O sinal indicando o fim daquela aula insuportável havia batido. Graças à Jesus. Jimin estava entediado. Só queria passar o recreio com Jungkook, conversar, abraçá-lo.
Jungkook já havia saído da sala, e Jimin estava indo atrás dele quando foi chamado.
- Jimin! - virou-se. Era Yoongi - Podemos conversar?
- Hm? Ahn, claro, Hyung!
- Okay, me siga.
Os dois desceram as escadas ( sua sala de aula ficava no último andar ), Yoongi na frente e Jimin em seu encalço. Jimin estava avoado, estava pensando em Jungkook ( ele devia estar o esperando ). Percebeu que Yoongi parou na porta do banheiro masculino.
- Vamos conversar aqui dentro. É mais... privado - disse Yoongi.
Entraram no banheiro. Maldito seja o banheiro.
- Sabe, Jimin. Vou ser direto. Sou bissexual e eu te amo.
Jimin ficou estático. Não conseguiu se mover devido ao choque. O QUÊ???
Sua mente estava a mil por hora. Não,não,não, porra Suga, você sabe que eu amo o Jungkook, falo dele 24 horas por dia, como você pode gostar de mim? Droga, não posso magoar o Yoongi, ele já é uma pessoa tão triste, não, droga, o que eu faço? O que eu falo? Merda!
- E então, vai falar alguma coisa ou não?
- E-eu... Suga... merda, você sabe q-que...
- Você gosta do Jungkook? - Jimin assentiu, vermelho.
- Sim, Hyung, eu o amo... Entendo que você goste de mim, mas não vai dar cert... - Foi um movimento rápido. Jimin, que estava recostado na pia, sentiu seu corpo ser pressionado contra a mesma. Mãos o seguraram pela cintura, impedindo-o de se mover. Lábios tocaram os seus.
- Não, Yoongi! - tentava dizer entre o beijo, mas Suga não desgrudava a boca da sua. Jimin colocou suas mãos nos ombros de Yoongi, na tentativa de empurrá-lo, mas seu Hyung era muito mais forte que si. Jimin tentava se mover: era impossível. Usava todas as suas forças, mas não adiantava. Os dois estavam tão concentrados ( Yoongi em beijar Jimin, e Jimin em se livrar de Yoongi ) que nem perceberam a presença de um Jungkook arrasado na porta do banheiro.
Finalmente, Yoongi soltou Jimin. Ambos estavam ofegantes. Jimin estava com ódio, tristeza... muita raiva de Suga.
- MAS QUE DROGA, YOONGI! POR QUE FEZ ISSO?
- EU TE AMO, PORRA! O QUE ESPERAVA QUE EU FIZESSE?
- ESPERAVA QUE VOCÊ RESPEITASSE MEUS SENTIMENTOS, ASSIM COMO TODO O MELHOR AMIGO DE ALGUÉM!
- ACONTECE, JIMIN, QUE EU QUERIA SER MUITO MAIS QUE UM AMIGO PRA VOCÊ! MAS PELO VISTO ISSO NUNCA VAI ACONTECER! PORQUE VOCÊ AMA OUTRA PESSOA, E NÃO A MIM! POR QUE TUDO TEM QUE SER ASSIM? POR QUE A VIDA TEM QUE SER ASSIM? Por que...? - Jimin estava furioso, mas notou lágrimas surgindo nos cantos dos olhos de Yoongi. Nunca, em 12 anos de amizade, Jimin tinha visto o loiro chorar.
- Yoongi. Olha, eu amo o Jungkook. Me perdoe. Você merece alguém melhor que eu. Por favor, me entenda... - pegou suas mãos, segurando-as. - Eu não quero te magoar. Eu te amo muito, você é a pessoa mais importante da minha vida. Mas eu te considero um amigo, um melhor amigo. Por favor, Suga, não estrague nossa amizade assim... - agora lágrimas escorriam pelos rostos de ambos.
- Me desculpe, Jimin! Vou respeitar seus sentimentos. Existem várias outras pessoas nesse mundo, e... - a frase foi interrompida por Jimin, que abraçou Yoongi com toda a força que tinha.
- Obrigado, Min Suga.
Depois de conversarem mais um pouco, ambos saíram do banheiro.
- Ainda faltam dez minutos para o intervalo acabar, se quiser pode ir ficar com o Jungkook, vou conversar com Tae e Hoseok.
- Tudo bem, Suga. Obrigado de novo.
Jimin foi andando em direção à cantina. Ué... Jungkook não está aqui...? Isso é muito, muito estranho.
Saiu andando pelo campus e nada de Jungkook. O Park já estava extremamente preocupado. Resolveu ir falar com a diretora. Ao chegar em sua sala, bateu na porta.
Alguns segundos depois, a diretora saiu de dentro da sala, ficando à sua frente.
- Sim?
- Ahn, bom dia, diretora. Sou Park Jimin, a senhora sabe onde está... uh... Jeon Jungkook?
- Ah, o Jeon? Ele veio aqui há alguns minutos atrás, estava diferente, com uma expressão vazia... me pediu para ir embora, pois estava com dor de cabeça e não conseguia se concentrar nas aulas...
- Uh. Tudo bem, obrigado.
Saiu andando rapidamente. Impossível. Jungkook não está com dor de cabeça. Vou passar uma mensagem para ele.
Desbloqueou a tela de seu celular. Havia uma notificação. Mensagem de voz?
Botou o áudio. Escutou.
Jimin. Espero que seja feliz com Yoongi. Você gosta de rosa, não é? Eu também gosto. Eu te amava. Bom, até logo. Estarei te esperando, lá em cima.
O quê... caralhos... espera. Não. Nananinanão. Jungkook havia... visto o beijo? Puta merda. Precisava encontrá -lo. "Estarei te esperando lá em cima". NÃO! NÃO É POSSÍVEL! KOOK IA SE... MATAR???
Jimin corria feito um louco. Nem sequer pediu permissão à diretora para sair mais cedo. Correu pelo campus, alcançando o portão. Saiu da faculdade. Jungkook havia dito uma vez que sua mãe trabalhava em uma loja de doces na rua principal... qual era o nome da desgraça da loja? Droga... era... Seoul's lovers? Algo do gênero... A mãe de Jeon com certeza sabe o endereço da casa do filho...
Jimin corria, corria e corria. Atravessava ruas, trombava com outros pedestres. Virava esquinas, tropeçava, quase caía. Era a vida de Jeon Jungkook em jogo.
Finalmente, havia chegado na rua principal. Não prestou atenção em nada. Corria tão rápido que as lojas e prédios ao seu redor se transformavam em borrões. Avistou um estabelecimento roxo e rosa. No topo, um outdoor: Seoul's lovers: All the candies that you want, buy them!
Correu até alcançar a porta. A respiração estava descontrolada. Tentava se acalmar, não poderia deixar a mãe de Jeon preocupada, isso só pioraria tudo. Viu uma mulher de cabelos ruivos, trabalhava ali.
- Se-senhora Jeon?
- Uh? Ah não, não, ela está logo ali! - a mulher apontou para outra mulher de mesmo uniforme, estava organizando alguns doces num grande pote.
- Obrigado.
Andou rapidamente em direção a mulher. A cutucou.
- Senhora Jeon?
A mulher se virou. Era linda. Os olhos completamente negros se contrastavam com seu rosto branquinho e cabelos loiros curtos. Mas não havia tempo para ficar analisando a mãe alheia.
- Sim, você seria...?
- Pr-prazer, sou Park Jimin, amigo do seu filho Jeon...
- JIMIN! - a mulher o abraçou. - Oh, Jungkook me falou tanto sobre você, me falou sobre o quão fofo e inteligente você era...
- Ah, sim, muito obrigado, mas é meio urgente - tentou pensar numa desculpa para pedir o endereço de Jungkook.
- Hm, tudo bem, o que houve?
- Uh, bem... - pensou em algo meio ridículo, mas esperava que ela acreditasse. - Marcamos um trabalho para hoje, mas ele, ahn, se esqueceu de passar o endereço da casa, e não atende o celular... Por acaso a senhora poderia me dizer onde fica?
- Ah, mas é claro, querido! Jeon Jungkook, sempre avoadinho... - disse, sorrindo. - Não é tão difícil, daqui você só precisa seguir duas quadras à esquerda e virar na rua onde há uma placa de número 131. A casa do meu filho é a quinta, não tem erro.
- Muito, muito obrigado - abraçou-a - Outro dia podemos nos conhecer melhor, só que agora eu estou com muita pressa... Tchau, senhora Jeon!
- Tchau, querido! Bom trabalho!
Jimin saiu em disparada, na direção exata: duas quadras à esquerda. Avistou uma grande placa azul, que apontava para uma rua de casas grandes e bonitas: 131
Seguiu correndo pela rua, assustando algumas garotinhas que brincavam com suas Barbies no quintal de uma casa. Chegou à casa número cinco.
Não prestou muita atenção nos detalhes da casa de Jeon, só viu que ela tinha dois andares, um jardim, varanda decorada... ouviu barulho de... água vindo do segundo andar.
Tentou abrir o portão. Trancado. Merda! Como vou entrar aqui?
Estava tão concentrado e desesperado pensando em como entrar que nem percebeu quando um garoto alto se aproximou. Sentiu um toque em seu ombro, e se virou, assustado. O garoto tinha cabelos castanhos lisos, vestia uma jaqueta branca, calça branca, e tinha um estetoscópio no pescoço. Certamente era um médico.
- Quem é você? - perguntou o garoto
- P-park Jimin, amigo do Jeon, por favor, você tem que abrir esse portão...
- Jimin? Jungkook me disse sobre você. Vive falando em como você é fof...
- É, eu sei, só abre isso logo, pelo amor de Deus.
- Nossa, pra que tanto desespero? Deixa eu me apresentar, sou Jin, e divido essa casa com Jeon Jungkook. O que te traz aqui?
- Bem, o que me traz aqui é um áudio que Jungkook me mandou, onde ele deixava subentendido que se mataria! Só abre logo isso, temos que ver se ele está bem!
- SUICÍDIO???
- SIM, JIN, SUICÍDIO, ANDA, ABRE!
- MERDA!
Jin também se desesperou, abrindo o portão. Ambos correram pelo jardim, chegando à porta da frente e destrancando-a.
- JUNGKOOK? - Jin gritou
- Que barulho de água é esse?! Parece que vem do segundo andar...
Subiram as escadas feito dois foguetes.
- Jimin, o barulho vem do quarto do Jungkook.
Jin abriu a porta do quarto. Uma água escorria por todo o quarto, alagando-o. Uma água... rosa?
- I-isso é... sangue?- Jimin perguntou, perplexo.
Seguiram para o banheiro, que ficava no quarto. Jin, que estava na frente, parou, sem reação, na porta do banheiro, impedindo que Jimin enxergasse o que havia o assustado. Porém, poucos segundos depois, Jin se recuperou do susto e entrou rapidamente no banheiro, permitindo que Jimin visse a cena. A pior cena que poderia ter visto.
Jeon estava deitado numa banheira, a água da mesma possuía uma mistura de vermelho e rosa. Sangue. Jungkook estava... morto? Jimin andou lentamente em direção ao mesmo. Avistou cortes por seus pulsos, suas mãos...
Agachou-se ao lado da banheira. Os olhos transbordando lágrimas. As roupas sendo encharcadas pelo sangue do amor de sua vida. Não prestava atenção nas palavras de Jin. Jin gritava, mas Jimin não ouvia. Parecia que estava morto, assim como Jungkook.
- Jimin
A voz ficou mais alta. Sentiu seu corpo ser chacoalhado.
- JIMIN! ELE ESTÁ VIVO!
Virou o rosto abruptamente para Jin.
- O PULSO DELE ESTÁ MUITO FRACO, MAS ELE ESTÁ VIVO! PEGUE UM TELEFONE E LIGUE PARA A AMBULÂNCIA, ANDA!
Jimin se levantou do chão rapidamente, escorregando no sangue, tropeçando nos próprios pés. Alcançou seu celular. Discou o número da ambulância.
- Emergência, em que posso ajudar?
- Me-meu... nam... namorado tentou se suicidar, cortou todo o seu corpo, p-por favor, venham logo...
- Tudo bem, senhor, a ajuda está a caminho.
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