(Jin)
Meus olhos se abriram rapidamente em um susto, estava deitado na beirada do local em que o carro havia caído. Eu estava...vivo? Senti uma forte dor no peito, levei minha mão agoniado agarrando a camisa...branca? Foi aí que notei que minhas roupas estavam diferentes. Blusa cumprida e branca, calças largas brancas e descalço. Estranhei e passei as mãos pelos cabelos, úmidos... Meu corpo estava completamente seco? Mas como?! Se eu caí dentro do mar e afundei? Me levantei me sentindo fraco, tudo estava completamente quieto, olhei para o mar atrás de mim e nem ele fazia barulho, era como se eu estivesse surdo. O céu estava nublado, o mar calmo e as gaivotas voando ao redor do local, tudo era estranho. Fechei o cenho ao sentir presença de pessoa, lentamente me virei e havia viaturas políciais, ambulâncias e bombeiro. O que...está acontecendo? O bombeiro havia acabado de retirar meu carro da água, aquilo já me deixou com um nó na garganta, olhei em tudo tentando encontrar alguém...s/n, aonde ela está? Avistei Namjoon falando com um dos polícias, parecia em pânico e desesperado, fui até ele confuso.
-Nam! O que está acontecendo?! - Logo o som de tudo voltava.
-E-eu não sei! Eu só percebi quando s/n gritou o nome dele e o carro já estava afundando!
-Quem é s/n? - O policial anotava.
-Ah...ela está ali na ambulância sentada. - Apontou e logo segui seu dedo.
Lá estava ela, sentada na porta da viatura, enrolada em um cobertor e tremendo. Engoli seco e fui até ela sorrindo de canto.
-S/n...! Você está b-?! - O policial me interrompeu na hora entrando na minha frente, desviei. - Ah...
-Senhorita? - Ela olhava para o mesmo que segurava um bloco de notas.
-Sim...? - Engolia seco um tanto assustada.
-Com licença...! - Tentei tocar seu ombro, mas algo me fez me impedir de fazer isso. - Er...senhor!
-Era namorada de Jin? - Ele continuou me ignorando.
-O que...? - Estranhei e olhei s/n.
-Sim senhor. - Olhei para o lado dela, estava Jungkook.
-Amigo dele? - Apontou com a caneta para o menor que concordou.
-O que está...? O que? - Balancei a cabeça completamente confuso. - O que está acontecendo?! Oi! Alguém! Fala comigo!
Comecei a me desesperar, olhei ao redor e avistei Hoseok sentado no chão em choque, corri até ele.
-Ei! Hoseok! O que é tudo isso? - Me agachei em sua frente, mas ele apenas fixava o olhar para o chão. - Hoseok... Oiii. Ei! Tsc, o que há com vocês? Eu estou aqui! Carne e osso!
Nada de respostas ou ele me olhar. Me levantei e olhei em volta novamente, ninguém me notava... Será que era um sonho? Arregacei as mangas e me belisquei o mais forte que pude, mas nada, abri e fechei os olhos várias vezes, nada, andei até um barranco que dava ao mar, passei água no rosto, nada.
-Você não está sonhando, Seokjin. - Uma voz apareceu.
-Ah?! - Me assustei caindo para trás. - Quem é?!
Na mesma hora uma borboleta amarela passava em minha frente, a segui com o olhar até virar para trás e...não era possível.
-Jin, querido. - Ela sorria abrindo os braços.
-Vovó! Vovó Hope! É a senhora! - Corri até ela a abraçando com força. - Como senti saudades da senhora!
-Eu sei, querido. Eu sei. - Batia nas minhas costas rindo, mas logo se tornou choro.
-Vovó? - Me afastei a olhando, realmente estava. - O que houve? Por que está chorando?
-Jin, como você veio parar aqui, querido? Um homem tão jovem com um futuro maravilhoso!
-Do que está falando? - Ri abafado. - Está me assustando.
-Isso já não basta? - Ela apontou para tudo inclusive o carro e um corpo na maca sendo levado as presas. - Aquele é você, querido.
-Eu...? - A olhei ainda mais confuso.
-Jin... - Ela segurou meu rosto. - Você não está mais nesse mundo.
-O que...? Mas eu ainda sinto...Eu.... - Engoli seco angustiado.
-Você está desacordado, em coma...A possibilidade de você acordar, é pequena.
-Vovó...? - Comecei a chorar desesperadamente. - Vovó! Eu não quero morrer! Eu sei que não devia ter feito isso! Vovó! Me ajude, por favor! Não posso deixar s/n sozinha!
-Jin! Seokjin! - Ele aumentava a voz e engolia seco. - Eu sei que dói demais saber que vai deixar esse mundo em breve... Mas se partir, você vai ter que pensar positivo! Eles são fortes!
-Eu não quero ir...! Mesmo seu partir eu quero ficar aqui! Quero ficar ao lado deles e proteger! Quero ser o anjo que s/n vai precisar!
-Mas Jin... - Ela se afastou. - Há um lugar tão maravilhoso para onde vai. O paraíso!
-Vovó...! Meu lugar é aqui. - Minha respiração acelerava. -Meu lugar é ao lado da minha família e a s/n...! Eu não posso deixar! Tenho contas a pagar!
-Jin... Não estou feliz em vê-lo. - Me assustei. - Não aqui. Não com essa roupa e sensações. Queria meu Jin sorrindo, conversando com os amigos e amando s/n. Mas eles não te escutam, eles não podem te ver. Você é uma alma perdida para sempre Seokjin.
-Mas...! Eu não vou morrer! - Sorri forçado ainda chorando. - Quem disse?!
-Jin...Por favor, aceite. - Ela suspirou trêmula. - A chance é pequena.
Meu sorriso desapareceu, meus lábios começaram a tremer e meus olhos se apertaram... me agachei encolhido e chorei alto. Aquilo era surreal. Realmente eu não queria acreditar, mas fui forçado. Eu simplesmente...estou morto, deixei todos para trás.
Namjoon, Yoongi, Jungkook, Jimin, Hoseok, Taehyung e...s/n.
Todos.
Eu vou fazer eles sofrerem, já sinto a culpa subir pela goela. A sensação de estar morto é...estranha. Você se sente livre, porém tão triste...Sozinho e vazio.
-Jin... - Senti sua mão em minha cabeça. - Seja forte, por favor. Assim, tudo fica mais fácil, acredite em mim.
-Eu acredito, vovó! - Levantei a cabeça. - Eu só me sinto culpado! Tão culpado!
-Venha, querido... - Ela me levantou e abraçou novamente. - Eu vou te ajudar. Eu prometo. Venha, eu preciso te falar tudo, antes que o seu tempo acabe.
Eu estava soluçando, chorando desesperadamente e sem parar. Vovó esticou a mão para mim e a segurei com minha mão trêmula. Ela me levava entre as viaturas, entre...eles... os meninos e s/n.
Ficamos sentado nas pedras na beirada do mar, eu ficava com os olhos fixados em minhas próprias mãos, eu sentia como ela estivessem sujas...sujas de culpa. Suspirei e olhei a mesma do meu lado, ela sorriu de canto, porém seus olhos estavam caídos e tristes. Eu entendo que ela está realmente partida em me ver junto á ela, como uma alma, mas eu ainda estou partindo... Ainda.
-Querido... - Suspirou me olhando, logo pegou minha mão. - Entenda que... O que você pretende fazer, não é fácil.
-Vovó... - Mudei de assunto a olhando frio. - Por que eu estou aqui...?
-Ah...? - Ela engoliu seco. - Querido, eu não estou sabendo o que fez.
-Eu pretendia jogar o carro no oceano, mas segundos depois eu desisti e tentei frear... - Desviou o olhar para o mar. - Eu me matei, vovó.
-Oh meu Deus...! - Levou a mão a boca chorando. - Jin! Qual eram suas razões?!
-Eu... estava...sozinho. - Engoli a angústia. - Louco.
-Jin... - Suspirou fundo se acalmando. - Você não se matou, mesmo que tenha jogado o carro para ter esse objetivo, você desistiu nos últimos segundos, isso não faz com que tenha se matado. Você não queria. Então... Ah...
-O que, vovó? - Fechei o cenho.
-Você está... em um purgatório. - Olhou para o mar.
-Mas...por que? Disse que eu não matei! Por que tenho que ter castigo?
-Você não se matou, porém... - Bufou. - Ainda sim, foi uma tentativa. Você é uma balança Jin. Um lado diz que não e o outro diz que sim, e parece que seu "sim" está pesando.
Engoli seco arregalando os olhos, o que seria meu castigo? Seria realmente ficar preso aqui como uma alma perdida?
-Jin, seu símbolo será uma borboleta. Como á mim.
-Mas vovó, como você é uma alma perdida se a senhora morreu naturalmente? - Estranhei.
-Eu escolhi ficar, querido. - Sorriu de canto e logo apontou com a cabeça uma borboleta amarela que voava em nossa direção. Sua borboleta.- Essa sou eu.
-Por que ficou?
-Precisa ver meu Hoseok. -Encolheu a boca angustiada. - Ele estava me superando tão bem.
-Estava... - Sorri de canto. - Estava sim.
-E Tae? Superou?
-O que...? - Estranhei novamente. - O que ele tinha?
-Não soube? - Arregalou os olhos e deu um longo suspiro. - Taehyung matou o próprio pai.
-Taehyung?! - Me assustei e levei a mão á boca. - Era isso que Namjoon e s/n estavam falando....! Ah meu Deus..! Como...?! Eu...! E a mãe?
- O expulsou de casa. Acalma-se, querido. Ele fez pelo bem dela.
-Ela não chamou a polícia?!
-Ela escondeu isso, não quer que o filho sofra na cadeia.
Fiquei em silêncio e suspirei trêmulo olhando para o mar, senti sua mão em meu ombro.
-Eles ficarão bem...e você também. Acredita na vovó?
-Sim... - Sorri torto para ela.
-Esse é meu menino.
Ela se levantou sem dificuldades, ela realmente estava mais feliz assim, sem dores.
-Aliás, um dia vou me encontrar com o vovô, certo? - Ela riu. - Estou ansiosa.
-Espero que seja breve, vovó. - A olhei sorrindo de leve.
-Também espero. - Suspirou. - Bem, tenho que ir.
-Aonde?
-Não sei... Mas preciso que você siga seu caminho á partir de agora. - Foi até mim e me se abaixou dando um beijo em minha testa. - Boa sorte, querido.
-Obrigado, vovó... - Fiquei cabisbaixo, mas ao voltar a olha-la indo embora... ela havia desaparecido. - Ah...?!
Olhei em volta e atrás de mim, havia a borboleta amarela indo embora. Sorri de leve e fiquei sentado olhando o mar e sentindo a brisa.
É....Eu aceitei. O importante agora é minha família.
Apenas.
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