História House of Memories - NamJin - Second Chances

“Eu fico mais velho e a vida se esvaece, mas você permanece

Permita-se novamente, eu acredito em segundas chances

Eu não vou te abandonar, eu não vou te decepcionar

Permita-se novamente, eu acredito em segundas chances”

Second Chances – Imagine Dragons

- Pai?! O que você está fazendo?

Hoseok deu um grito fino, olhando para o filho que acabara de despertar na sala. Jimin tinha os cabelos bagunçados e o rosto marcado pela fronha do travesseiro, enquanto esfregava seu olho direito com a mão homolateral. Hoseok colocou sua destra sobre o peito e respirou fundo, tentando se acalmar.

- Por que está acordado, Jimin?

- Fui me mexer na cama e percebi a luz da cozinha ligada. Tá tudo bem?

- Jimin? Hobi? Ainda acordados? – Pergunta Jin, saindo da cozinha e sendo seguido por Namjoon.

- Oh, Jin-hyung! Vim beber água e acabei acordado Jimin sem querer. – Hobi falou rapidamente, coçando sua cabeça com uma das mãos. Namjoon olhou para o amigo e depois para o mais baixo, percebendo a feição de dúvida no rosto do Park. Entendendo o que tinha acontecido, retornou o olhar para Jung com uma expressão incrédula.

- Ah, tudo bem então. Vou subir, boa noite. Pra vocês! – falou o mais velho, que seguiu rapidamente escada acima em direção ao seu quarto.

- Durma bem, Jimin-ah! Vamos, Hobi. – Namjoon foi puxando seu amigo para o quarto de Jungkook, onde ficaria aquela noite, deixando um Jimin confuso e sonolento na sala. Hoseok mal teve tempo de lembrá-lo da sua água, e já foi praticamente jogado dentro do cômodo.

- Hey! Eu ainda sou mais velho que você! Não me jogue desse jeito, Namjoon!

- O que você estava fazendo? – Cruzou os braços, olhando para o outro. Jung corou um pouco e desviou o olhar.

- Não estava fazendo nada! Estava indo só buscar água.

- Ora, Jimin não teria praticamente gritado perguntando o que você estava fazendo se fosse apenas pegar água. Desembucha.

- Ok, ok – falou, levantando as mãos em forma de rendição. – Eu posso ou não ter bisbilhotando o seu “amasso” com o Jin-hyung na cozinha.

- Voyeur!

- Não! Idiota! – Hoseok aproximou-se do amigo, e começou a dar tapas em seus ombros. Namjoon tentava se proteger da melhor forma possível, e ria da cara de indignação do amigo.

- Ué, era você que estava vendo eu e o Jin. Não sei você, mas lá na minha terra isso se chama voyeurismo.

A vergonha no rosto do amigo se igualava ao tom de vermelho digno de um tomate, o que fez com que Namjoon risse mais ainda e Hoseok continuasse a bater em seus ombros:

-Para.De.Rir.- O mais velho falou entre dentes.

-Ok, ok, ok! Chega! - Falou se afastando do amigo, ainda com um sorriso no rosto vendo-o encarar com as sobrancelhas franzidas. - Tchau Hobi, boa noite! - Ele viu o amigo cerrar os olhos antes de virar e marchar em direção à porta, murmurando um “boa noite” antes de sair pelo quarto. - Sonhe comigo e com Jin-hyung.

O mais velho se permitiu rir quando ouviu a porta batendo com força e escutou um Yoongi, meio grogue e não tão feliz, perguntando “Que barulheira é essa?” quando Hoseok abriu a porta do quarto que dividiam naquela noite.

Naquele momento Namjoon se permitiu jogar na cama do quarto de Taeyung, aproveitando o silêncio que reinava no ambiente e deixando a sua mente vagar pelos acontecimentos daquele dia:

A) Havia um stalker lunático atrás de Jin e de Tae;

B) Ele e Jinnie haviam se deixado levar, de novo, pela emoção;

C) Quase foram flagrados por Jimin.

O loiro nem percebeu o momento em que finalmente se rendeu ao sono e dormiu, em meio a planos e mais planos para ajudar a proteger Jinnie.

~*~

Na manhã seguinte, Norah acordou mais cedo que todos, somente para ir à padaria mais próxima comprar algumas guloseimas para o café da manhã daquele dia. Antes de sair de casa, porém, deu uma passada na cozinha de Jin, para ver o que não havia de suprimentos e comprar coisas diferentes.

Comprou muitos pães e uma torta de chocolate para alegrar os mais novos. Se bem ela se lembrava, Jin também amava aquele tipo de torta, então não hesitou em pedir para embalá-la. Havia uma variedade de frutas e frios, que pediu para que o atendente passasse junto com suas compras.

Mas somente ao olhar para todas aquelas sacolas percebeu que seria difícil levar tudo sozinha. Já estava com o celular em mãos para ligar para Namjoon quando foi abordada por um empregado da padaria.

- Olá, senhora. Precisa de ajuda para levar até o carro? – Norah assustou-se com a chegada repentina do rapaz, mas sorriu-lhe ao responder.

- Oh, eu não vim de carro, jovem.

- Está muito longe daqui? Posso ajudar-lhe a levar até em casa.

- Estou em uma casa na próxima rua. Seria de grande ajuda.

O rapaz pegou as sacolas mais pesadas, que continham algumas caixas de suco, as frutas e os frios, enquanto Norah levava apenas o bolo e os pães.

Foram conversando o caminho todo, sempre com a mulher fazendo perguntas ao homem, já que ele, claramente, não era coreano.

- Meu nome é James, e eu sou americano.

- Que legal! Meu genro morava nos Estados Unidos até pouco tempo. Onde você morava?

- Eu morava em Nova Iorque.

- Você fala tão bem coreano. Aprendeu sozinho?

- Oh, não! Conheci um coreano quando morava por lá. Tornamo-nos amigos, e ele acabou me despertando o interesse na língua. Acabei entrando num curso depois que ele se mudou, vim até aqui atrás dele já que acabamos perdendo o contato.

- Que pena que não se falam mais. Espero realmente que possa o encontrar, querido. – Norah falou e já apontou para a casa de Jin. O rapaz perguntou se queria que ela entrasse com ele, e ela apenas negou, pegando o resto das sacolas e curvando-se em agradecimento.

Ela não viu, porém, o sorriso faceiro e satisfeito no rosto do homem ao ir embora.

Assim como também não o viu jogando o casaco roubado da padaria no lixo na próxima esquina.

~*~

Jin acordou com o cheiro delicioso de café. Aquele cheiro, especificamente, estava dando-o nostalgia. Por isso, não tardou em fazer sua higiene matinal e encontrar a mulher que ele sabia que estava na cozinha.

Ao descer as escadas, viu a mesa da sala preparada para o café da manhã, com as mais diversas frutas e queijos que ele não se lembrava de ter em casa. Na cozinha, Norah murmurava uma música baixa e dançava de leve, enquanto mexia o café, que preferia preparar no fogão.

Jin não tardou a abraça-la, fazendo-a se assustar e dar um leve pulo.

- Jinnie? Que susto!

- Desculpe, noona. – pediu e soltou-se mais dela, apenas apoiando seus braços nos ombros da mulher.

- Vá dormir um pouco mais, Jinnie. Está cedo ainda.

- Eu senti falta da senhora, sabia? – comentou baixo, e a mulher sorriu de leve.

- E eu senti a sua falta, Jinnie. – Virou-se para ele após apagar o fogão, abraçando-o.

- Eu, sinceramente, não sei se acho essa cena bonita ou se fico com ciúmes. – Namjoon falou entrando na cozinha e interrompendo os dois.

- Com licença, meu filho, que eu sou mais velha. Se manda, que eu vou abraçar o meu Jinnie. – Abanou a mão para o filho como se o expulsasse de lá, fazendo Jin gargalhar enquanto era abraçado pela mulher.

- Meu Jin... Olha, senhora, acho que vamos ter que ter uma conversa séria aqui. – cruzou os braços, olhando para os dois de forma séria.

- Pois não? – A mãe olhou para o filho de forma cínica, ainda abraçada ao seu genro-não-oficial-ainda.

- Não me façam ir ai e separar vocês dois a força.

- Ninguém vai mais me separar da minha noona. Não é mesmo? – Seokjin perguntou a mulher, abraçando-a mais apertado. A mesma riu e apenas abanou a cabeça, confirmando.

- Vamos lá, acabou a palhaçada. Separando os dois. Vamos, vamos! – Namjoon se aproximou e tentava de intrometer entre o abraço de sua mãe e Jin, fazendo os dois gargalharem alto.

- Tá bom, tá bom! Eu separo. Mas que menino malcriado! – Norah ralhou com o filho, que tinha Seokjin nos braços.

- Pai, isso é tudo ciúmes da vó? – Jungkook entrou sonolento na cozinha e coçando os dois olhos com as mãos, o que deu tempo de Namjoon largar a cintura de Jin.

- Fazer o que, querido neto? Eu sou apenas especial demais! – chegou perto do mais novo e colocou ambas as mãos no rosto inchado de sono do menino – Dormiu bem?

- Sim. Taehyung me chutou de noite, mas depois que eu dei uma travesseirada nele, ele parou.

- É, ele tem essas manias desde criança mesmo. Só você acordou?

- Jimin estava de olhos abertos, mas parecia estar em outro mundo. Tae ainda está roncando.

- Tudo bem, eu vou lá acordar esse menino.

Jin pulou em Tae para acordá-lo e Jimin riu, levantando-se em seguida. Seus pais não demoraram a se juntar a todos na cozinha, e pouco tempo depois todos já estavam à mesa saboreando o café da manhã preparado por Norah. Jin quase enfartou ao ver a torta de chocolate, assim como os três mais novos, mas foi logo cortado pela mais velha quando a mesma disse que a torta seria a última coisa que comeriam no café.

Aquela foi uma manhã agradável, sem pensamentos negativos ou assuntos pesados. Os adultos queriam apenas esquecer, nem que momentaneamente, o problema que os estavam cercando, enquanto os mais novos apenas desfrutavam das calorosas e merecidas férias.

~*~

Quatro dias se passaram desde o dia em que o stalker apareceu e mais nenhuma noticia dele foi revelada. Namjoon e Seokjin conversavam sempre por mensagem para discutirem um assunto que eles sabiam que não poderiam mais tardar: contar sobre o relacionamento dos dois para seus respectivos filhos.

O casal Kim estava, naquele momento, no escritório de Namjoon, utilizando o tempo de almoço do loiro para conversarem pessoalmente sobre esse problema.

Ambos haviam acabado de comer a comida caseira feita por Seokjin, e Namjoon quase não se segurou ao ter sua mente cheia de memórias, aonde um Jin adolescente ia a sua casa para cozinhar junto de sua mãe, ou até mesmo apenas para os dois.

- O que vamos fazer, Namjoon?

- Jinnie, você quer contar ou não? Eu faço o que você decidir.

- Não acho que seja uma coisa para apenas eu decidir, Namjoon! Devemos decidir isso juntos.

- Tudo bem, você está certo. Desculpe-me. – suspirou fundo, recostando-se à cadeira. – Se me permite perguntar... Por que nunca contou para Taehyung?

- Acho que não surgiu a oportunidade, não sei. Tentei várias vezes falar com ele sobre nós, inclusive introduzindo uma conversa de “Não importa com quem você se relaciona desde que a pessoa te ame de volta”, mas eu nunca pensei que ia voltar a te ver, então nunca falei. Claro que ele percebia que tinha alguma coisa errada quando ele me perguntava se eu não ia arranjar uma mãe para ele, mas ele nunca me pressionou a falar.

- Por que você nunca teve ninguém depois de mim? Quer dizer, depois de NaRa.

- Você sabe a minha história com ela e sabe que se não fosse por um descuido, eu nunca teria me relacionado com ela. Não sei... Se eu disser que não me sentia pronto, você acredita?

- Todo esse tempo? Desculpe-me, mas acho que não.

- E você, por que casou com aquela cobra?

- Somin? Acho que pelo mesmo motivo que você se envolveu com NaRa. Foi um descuido, que me trouxe o meu filho, não estou reclamando. Amo meu filho mais do que tudo, mas acho que no fundo sempre estive te esperando. – Seokjin corou e mudou de assunto.

- Posso saber por que você não contou para Jungkook?

- Acho que eu sempre tive vergonha, não sei.

- V-vergonha? – perguntou, Jin cabisbaixo.

- Não de você, Jinnie! Claro que não de você! – Namjoon rapidamente pegou a mão de Seokjin e a beijou. – Eu nunca teria vergonha de você. Eu tenho vergonha pelo modo que tudo acabou. Não fique triste. –

- Não estou. Não se preocupe. Tive muito tempo para analisar aquele dia, e acho que também errei ao ser precipitado e não deixa-lo explicar. Mas era a nossa intimidade sendo exposta para todo mundo ver e... – Namjoon rodeou a mesa e parou a frente de Jin, segurando seu rosto com ambas as mãos.

- Eu entendo perfeitamente. Sei que você foi o que mais sofreu por toda a exposição da gente, da nossa intimidade. Você era o que mais aparecia na fita.

- Não me lembre disso.

- Me desculpe, mil vezes, por favor. – Namjoon abaixou-se, encostando sua testa na de Jin, fechando os olhos. – Eu nunca vou me perdoar. Você me avisou sobre a câmera, eu não dei ouvidos. Foi tudo culpa minha.

- Nammie, não se culpe. Não vou mentir e dizer que não te culpei, porque no inicio eu fiz isso, e muito.  Mas, como já disse, tive muito tempo para analisar. NaRa me ajudou a ver cada ponto da situação também e a entender que você nunca faria aquilo de propósito. Eu já te desculpei. Agora falta você mesmo fazer isso.

- Eu vou tentar, prometo. – Afastou-se de Jin após dar um beijo em sua testa. – Mas agora, o que faremos?

- Primeiro de tudo, como nós ficamos?

- Como assim?

- Assim... A –a gente vai continuar sendo amigos e tudo mais, ou vamos tentar de novo? – Jin perguntou baixo, com o rosto corado e olhar em suas mãos entrelaçadas acima de suas coxas. Namjoon abriu um sorriso.

- Isso foi um pedido indireto de namoro, senhor Kim Seokjin?

- Alguém tem que agir, e já que não é você... – Deu de ombros e olhou pela janela do escritório, não observando a vista realmente. Namjoon riu em descrença e se apoiou em sua mesa.

- Desde quando você é assim, Jinnie?

- As pessoas mudam, sabia?

- Sinceramente...

- O que?

- Achei que não ia conseguir me apaixonar mais por você. Mas estou errado como sempre.

- Vamos tentar ou não? – Namjoon apenas o beijou de forma apaixonada.

- Com certeza. – respondeu após se separarem. 

~*~

Os três adolescentes se encontravam na casa do Park, que os chamou lá, pois, de acordo com ele, precisava relatar algo muito importante para os dois. Jungkook não fazia ideia do que seria, porém Tae tinha uma leve noção.

- Então, meninos. Vamos ter uma conversa séria.

- Que caixa é essa, Jimin? – Perguntou Jungkook.

- Há algum tempo meus pais me levaram para uma cabana lá no Parque Leste e ficaram esperando o tio Namjoon e mais alguém por horas, mas nenhum dos dois apareceu.  Eu lembro que pai Hoseok ficou muito triste e chorou o caminho todo de volta pra casa.

- Sem querer ser rude, o que isso tem haver com a gente?

- Bom, aparentemente nossos pais tinham essa cabana como uma espécie de “quartel general”. – falou, fazendo aspas com os dedos nas duas últimas palavras.

- Como assim nossos pais? – perguntou Jungkook.

- Pai Hoseok, Pai Yoongi, Tio Namjoon e Seokjin-hyung.

- Meu pai também? – Tae se pronunciou pela primeira vez, surpreso.

- Sim. Pai Hoseok me contou e me mostrou várias fotos dentro dessa caixa. Não consigo abrir porque não tenho a chave, mas tenho certeza que nessa cabana tem muitas outras coisas. Inclusive uma cápsula do tempo que eles deveriam ter aberto naquela época.

- Ok, mas ainda assim, o que isso tem haver com a gente mesmo?

- O que acham da gente dar uma volta na cabana e abrir essa cápsula do tempo? – Sugeriu Jimin.

Taehyung e Jungkook se olharam e ponderaram os prós e os contras de ir até a cabana. Sabiam que Jimin poderia ser imensamente curioso quando queria, e se eles não fossem com o amigo até lá, ele iria sozinho. Taehyung olhou uma última vez para Jungkook, respirou fundo e respondeu:

- Vamos.