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História House of Cards - Maybe I wanna be yours.


Escrita por: tarika

Notas do Autor


Olaaaaaaaaaaaaá! Nossa, me desculpem. Dessa vez, a culpa não foi minha! Eu explico lá em baixo...
Boa leitura!

Capítulo 7 - Maybe I wanna be yours.


Fanfic / Fanfiction House of Cards - Maybe I wanna be yours.

Jimin

Saí daquele beco antes que Taehyung tivesse a oportunidade de dizer algo. Eu ainda não acreditava no que tinha feito, parecia algo surreal, algo do qual eu nem fiz parte, como se apenas estivesse lá como observador e não como um inconsequente idiota e impulsivo, que agora havia perdido seu melhor amigo. Aposto que Taehyung ainda está lá naquele beco tentando entender o que aconteceu, mas nem eu mesmo consigo entender completamente. Na verdade, até meio que entendo, só não acredito.

Fiquei tão distraído com meus pensamentos que quando percebi já estava novamente na praça onde avistei Hoseok e Taehyung mais cedo. Eu estava lá por convite de Jungkook, nem mesmo conhecia aqueles caras, mas me pareceram legais, então não vi problemas em ir com eles, porém me arrependi assim que botei os pés naquela praça. Se eu soubesse que eles fariam tanto barulho e que eu teria de encontrar Hoseok se esfregando em Taehyung, nem sequer teria saído de casa. Sentei em um dos bancos que havia por ali, tentando não pensar muito nos acontecimentos de minutos atrás. Ele não vai entender, não vai me perdoar e eu vou perder meu melhor amigo, tudo por culpa dessa minha mania de fazer a coisas sem pensar.

Deixei meu olhar vagar pela praça e de repente me peguei observando dois garotos que andavam por ali, um deles era alto e tinha a pele morena enquanto o outro era baixinho, tinha grandes olhos e lábios fartos. Tive a impressão de conhecê-los de algum lugar, até que me lembrei de já ter os visto no colégio. Eles estudaram lá até o ano passado, quando finalmente terminaram o ensino médio. Lembro-me de o moreno ter sido o melhor jogador da escola durante muitos anos e também o aluno mais popular, até que um dia surgiram boatos de que ele havia se envolvido com o baixinho. Não me lembro exatamente quando, mas sei que houve um dia que eles simplesmente apareceram de mão dadas, eu nem sequer teria notado se a escola toda não tivesse se tornado uma loucura por conta disso. Em pouco tempo, ele perdeu toda a popularidade, fama entre as garotas e o talento no esporte passou a ser desvalorizado pelas pessoas, mas o moreno nunca pareceu se importar. Ouvi dizer que estavam fazendo faculdade juntos. Parecia simples para eles, mas por que para mim as coisas se mostravam bem mais complicadas?

Cansei de observar sua felicidade e decidi ir para casa. Passei o caminho todo pensando em como consertar a burrada que eu havia feito e quando dei por mim, estava parado na calçada observando a entrada da casa em frente a minha. Estava tudo apagado e eu fiquei pensando aonde estaria Taehyung, já que ainda era cedo e com certeza ele não estaria dormindo. Será que ele estava novamente com aquele babaca do Hoseok? Evitei pensar nisso e decidi entrar em casa antes que acabasse indo até lá tocar a campainha, só pra tirar satisfações que não me eram devidas e assim, acabar passando ainda mais vergonha. Minha mãe e meu pai estavam no sofá, assistindo algum romance sem graça na TV. Tentei subir para o meu quarto sem ser visto, o que foi o impossível já que minha mãe parecia ter super poderes.

- Filhote? Já chegou?

- Uhum. – parei no corredor, esperando que ela terminasse seu relatório materno.

- E aonde você estava? Arranjou alguma namoradinha?

- Deixa o garoto em paz, amor. – meu pai é a melhor pessoa do mundo, eu não poderia querer um pai melhor.

- Mas querido, como mãe, eu tenho que saber mais da vida dele.

Aproveitei aquela distração e subi as escadas o mais rápido que pude. Assim que fechei a porta do quarto atrás de mim, encostei-me a ela e suspirei alto. Eu estava muito, muito ferrado e nem sequer poderia recorrer ao meu melhor amigo porque 1) ele provavelmente está puto comigo e 2) o meu problema é ele. Suspirei novamente e me dirigi ao banheiro, tomei um banho rápido e depois fui direto pra cama. Passei um bom tempo pensando em como iria resolver aquilo e em como eu iria encará-lo na manhã seguinte, em meio a esses pensamentos acabei pegando no sono.

~ ♠ ~

Levantei-me em um pulo, assustado com o barulho alto do despertador. Corri para o banheiro, me arrumei o mais rápido que pude e desci as escadas já com a mochila nas costas. Passei direto pela cozinha, ignorando os pedidos dos meus pais para que comesse, e sai de casa. Não estava com fome e provavelmente acabaria vomitando se comesse algo.

Antes de seguir o caminho da escola, dei uma pequena olhada na casa em frente a minha, janelas fechadas, tudo quieto. O pai de Taehyung sempre abria as janelas da sala antes de sair para trabalhar. Havia algo errado. Decidi que por hora, seria melhor ignorar e continuar meu caminho. Comecei a passos lentos e preguiçosos, que logo se tornaram passos rápidos e de repente eu estava correndo em direção à escola. Eu não sabia o porquê, mas precisava chegar lá o mais rápido possível.

Atravessei os portões a toda velocidade, atraindo a atenção de alguns alunos que estavam ali, porém eles logo desviaram seus olhos para algum outro ponto no pátio. Todos estavam olhando para Hoseok, que andava mais a frente com duas mochilas nas costas. Apressei o passo e assim que me aproximei, pude notar Taehyung em sua frente. Havia uma faixa que passava por seu pescoço e deixava seu braço pendurado em frente ao peito, haviam curativos no seu rosto, e ele mancava, a perna direita estava engessada. Mas o que era tudo aquilo? Eu estive com Taehyung na tarde passada e ele estava bem, eu tenho certeza!

Corri até alcança-lo e segurei em seu braço bom.

- Taehyung...! Mas... Mas que merda aconteceu?

Ele não me respondeu, apenas ficou ali me encarando por um tempo, até que se soltou de minha mão e continuou seu caminho, como se eu nunca tivesse aparecido. Hoseok veio logo atrás, me olhando de cara feia.

Voltei minha atenção para Taehyung, a tempo de vê-lo se desequilibrando. Corri até ele e segurei novamente em seu braço, ajudando-o a manter o equilíbrio. Recebi uma carranca em agradecimento. Reparei que Hoseok agora estava ali ao lado, pelo jeito ele também havia corrido para tentar ajudar, mas fui eu quem cheguei primeiro, fui eu quem ajudei. Quem é o melhor agora, Jung Hoseok? Eu sempre soube que ele não tinha a menor capacidade para cuidar de Taehyung.

- Me dá. – disse, estendendo a mão para a mochila do ruivo.

-  Não Hoseok, você nã... – Taehyung tentou impedir.

-Ó, toma aqui, a responsabilidade é sua. Vê se toma conta dele dessa vez. – disse Hoseok, interrompendo o outro e me entregando a mochila. Deu mais uma olhada em Taehyung e foi embora.

“Dessa vez?”, pensei. Coloquei a mochila nas costas, junto com a minha e tentei ajudar Taehyung, que me afastou com um safanão. Tentei novamente, mas ganhei um pequeno empurrão no ombro. E foi assim até chegarmos na classe, eu tentando ajudar e ele sempre me afastando. Quando entramos, todos olharam para nós, ou melhor, para o pacote de curativos ambulante que estava ao meu lado. A sala estava meio vazia, e Taehyung escolheu sentar-se encostado na parede, assim que ele se sentou coloquei sua mochila em cima da mesa e sentei-me na fila ao lado. Eu queria puxar assunto, perguntar o que havia acontecido, mas estava com medo. Medo pelas coisas que fiz, medo pelas coisas que poderia fazer. Pouco a pouco, arrastei minha cadeira para mais perto da sua e assim que as mesas se encostaram, pude notar seus olhos em mim. Olhei de volta, ao que ele desviou o olhar.

- Tae... Você não vai me dizer o que aconteceu? – cedo ou tarde eu teria de falar algo, então melhor que fosse cedo. Ele não respondeu nada, apenas suspirou.

- Olha, me desculpa. Eu sinto muito, de verdade, eu sou um idiota.

- Ainda bem que você sabe. – disse baixinho e depois passou a mexer dentro da mochila.

Bufei frustrado com a bagunça que meus pensamentos haviam se tornado. Alguns minutos depois, a professora finalmente entrou na sala.

Passamos os primeiros três horários em silêncio total, exceto por quando eu perguntei se ele precisava de ajuda para copiar.

- Eu machuquei o braço esquerdo, posso fazer isso sozinho. – Ele com certeza, estava muito puto comigo.

Já estava cansado de escrever quando finalmente tocou o sinal para o intervalo. Olhei para Taehyung, que estava distraído digitando algo no celular, aposto que estava falando com Hoseok. Eles sempre ficavam juntos no intervalo. Sentavam-se sempre na mesma mesa, todos os dias.

Levantei da cadeira em um pulo, assustando Taehyung.

- O que você quer comer? – disse, de pé em frente a sua mesa, com as mãos nos bolsos.

- Não precisa, eu peço ao Hoseok para me trazer algo. – ele evitava me olhar.

- Não! Eu trago, é sério. Ele não precisa vir até aqui. – seus olhos agora estavam em mim, e eu havia decidido que a madeira da mesa era muito interessante de observar.

- Pode ser só um suco... Eu nem tô com fome... – disse baixinho.

- Certo, eu já volto, não saia daí.

Saí em passos rápidos, não queria deixá-lo sozinho por muito tempo. Entrei na fila da lanchonete, comprei o suco e dois sanduíches. Não importa o que Taehyung tenha dito, eu sei bem que ele está sempre com fome.

Já estava saindo do refeitório quando senti uma mão em meu ombro, me virei e encontrei um JungKook sorridente.

- Aonde vai com tanta pressa, Jimin?

- O Taehyung tá me esperando...

-Ah, fica aqui com a gente. Os caras arranjaram uma mesa, eles fizeram maior alvoroço, você nem vai acreditar quando eu te contar. – disse ele, começando a me arrastar pelo antebraço.

- Não dá, eu tenho que voltar – tentei me soltar.

- Relaxa, é rapidin...

- Não, me solta. – interrompi, finalmente conseguindo me soltar. – A gente se fala depois.

Jungkook não estava com uma expressão muito boa, mas eu não tinha tempo para aquilo, precisava voltar. Entrei e encontrei a classe completamente vazia, exceto por Taehyung que ainda estava sentado ali, olhando para o próprio colo.

Sentei em minha cadeira e coloquei seu suco e um dos sanduiches em sua mesa.

- Eu disse que não estava com fome. – falou, abrindo o suco.

- Eu sei, mas eu te conheço.

Depois disso ficamos em silêncio, comendo nossos sanduíches, até o fim do intervalo. De vez em quando eu o olhava, só pra ter certeza de que estava tudo bem. Reparei que ele usava um band-aid no canto inferior da boca, um band-aid que tinha vários desenhos de cavalos marinhos. Reparei naquilo durante todas as aulas que se seguiram e acho que talvez ele tenha percebido, já que agora parecia meio constrangido, tentei ignorar e prestar atenção nos últimos minutos da aula final.

Quando o sinal tocou, eu novamente estava observando aquele band-aid infantil. Levantei-me da cadeira, pegando minha mochila e em seguida a de Taehyung. Estendi minha mão para ajudá-lo a se levantar, o que – obviamente – ele recusou.

Quando finalmente conseguiu ficar de pé, saímos lentamente da sala. Foi um longo caminho até os portões e quando chegamos lá, Taehyung ficou parado, parecia confuso.

- O que foi? – perguntei.

- Hoseok... – de novo esse babaca. – Ele deveria estar esperando aqui para irmos embora.

- Tudo bem, eu vou te levar em casa.

- Não precisa! – disse ele, tentando pegar sua mochila.

- É claro que precisa, e eu moro em frente, não é como se eu fosse desviar meu caminho ou algo assim. – bufei impaciente e me virei para o caminho de casa. Taehyung vinha logo atrás, nós dois calados, apenas o barulho do trânsito a nossa volta.

- Qual é a desse band-aid de cavalos marinhos?- aquele silêncio todo estava me irritando.

- É coisa do Hoseok.

Mas esse panaca está em todos os lugares, puta merda. O silêncio reinou novamente, mas felizmente já estávamos na rua de casa. Segui Taehyung até sua casa, aguardando pacientemente ele procurar as chaves em seus bolsos.

Assim que entramos, ele se sentou no sofá e suspirou, parecia cansado. Subi até seu quarto e deixei a mochila em cima da cama, estava uma enorme bagunça, parecia que não era arrumado a dias. Voltei para o primeiro andar e ele não estava mais na sala, então fui até a cozinha. O encontrei em frente ao balcão, com alguns legumes nas mãos.

- O que você tá fazendo?

- Comida. – me pergunto quando é que ele vai voltar a me tratar normalmente.

- Não, primeiro você precisa tomar banho, depois eu faço algo pra você comer.

Ele relutou, me chamou de insistente, de péssimo cozinheiro, disse que eu não era seu pai, tentou se livrar de todas as formas, mas no final eu venci e agora estávamos no banheiro. Havia sido difícil levá-lo até lá, ainda mais porque ele recusava minha ajuda, mesmo quando tivemos de subir o lande de escadas.

Ele entrou no box ainda vestido, e eu já ia perguntar o que diachos ele estava fazendo quando vi uma camiseta ser arremessada por cima do vidro embaçado. Logo vieram o resto de suas roupas, as recolhi do chão e coloquei dentro do cesto de roupas sujas. Ouvi o chuveiro ser ligado e sentei em cima da tampa da privada com a toalha em meu colo. O banheiro logo ficou todo cheio de vapor, e eu apenas podia ver a sombra de Taehyung se movendo dentro do box, ele parecia estar se embolando todo para tomar banho com aquele gesso na perna. Fiquei observando seu vulto se mexer pra lá e pra cá, até que ele parou. Reparei que ele olhava para algo e quando percebi, eu havia escrito “TAE” com o dedo, no vidro embaçado. Apaguei rapidamente com a palma da mão e saí do banheiro.

Fui até seu quarto, sentei na cama com os cotovelos nos joelhos e o rosto entre as mãos. Suspirei inconformado com aquilo tudo. Escutei o barulho do box sendo aberto, passou-se algum tempo, mas nada de Taehyung. Levantei e notei que a toalha ainda estava comigo. Dei passos largos até o banheiro, com a toalha estendida na frente do corpo, tentando evitar olhar para ele.

- Desculpa, eu não percebi que estava comigo.

Ele apenas murmurou em resposta.

- Precisa de ajuda?

- Não.

- Tem certeza? Porque olha, vo... – foi aí que ele se complicou com o gesso e o tapete, mas consegui segurá-lo antes que caísse. – Viu? Eu disse que... – fui interrompido novamente, dessa vez pelo barulho da porta sendo aberta.

- Filho, você já...? Ah meu Deus, me desculpem, eu não queria atrapalhar nada, mas eu já estou saindo, não se preocupem comigo. – era o pai de Taehyung. Disse isso e fechou a porta novamente. Olhei para Taehyung e ele estava vermelho como um pimentão. Bufou irritado, livrando-se de minha ajuda e indo até o armário. Fiquei parado ali, observando ele mexer nas roupas, até que ele veio em minha direção com um conjunto de moletom em mãos.

- Dá licença? – ele parecia prestes a explodir. Assim que saí do banheiro, a porta foi fechada com força. Esperei até ele voltar, agora vestido, e abri a porta do quarto esperando que saísse. Dessa vez não teve como ele negar minha ajuda para descer as escadas, já que era uma missão quase impossível fazer aquilo com uma das pernas engessadas. Eu queria muito saber como Taehyung havia se machucado, mas não queria incomodá-lo com isso.

Chegamos à cozinha e seu pai estava lá, havia feito sopa. Sorte a nossa, já que sou um desastre na cozinha.

- Já estão aqui? Pois bem, sentem-se para comer, antes que esfrie... Precisam repor as energias.

Ajudei Taehyung a se sentar e ele estava vermelho como uma maçã bem madura. Sentei ao seu lado, enquanto o Sr. Kim servia a sopa para nós dois. Começamos a comer em silêncio. Reparei que a franja de Taehyung estava em seus olhos, meio receoso levei a mão até seu rosto e a coloquei para trás. Continuei tomando a minha sopa, até que novamente a franja estava em seus olhos e fiz os mesmos movimentos de antes. Ele continuava comendo em silêncio, de cabeça baixa, como se nada tivesse acontecido. Voltei para minha sopa, mas a franja voltou a cair, assim que levantei meu braço para ajeitá-la, levei um tapa em minha mão.

- Para com isso! – disse alto, assustando a mim e a seu pai.

- Mas o seu cabelo fic...

- Eu sei! Deixa quieto! – interrompeu-me, sem nem me olhar.

Assenti e terminei minha sopa em silêncio. Ninguém disse mais nada até que o Sr. Kim se levantou e recolheu os pratos, nos mandando ir para a sala. Levantamos ao mesmo tempo e eu pensei em oferecer ajuda, mas fiquei com receio de acabar o irritando outra vez.

Ele andou até o sofá e se jogou nele, procurando pelo controle remoto entre as almofadas. Fiquei de pé no lado contrário ao que ele estava sentado, observando-o mudar os canais sem parar.

- Você já pode ir.

- Hm? Não, tudo bem, eu...

- Não precisa, meu pai está aqui, vá para casa. – fui cortado.

O encarei por um bom tempo, mas ele nem desviou os olhos da TV. Assenti e peguei minha mochila perto da mesinha de centro.

- Tudo bem, mas eu volto amanhã de manhã. Se precisar, é só ligar.

- Eu não vou precisar.

Dei uma última olhada, e saí, fechando a porta devagar para não fazer barulho.

Encarei a porta fechada, talvez houvesse alguma pequena esperança de que Taehyung me chamasse ou me dissesse para entrar novamente. Mas nada aconteceu. Voltei para casa lentamente, não queria ficar em casa sozinho pela tarde toda.

Abri a porta e fui recebido pelo silêncio, meus pais provavelmente já estavam no trabalho, eu não tinha irmãos, não tinha um bichinho de estimação, era somente eu. Poderia até chamar o JungKook para vir até aqui, mas provavelmente ele tentaria me arrastar para algum outro lugar, e eu não estou nem um pouco afim de sair.

Coloquei a mochila na poltrona e me joguei no sofá, liguei a TV e comecei a passar os canais, apesar de não estar prestando a mínima atenção nos programas. Passei a tarde deitado ali, ainda com o uniforme do colégio e indo até a janela a cada dez minutos, apenas para conferir a casa em frente a minha. Não conseguia parar de pensar em como Taehyung havia se machucado, aquilo estava me incomodando profundamente. Por que ele não me contava? Será que não confia mais em mim?

De uns tempos pra cá, eu vinha me questionando a respeito de Taehyung. Nós sempre fomos grandes amigos, desde pequenos, juntos aonde quer que fôssemos. Nunca fomos muito sociáveis, portanto tínhamos apenas um ao outro, mas isso mudou quando chegamos ao ensino médio. Eu me adaptei muito bem e com isso, acabei me tornando amigo de grande parte do colégio, mas nunca deixei Taehyung de lado por isso. Ele ainda era meu melhor amigo e teria sempre prioridade.

Diferente de mim, ele continuou o mesmo e fez poucos amigos, resumidamente, Hoseok. Aquela amizade me incomodou desde o primeiro momento, quando Taehyung me disse que havia encontrado alguém com quem realmente valia a pena fazer amizade. Como o egoísta que sou, não queria que Taehyung tivesse outros amigos além de mim, ainda mais se esse novo amigo parecesse ter segundas intenções.

A amizade deles sempre me tirou do sério, eu odiava ter de ouvi-lo falando sobre Hoseok, ou quando ele contava sobre algo que eles fariam ou haviam feito juntos. Odiava quando ele aparecia e roubava toda a atenção de Taehyung. Odiava quando ele passava o braço em torno do pescoço do ruivo. Odiava toda e qualquer coisa que eles fizessem juntos.

Certa vez, Taehyung questionou-me a respeito de tanto ódio e eu não soube responder. A partir desse dia, eu tentei entender o porquê de odiá-lo tanto, mas era difícil raciocinar direito enquanto meu cérebro focava-se apenas em afastá-lo.

Depois de quase uma semana pensando naquilo, cheguei a algumas possibilidades, as quais eu mesmo julgava erradas. Fiquei preocupado e por conta disso, decidi me afastar um pouco de Taehyung para tentar ajustar as coisas, e tornar aquelas “possibilidades” em “conclusões”, sejam lá quais fossem elas.

Obviamente não deu muito certo.

Quando meus pais chegaram, eu nem sequer havia notado que já estava à noite. Minha mãe fez o típico questionário e eu apenas me limitei em acenar a cabeça para “sim” ou “não”, meu pai apenas bagunçou meus cabelos e subiu as escadas.

O jantar foi nuggets de frango, minha mãe disse que estava cansada demais para cozinhar qualquer coisa bem elaborada. Eu não estava com fome, mas amava nuggets, então comi alguns.

Depois subi para o quarto e tomei um demorado banho, no qual fiquei mais tempo pensando do que realmente me lavando. Estava cansado, então peguei no sono assim que coloquei a cabeça no travesseiro.

~ ♠ ~

Senti alguém sacudindo meu braço e abri os olhos lentamente, embriagado de sono.

- Jimin, você não vai pra escola? – era meu pai.

- Vou... Que horas são...? – minha voz estava tão rouca que custava sair.

- Nesse caso, você está atrasado.

Levantei-me em um pulo, correndo para o banheiro e gritando para que meu pai me ajudasse a pegar tudo. Em 5 minutos, eu já estava limpo, uniformizado e dentro do carro.

- Aliás pai, por que você estava em casa?

- Dia de folga. Eu também mereço um descanso, sabe?

- Eu sei, merece muito mais do que só um dia. – disse, já abrindo a porta do carro.

- Puxa-saco! – me acusou.

- Estou falando sério! – gritei enquanto corria para entrar no colégio.

Entrei na classe a toda velocidade, suspirando aliviado ao perceber que o professor ainda não havia chegado. Notei Taehyung no mesmo lugar do dia anterior, Yoongi e Namjoon estavam ao seu lado, pareciam conversar com ele.

Fiquei meio envergonhado de ir até ele, já que não tinha ido até a sua casa esta manhã, como havia dito que faria. Aproveitei-me disto para ir até lá com motivos, no caso, me desculpar por não ter ido e explicar que havia perdido o horário.

Antes de me aproximar, notei um pequeno pedaço de papel sendo colocado na mesa do ruivo.

- E aí caras? – cumprimentei a dupla inseparável.

- E aí? – responderam-me em uníssono e depois se viraram para conversar entre eles.

- Oi Tae.

- Oi.

Sentei na cadeira em frente a sua, e notei novamente o papel ali na mesa. Levantei a mão para pegá-lo, mas antes que pudesse o fazer, Taehyung o pegou, segurando contra o peito.

- O que é isso aí?

- Nada.

- Me deixa ver. – insisti, e recebi apenas um aceno negativo.

Ergui-me um pouco sobre sua mesa e segurei em seu pulso, tentando pegar o papel. Travamos uma pequena luta por sua posse, o que acabou deixando-o bastante amassado, mas nada que comprometesse o entendimento da mensagem.

“E então princesa, não vai contar pra gente quem é o seu namoradinho?”, era o que dizia. Olhei para Taehyung, procurando alguma explicação para aquilo, mas ele estava de cabeça baixa. Chamei seu nome e quando me olhou percebi seus olhos marejados.

Levantei-me e segurei em seu pulso, saindo da sala em seguida. Enquanto atravessava os corredores vazios, fiquei pensando em qual era o melhor lugar para levá-lo e decidi que a melhor opção era a quadra coberta, mas por conta da perna engessada de Taehyung, levamos um bom tempo para chegar até lá. Eu tinha muita paciência para acompanhar seu ritmo, mas nenhuma para aquele silêncio.

Sentei em um dos bancos e indiquei com a mão que ele deveria sentar-se ao meu lado. Assim que o fez, não perdi tempo.

- Taehyung, o que tá acontecendo?

- Nada.

- Você não tem nada pra me contar?

Em silêncio, ele apenas balançou a cabeça negativamente.

- Tem certeza? Confie em mim, eu sou seu melhor amigo, não sou?

Acenou positivamente dessa vez, ainda de cabeça baixa.

- Tae, olha pra mim. – esperei até que me olhasse – Então, tem certeza?

Ele suspirou e apertou bem os olhos, abrindo-os logo em seguida.

- Promete não ficar bravo?

- Prometo.

- Promete que não vai sair em disparada?

Assenti.

Respirou fundo e começou a me contar tudo. Em meio ao relato, ele ficou vermelho e eu imaginei que tivesse se lembrado do beijo, então senti meu rosto se esquentar também.

Em algum momento, enquanto ele ainda contava o que havia acontecido, levantei do banco e comecei a andar de um lado para o outro, falando sem parar.

- Como assim Yoongi e Namjoon fizeram isso com você? Mas por quê? – ele ficou em silêncio, me olhando. – O Jungkook não poderia estar lá, não pode ser ele! Ele não faria algo assim, eu tenho certeza. Não faria, não é?

Eu conversava sozinho, por um momento havia me esquecido de que Taehyung estava ali sentado. Passei as mãos pelo cabelo, e parei de andar.

- Isso não vai ficar assim, eu vou lá falar com eles. – disse, olhando para o teto da quadra.

- Mas Jimin, você prometeu!

- Eu não prometi que deixaria as coisas como estão.

Caminhei até a porta da quadra e antes de sair, me virei mais uma vez para Taehyung, observando seu rosto machucado.

- Não saia daqui, eu já volto.

Saí de lá, ainda ouvindo sua voz chamando meu nome, mas eu não poderia voltar, precisava acertar as contas.

Atravessei os corredores e por sorte – ou nem tanto – encontrei Jungkook saindo da classe. Segurei em seu braço e o arrastei para os fundos da escola, ignorando suas perguntas e reclamações.

- Me diz que é mentira, me diz que você não estava lá quando Taehyung se machucou daquele jeito. – disse, sem soltá-lo.

Ele tentou se explicar, mas tudo que conseguia era gaguejar.

- Eu não acredito nisso. – interrompi suas tentativas frustradas de dizer algo.

- Mas eu não encostei um dedo nele, eu juro!

- Você deveria ter ajudado! Qual é o seu problema? – gradualmente meu tom de voz se elevava.

- Eu... É que eu... Eu gosto de você.

O olhei incrédulo, eu realmente não estava esperando por aquilo, e muito menos agora.

- Isso não justifica nada! Já olhou pro Taehyung? Já viu a situação dele? Só pode ser brincadeira...

- O problema é exatamente esse! É sempre o Taehyung isso e aquilo! Eu estou cansado de ouvir você dizer o nome dele o tempo todo!

- Então que sorte a sua, agora não vai ter de me ouvir dizer mais nada.

- Não, espera! – foi aí que ele tentou me beijar, e eu me livrei, empurrando-o para longe.

- Fica longe de mim e do Taehyung.

Saí a passos largos, ouvindo o sinal para o intervalo. Agora só faltavam dois.

Andei até o refeitório, procurando meus colegas de classe e os encontrei sentados em uma das mesas. Me aproximei rápido, já havia perdido toda a pouca paciência que tinha.

- Qual de vocês quebrou a perna do Taehyung?

- Fui eu, por quê? – Yoongi, levantou-se.

- Ótimo.

E foi aí que eu soquei a cara dele com toda a raiva que havia se acumulado. Ele cambaleou e depois me olhou, sem entender.

- Tá ficando louco? – me encarou, passando a mão no maxilar.

- Ah, a princesa bem que mereceu, ele estava aos beijos com um cara... – interrompeu Namjoon.

Então eu perdi completamente a noção, e sem pensar, fui para cima do loiro. O soquei, e logo ele revidou. Começamos a trocar socos ali no meio do refeitório.

Senti Yoongi me empurrar, e tentei afastá-lo, mas era complicado com Namjoon em cima de mim, socando minha boca com toda a força. Eu não tinha a menor chance contra os dois juntos, mas se eu ia apanhar, eles também iriam.

Empurrei o loiro, o derrubando em algumas cadeiras. Enquanto ele tentava se levantar, fui atrás de Yoongi, mas ele foi mais rápido e eu senti minha visão embaçar. Afastei alguns passos para tentar recuperar o fôlego e notei que Namjoon já estava de pé.

Eles vieram em minha direção, foi nessa hora que Hoseok surgiu de sabe-se lá onde e segurou Yoongi em uma chave de pescoço. Aproveitei a distração e peguei o outro idiota pela gola do uniforme, com o punho erguido em frente ao seu rosto.

- Nunca mais na sua vida, encoste um dedo nele. – ele assentiu, e eu o soltei.

Hoseok ainda segurava Yoongi, dizendo algo em seu ouvido. Eu não sabia o que era, mas pelo olhar dele, não parecia ser nada bom. Hoseok finalmente o soltou e ele atravessou os corredores, indo atrás de Namjoon.

Suspirei cansado e sentei em uma das cadeiras que estavam ali, enquanto Hoseok espantava a multidão que havia se formado. Com certeza seríamos chamados pela diretoria no próximo horário.

Ele se sentou ao meu lado, e ficou em silêncio, estava ali apenas para mostrar-me apoio.

- Obrigado. – disse baixinho.

- Você tem muito mais pelo que me agradecer, acredite... – disse convencido, levantando-se e me estendendo a mão. – Vem, vamos dar um jeito nisso aí.

Segurei em sua mão e seguimos lado a lado até a enfermaria.


Notas Finais


Bem, é isso u.u
Capítulo bem maior pra poder compensar o anterior. O que acharam? Eu nem reli, então espero que esteja tudo certo. Qualquer coisa, vocês me avisem, mas de qualquer forma, eu vou dar outra lida depois e corrigir o que eu encontrar de errado ;-;
Agora a justificativa: pra começar, as aulas voltaram, então eu passo a manhã na escola e a tarde no curso, não sobra tempo. Depois, eu perdi um pedaço do capítulo, mas ai consegui escrever ele de novo. Só que aí eu perdi o arquivo onde tinha salvo T-T eu fiquei louca, sério. Porém, felizmente eu o encontrei hoje. IHULES! Então, foi isso, me desculpem mesmo ;-;
Até a próxima, obrigada por acompanharem, comentarem e tudo mais. Obrigada também pelos mais de 80 favoritos, eu e Sabrina agradecemos a cada um de vocês.
Qualquer coisa: @liteuqui ou http://ask.fm/jubartarika
Beijos ~♥


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