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História House of Cards - Right where you want me to be.


Escrita por: tarika

Notas do Autor


Olá florfos, finalmente o último capítulo de House of Cards! Foi um custo para escrever, admito. É chato se despedir, sempre é, mas vou deixar o blá blá pro final hehe


Boa leitura!

Capítulo 13 - Right where you want me to be.


Fanfic / Fanfiction House of Cards - Right where you want me to be.

Desliguei o registro do chuveiro, enrolei a toalha em minha cintura e respirei fundo antes de deixar o banheiro. Vesti uma das bermudas que usava para dormir e uma camiseta qualquer que estava jogada sobre a cabeceira da cama. Arrumei os lençóis, penteei os cabelos, organizei os calçados que estavam fora do lugar, procurando por pequenas coisas que pudessem me manter no quarto pelo máximo de tempo possível.

Eu não queria sair do cômodo e dar de cara com Jimin. Ele até havia tentado estabelecer algum diálogo após vocês-sabem-o-quê, mas eu me esquivei até estar dentro da segurança das paredes de meu banheiro. Não queria ouvir ele se despedir após aquilo tudo, não queria me deixar levar e não queria que ele sentisse pena de mim.

Entretanto, uma hora ou outra, eu teria de sair dali e torcia para que ele tivesse ido embora por conta própria. Nada de papo, nada de “até logo”, apenas feche a porta e não volte. Mas eu sabia que ele estaria lá, sabia que ele queria falar e que não me deixaria em paz enquanto não o fizesse. Abri a porta lentamente, dando uma espiada no corredor antes de sair completamente do quarto.

Caminhei em direção às escadas, me preparando mentalmente para o que viria a seguir e procurando o máximo de respostas para desviar das perguntas de meu vizinho. Assim que botei os pés no primeiro degrau, ele virou seu rosto até mim, acompanhando-me com os olhos até que eu já estivesse na sala. Ele estava sentado no sofá, sem nem mesmo encostar as costas no estofado, as mãos inquietas sobre o colo.

Entreabriu os lábios e eu disparei a falar antes que ele tivesse a oportunidade de fazê-lo antes de mim.

- Vou comer alguma coisa. Você quer? – disse e andei a passos rápidos até a cozinha.

- O que eu queria, na verdade, é falar contigo. – seguiu-me até o outro cômodo.

- É o quê? – fingi estar longe demais para compreender o que ele havia dito.

Jimin não me respondeu e eu não me dei ao trabalho de repetir, me limitei a andar de um lado para o outro na cozinha, abrindo os armários. Ele permanecia parado na entrada, escorado à soleira com os braços cruzados.

- Taehyung?

Virei-me para ele, observando sua expressão que exigia respostas, deixando bem claro que sabia que eu estava me fazendo de desentendido. Suspirei e esfreguei os dedos nos olhos, tentando pensar em alguma maneira de fugir daquela situação. E para minha sorte, o telefone tocou. Caminhei de volta até a sala e o tirei do gancho, levando até a orelha.

- Você está em casa? – gritou Hoseok, do outro lado da linha.

- Bom, se eu atendi então provavelmente estou...

- Eu estou indo aí!

- Mas Hoseo...!

E ele desligou na minha cara, sem mais e nem menos.

- O que foi? – perguntou Jimin, observando cada movimento meu.

- Hoseok está vindo para cá. – disse enquanto colocava o telefone de volta ao gancho.

- Agora? – acenei em resposta – Mas eu preciso falar com você!

- Fala depois.

Andei até a entrada, abrindo a porta e dando uma olhada na rua, procurando pelo mais velho. Já estava para fechá-la novamente quando avistei seus cabelos negros virando a esquina.

- Ei, me diz aí, o Jimin chegou a te pedir em namoro oficialmente? – berrou enquanto corria até mim, se apoiando nos joelhos e respirando fundo – Hein?!

Eu estava congelado na porta, torcendo para que meu vizinho não houvesse ouvido aquilo. Olhei de relance e ele estava travado em meio à sala, os olhos um tanto arregalados miravam o piso e o rosto fortemente tingido de vermelho. Engraçado, ele ficava tão vermelho com coisas deste tipo, mas não se lembrava dessa timidez toda enquanto estava sentado sobre meu colo.

Quase cômico.

Quase.

Pigarreei claramente incomodado e torcendo para que Hoseok notasse isso. Ele se endireitou e me analisou, arqueando uma das sobrancelhas. Apontei com os olhos para dentro de casa, tentando fazer com que meu amigo entendesse o recado, mas ele apenas juntou as sobrancelhas, confuso. Revirei os olhos, gesticulando com um aceno na direção de Jimin, mas era impressionante como Hoseok conseguia ser estúpido em certas situações.

Suspirei e usei uma das mãos para puxar o mais velho para dentro de minha casa, finalmente fazendo-o entender. Ele abriu a boca e levou a mão até testa, deixando-a deslizar pelo rosto.

- E aí caras, beleza? – perguntou como se nada tivesse acontecido – Estou atrapalhando?

- Não, Jimin já estava indo para casa.

- Estava? – finalmente levantou os olhos até nós.

- Sim.

Ele entreabriu os lábios para argumentar, mas não chegou a fazê-lo. Olhou de mim para Hoseok, depois caminhou em nossa direção e eu admito que fiquei com medo do que faria a seguir, mas ele apenas seguiu em direção à saída.

- Bom te ver, Hoseok. Eu volto depois, Taehyung. – e saiu, deixando a porta aberta.

Eu e o mais velho nos entreolhamos, ele cheio de perguntas e eu fugindo das respostas. Dei duas voltas na chave e voltei para a sala, sentando no sofá, onde Hoseok já me esperava.

- O que ele estava fazendo aqui?

- Eu...

- Ele vai mesmo embora? – interrompeu-me.

- Eu não...

- Vocês se resolveram? – novamente.

- Nós...

- Se beijaram? Porque olha, se rolou beijo, então...

- Hoseok! – minha vez de interromper.

Ele fixou os olhos um tanto arregalados em mim, finalmente em silêncio.

- Para começar: não.

- Mas para qual...? – levantei o dedo indicador, exigindo que ele permanecesse com a boca fechada.

- E segundo: o que você está fazendo aqui?

- Ah! – exclamou, esquecendo-se rapidamente do assunto anterior – É o Yoongi, cara.

- O que tem ele?

- Tá estranho, falando umas coisas estranhas.

- Isso não é novidade.

- Não cara, não é isso! – gesticulava com os braços, tentando explicar – Na verdade, eu acho que... Bem, eu acho que ele está esperando que eu o peça em namoro...

Juro que eu nunca havia visto o rosto de Hoseok daquela cor. Ultimamente, vários “eu nunca” estavam ficando para trás em nossa amizade, acho que era influência do rei do mau humor.

- Se você já sabe o que é, então por que esse drama todo?

- A questão é que eu não sei como fazer. – coçou a nuca – Eu nunca precisei fazer isso, as pessoas simplesmente chegavam à conclusão de que era um relacionamento mais sério, sei lá.

- Tá, mas me parece que o Yoongi não pensa como essas outras pessoas, então faça alguma coisa.

Hoseok se limitou a acenar em silêncio, provavelmente já planejando algo.

- Mas hein, você não me respondeu se o Jimin chegou a te pedir ou não. – retomou o tal assunto.

- Não.

- Mas queria que ele pedisse? Ou você queria pedir?

Dei de ombros, mas Hoseok continuou me fitando, esperando por uma resposta mais concreta.

- Olha, para mim não tem diferença em quem faz o pedido, mas nesse caso, eu acho que a única coisa que Jimin vai pedir, são as roupas que ele deixou aqui em casa ao longo dos anos.

~♠~

 Manhã de quinta-feira e eu estava sentado ao lado de Min Yoongi, que fugia de Hoseok como eu fugia de Jimin, a diferença é que ele não tinha realmente do que fugir. Sua sorte era que o outro não estudava em nossa classe, já a minha... Bom, nem eu sei mais qual era a minha sorte, se é que eu tinha alguma. Vez ou outra eu flagrava meu vizinho com os olhos em mim, e outra ou vez era ele quem me flagrava com os olhos nele.

Durante a manhã inteira, brincamos de gato e rato. Me escondi nos banheiros, no terraço, na sala de artes, na biblioteca e em todos os corredores esquecidos daquele colégio, com Yoongi ao meu encalço. Era estranho fugir junto da pessoa que costumava me fazer fugir. E apesar da minha vontade de levá-lo até Hoseok, meu amigo era tonto o suficiente para estar sempre nos mesmos lugares que Jimin, provavelmente na esperança de que este me encontrasse e consequentemente encontrasse também o garoto ao meu lado.

Obviamente meu vizinho tentou se comunicar comigo durante as aulas, mas os professores eram seu maior empecilho, sem contar que eu ignorava cada chamado, cada sussurro e cada papelzinho jogado em minha mesa. Talvez eu estivesse sendo um pouco extremo, mas sinceramente, quem quer ouvir um “adeus”? Eu não.

Meu pai sempre dizia que fugir dos problemas, não os resolvia. E eu até concordo, mas afastá-los me parecia mais do que suficiente, então fugi. Corri para casa e não esperei por Hoseok, mas fiquei torcendo para que ele encontrasse Yoongi e resolvesse a simples situação que eles teimavam em complicar.

Cheguei à conclusão de que ir para casa não era uma de minhas melhores opções. Não sei onde estava com a cabeça quando me esqueci de que Jimin era meu vizinho e provavelmente passaria a tarde inteira castigando minha campainha. Pensando nisso, apressei-me em trocar de roupas e comer o último pedaço da pizza que eu havia pedido na noite passada. Abri a porta lentamente, dando uma espiada na vizinhança para saber se era seguro sair de casa. A rua estava deserta, não havia nem mesmo sinal dos gatos magrelos que costumavam miar em minha janela. Dei duas voltas na chave e saí em direção a lugar nenhum.

Caminhei pelas ruas, olhando para nada e ponderando tudo. Tantas coisas se passavam pela minha mente que eu nem sabia exatamente no que estava pensando. Em meio a esse “só sei que nada sei”, acabei trombando em Yoongi, que parecia tão perdido quanto eu.

- Onde você está indo? – perguntei.

Ele deu de ombros, fazendo-me levantar uma das sobrancelhas.

- É que eu não posso ficar em casa. Hoseok sabe onde eu moro.

~♠~

- Mas então... Por que você está fugindo dele? – me fiz de desentendido. Isso já estava quase virando um hobbie.

Yoongi varreu os olhos pela praça, acho que ele estava pensando se devia confiar em mim ou não. Nem preciso lembrar que eu quem deveria desconfiar dele.

- É complicado. – disse após alguns minutos de silêncio – Eu não sei bem se estar com Hoseok é uma boa ideia. Eu acho que quase gosto dele, mas...

- Quase? – interrompi.

Me olhou por um ou dois segundos e depois voltou os olhos para algum canto qualquer em meio às arvores.

- Olha, se você não quer mais nada com Hoseok, apenas diga isso a ele, não fique fazendo-o de bobo.

- Não, não é isso! – suspirou – É que é meio difícil, sei lá...

- Está com medo, Yoongi?

Ele resmungou baixinho, estalando os dedos. Após muito suspirar, finalmente tentou responder-me.

- Talvez. Estar ao lado de Hoseok é quase que embaraçoso.

- Ah, com certeza, ele sempre me passa as maiores vergonhas da face da terra! – concordei.

Yoongi riu.

- Sim, mas não estou falando dessa forma. Ele realmente tem a capacidade de constranger qualquer um, porém me refiro ao fato de ele ser tão... Sei lá, ele é tão imensamente Hoseok. E eu sou tão meramente Yoongi.

Fiquei chocado, nunca imaginei ouvir algo assim vindo do cara que me perseguia pelos corredores do colégio. Não sei o que me chocava mais: o fato de estarmos sentados lado a lado em uma pracinha qualquer, conversando como velhos amigos ou o fato de ele estar inconsciente e completamente apaixonado por Hoseok.

- Acho que ele se enganou então. – sorri levemente.

- Como assim?

- Hoseok acha que você quer que ele te peça em namoro.

- O quê? Tá falando sério? – exaltou-se.

Limitei-me a acenar.

- Ai meu Deus. Se ele acha isso, então provavelmente já está planejando fazer algo...

- Se você quiser, eu posso falar pra ele que não é nada disso. – dei de ombros.

- Não! – levantou o tom de voz, mas se conteve assim que percebeu o que havia feito – Acho que não precisa.

Estreitei os olhos, observando sua pele adquirir uma coloração rosada, a respiração meio descompassada.

- Você quer que ele faça, não é...? – perguntei, sorrindo malicioso.

Yoongi não se deu ao trabalho de me responder, novamente as árvores lhe pareciam tão interessantes.

~♠~

- Eu deveria ir até lá ou...?

- Bom, só se quiser... Você também pode simplesmente parar de evitá-lo.

Ele apenas acenou pensativo. Passamos quase uma hora e meia sentados naquele banco de praça, Yoongi me contando seus problemas e por incrível que pareça, eu contando os meus. Agora estávamos voltando para casa, ele parecia ansioso, um leve efeito Hoseok.

O garoto magrelo me acompanhou até em casa, mesmo eu insistindo para que não o fizesse. Ele me disse que era uma forma de começar a se desculpar pelos acontecidos passados, mas eu não era bobo e nem nada, estava estampado em seus olhos, o medo de chegar em casa e dar de frente com o cara de sorriso largo que fazia seu coração querer saltar do peito.

Ironia da vida quando chegamos em minha casa e o cara de olhos pequenos que fazia meu coração querer saltar do peito estava ali, sentado ao lado da porta, as pernas contra o peito, o rosto entre os braços apoiados nos joelhos. Eu estava tão absorto em pensar nos sentimentos de Yoongi para com Hoseok e vice-versa que esqueci que meus problemas moravam logo em frente e que eu devia ter ao menos um pouco de cuidado antes de pisar no terreno de casa, reclamando alto.

Obviamente, Jimin nos notou. Seus olhos vieram até os meus e logo em seguida se desviaram para o garoto ao meu lado, as sobrancelhas se juntando em desagrado. Voltou-se para mim, aquele típico olhar que dizia “está tudo bem?”, aquela expressão que eu conhecia tão claramente. Diferente do que ele estava acostumado, eu apenas ignorei seu questionamento silencioso. Jimin levantou-se de supetão, aproximando-se enquanto Yoongi olhava de mim para ele, obviamente sem reação.

- O que você está fazendo aqui? – dirigiu-se ao rei do mau humor e nem sequer deu-lhe tempo de responder – Já não te disse para ficar longe de Taehyung?

Entreabri os lábios para interferir, mas Yoongi sempre soube se virar sozinho.

- Olha, pra começar, o que eu estou fazendo aqui não te interessa. E depois, você não está em posição de exigir nada já que ele preferiu andar comigo por aí a ficar aqui e ter que olhar para essa sua cara.

Meu vizinho arregalou os olhos, processando o que havia sido dito. Olhou-me de esguelha, enquanto Yoongi despedia-se de mim com um aperto de mãos. Assim que ele botou os pés na rua, me virei e em passos rápidos segui rumo à entrada de minha casa. Jimin não demorou a seguir em meu encalço, ele conseguia ser bastante insistente quando queria.

- Ei, Taehyung!

Ignorei.

- Ei!

Porta já aberta, eu só precisava ser rápido em fechá-la novamente. Seria uma pena se o maldito Park Jimin e o maldito de seu pé me impedissem de fazer isso.

- Eu preciso falar com você. Por favor. – Voltei a empurrar a porta, tentando fazê-lo desistir – Para com isso, Taehyung, me deixa falar!

Ele afastou-se levemente e eu suspirei aliviado, pensando que finalmente poderia ter paz. Ledo engano, assim que abaixei a guarda, meu vizinho voltou a empurrar, quase me derrubando na entrada. Entrou o mais rápido que pôde e fechou a porta com força, causando um estrondo.

 - Eu só saio daqui depois que a gente conversar.

- Não tem nada para conversar. – disse, seguindo em direção à sala, Jimin logo atrás.

- Como não? Você nem sabe o que eu quero falar, para de ficar tirando conclusões!

Respirei fundo antes de responder qualquer coisa, mas antes que eu pudesse entreabrir os lábios, meu pai abriu a porta.

- Oi meninos. – cumprimentou.

Não respondi. Jimin respondeu com um aceno.

- O que estão fazendo?

- Nada. – dissemos em uníssono.

Deu de ombros e passou por nós, em direção à cozinha. Assim que ele sumiu no outro cômodo, sussurrei um “Vá embora!” para Jimin, mas ele apenas me ignorou, cruzando os braços e batendo o pé.

- Ei Jimin, falei com seu pai. Ele me disse que vocês estão ajeitando tudo. – meu pai havia voltado para a sala com uma xícara de café nas mãos.

- Ah, sim. Acho que até o fim de semana, minhas coisas já estão todas lá.

- Mesmo?

- Sim, para falar a verdade, estou um tanto ansioso.

- E seu pai?

- Ah, ele está meio pra baixo, mas disse que se acostuma.

Sério que eles precisavam falar daquilo de maneira tão natural? Nem parecia que Jimin estava indo morar do outro lado do país, nem parecia que ele se importava. Pensei em ficar possesso, em encher a cara dele de socos, pensei em chorar até inundar a casa inteira, mas optei por virar as costas e subir para meu quarto.

Enquanto subia as escadas, ouvi meu pai sussurrar para Jimin, perguntando se o mesmo já havia conversado comigo a respeito.

- Estou tentando, mas ele não deixa. – o ouvi responder.

Como se eu quisesse falar sobre isso.

~♠~

Ouvi duas leves batidas na porta, mas fingi que não.

- Taehyung...? – outros dois toques – Abre a porta, eu preciso mesmo falar com você.

Que situação cansativa, eu não aguentava mais ter de ficar fugindo e aposto que Jimin também não aguentava mais insistir. Tudo que eu podia fazer era torcer para que ele se cansasse logo e desistisse de vez.

Mas ele era persistente.

- Olha, eu não preciso de muito tempo, são só alguns minutinhos. – sussurrava do lado de fora – E se depois disso, você não quiser mais olhar para minha cara, prometo que não te perturbo mais.

- Como se eu tivesse muita escolha com relação a isso.

O ouvi bufar do outro lado da porta.

- Para de ficar presumindo as coisas e me deixa explicar. Abre aqui, por favor.

Analisei um pouco a situação e cheguei a conclusão de que era melhor acabar de vez com aquilo tudo. Quanto mais rápido eu permitisse que Jimin falasse, mais rápido ainda ele iria embora e eu poderia finalmente ter quase paz.

- Não está trancada. – dei-lhe o passe.

Escutei o ranger da porta, mas permaneci na mesma posição, deitado na cama com a cara quase que enfiada no vão entre o colchão e a parede. Pelos sons, notei que ele se sentou na cadeira de rodinhas que ficava frente ao computador. Nem precisava olhar para saber que suas mãos estavam inquietas.

- Pra começar, – o ouvi soltar o ar pela boca – eu queria pedir desculpas.

- De novo?

- É, de novo. – soou impaciente – Eu sei que fui bem otário e falei muita merda, então me desculpe por isso.

 - Uhun.

- Bem, e quanto a ir morar com meus avós, eu...

- Tudo bem, você não precisa ficar explicando isso não. – interrompi.

Jimin suspirou alto e logo em seguida, eu pude ouvir o barulho das rodinhas deslizando pelo piso.

- Precisa sim, essa é a parte importante. – sua voz estava mais próxima – Olha, eu realmente vou me mudar, mas...

Meus olhos inundaram, eu nem precisava ouvir o resto. Tentar conter as lágrimas enquanto eu não tinha total certeza, era uma coisa. Tentar contê-las enquanto ele me dizia estar realmente indo, era outra, totalmente diferente. Suguei o ar com força, um tanto envergonhado por ele estar ali presenciando meu choramingo que me soava até um tanto egoísta. Mas apesar do presente embaraço, eu não conseguia me conter diante da situação e dos fatos.

Ouvi as rodinhas novamente e depois passos, até que senti o colchão afundar ao meu lado.

- Ei, calma aí, me deixa terminar. – desvencilhei-me de suas mãos e tentei controlar as lágrimas como um garoto da minha idade deveria fazer – Taehyung, olha para mim.

Passei a mão pelos olhos antes de sentar-me na cama, o olhei rapidamente, notando seus olhos um tanto brilhantes. Eu nunca saberia se estavam lacrimejados ou se era efeito da luz do poste lá fora.

Mantive os olhos ocupados nas costuras de meu jeans. O rosto de Jimin apareceu lentamente, invadindo meu campo de visão com aquele sorriso de lábios cheinhos. Tive vontade de socá-lo e entortar ainda mais aqueles seus dentes da frente. Que direitos ele tinha de sorrir de maneira tão linda enquanto eu choramingava?

- Eu vou me mudar de bairro. – sorriu ainda mais.

- C-como assim?

- Ué, eu e meu pai vamos pegar as nossas coisas e nos mudar para outra casa, em outro bairro. Simples, não é?

- Mas... E a sua mãe? E os seus avós? – eu tinha mil e uma perguntas para fazer.

  - Ah, meus pais estão se separando. – torceu os lábios – E meus avós estão ótimos, falei com eles ontem.  

- Então, você...? – tentei formular uma nova pergunta.

- Não, eu não vou para lugar nenhum sem você.

- Nossa, você é muito gay... – impliquei.

- Sim, esses seus olhos marejados são bem heterossexuais. – replicou.

Rimos de leve enquanto eu deixava meu corpo cair sobre o colchão. Fechei os olhos, respirando fundo, aliviado e indignado por ter sofrido antecipadamente. Senti uma movimentação e abri os olhos, deparando-me com seu rosto tão próximo ao meu. Sorri, pois era impossível resistir quando Park Jimin também o fazia. Ele selou nossos lábios uma, duas, três vezes antes de aprofundar o carinho. Beijo com gosto de saudade, com gosto de alívio, com gosto de amor. Daqueles tão grandes que chega a doer.

~♠~

Estávamos dividindo o travesseiro, olhos no teto e mãos entrelaçadas descansando em minha barriga.

- E foi por isso que eu estava com ele. – explicava.

- Então aqueles dois já estão assim e eu nem sabia de nada?

Dei de ombros.

- Você não se importa?

- Com o quê?

- Ah, Hoseok namorar com o cara que infernizava a sua vida, sabe?

- Não, se ele está feliz, eu também estou. E Yoongi não é tão ruim assim, ele só é... Sei lá, acho que um pouco perdido.

Jimin concordou com um aceno, apertando sua mão na minha.

- Taehyung...?

- Hm?  

- E com essa história de pedido de namoro? Você se importa?

Pensei por alguns segundos e me virei, admirando suas bochechas rosadas e seus olhos perdidos pelo teto. Esperei até que ele se sentisse confortável para olhar-me de volta.

- Não, acho que a gente não precisa disso. – sorri.

 - Mas... E se eu quisesse fazer algo do tipo? Como o Hoseok.

- Tudo bem, a resposta seria sim, de qualquer forma.

E ele sorriu de volta.

~♠~  

 Assim que cheguei ao colégio, avistei Hoseok e Yoongi sentados no banco embaixo do grande carvalho e dividindo o fone de ouvido. Acenei para eles, o mais alto sorriu tipicamente largo enquanto o outro me cumprimentou com um menear de cabeça e um leve repuxar de lábios.

 Caminhei até minha classe, e antes que pudesse adentrar, dei de cara com Jungkook que vinha na direção contrária. Nos encaramos por alguns segundos e eu até pensei que ele fosse dizer algo, mas limitou-se a suspirar alto e desviar de mim, sumindo pelos corredores. Levantei as sobrancelhas, avaliando o acontecido e segui rumo ao meu lugar, sentei-me e coloquei a mochila sobre a mesa. Passou-se menos que cinco minutos até que soasse o ranger das pernas de ferro sendo arrastadas pelo piso da sala de aula e a mesa de madeira viesse de encontro à minha. Não era preciso olhar para saber de quem se tratava.

- Quase me atrasei. – suspirou, sentando-se – O caminho nem é tão longo, a minha preguiça que é.

Ri de sua piada idiota enquanto ele entrelaçava nossos dedos por debaixo da mesa.

~♠~

- Até quando vai cantarolar essa música, Yoongi? – impliquei.

- Foi mal. - seu rosto na tonalidade mais vermelha que lhe era possível.

- Deixa ele, Taehyung. Até porque fui eu mesmo quem compus e toquei, então...

- Tá bom, eu já sei, vocês já contaram essa história virgem um milhão de vezes.

- Fala como se não fosse o rei da virgindade. – provocou.

Engasguei-me com o suco e Jimin riu alto. Otário. Me deu alguns tapinhas nas costas enquanto Yoongi escondia o rosto, obviamente rindo também e Hoseok vacilava os olhos arregalados entre nós três.

- Tá de brincadeira? – perguntou para ninguém especificamente.

- Relaxa Seok, não é nada demais, é? – Yoongi interveio.

- Você sabia?! – indignou-se – Por que eu sou o único que não sabia?!

Eu ainda estava me recuperando do episódio com o suco.

- Porque você ia ter essa reação aí. – explicou Jimin.

Hoseok continuou resmungando baixo, Yoongi e Jimin ainda riam, e eu voltei a tomar meu suco.

- Isso me lembra de quando Yoongi e Namjoon me disseram que haviam visto você beijando um cara. – Jimin recordou, deixando o clima na mesa um tanto desconfortável.

- Por que está lembrando isso? – Hoseok pôs-se a frente do rei do mau humor.

- Ah, não é nada, eu só fiquei curioso... Afinal, quem era esse cara, Taehyung?

Então foi minha vez de rir alto. Park Jimin claramente com ciúmes e a melhor parte era: ciúmes dele mesmo.

- Era você, idiota.

 Nossas risadas ecoaram pela cozinha e o clima agradável fora restaurado.

E ali, observando os rostos do meu novo e dos meus velhos amigos, eu percebi que a vida era tão trabalhosa quanto montar um castelo de cartas. As pessoas eram tão frágeis quanto o baralho e qualquer ventania era capaz de derrubá-las por inteiro.

A minha pequena casa de cartas havia sacolejado bastante e até perdido algum dois de copas ou um cinco de paus por aí, mas permanecia de pé. Ali, ainda observando seus rostos risonhos, eu sabia que não importava quantas vezes o vento tentasse me derrubar, eu ainda teria suas cartas para completar as minhas. 


Notas Finais


E fim!
House of Cards termina aqui e eu vou sentir muita falta! Fiquei enrolando bastante pra postar porque realmente não gosto de despedidas, sou chorona, sorry.
Muito obrigada por tudo, vocês foram os melhores, cada comentário que me fez rir alto, que me deixou chorosa, que me deixou orgulhosa e que me deixava sorrindo que nem boba! De verdade, muito obrigada mesmo!
Eu acho que muitos de vocês não sabem que essa é minha primeira história aqui no site e eu fico muito feliz pela maneira como ela foi bem recebida, eu realmente não esperava. Eu espero voltar logo com novos enredos, já tenho muita coisa planejada e espero que vocês gostem tanto quanto gostaram de HoC! Eu acho que até o final do mês, estarei postando oooooutra vmin, então aguardem -q
Obrigada ao pessoal do toiter que sempre me enche o saco e me mata de rir. Obrigada ao pessoal que me manda mensagens e obrigada ao pessoal que nunca deu sinal de vida -q
Aliás, quem vai ao The Red Bullet? Eu vooooooou, então se alguém for, me mande uma mensagem ou mention, quem sabe nos vemos por lá, não é?
Qualquer coisa, já sabem: https://twitter.com/liteuqui ou http://ask.fm/jubartarika
Bom, então é isso. Um beijo, um queijo e tchau tchau!


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