —, e o corpo prensado na parede, de forma que seu ombro se chocasse com a estrutura rígida. Aquilo daria um belo roxo, mas nada comparado ao machucado que havia feito em Chan Yeol, que, com sorte, não teria sangrado.

Ao segurar o cotovelo do mais novo, o moreno continha qualquer tentativa de ser acertado na barriga por uma cotovelada, mas não conseguiu manter-se por muito tempo naquela posição porque o pescoço praticamente latejava. O baixinho tinha força, ele precisava admitir.

Sem conseguir sustentar o peso do corpo, sentou no chão, exausto. Estavam há um bom tempo naquilo, quase medindo forças. Era vergonhoso para quem planejava tanto seus movimentos. Mas, se parasse para pensar, havia conseguido resistir bem. Muito além do que estava acostumado. Geralmente, suas vítimas eram fáceis, não precisando de muito de suas habilidades para apagá-las. Já com Baek Hyun, era a primeira pessoa que lutava de igual para igual e o nível de resistência dos dois corpos era incrível.

O menor também foi quase rastejando até o chão, escorado na parede. Grande parte de seus músculos ardiam e aquilo era quase um orgasmo de tão gostoso. Deixava seu corpo anestesiado e, de certa forma, querendo mais. O ombro jogado contra a parede doía um pouco mais, mas nada que uma pomada não resolvesse.

Chan Yeol o olhava apoiado com os braços atrás do corpo e uma perna estendida, o menor gostava de ser alvo dos olhos alheios, além de não conseguir conter o ímpeto de olhá-lo novamente. E era uma merda porque naqueles olhares que eles deixavam as fortalezas racharem, o olhar de apreciação e divagação tomar conta; as vontades inconscientes aflorarem e que se fodesse qualquer discussão idiota.

Por mais que discordassem em alguns pontos, sabiam que eram inteligentes o suficiente para resolver depois, sem precisar discutir de uma forma ridícula, e era aquilo que os daria vantagem sobre seus algozes.

Deixando o silêncio de lado, o menor resolveu se pronunciar.

— Vira, deixa eu ver o estrago que fiz — pediu, já se movendo um tanto letárgico para mais próximo de Chan Yeol.

— Vai precisar de mais para me derrubar.

— Não é o que esse sangue aí me diz  — o maior passou a mão de leve sobre a região, sentindo o ardor e fazendo uma breve careta. Nisso, Baek Hyun se levantou, seguindo até seu guarda roupas, onde pegou uma pomada e alguma gazes, logo voltando para o lado de Chan no chão. — Me deixa cuidar disso.

Com um suspiro, o maior tirou a mão da região e virou a cabeça para o outro lado, deixando o espaço livre para Baek trabalhar, mas a única resposta que recebeu foi um riso soprado, antes de sentir um geladinho causado pela pomada.

— Você gosta de brincar comigo, não é, Chan? — era a vez do mais novo desafiar o Park.

— Depende da brincadeira. Se te fizer perder o juízo, sim.

— Ora, ora, se alguém não está se abrindo um pouco mais? Mas não é você que costuma perdê-lo mais do que eu?

— Talvez, você não seja dominante assim, Baek. Posso te conhecer mais do que você pensa.

— E como você me conhece?

 

Não era como se tivessem conseguido se segurar. Depois da luta, ainda naquele dia, eles acabaram trocando carícias mais íntimas, apesar de terem sido interrompidos justo quando partiriam para os finalmentes. Chan Yeol sabia que se não tivesse aquela interrupção, ele e Baek iriam muito além dos habituais beijinhos mais quentes que trocavam e considerava a conversa que tinha tido com Lay bastante importante, poucos dias depois de ter se acertado com Baek Hyun. De certa forma, ele ficava aliviado por não ter transado com o outro aquele dia, mas uma vez naquele rumo, a vontade de ir além sempre voltava.

Depois daqueles dias, os dois voltaram a tentar, mas a inexperiência muitas vezes falava mais alto e eles não passavam de chupadas ou de felações mais profundas. Falta de prática, falta de fôlego, o ápice das sensações acabava vindo rápido, ou a falta de certas preparações essenciais para o sexo gay, que depois do que foi dito por Yixing, começaram a virar práticas mais frequentes. De certa forma, não era como se pudessem controlar seus corpos como conseguiam para outras atividades. Eles praticamente conheciam o corpo um do outro quase mapeado, e justo essa facilidade terminava atrapalhando um pouco uma relação com tudo ao que eles julgavam ter direito.

Interrupções também aconteciam, como quando Lu Han e Sehun batiam à porta para confirmar algo, ou Tao chegava para ajudar com os medicamentos. De certa forma, tanto Baek Hyun, quanto Chan Yeol ficavam gratos à eles por aquilo. Se fizessem o que realmente planejavam, não contendo seus próprios corpos, a impressão que tinham era que os outros tipo de sexo não seriam tão bem aproveitados. Era certo que os dois preferiam parte da noite para aquilo.

Yixing havia notado aquela movimentação mais calorosa e decidiu falar com o Park porque não era um assunto banal. Principalmente, naquelas condições. Mesmo que não tivesse nada a ver com a vida de Chan e Baek, eles eram necessários para as futuras ações daquele grupo, se ficassem doentes, ou contraíssem algo grave, o desfalque seria grande.  

Era tarde da noite quando divagava ali, já deveria estar dormindo, mas seus pensamentos lhe atormentavam, em que ponto havia chegado? Não havia retorno, não havia saídas, não haveria misericórdia de sua parte com qualquer obstáculo.

Ele se sentia pronto para o que viesse, embora desconhecesse o futuro, e depois de tudo aquilo, talvez, não precisasse mais pensar no hospício. O plano, apesar de ainda achar lento, aparentava estar dando certo. Estava satisfeito, ainda que desconfiasse de muita coisa e confiava em seu próprio taco como executor daquilo tudo. Não se poderia confiar em todos naquele grupo, como, de fato, não confiava, mas agiria em conjunto até que seus objetivos fossem atingidos.

Depois ele poderia pensar no que aconteceria consigo na relação com Baek Hyun. Não pensava em algo sério, o chamado namoro, ou algo do tipo. Eles satisfaziam ou com outro suas necessidades, mas nunca pensando no outro como algo necessário. Isso era o que Chan Yeol tentava se convencer, e ele sabia que Baek Hyun tentava fazer o mesmo.

Ainda não pensavam em suas vidas fora daquele quarto, era algo a se premeditar ações apenas para ali dentro, e o que fosse externo seria planejado na hora certa. Nem sabiam se sairiam dali com tanta facilidade. Embora soubessem que conseguiriam.

O maior ouviu um suspiro na cama ao lado, virando a cabeça para ver se o moreno também estava acordado, divagando como a si mesmo, mas o Byun parecia completamente imerso em seu sono, ao menos se parecendo com a peça que era quando acordado. Parecia inofensivo. Só parecia mesmo, soltou um riso soprado com o pensamento, este que logo sumiu quando viu o menor abrir a boca para soltar outro suspiro pesado.

Em seguida, o mesmo som saiu como gemido e aquilo deixou o Park visivelmente atônito. A face com expressão de deleite… Ele já havia visto aquela face, daquele jeitinho, tão pecaminoso quanto, tão prazeroso quanto. Não conseguiu tirar os olhos da figura adormecida que parecia estar em um sonho.

Baek Hyun gemeu grosso de novo, dessa vez, se remexendo inquieto na cama, o corpo ondulava na cama coberto pela coberta grossa, mas era completamente possível entender os movimentos que fazia, não bastando, o moreno ainda teve a audácia de morder os lábios para soltá-los de novo e depois respirar forte pela boca, como se estivesse com sensações fortes.

— Chan Yeol…

Seu nome. Baek Hyun havia gemido seu nome em sonho, e da forma mais erótica possível, com a bela e grossa voz do moreno mais novo, ao ponto de fazer o próprio Chan Yeol quase grunhir com a cena. O outro continuava a se contorcer na cama e a soltar suspiros e pequenas palavras. Não era como se pudesse se controlar, estava dormindo. Só poderia ser algum tipo de brincadeira sem graça.

O menor se mantinha com as mãos ao lado do corpo, mas as pernas se mexiam em movimentos de flexão dos joelhos e, por vezes, o Byun jogava o quadril para cima. Era uma cena quase digna de um riso histérico porque o mais novo estava quase como um sonâmbulo. As mãos grandes passavam pelas coxas e parte da barriga, era um sonho realmente tenso, e os suspiros apenas aumentavam, para a quase infelicidade do Park.

Era difícil definir o que sentia, porque sim, ele sentia. Baek Hyun desde o primeiro dia havia mexido consigo de um jeito a revirar sua cabeça completamente. Chan Yeol não conseguia decidir se aquilo ainda era atração e estavam apenas descontando hormônios um no outro, ou se ele realmente tinha a capacidade de sentir algo a mais. Era pior ainda quando não se tinha bases anteriores. Baek Hyun o desestruturava completamente e a maior prova que a mesma coisa acontecia na cabeça do moreno baixinho era a cena ao lado.

O Park apenas virou-se de lado para acompanhar cada movimento de deleite alheio, e conseguiu não perder nenhum. Completamente hipnotizado e imerso em seus próprios pensamentos que não saíam muito do ser na cama ao lado. Seus olhos foram pesando devagar, até que se fechassem completamente depois de uma última imagem de um Baek Hyun já mais calmo em seu leito.

 

 

♥♥♥

 

O grupo havia conversado pela manhã. Apenas uma rápida reunião para confirmar as proposições de alguns dias atrás, sem contar que na tarde anterior, vários baús foram carregados até a sala do bispo e Sehun sabia que aquilo lá boa coisa não era.

Tanto é, que pediram para acompanhar a terceira visita noturna que os garotos fariam. Chan e Baek encarregados do porão, de novo e Lu Han e Kris e KyungSoo de ir verificar o que o Oh tinha suspeitado. Não era algo difícil e Chen entregou-os uma cópia da sala em questão. Faltava que acertassem o horário.

Já pela tarde. A expectativa de menor movimento se realizou de novo e aquilo cada vez mais se tornava um benefício porque os padres doentes pelos medicamentos da horta, estavam sendo levados a hospitais na cidade num número maior o que o esperado. Logo, a maioria dos cultos apenas tinha fiéis de fora ou então os pacientes do hospício.

De noite, essa vantagem não era tão vantagem porque seus passos faziam barulho. Os três que iriam à sala da igreja acabaram por pedir ajuda à Chan Yeol e Baek Hyun, e seguiram os cinco até a sacristia, entrando calmamente no primeiro piso dos dormitórios da igreja.

Era um lugar que Chan Yeol conhecia muito bem, então não foi difícil guiá-los por corredores pouco frequentados até chegar ao segundo piso, também com dormitórios, mas com salas de padres importantes e algumas salas de aula antigas, onde KyungSoo tinha estudado e ficava a biblioteca. Haviam algumas portas velhas também que despertaram a curiosidade de Baek Hyun, mas eles não tinham tempo, além de precisar ir para outros lugares.

Nem vestidos devidamente estavam. As roupas pretas de Kyung e Chan que aliviavam um pouco se alguém os visse. Por sorte, chegaram até a sala desejada e vazia. O horário não tinha sido planejado à toa. O bispo nunca dormia na igreja, apenas aparecia pela manhã.

Foi fácil entrar na sala e perspicaz da parte de LuHan desativar uma câmera no canto da parede retilínea à porta. Se houvesse mais, seria um problema, mas aquela era pequena o suficiente para que desconfiassem que tivessem outras. Os passos continuavam calmos e sem pressa, depois que fecharam a porta e as cortinas. O objetivo era achar onde poderiam estar os tais baús vistos por Sehun.

Chan Yeol vasculhava as gavetas, onde além de muitas contas suspeitas, havia uma ou duas que estavam trancadas. Baek Hyun observava a movimentação dos corredores pela janela do banheiro. Kris mexia nos estofados, buscando zíperes e fundos falsos e LuHan e Kyung já procuravam no chão, embaixo do tapete. O lugar mais irônico possível.

O piso de madeira debaixo do pano era velho e desgastado, assim como o piso do porão, e foi justo onde acharam praticamente uma extensão toda de placas deslocadas e descoladas, quase em um quebra-cabeça. Diferente do cofre do porão, dessa vez. E ao invés de jóias, havia dinheiro. Algumas notas soltas, outras em pequenas maletas, algo perfeito para se colocar embaixo do tapete.

Uma pena que fosse tão óbvio. Pelo menos as paredes pareciam não ter o poder de incriminar alguém, os garotos também não tinham tempo para vasculhar aquela parte.

— Vocês querem levar esse dinheiro? — Perguntou Kris, baixinho.

— Não trouxemos nada para isso, mochilas, nem malas. E é arriscadíssimo levar isso assim, nas mãos. Apesar de o Baek não ter alertado nada até agora — retrucou LuHan. — Mas podemos levar um pouco embaixo da roupa.

— Esperem aí — Kyung pediu, sendo rápido ao pegar as liguinhas que envolviam alguns maços. — LuHan, vem cá. Coloca por cima da calça e prende no tornozelo.

O chinês fez o que lhe foi pedido e entendendo a ideia, Kris e Chan Yeol repetiram em si mesmos nas duas pernas.

— E agora? — LuHan continuou.

— Abaixa a calça.

O pedido surpreendeu a todos, inclusive Baek que estava de butuca no banheiro, mas o ator não contestou, fazendo o que lhe foi solicitado. Nisso, KyungSoo pegava alguns maços sem liga e preenchia o espaço entre o tecido da calça e as canelas e coxas de LuHan, até o meio dessas últimas mais ou menos.

A sensação era estraha e pinicava um pouco, mas era discreto porque não dava muito volume, não fazia barulho ao caminhar e nem atrapalhava quem andava. Logo, não geraria desconfiança.

Chan Yeol e Kris ajudaram um ao outro a fazer isso, mas o Park sabia que tinha outras tarefas naquela noite, preferindo deixar apenas uma perna preenchida. Baek Hyun trocou de lugar com o maior, o deixando de vigia para que o baixinho fosse abrir algumas das maletas com senha. Naquelas pastas, mais do que dinheiro, haviam contas mais recentes que das da gaveta. Além de valores maiores ainda. E não tinha nada relacionado com doações ou caridade.

Seguindo o mesmo passo do que fizeram com as cédulas, Kris e Soo colocaram parte daqueles documentos nos bolsos e outros nas blusas, mas apenas alguns como amostra. Poderiam devolver depois e eram tantos que não faria falta.

Antes mesmo de terminar de guardar tudo, Chan Yeol sinalizou do banheiro que alguém estava vindo e não puderam fazer mais que fechar as malas e encaixá-las naquele mosaico de qualquer jeito. Jogaram o carpete também e deixaram o piso o mais regular possível.

Justo a tempo. Enquanto Baek voltou para o banheiro, subindo na privada, Chan Yeol ficou no canto da parede ao lado, não o perdendo de vista por um segundo. Daquela forma, poderiam deixar a porta aberta e quem entrasse na sala não poderia os ver.

Já KyungSoo acabou embaixo do sofá, LuHan atrás de um móvel que empurrou rapidamente e Kris no pior lugar possível: atrás da cortina. A sua sorte é que lembrou-se de abri-la novamente, antes de entrar. Exatamente na mesma posição em que a encontraram.

A pessoa que entrou na sala era uma madre fazendo vistoria. Não qualquer madre, a que ficava no pé de Baek Hyun, julgando-o como uma criança inocente. Quando o menor conseguiu vê-la, quase deixou um suspiro doloroso sair pela boca, contendo-se nos últimos segundos. E a mulher não ia embora, parecia realmente ver algo de errado naquela sala.

Já tinha até ligado a luz, a cada passo era um descompasso no coração de Soo e na respiração de LuHan. A tensão crescia, e Yifan sabia que não poderia ter lugar pior é mais óbvio. Mas a mulher passou reto por si, indo diretamente ao banheiro.

Sem mais opções, os três quase rezaram para que não fossem pegos e que sobrevivessem àquilo, mas foi insuficiente porque eles sabiam que Chan Yeol e Baek seriam descobertos.

Sabendo disso, assim que ela ligou a luz, o menor deu sorte que ela virou a cabeça para o seu lado, ficando completamente surpresa ao vê-lo ali. Era hora de improvisar.

— Hyune-ssi, o que faz nessa sala a essa hora? - Ela perguntou desconfiadíssima e o menor fingiu arrumar a calça que vestia.

— Irmã, que surpresa! Eu estava na biblioteca, e quis usar o banheiro, mas o de lá estava interditado e eu só achei essa sala aberta. Desculpe, se é proibido.

Na mesma linha de visão, atrás da madre estava Chan Yeol, que saiu de trás da freira e do banheiro em questão de segundos, antes de ela virar a cabeça e antes de Baek pedir, e ficou escondido do outro lado da parede, já na sala.

— Não é proibido, mas o bispo não gosta. Espero que já tenha terminado o que estava fazendo.

— Ah! Sim. Pois então vamos.

Baek Hyun teve que a segurar pelos ombros para que ela não desviasse os olhos para onde estava Chan Yeol.

— Me deixe apenas desligar a luz, fique aqui de fora, é rápido.

O Park foi obrigado a voltar para dentro do banheiro para que não fosse visto e apenas ouviu de Baek Hyun:

— Vá ao porão sem mim, eu só vou tirá-la daqui e te encontro lá.

— Certo.

Sem demora, depois da saída do Byun, e com mais cautela ainda, os quatro voltaram praticamente correndo para o hospício, depois de arrumar os móveis e trancar a porta.

— Eles estão jantando? Não vai ter como nós irmos pelo refeitório — opinou Kris.

— Vamos por fora — Kyung interviu. — Pelo laboratório, mas vocês vão ter que ser rápidos.

Os quatro concordaram e completamente atentos, passaram por trás do refeitório, onde Chan disse que ficaria, além de mandar os três para o quarto de Kris. Correram apressados. Se fossem vistos, aquilo daquilo daria uma merda muito maior do que qualquer coisa.

A reação da madre tinha sido muito calma, e eles esperavam que Baek Hyun conseguisse despistá-la. Este que viu os garotos andando apressados pela parte de fora e tratou de fazer sua acompanhante prestar atenção em outra coisa.

Já no quarto, Kris, Soo e LuHan se depararam com JongIn e Tao que os esperavam ansiosos e os ajudaram a tirar toda aquela grana e documentos dos corpos. Eles teriam tempo naquela noite para observar aquilo. Depois falariam com o resto do grupo.

Por enquanto, apenas precisavam respirar e acalmar os corações de tanta tensão. Será que aquilo poderia ficar pior?

 

♥♥♥

 

Baek Hyun também conseguiu desviar o olhar da madre para onde Chan Yeol entrou, mas não tinha certeza se tinha conseguido. Era melhor que a enrolasse por mais um tempo.

Nisso, acabaram indo comer no refeitório. O menor conseguiu distinguir a cor da comida, se recusando a comer, depois de alegar estar com indigestão. A madre até lhe sugeriu que procurasse a enfermaria, mas ele disse que eram casos frequentes, e que o enfermeiro de lá já havia lhe dado um remédio específico.

O que o baixinho tentava descobrir era o motivo de a mulher sempre olhar para os lados, como se estivesse ansiosa por algo, e aquilo era ainda mais suspeito. O deixando no começo de uma desconfiança sobre ela já ter percebido que algo estava errado.

— A senhora está esperando por algo?

— Não, filho, por quê?

— É que toda hora seus olhos vagam de nossa conversa para outro campo, achei que estivesse procurando alguém — riu um pouco para disfarçar o tom.

— Sabe, Hyun, acontecem algumas coisas aqui dentro, eu acho que você já percebeu, mas está mais do que na hora de você entender algumas coisinhas. E eu quero te mostrar isso hoje.

— E o que seria, madre?

A mulher se aproximou para cochichar um “Espere o movimento diminuir e você verá…”

Não demorou muito para que o refeitório ficasse vazio de novo, nisso, a mulher o puxou justo para o caminho que Chan Yeol tinha seguido. Baek Hyun estava atônito por dentro, novamente. Não seria possível que tinham descoberto o plano.

— Sabe, querido, já faz um tempo que estamos tendo alguns problemas internos — começou —, você deve saber que desde o surto de Chan Yeol, nosso hospício nunca mais foi o mesmo.

— Eu tenho tentado cuidar dele, madre. E não tenho tido muitos problemas.

— Sim, eu te disse que você era a melhor pessoa para isso, mas parece que não está sendo suficiente, sim?

Nisso, os dois já entravam na casinha isolada. Baek estava quieto sobre aquilo, de noite parecia um lugar ainda pior com as luzes fracas do jardim e de dentro do casebre.

— Onde estamos indo? — Fez-se de desentendido. — Nunca vim à esse lugar.

— Ah, sim. É um pequeno segredo que temos aqui dentro, hoje é um dia propício para te mostrar isso, justo por causa desses contratempos que andam acontecendo. Não se preocupe, você já vai descobrir.

Seguindo os mesmos passos que o garoto se lembrava, ele viu a senhora fazer todos aqueles procedimentos, assim como viu quando ela abriu o alçapão e Chan Yeol se escondeu rapidamente.

Não entraram no porão. Ela parecia ainda mais ansiosa e ele recuou até uma parede, era qualquer coisa menos seguro ficar de costas para porta, principalmente numa situação tão suspeita quanto aquela. Quando menos esperava, dois padres entraram pela porta, trancando-a logo em seguida.

Aquilo não estava nos planos.

Não mesmo.

Que merda era aquela. Como pôde deixar se enganar tão fácil? Era óbvio que não era, nem nunca seria tão inocente assim. Ela não precisava dizer, mas Baek tinha certeza que ela tentaria alguma coisa.

— Você pode ser livre, Hyun. Eu quero te ajudar. Eu sei o que você passa nas mãos daquele monstro. Ele te obrigou a tantas coisas, não é querido? Tentou até mesmo te corromper pelos pecados da carne. Eu vi em seu pescoço as marcas que aquele animal fez.

Chan Yeol escutava tudo lá do porão. Estava no completo escuro, então seria difícil se acostumar com a luz, se tivesse que subir. Que caralhos. Baek Hyun não havia conseguido despistá-la?

— Não estou entendendo de onde tirou tudo isso, mas, desculpe ter que falar, acho que está variando um pouco — o menor disse, completamente sério. Os dois homens que estavam naquela pequena sala não tinha se movido e Baek sabia que eles representavam problemas, mas até onde eles iriam?

— Variando? Eu estou em perfeito estado mental, e só quero ajudá-lo. Eu entendo o que está passando, não deve ser fácil viver com a Síndrome de Estocolmo.

Baek Hyun teria que agir, mesmo sem qualquer preparo. Sua mente trabalhava constantemente em um jeito de sair dali, com ou sem Chan Yeol. Não sabia se tinham surpreendido-o na parte do porão, mas o foco era seu próprio pescoço.

A mulher ousou chegar perto para encurralá-lo na parede, e com os braços esticados para o tocar. Seus olhos vagavam entre ela e os padres, que caminhavam devagar e se distanciando um do outro. Quando EunJung estava quase alcançando o Byun, ele estendeu seus braços, mas surpreendeu-a ao puxar os dela e com uma mão livre, a segurando pela nuca, bateu a testa da freira contra a parede.

Sua visão escureceu na hora, e Baek Hyun repetiu o movimento. Deixando-a ainda mais tonta e não afrouxando o aperto em seu braço. Não contente, ele ainda jogou a cabeça da madre contra uma mesa ao seu lado para que ela desmaiasse de vez. Os outros dois padres, tomando consciência da situação, seguiram a passos rápidos até o moreno, que jogou o corpo da mulher contra eles, numa tentativa de impedi-los de chegarem até si.

Ele não sabia se tinha cacife suficiente para enfrentar mais dois.

Com os gritos de dor dados pela freira, Chan Yeol percebeu que tinha algo errado, saindo de seu esconderijo com uma faca pequena que encontrou em cima da mesa e vendo Baek ser segurado pelos braços por cada um dos dois padres, enquanto tentava se soltar. Sua visão estava um pouco turva pela luz atingindo seus olhos.

De repente, um sinal soou rápido, e as luzes se apagaram. Os padres sorriam. Era o novo toque de recolher. O mesmo que tinham definido há alguns dias, mas que Chen não havia falado por algum motivo.

Estavam no escuro e Baek sabia que iria demorar até que se acostumasse, mas não se deixaria vencer com facilidade. Chan Yeol entendeu que aquela era sua hora, seus olhos já estavam habituados aos breu, a luz da lua não seria suficiente, mas ajudaria muito seus próximos movimentos contra os padres que teriam que se acostumar com a escuridão

O moreno mais baixo fez força suficiente para conseguir jogar um deles no chão com relativa força, e com certo esforço, ainda lhe atingiu com um chute na face. Não era suficiente para apagá-lo já que apesar de tonto e sangrando, ele ainda segurava seu tornozelo. Por sorte, Chan Yeol interviu ao cravar a faca que segurava no braço do padre que prendia um dos pulsos de Baek Hyun e o fazendo urrar de dor com o golpe e conseguindo soltar o menor, para que o baixinho voltasse a chutar a face do padre caído.

Não seria difícil se ele também não tivesse uma faca. A qual o menor, por pouquíssimo, conseguiu desviar e pular o corpo, acabando por chutar a faca para perto de si e correndo em direção à porta, enquanto Chan Yeol tentava uma série de socos no padre que estava de pé, depois de puxar a adaga que tinha cravado no braço alheio. Pelo menos um já estava lesado.

— Baek Hyun, vai embora! — Gritou Chan Yeol, já empurrando o homem contra quem lutava na parede e acabando por receber um tipo de soco, que sujou parte de sua bochecha com sangue. — Vai embora, agora. E não sai do quarto. Pode ser outra armadilha.

O padre que estava no chão conseguiu se levar, um pouco tonto e a mulher que Baek tinha derrubado também mostrava estar voltando a ter sinais de consciência. Se ela acordasse, os dois estavam mais que fodidos. Por isso, o menor rapidamente voltou a empurrar o padre que tinha chutado anteriormente, para que ele caísse em cima dela. Ele era grande, o estrago seria grande, e com o impacto da queda, Baek fizera ambos baterem a cabeça no chão, de forma que ela voltasse a desmaiar e ele fosse atrasado.

— Chan Yeol, pega! — O menor jogou pelo chão outra faca que deveria ter arrastado junto consigo, e o Park precisava ser rápido para abaixar e pegar o objeto. Nisso, o Byun destrancou a porta e saiu correndo, passando pelo laboratório mesmo que fosse extremamente arriscado, embora não tivesse ninguém e percorrendo todo o corredor até seu quarto, o qual destrancou o mais rápido possível, entrando e trancando de volta.

Seu coração não conseguiria bombear com a mesma calma enquanto o outro não voltasse.

 

 

O maior conseguiu golpear o braço do padre de novo, e usou esse tempo para pegar a faca, por mais que estivesse sentindo a agonia da faca que recebeu. Infelizmente, o outro padre deitado já ia se levantando e sem saber muito o que fazer, Chan acabou por cravar uma das adagas em sua perna, arrancando dele outro grito gutural. Era uma boa manobra, ele não teria como levantar, por isso, cravou a faca na outra panturrilha. Se levantasse, ele teria que ser muito forte ou resistente à dor.

Já o padre com os braço feridos foi esperto ao usar o que lhe sobrava para tentar tirar Chan do caminho: chutou-o na lateral da barriga e o maior caiu para frente soltando uma das facas. O homem continuou a tentar chutá-lo, mas mesmo com certa falta de ar, o Park desviava como podia dos pisões, até conseguir puxar a perna do homem e o fazer perder o equilíbrio.

Agora estavam os quatro no chão, e o tempo para sair daquilo parecia cada vez menor. O moreno conseguiu se arrastar até a segunda faca, enquanto o homem ao seu lado já ia para cima de si, tentando também pegar o objeto, mesmo que seu braço latejasse e sangrasse, sujando tanto o chão como parte da roupa de Chan Yeol.

Num átimo, o maior conseguiu recuperar a faca de volta e enfiou pela terceira vez no homem, que não aguentando mais, agonizou no chão com os braços imóveis. Além disso, o grandão não poderia perder tempo e terminou o serviço cortando a garganta do padre deitado atrás de si e ao menos dando tempo de ouvir sua voz pela última vez. O sangue espirrou em suas roupas novamente.

Sem demora, suado, ofegante, mas ainda não sentindo as dores pelos golpes que recebeu também, Chan Yeol puxou o segundo padre restante pelas pernas, não percebendo que a mulher tinha conseguido rastejar até si e segurava a faca do padre ainda vivo.  Ela tentou esfaquear o mais alto na perna, mas não conseguiu muito além de um pequeno impacto e um susto do maior porque sua perna estava protegida, surpreendentemente, por um maço compacto de dinheiro ainda preso em sua canela.

Completamente embasbacada por não saber o que tinha acontecido, o motivo de não tinha acertado seu algoz, ela não percebeu que ele se aproveitou de sua distração para dar-lhe um murro com as costas das mãos em sua face, a fazendo cair e bater o outro lado do rosto no chão áspero. Rapidamente, o moreno acabou com mais um obstáculo ao virar o corpo de frente e acertar-lhe a faca no peito, seguindo até o pescoço. Só faltava mais um e, por mais que estivesse perdido no meio de tanta adrenalina, ele precisava se concentrar.

O homem caído poderia estar com as pernas imobilizadas, mas poderia virar o corpo e segurar Chan pelas pernas de novo. Como, de fato, estava o impedindo de se levantar. Chan Yeol acabou soltando as facas de novo, e aquilo era ruim, precisaria usar seus próprios membros para se defender, e com isso foi direto no pescoço do outro.

Suas mãos trabalhavam frenéticas ao apertar-lhe a carne, enquanto o clérigo se debatia, mas o maior não o soltou por um segundo, sentindo capa represália se tornar mais fraca, até ver a respiração alheia cessar, assim como seus movimentos, além de não conseguir soltá-lo por puro prazer de ver o rosto ficar roxo.

Não havia mais outra vida humana naquele casebre além de Chan Yeol, ele sentia seus músculos latejarem de um jeito gostoso. Um sorriso pequeno brotou em seus lábios e, se pudesse, ficaria observando o sangue escorrer até que o dia clareasse.

Mas não havia tempo para nada, precisava esconder aqueles corpos o quanto antes, se aparecesse mais alguém, não havia muito mais o que pudesse usar para se defender, e não seria vantajoso usar sua própria força. Um por um, foi arrastando os corpos para fora da cabana, e realmente esperava estar sozinho para arrumar aquilo tudo.

Se não fosse por dois olhos sobre si, que silenciosos o observava na escuridão.

 

������

 

Já era tarde da noite e Baek ainda estava acordado. Ele já havia conversado com os outros garotos sobre o dinheiro que havia pego na sala do bispo e combinado que no dia seguinte mostrariam tudo ao grupo todo.

O problema eram seus pensamentos que não saíam de Chan Yeol e constantemente voltavam à questão se ele conseguiria chegar ileso ou não. Era três pessoas. Ele não daria conta de três pessoas. Uma de cada vez, como já tinha feito, sim, mas três de uma vez era suicídio.

Mas não sentia vontade de voltar lá para ver o que tinha acontecido. Por mais que fosse o que o lado mais silencioso de sua mente tivesse vontade de fazer.

Estava deitado, tentando se concentrar na leitura daquele documento, mas estava difícil. Muito difícil. Principalmente porque ele sabia que estava tendo alguma movimentação lá fora. Poderia ser Chan Yeol, poderia ser um padre, poderia ser um cientista. Poderia até mesmo ser algum dos garotos pedindo ajuda. Sua frieza não batia com o momento por ser sua primeira vez submetido à tanta tensão, e quando estava prestes a fechar os olhos, bateram à porta devagar.

Com pressa e expectativa, foi caminhando até a maçaneta, destrancando-a e sentindo seu corpo arrepiar. Quando viu quem estava do lado de fora, seus olhos se arregalaram e as mãos penderam ao lado do corpo.

Aquela seria uma longa noite.

 


Notas Finais


e aê, pitéis do meu core? Mereço bitocas? pedradas? chocolate?
me contem, por favor, é importante, se tá repetitivo
é muito sério isso
e quarto, eu to demorando porque são capítulos mais complexos, como visto, e a facul me engoliu nessas últimas três semanas
espero conseguir produzir mais, desculpem msm
bitocas de morango e obg por tudo


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