Estou quase dormindo quando alguém aparece do meu lado me chamando.
-Hani, Hani, Hani – será um anjo?
-Estou... Oi – digo minha visão meio embaçada, mas ainda pode distinguir LE em pé.
-Eu entendo o porquê de ter me escolhido, então sem ressentimentos... – Ergo-me na cadeira e a encaro diretamente.
-Tudo bem, quer dizer eu acho – tento arrumar minhas coisas e ir me levantando.
-Acho melhor ir encontrar o Oppa – ela sorri e vai embora deixando um ar estranho pairando.
Ai meu Deus, Kook! Jogo tudo na mochila e corro em direção à porta, a aula passou tão rápido ou eu dormi? Enfim. Caminho ate o final do corredor principal e já posso avistar a porta, corro ainda mais rápido e quando estou quase na lá não sei o que faço com meus pés que se cruzam me fazendo cair de cara no chão gelado.
-Aish – grito sem sentir o lado direito do meu rosto.
Meu corpo dói quase que por inteiro, meu tornozelo parece ter sido torcido, tento me reerguer com a ajuda da maçaneta da porta e saio mancando, não posso desistir agora. O chão se torna um gramado, o sol começa a ter contado direto com meu rosto e meus olhos começam com sua dança de procura novamente. E lá esta ele.
Sentando no gramado de costas para a porta, com sua camiseta de time. Consigo ver o Kook 13. Mas posso ver sua orelhinha branco mesmo de costas. Meu coração dispara acho que vou cair de novo, calma Hani.
-Kook Oppa?
Ele se vira e sorri e logo levanta e vamos a um abraço tão gostoso, posso sentir seu cheiro suado e seu perfume novamente, não me lembrava do seu aroma e como cheira a nostalgia.
-Hani – ele se afasta e limpa minhas lagrimas que eu nem me toquei que tinham aparecido
-Oppa – sorriu e o abraço novamente.
Ver aquele céu e aquele gramado me da um choque em pensar que ela poderia estar aqui comigo, acho que Kook percebe porque ele pega a minha mão e me convida para sentar.
-Que saudades – ele diz me encarando e me fazendo corar.
-É o que eu diga... – Quero agarra-lo, para sempre.
-Que bom que vai morar aqui, eu nem acredito. – seu sorriso no momento me contagia.
-Nem eu – rimos. – Uma pena que meu tio teve que morrer para isso.
-Sim... – ele pega as mochilas de suas costas e a fuça. – Dia ruim?
-E como... Os professores costumam passar trabalhos em primeiro dias do bimestre?
-E como! – ele pega uma caixinha e a reconheço, cigarro.
-Serio? – encaro a caixinha surpresa.
-Sabia que ia ter um mau dia, então eu trouxe para você, você me disse que fumava em dias ruins, primeiros dias são horríveis – ele põe no meu colo. – Já ia esquecendo – ele tira do bolso um isqueiro com seu nome.
-Kook serio?- riu e pego o isqueiro.
-Para você fumar lembrando-se de mim em maus momentos – ele o junto com a caixinha e então me encara e sei que é agora.
Fecho os meus olhos e espero que ele tome iniciativa, e foi mais rápido que eu esperava. Nossos lábios se tocam primeiro, são quentes e tem um sabor salgado o que me faz querer rir, ate que sinto algo adentrando minha boca. De primeira abro os olhos e vejo seus olhos tranquilos e serenos enquanto me beija, então tento mexer algum músculo da minha face. Sua língua quer tomar conta da minha, mas eu tenho uma alto defesa o impedindo de qualquer coisa, o que torna tudo esquisito. Meu primeiro dia de aula e meu primeiro beijo em um dia só, quem diria Hani.
Ele se afasta.
-Esta tudo bem? – ele diz e sua expressão passa de sereno para preocupado.
-Sim, eu só curti muito. – eu nem sei o que aconteceu aqui.
CURTI MUITO? Parabéns Hani, que ótima coisa para dizer em um primeiro beijo. Alem de eu ter beijado tão ruim eu ainda não sei apreciar o momento ou dizer as palavras certas.
-Eu preciso ir – me levanto e coloco a caixinha e o isqueiro no bolsinho da mochila.
-Já! Pensei que almoçaríamos juntos, na verdade eu iria ti convidar agora - ele coloca a mão no cabelo e eu quase desmaio de poder ver a cena de perto.
-Minha mãe deve estar me esperando, sabe me mudei agora se eu ficar saindo ela me manda de novo para Washington.
-Ok... Amanhã então?
-Sim, me liga eu estarei lá – tento correr e meu pé me lembra da cagada que eu fiz mais cedo, droga tento andar rápido e finjo não doer.
Corro para o ponto de ônibus e tento me recordar dos números de ônibus que eu podia pegar, 100? Será droga. Entro no primeiro ônibus que passa 100.
-Motorista vai para onde?- digo ao motorista antes de entregar o dinheiro.
Ele me olha feio, mas diz mesmo assim:
-Vai para perto do shopping central, você é daqui garota?
-Não – sorrio frouxo e entrego o dinheiro, deve ser esse mesmo.
Sento-me no acento com dois bancos livres escolho o da janela, tiro o sapato para ver o estrago, e droga esta roxo. Coloco o sapato no meu colo pego a caixinha e o isqueiro do bolsinho, abro a caixinha pegando um e acendendo, o isqueiro é rápido e leio seu nome baixinho.
-Kook – minha memória se volta ao beijo idiota e como fui estúpida em ir embora.
Trago o cigarro e fecho os olhos, sinto tudo de ruim dentro de mim e o jogo para fora. Eu odeio fumar ninguém alem de Kook sabe disso. Tudo começou quando minha mãe ficou meio maluca com o acidente, então quando eu fumava me sentia tão mal era como seu eu estivesse fazendo algo errado, mas não tão errado porque há coisas piores.
-Hani – escuto.
Olho para o lado. LE? Até aqui esta garota me pertuba!
-O que esta fazendo aqui? – nem tento esconder o cigarro ela já viu mesmo.
-Eu fui comprar uns lanches para o almoço e peguei o ônibus para casa – ela encara o cigarro. – E depois eu que sou a doida... – ela abre a mochila e pega um salgadinho.
-Só não conta pra ninguém, ta? Quer saber já deu. – o apago na janela e jogo pela janela.
-Quer – ela abre o salgadinho e me oferece.
-Não, vou almoçar quando chegar em casa.
Tudo estava quieto, quando algo esbarra no meu pé roxo. Quero gritar, mas então lembro que estou em um ônibus e tento repreender com minha mão.
-AH – mordo meu dedo indicador.
-Desculpa Hani, ai droga que foi isso... Meu Deus ta verde. Gente como você fez isso? – ela levanta a bainha da minha calça e examina aquilo como se eu nem estivesse sentindo nada.
-Eu cai – toco a parte machucada só que dói bem mais ao tocar.
Volto-me para a janela e vejo o ponto.
-AI LE MEU PONTO – pego minhas coisas e dou sinal.
-Hani, é perto da minha casa então vou descer com você, alias como vai andar assim?
LE guarda o salgadinho e da o tempo certo do motorista parar e descermos juntas. Ela coloca a mão no meu ombro e isso me da um pouco de apoio.
-Vamos onde é sua casa? – ela diz enquanto andamos para frente.
Olho em volta, as casas parecem iguais.
-Acha que passamos?
E realmente tínhamos passados, foram uns minutos longos com ela me segurando e meu pé latejando, repirava devagar embaixo de um sol quente. Minha casa tinha um banquinho na frente o que me localizou. Eu me lembro de brinca com ele quando criança, mas só percebi naquele momento que era a única casa com aquele tipo de banquinho.
-Pode me deixar aqui. – digo me afastando de seus braços.
-Tem certeza? – LE me solta me encarando e faço um sim com a cabeça.
Ela me faz sentar no banquinho enquanto pega um papel em seu pequeno estojo na mochila e escreve algo apoiando o papel em meu joelho.
-Pega, me liga assim que puder ate porque temos um trabalho para fazer.
Levanto-me e pego o papel e vou capotando ate a porta, olho para trás antes de abri-la e vejo LE sorrindo e acenando, um rápido pensamento toma conta.
Ela é realmente bonita.
***
Eu devia ter disfarçado melhor, minha mãe percebeu logo eu estar mancando e fez um escaldá-lo, ela passou uma pomada e depois viu que não adiantava e ligou para o meu pai no trabalho novo, não tinha necessidade, ainda bem que o papai só pediu pra colocar gelo. E ela tacou tanto gelo que minha alma estava fria como um coração de vilão.
-Omma, esta tudo bem – digo me ajeitando-me na cama.
Ela não me da ouvidos e volta com uma bandeja, com um prato e um copo. Não acredito que ela vai me fazer ficar de cama.
-Coma e vai dormir, você não deve estar acostumada com o fuso Horário da Califórnia e não vai botar o pé no chão ate que isso melhore, depois você me conta do dia – ela sai do quarto e me deixa com as palavras na boca e a comida na cama.
Eu nem estou com fome. Coloco no chão e me deito, penso no meu dia e não consigo dormir, tudo que aconteceu hoje foi bastante novo. Desde LE a Kook, eu deveria ter conhecido mais pessoas também, estudei em umas três turmas diferentes e não falei com ninguém praticamente, não me enturmei ate mesmo com os professores. Eu não deixei muitos amigos para trás também, no maximo uma garota que era igual a mim e vai arrumar outra antissocial para se antissocializar. Penso no gesto de LE ao sair do ônibus só para me ajudar, preciso ligar para ela!
A mamãe colocou a mochila perto da minha cama para minha sorte, pego no bolsinho o celular e o papel que esta todo amassado, ainda sim consigo ver o numero, o anoto no celular e ligo.
-Alo? Hani? – ela diz rapidamente sem eu ter tempo ao menos de dizer Alo.
-Oi, é, sim – deito-me novamente enquanto falo.
-Esta melhor colocou gelo?
-Sim – encaro meu pé em cima de um monte de almofadas.
-Comeu alguma coisa?
-Na verdade fiquei sem fome – agora olho a comida no chão e algo parece estar me chamando para comer.
-Você é idiota? Vai comer – ela bufa. – Vou ai na sua casa se você não engolir alguma comida agora.
Fico assustada e penso na probabilidade dela vir aqui mesmo e minha mãe vê-la e ela estiver com alguma roupinha curta.
-Ta – pego o prato e vejo coxas de frango, mordo um pedaço e mastigo alto o bastante para que ela escute.
-Ai sim, ficou assustada com a chance de eu ir ai foi?
-N-não eu to bem com isso – mordo de novo e finjo uma risadinha e me engasgo, bebo um pouco do suco de morango que estava no copo e fico melhor.
-Não queria falar nisso, mas e o cigarro? - ela diz meio incerta.
-Olha eu já disse, só fumo quando não me sinto bem...
-Ta mais você pode ficar mais feia daqui uns anos e sem saúde, você já tem ossos fracos e já esta com o pé ferrado, quer se ferrar mais?
-Eu não fumo tanto a esse ponto – agora eu bufo, comendo um pouco de arroz.
-To sabendo, também não adianta fumar pouco e quando fumar tragar o cigarro daquele jeito. Faz um favor, para com isso.
-Eu prometo que vou tentar.
-Ok, enfim e o Kook beijoqueira? – ela cai na gargalhada.
-Aigoo LE... – falo baixinho.
-Sim! – ela me imita e ri – Que isso morreu? Ah já sei ele não é do jeito que você esperava?
-Não, ele é perfeito – então qual era o problema Hani?
-Mas? Tem um problema ai, olha eu não ti conheço muito bem, só que eu sei reconhecer de longe uma pessoa chocha desse jeito
-Ah, esquece... - tento pensar em alguma coisa e a única coisa que me vem na cabeça para mudar de assunto é justamente o que eu queria evitar falar. – E o trabalho? Você ta ciente que eu só ti escolhi porque eu...
Droga por que eu escolhi ela mesmo? Porque ela não um desconhecida sem nome? Não, eu a conheço há um dia e duvido que LE se chama realmente LE, então por que Hani? Eu podia ter escolhido qualquer um daria no mesmo.
-Porque eu sou uma pessoa legal e que sentou no seu colo e que lanchou com você – ela ri e finjo uma risada, talvez seja isso?
-Então você pensou em alguma coisa?
-Não, mas eu vou pensar acredite... Sexualidade tinha um assunto pior não
-Se minha mãe souber disso ela me tira da escola na hora, ela é bem reservada.
-Reservada? Isso se chama ser careta, acredite meu pai era assim... – ela fique quieta e depois se despede. – Eu preciso ir, nos falamos amanhã devemos ter aulas em comum, eu acho. Tchau, e coma bem.
Ela desliga e eu o faço, como tudo que esta no prato e o deixo de lado, deveria falar com Kook? Não o dia foi muito vergonho para mais vergonhas pelo celular.
Pego no sono imaginado esse trabalho com LE, e por algum motivo isso me enche de determinação.
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