Hot Chocolate
Era um dia comum e quente no Yoruzuya. Gintoki lia sua jump tranquilamente vestido com seu fresco pijama verde, Kagura assistia televisão enquanto se abanava Sadaharu dormia confortavelmente sobre o kotatsu e Shinpachi limpava a bagunça. Tudo parecia normal e ocorrendo na maior paz até que a campainha soou aos ouvidos do grupo.
-Shinpachi, vai lá. Se for a velha, diz que eu morri.
-Oe!Eu estou muito ocupado aqui limpando!Você poderia ir ao invés de me explorar.
-Tá. –Ele encarou a ruiva sentada no outro sofá. -Kagura, vai lá. Se for a velha, diz que eu morri. –Repetiu com a voz enfadonha.
-Não vê que eu estou muito ocupada fazendo nada? Você poderia ir ao invés de me explorar. -Bradou com um muxoxo. –Eu voto pelo patsuan abrir a porta.
-Parece que você perdeu Shinpachi. –O albino falou fazendo um v com os dedos.
-Perdi?Perdi para a preguiça dos dois? Por que vocês nunca podem me ajudar?É só abrir a porta, caramba!-Ele reclamou ao ouvir a campainha soar mais alta.
-Por que seu corpo já está em atividade. Se você for lá, a chance da pessoa ser atendida mais rapidamente é certa.
-Se você não ficasse enrolando tanto, já teria ido até lá e teria aberto a porta!
-Calem a boca!Eu quero escutar o programa!-Kagura gritou alto, tentando interromper os berros da dupla.
-Ei, aqui é o Yoruzuya?-A pessoa atrás da porta ficou impaciente e começou a bater na mesma.
-Nós não queremos comprar muamba!-Gintoki gritou.
-Não quero vender nada!Sou um cliente!-Ele gritou. Em segundos a porta tinha sido aberta e os três estavam à espera do homem de meia idade. Gintoki tinha misteriosamente se vestido com sua roupa habitual, mas fervia por baixo dela. Kagura estava com sua roupa chinesa vermelha com aberturas e sem a calça negra por baixo. Shinpachi vestia seu quimono cinza com verde água.
-Oh por que não me falou antes, mestre?Venha, seja bem vindo. –Gintoki apontou para a entrada. O homem tirou as sandálias e foi empurrado pelo grupo para entrar logo.
-Mas não é óbvio que eu seria um cliente?-O homem bradou. Seus olhos eram semicerrados, seu quimono era azul escuro e em suas mãos repousava uma caixinha ornamentada.
-Nem sempre... –Sussurrou Gintoki se lembrando da senhoria do andar de baixo.
-Aceita algo?Chá, iogurte, água, sanduíche de socos?-Kagura ofereceu, fazendo o homem já careca arregalar os olhos.
-Oe Kagura-chan!-Shinpachi protestou contra a última parte da fala da menina. Após guiarem o velho para o sofá, enfim iniciaram a conversa.
-Eu aceito um chá, por favor. –Ele falou com a voz rouca.
-Enfim, o que podemos fazer pelo senhor?Quer que investiguemos alguém?Venda de brinquedos?Trabalho em meio período?
-Degustadores?-Kagura perguntou esperançosa.
-Bem, não. Alias meu nome é Nagisa. Na verdade, eu... Eu queria que me ajudassem na minha declaração!-Ele pegou o copo de chá servido por Shinpachi e deu um gole. - Já que vocês fazem tudo, acho que poderia apenas recorrer a vocês.
-O senhor não acha que está muito velho pra... Ugh!-Kagura falava, mas foi cortada por uma cotovelada de Gintoki.
-Eu há muito tempo sou apaixonado por essa mulher, mas eu sempre tive vergonha de assumir meu amor. –O homem abaixou os olhos cerrados, apertando a caixa entre os dedos. –Agora ela está próxima de se casar e essa pode ser minha última chance de me declarar!Por isso quero que entreguem pra mim essa caixa de chocolates com um bilhete e minha foto!
-Mas o certo não deveria ser o senhor a entregar, Nagisa-san?-Perguntou Shinpachi.
-Sou deveras tímido para isso. Além do mais, o noivo dela é um ronin brutamonte assustador... Se ele souber da minha declaração, ele me corta em dois.
-Ei, espera ai!Qual a garantia que o tal cara lá não vai fatiar a gente?Isso pode ser uma má ideia...
-Eu pagarei cem mil ienes.
-... Que vendo por esse lado, não vai ser tão difícil. –Gintoki completou.
-Muito obrigado!-Ele abaixou a cabeça. –Eu preciso que ela saiba dos meus sentimentos presos dentro dessa caixa!
-Bem por nada. Vamos fazer o máximo que pudermos. –Gintoki falou enquanto impedia que Kagura voasse nos chocolates.
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-Gin-chan é tão cruel!Eu só queria saber se os chocolates estavam bons para comer!-Kagura fez um bico enquanto montava em Sadaharu. Gintoki e Shinpachi estavam na scooter e iam em direção ao endereço.
-Não podemos perder a chance de ganhar essa bolada, Kagura. Eu sei que você não só olharia para os chocolates!
-Como se você não quisesse comê-los, né Gin-chan?
-Eu ainda estou com medo do que esse cara pode fazer com a gente. Vai que ele tem uma gangue ou algo do tipo. –Shinpachi murmurou, mas foi ignorado.
-Se bem que eles devem ser muito bons para dar para uma mulher. Se eu fosse querer o coração dela, eu daria algo melhor que um chocolate.
-Mas e se for àqueles tipos de chocolates com cobertura de ouro comestível?Ouvi dizer que é tendência, sim?
-Podemos dar uma olhada antes de entregar. –Gintoki tirou de dentro do quimono a caixinha delicada.
-Oe, espera!Não abre isso ai!Nagisa-san pediu para que déssemos a Karin-san!
-Ela não vai notar se tivermos abertos. Ou se catarmos um para experimentar... –Gintoki tirou as mãos do guidão da moto para tentar abrir, mas Shinpachi colocou as mãos sobre a dele.
-Tire as mãos daí!Melhor, coloque as mãos de volta no lugar, idiota!-Shinpachi começou a brigar pelos doces e tentar segurar o guidão enquanto a moto fazia um zigue zague maluco.
-Não, espera!-Gintoki tentou se desvencilhar, mas tudo que conseguiu foi arremessar a caixa para longe e cair da moto levando Shinpachi junto. A caixa de chocolates voou alto e foi parar no meio do parque enquanto os dois samurais eram esmagados pela scooter.
-Pode deixar que eu pego, sim?-Kagura apressou Sadaharu para recolher o objeto. Mas antes que ela pudesse alcançar e checar se o objeto estava intacto, alguém foi mais rápido e o pegou.
-Ora ora, o que é isso que veio voando na minha direção?-A voz falou levemente entediada. Uma veia saltou na cabeça da ruiva.
-Sádico!Isso é meu!-A garota pulou do seu animalzinho de estimação e apontou o guarda chuva para ele. –Devolva!
-Oh, China nem tinha notado você ai!-Ele falou em um tom de deboche. –Desculpe, mas não vejo seu nome escrito aqui. E como dizem: achado não é roubado.
-Isso é roubo sim, sádico maldito!Devolve!-Ela pulou em cima dele tentando pegar a caixa, mas o desgraçado era rápido e se esquivava com destreza.
-Desculpe, mas como policial eu devo prender esse material suspeito. Como saber se não é uma bomba ou algo assim?-Ele então forçou o lacre da caixa enquanto pisava no rosto de Kagura. A posição era engraçada.
-Laaarrgue!
-Oh, chocolates finos!-Ele tirou um chocolate da caixa e mordeu delicadamente, sentindo a cauda rosada invadir sua boca. Kagura se esquivou dele e levou a boca ao chocolate e mordeu a outra metade do chocolate, mordendo junto os dedos do policial. –Ah!Sua piranha maldita!
-Eu não vou perder seu bastardo!-Ambos se encaravam intensamente, segurando a caixa nas mãos e puxando para si.
De repente o rosto de Sougo começou a viajar no rosto pálido, nos olhos azuis intensos e no corpo púbere da menina. Seu rosto começou a esquentar, seu coração começou a bater mais rápido e o suor começou a escorrer por suas têmporas. Kagura não estava diferente. Seus olhos passaram por cada parte do corpo do sádico, tentando imaginar como ele seria por baixo daquela roupa negra.
-Nem pensar!-Gritaram os dois, largando a caixa ao mesmo tempo no chão. Que raios de pensamentos nojentos eram esses?
-Oeee, não se atreva a comer os chocolates Kagura!-Shinpachi e Gintoki foram até eles se arrastando. Estavam doloridos por causa da queda, tinham arranhões e Gintoki tinha o joelho todo ralado, o que rasgou sua calça.
-Gin-chan!
-Eu só estava impedindo a besta de comer os chocolates. Onde já se viu comer o que não é seu?
-É mentira!Era ele que queria comer os chocolates.
-Agradeço pela ajuda, Okita-kun.
-Oe, você não vai acreditar nesse maldito, não é Gin-chan?
-De qualquer forma, parece que você já rompeu o lacre. –Gintoki pegou a caixa e viu algo como uma carta presa na parte de baixo. Tampou os chocolates sem olhar para eles para não sentir vontade e os guardou novamente. –Se não ganharmos o dinheiro, a culpa é sua.
-Você queria abrir o lacre agora pouco, Gin-san!
-Não, a culpa será dele, esse... Esse... –Kagura apontava para Okita que a olhou na hora que ela começou a tentar ofendê-lo. Nenhum adjetivo parecia bom o suficiente para se referir ao rapaz. –Droga. Vamos embora!
-Tá, vamos. –Eles se viraram e cada um pegou seu caminho. Os olhares da ruiva e do moreno se cruzaram por fração de segundos, o que foi suficiente para tingir o rosto da ruiva de vermelho. –O que diabos foi isso?-Pensou.
==//==
Depois de alguns problemas, o Yorozuya conseguiu entregar a caixa para Karin-san sem que o noivo soubesse. Ela se mostrou confusa, mas aceitou os chocolates de bom grado. Após voltarem com sucesso, passaram na casa do cliente e receberam o prometido.
-Uhuuu, temos dinheiro suficiente pra comprar muitas coisas. O pachinko me espera. –Riu enquanto contava as notas, separando algumas cédulas para os jovens. –Aqui está o salário dos dois, mas não se acostumem.
-Parece o paraíso. –Shinpachi chorou enquanto segurava as notas. Kagura olhou para o dinheiro e suspirou o que não passou despercebido por Shinpachi. –Tá tudo bem, Kagura-chan?
-Tá, só que... Estou cansada.
-Se não quiser o dinheiro, é só me devolver. –Gintoki falou sem tirar o olho das notas.
-Calado!Eu vou tomar um banho!-Ela falou simplesmente e assim o fez.
Dentro da banheira seus pensamentos divagavam em várias coisas, até pensar no jovem de cabelos castanhos claros. Seus olhos vermelhos, seu cabelo liso, os ombros largos, a pele que aparentava ser macia...
-O que são esses pensamentos?-Kagura se lamentava por pensar assim. Seu coração novamente começou a pulsar mais forte e quando pensava no moreno, seu corpo esquentava de forma estranha. –O-o que está havendo comigo?
Passou a mão pelo corpo o lavando com a água da banheira e antes que pudesse pensar, estava imaginando que era a mão do moreno que deslizava pelo seu corpo até pousar nos seus seios e...
-Chega!-Levantou de supetão da banheira. Definitivamente estava pirando, e isso não a levaria a lugar nenhum.
Após se vestir, enrolou um pouco até que Gintoki saísse para o pachinko e Shinpachi voltar para casa para então deitar-se no armário. Mas ele parecia tão pequeno e apertado que a fazia querer morrer!O calor do verão, mais o calor dos pensamentos no moreno a faziam delirar, querer se esmurrar e outras coisas. Sadaharu dormia tranquilamente quando saiu do armário para beber alguma água e o invejou por isso. A vontade de ver o sádico de cabelos castanhos estava ficando incontrolável.
-Isso é loucura. Maluquice, eu diria... Mas não consigo tirá-lo da minha cabeça!Será que aquele sádico maluco me passou uma doença?-As mãos se emaranhavam nos cabelos. –Isso não pode estar acontecendo...
Os devaneios de Kagura foram interrompidos pela campainha sendo tocada várias vezes e depois sendo substituídas por batidas frenéticas na porta. Quem era?Pensou. Poderia ser um maníaco, então Kagura foi devagar até a porta com seu guarda chuva e ao ver a silhueta ela engasgou. Seria mesmo ele ali?
-O que você quer?-Ela abriu a porta e encontrou o sádico em sua porta. Seus cabelos estavam úmidos, sua respiração estava ofegante e seus olhos estavam nublados.
-Eu... –Ele parecia estar tão perdido quanto ela. –Estava em meio a uma ronda e... Você poderia me dar um pouco de água?
-Por que eu deveria fazer isso por você?-Perguntou sarcástica, mas não obteve resposta. O olhar dele estava firmemente preso em si, o que a deixou desconcertada. –Está tudo bem. Mas só por que água é algo que não se nega a ninguém, ouviu?
Ela cedeu a entrada para ele e ele entrou sem fazer muito barulho. Olhava para os lados, de forma curiosa. Parecia que ele nunca tinha vindo ali, ou era uma forma de tentar vencer o quão encabulado estava.
-Aqui. –Ela ofereceu o copo e Okita o pegou fielmente. Ele sem ver havia retirado o casaco negro e jogado em cima da mesa.
-Onde está o Danna?-Perguntou após beber a água.
-Gin-chan foi ao pachinko. Geralmente volta ao amanhecer.
Oh, oh. Pensou Kagura. Sentia que não deveria ter dito aquilo, pois só agora caiu à ficha que estava sozinha com o sádico em uma casa vazia e ela estava sentindo sensações tremendamente estranhas em relação ao rival.
-Oh. Ele arrisca-se tanto ao ponto de deixar sua pequena escrava sozinha?
-Eu não sou escrava daquele cabelo ruim!Você sabe bem disso, seu sádico retardado!
-Eu também sei que você é uma imigrante ilegal. –Ele deu um passo para frente e fitou profundamente os olhos azuis da ruiva, ficando a centímetros de distância um do outro. –Você não deveria magoar os sentimentos desse pobre policial.
-Cale-se... Você já tomou sua água, agora saia!... Gin-chan deve chegar em breve e... –Ela recuava para trás enquanto ele se aproximava dela lentamente até ela bater com as costas.
-Por que está com medo, China? Finalmente admitiu sua inferioridade perante a mim?-A mão do policial bateu firme ao lado da cabeça dela, que soltou um suspiro. Ele não a estava ameaçando. Ele estava com as mesmas sensações quentes que ela.
-O-o que você fez comigo?-Sua voz saiu baixo. –Por que está tão quente?
Essas palavras ditas em um tom inocente tiraram a sanidade de Sougo, que se jogou em cima dela e roubou seus lábios de forma voraz. Os olhos de Kagura se arregalaram ao sentir o corpo do policial a apertar junto aos seus lábios. Era seu primeiro beijo, um primeiro beijo que deveria ser um ato puro, ser algo tão luxurioso e quente. Suas mãos foram para os ombros dele na tentativa de empurrá-lo, mas elas acabaram por ficarem pousadas nos ombros dele, apertando o tecido da roupa.
-Eu que digo isso, pirralha. –Respondeu ofegante ao cortar o beijo. –O que diabos você fez comigo, que me deixou com essa vontade intensa de te ter em meus braços?
-Eu... Eu não fiz nada, seu desgraç... Ah!-Gritou de susto ao sentir as mãos geladas dele deslizarem pelas suas costas debaixo de sua blusa. –P-pare... -Ela gemeu quando ele passou a beijar seu pescoço e o lamber com lasciva. Suas mãos foram para os cabelos macios, deslizando os dedos por ele com curiosidade. Os fios eram finos e escorriam pelos dedos dela como água.
-Se quer que eu pare... –Ele sussurrou ofegante em seu ouvido, mordendo o lóbulo da orelha da garota em seguida, que deu um gemido fino. –Me esmurre, me espanque ou algo do tipo. Pois você só está contribuindo agindo como uma M.
-D-desgraçado. –Suas mãos deslizaram dos ombros para frente do corpo do jovem e ela pode sentir ela mesma os músculos definidos do peito por cima da camisa, mas não era o suficiente. –Eu não vou deixar barato pra você.
Kagura colocou as mãos quentes dentro da blusa dele e deslizou os dedos lentamente por cada parte do peito dele e o arranhou, enquanto aproveitou que ele estava abaixado na altura dela para lamber a orelha do maior. Seus olhos se arregalaram e as mãos nas costas desceram para as nádegas, apertando-as com força e a pressionando com maior intensidade na parede, forçando-a a contornar as pernas na cintura dele. As mãos pequenas dela largaram o torso para arranhar o pescoço, até ser acometida a mais um beijo violento e excitante. Sougo apertou as nádegas da garota, forçando suas intimidades a se chocarem. Kagura gemeu alto com isso, sendo silenciada pelos lábios famintos do policial mais uma vez.
-Vamos... Vamos para o quarto. –Ela soltou entre os fogosos beijos desferidos entre os dois e mordeu os lábios inchados do mais velho. Sougo se impressionou com as palavras da menina cuja pureza estava sendo maculada por ele. Desprendeu a Katana do seu cinto e a jogou no meio da sala.
Após mais um beijo, ele a carregou entre seus braços e entrou no cômodo aonde julgou ser o quarto de Gintoki. O pensamento de Sougo estava nublado e nem lhe passou pela cabeça o quão ferrado estaria se Gintoki descobrisse que estava tirando a pureza de sua filha postiça justamente em seu quarto. Ele a soltou e retirou o colete, sendo agraciado pela visão doce dos olhos dela o observando.
-Você não tem ideia do que arrumou China. –Ele sussurrou com a voz rouca.
-Então me mostre à encrenca na qual eu entrei.
Ela apenas sorriu em resposta, o que o deixou ainda mais excitado. Seus dedos passaram a desabotoar o pijama rosa da garota, que tinha as mãos presas ao seu rosto. Quando percebeu que o pudor não estava presente entre os dois foi então que percebeu que algo estava errado. Kagura jamais estaria tão calma em um momento desses, e a conhecendo como conhece, ela não era nenhum pouco experiente. O que diabos estava acontecendo com os dois?Seus olhos clarearam e a imagem da garota que tirava sua sanidade logo foi preenchida pela pirralha com quem brigava no parque. Com ela ocorria a mesma
-Uh?
-Hu?
...
-Ahhh!!-Gritaram em uníssono. Okita caiu para trás, enquanto Kagura se encolheu tampando seus seios. Eles olhavam um para o outro com os olhos arregalados e sem acreditar no que quase tinha acontecido ali.
-Por que... Nós dois... –Sougo começou, mas ela saiu correndo como uma bala do quarto. Ele sentiu o fofo do futom embaixo dos dedos enquanto tentava pensar no que dizer para ela.
-Droga!Droga!Droga!-Kagura estava apoiada na janela chorando. As lágrimas desciam como uma corrente pelos seus olhos.
Por que aquilo estava acontecendo?Seus sentimentos estavam um rebuliço. Quase perdera sua pureza, se é que ainda tinha alguma com o sádico com quem nem aguentava dividir o mesmo espaço. O que doía mais é saber que ela já tinha esses sentimentos dentro do seu peito pelo policial, mas que agora ele com certeza a via como uma fraca, uma pervertida suja.
-China... –A voz soou atrás dela. Ela se arrepiou e secou as lágrimas rapidamente, em vão, pois ele a ouvira chorar. Por mais que gostasse de ver os outros sofrendo, a visão dela chorando não era boa para ele. –Me perdoe.
-O quê?-Ela perguntou. –M-mas... Por que está se desculpando?
-Claramente aconteceu algo com a gente que nos induziu a... –Corou levemente, desviando os olhos. –Esse evento.
-Huh?Como o que?-Ela perguntou com os olhos abaixados até ergue-los e ver o estado do policial. Seu pescoço estava todo arranhado, seu cabelo estava uma baderna e seus lábios estavam inchados. Ela não estava diferente e ele a observava também timidamente.
-Nós dois comemos aquele chocolate estranho, se lembra?-Sougo falou. –Pra que era aquele chocolate?
-Aquele chocolate era pra... Karin-san. –Kagura arregalou os olhos. –Nosso cliente tinha vergonha de se declarar, então deixou um bilhete com a foto dentro da caixa.
-Eu vi. Então... Não pode ser. –Sougo pôs a mão no queixo. –Eu fiquei sabendo pelo Kondo-san que em Yoshiwara, há alguns anos teve um surto da droga Aizen Kou, certo?A droga fazia você se apaixonar pelo primeiro que visse em sua frente.
-Sim, eu estava lá. –Ela se lembrou de que tinha se apaixonado pelo óculos do Shinpachi naquela ocasião, mas preferiu não comentar.
-E se aquele chocolate tinha algo dentro que remetia aos efeitos da droga?
-Mas a droga foi completamente eliminada.
-É difícil eliminar alguma coisa, principalmente se tiver mais gente pra produzi-la.
-Então... Quer dizer que a Karin-san... –Kagura tapou a boca com o susto. Não podia ser. –O velhote alegou ter uma foto dele dentro da carta. Então se ela comeu o chocolate e viu a foto dele, ela deve ter ido até ele!Aquele nojento de merda!
-Você até que é esperta pirralha. –Sougo foi até a mesinha e pegou seu casaco preto e depois recolheu sua katana. O calor não era mais presente.
-O que você disse?Maldito!
-Você vai ficar ai parada enquanto uma mulher é obrigada a fazer o que não quer?-Ele a olhou com uma feição séria. Por mais sádico que fosse Kagura então percebeu que Sougo nunca faria aquelas coisas com alguém naquele estado. Corou levemente, o que não passou despercebido por ele que pensou “Fofa...” inconscientemente. -Não temos tempo para chamar reforços. Temo que deva contar com a sua força, China.
==//==
Sougo e Kagura estavam às espreitas da casa de Nagisa. Era um dojo enorme, que antes parecia estar completamente vazio e agora estava cheio de guardas rondando a casa dele.
-Temos que bolar um plano para não nos precipitarmos e... China?-Sougo olhou em volta e quando viu, a Yato tinha derrubado todos os guardas na base da pancada. Estava com seu qipao branco com uma faixa no estômago, meias ¾ e os cabelos soltos. Sougo não sabia se ainda estava sobre o efeito do maldito chocolate, mas ela estava atraente demais, mesmo fazendo merda.
-O que você está fazendo?Um segundo a mais é crucial para salvarmos a Karin-san!-Kagura gritou enquanto esmurrava um homem, que caiu desmaiado.
-Oe, Oe... Seja mais discreta. –Não temos tempo para bater nesses inúteis. Vamos logo nos infiltrar na casa.
-Intrusos!Por ali!-Vozes acompanhadas de lanternas apontavam para sua direção e a reação de Sougo foi pegar nas mãos delicadas da garota e sair correndo. Ela ficou atordoada ao sentir o toque dos dedos dele sobre os seus.
-Me solte!-Ela gritou alto. Os inimigos ouviram e foram em sua direção, enquanto os dois corriam pra dentro do dojo.
Quando Kagura estava indo pra uma direção diferente, Sougo a puxou sobre seu torso e tapou a boca dela. Os dois se ocultaram na escuridão do dojo vazio, as respirações ofegantes, o peio do capitão colado em suas costas. Tudo estava estranho demais. –Shiii... –Sussurrou com a voz mansa. Kagura tremeu até a base.
-Vamos. –Sougo disse avançando pela escuridão. Ele parecia nem estar abalado, e quando Kagura sentiu os batimentos acelerados dele, pensou ser pela adrenalina, mas estava errada.
Eles andaram pelas sombras, fugindo dos guardas até chegar a uma porta com a luz acesa, diferente da casa. Nela havia uma mulher presa pelos pulsos, com o quimono semiaberto e o rosto completamente vermelho. Ela tentava se livrar, mas somente era observada pelo homem que fumava um kiseru tranquilamente sentado em sua frente. Era Nagisa.
-Ei, o que pensa que está fazendo com ela, pervertido?-Kagura falou, apontando o guarda chuva na cabeça do homem. Ele sorriu.
-Saiba que cárcere é um crime e eu estou decretando voz de prisão a você, careca. –Sougo se aproximou depois, desembainhando a espada.
-Oh?Sério?-O homem de costas estalou os dedos e ninjas pularam da parede. –Parece que descobriram meu plano. Que peninha. –Ele diz com um tom sádico.
-Por que você prendeu essa mulher?-Kagura gritou, sendo encurralada pelos ninjas. Sentiu as costas de Okita contra as suas.
-Ela nunca me deu uma chance. Não me achava bom o suficiente, mesmo eu tendo todo esse dinheiro. Não sentia vontade de estar comigo, acredita?Queria que eu fosse testemunha do casamento dela com aquele lixo!-Ele se levantou e foi até ela, que estava desesperada por seu contato e segurou seu queixo sem delicadeza. –Então descobri pequenos resquícios da droga Aizen Kou em Yoshiwara e facilmente modifiquei a fórmula para poder ser consumida. Usar essa vadia foi apenas um dos meus planos.
-Isso é nojento!-Kagura gritou.
-E daí?-Ele riu. –Óbvio que foi necessário uma boa dose do chocolate para que ela tivesse uma forte tensão sexual por mim, afinal é uma versão menos intensa. Pessoas com intensa tensão sexual com apenas um chocolate estariam perdidos no prazer.
Kagura corou tanto quanto Sougo, mas aquela não era a hora. Nagisa mandou os ninjas para cima dos dois, que começaram a lutar no dojo sem medo. Logo os capangas se juntavam aos ninjas, o que estava ficando claramente mais difícil de lidar.
Sangue sujava o dojo,enquanto Kagura e Sougo dispararam ataques ferozes em direção aos inimigos, Kagura partindo para as balas do guarda-chuva e Sougo aproveitando a quantidade de inimigos para contra-atacá-los de forma ágil. Logo, todos os inúmeros inimigos estavam no chão, mas Kagura contava com alguns ferimentos no rosto e um corte no ombro, enquanto Sougo estava com um corte na perna e alguns de raspão pelo torso.
-Vocês... Derrotaram todo o meu bando!-Ele respondeu incrédulo
-Acabou seu careca!-Kagura apontou a arma para o homem, mas aparentemente ela estava sem munição. Sougo a acompanhou, apontando a Katana para o homem apavorado.
-Nem mais um passo!-Ele tirou um revolver do quimono e apontou para o rosto da mulher, desesperada. –Han, eu não esperava que isso fosse acontecer. Eu pretendia colocar a culpa no Yoruzuya pelo desaparecimento dela e continuar meus testes, mas parece que nem sempre as coisas dão certo.
-Não ouse a fazer nada contra essa mulher!-Sougo sussurrou nervosamente, o que fez o homem gelar.
-Não deveria me ameaçar policial. –Nagisa olhava para os dois com um olhar doentio. –Você tem essa garota ao seu lado. Claramente gostam um do outro... Não vai entender o que é ser rejeitado. –Um dos samurais caídos se levanta sorrateiramente e prepara um golpe para cortar Kagura em dois.
-Eu não me importo com seu fracasso. –Kagura só sentiu quando o policial pulou atrás de sim e defendeu o golpe com a katana. –Mas se você quer ter uma mulher de verdade, deve ser do próprio desejo dela. Homens como você me dão nojo!
Kagura se assustou, mas ao perceber a baixa de guarda de Nagisa, ela atirou a última bala do guarda chuva na mão em que ele segurava a arma. Ele berrou de dor e Kagura aproveitou a deixa para desferir um soco no rosto dele, que afundou a cabeça dele na parede e o deixou inconsciente.
==//==
Após o caso, Nagisa e seus homens foram presos e após ficar internada por alguns dias, Karin se recuperou bem e pode voltar para o noivo. Esse não era um homem porradeiro como disseram, era apenas um padeiro sem graça e magrelo e que por descrição dos policiais, Nagisa descrevia o homem como um guerreiro forte para que diminuísse a vergonha por ser trocado por alguém tão frágil. Gintoki chegou pela manhã e Kagura já estava em casa, assistindo televisão como se nada tivesse acontecido. Ele achou estranho ela estar acordada há essa hora, mas nada comentou. Foi direto para a cama.
Os pensamentos de Kagura divagavam para o sádico que em algumas poucas horas estava lhe acariciando de forma íntima e sem pudores. Corou quando se lembrou de que Nagisa disse que um mísero chocolate daqueles produzidos por ele seria capaz de trazer o interior das pessoas o que elas realmente desejavam. Bem, não foi bem com essas palavras, mas...
Kagura já tinha seus dezesseis para dezessete!Tinha que ter atitude, ainda mais em aceitar que ela queria estar com o policial, independente da droga. Tinha que colocar em pratos limpos a situação, e teria que ser agora. Então se levantou e foi em direção ao parque, aonde provavelmente ele iria a alguma hora do dia. Esperaria o tempo que fosse para ter uma conversa com ele. Então partiu de casa, sem nem ao menos falar para Gin-chan ou comer alguma coisa.
-Parece que teve o mesmo pensamento que eu China. –Sougo falou ao ver a garota andando pelo parque, até que ele a chamou a atenção. Ele tinha alguns dangos dentro de uma caixa e suas pernas estavam cruzadas. –Eu acho que devemos conversar seriamente sobre ontem.
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