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História House Of Wolves - O Observador


Escrita por: WantedKilljoy21

Notas do Autor


Oi, amoreeeessssssss!!!!

Cá estou eu com mais um capítulo!!!

Hoje não temos muito o que comentar aqui em cima, só lá embaixo mesmo. Então vou deixar vocês com o capítulo novo, e lá embaixo a gente se ve!

Boa leitura, espero que gostem!

Capítulo 11 - O Observador


Fanfic / Fanfiction House Of Wolves - O Observador

- Brad, o que... - Frank mal pode acreditar em seus olhos. - O que você está fazendo aqui? Eu achei que você estivesse em Londres.

- Bem, eu estava. Mas voltei. Há dois dias pra ser mais exato.

- Uau, e você conseguiu esperar esse tempo todo pra vir bater na porta do Frank? Parabéns! - diz JJ, com ironia.

- Vejo que você não mudou nada, Julia. Continua super agradável de se conviver. - ele responde, de forma ácida.

- A recíproca é sempre verdadeira. - diz JJ, com um sorriso no rosto. Frank respira fundo, ignorando a troca de farpas entre os dois.

- Então, como foi em Londres?

- Foi incrível! Eu estava mesmo precisando desse tempo pra me reencontrar e não existe lugar melhor pra isso que Londres. A cidade continua linda. Você lembra daquela vez que nós fomos passar férias lá?

- Lembro. Tinha um bistrô maravilhoso perto do Parlamento.

- Continua lá! Eu ia quase toda semana. Me fazia lembrar de você. - ele diz, e JJ revira os olhos, enquanto continua comendo seu café da manhã.

- E o trabalho?

- O trabalho foi fantástico. Eu aprendi muito sobre Direito Político. Meu estágio foi na firma de advocacia que presta assessoria jurídica ao Primeiro Ministro.

- Uau, impressionante! E você voltou de vez ou só veio matar a saudade do pessoal?

- Acho que voltei de vez. Recebi uma ótima proposta de emprego que foi impossível recusar. Parecia providência divina. Eu ainda tenho que avaliar algumas coisas, mas acho que vai rolar sim.

- Nossa, parabéns! Eu tenho certeza que qualquer escritório de advocacia que tenha você como funcionário, só vai sair ganhando. Você sempre foi um excelente advogado.

- Obrigado! Mas e aqui? Como estão as coisas?

- Está tudo bem, graças a Deus! - ele responde de forma vaga.

- E seus pais? Seu avô?

- Estão todos ótimos! Meu avô está fazendo dança de salão no Centro Comunitário.

- Eu não acredito!

- Pode acreditar. Minha mãe me mandou um vídeo dele dançando bolero com uma das senhoras, e eu juro por Deus que ele estava flertando com ela. - ele diz, rindo, fazendo Brad rir também.

- O Jack não é fácil! Mas é a cara dele fazer isso.

- Pois é, eu nem me surpreendo mais.

- Mas e você, como você está? - ele pergunta e o clima dá uma estremecida.

Há pouco Frank estava falando com JJ sobre o bebê que espera com Gerard e agora ele está de frente com Brad. Definitivamente não era esse o rumo que ele esperava que esse café da manhã fosse tomar. Olhando de relance seu próprio café da manhã, ele sente uma leve náusea começar a se fazer presente. Ele não sabe se é o nervosismo pela presença de Brad ou simplesmente os sintomas da gravidez começando a se manifestar. Agora Frank precisa de um esforço enorme para agir naturalmente.

- Eu estou bem. Muito trabalho, pouco tempo de sobra. Você sabe como é. - ele diz, da maneira mais genérica possível.

- É eu sei. Você sempre trabalhou demais. - Brad força um sorriso e então há um silêncio entre eles.

O estômago de Frank embrulha, pois ele sabe que a pergunta está a caminho. Brad parece tenso. Ele se encosta na bancada da cozinha e coloca as mãos dentro dos bolsos. A tensão entre os dois é palpável. Até JJ permanece em silêncio, apenas observando os dois homens.

- Então... - Brad começa, e Frank sente as mãos geladas. - Você e ele? Você ainda estão juntos? - ele pergunta e Frank respira fundo.

- Sim, nós estamos juntos.

- Ah, então ele finalmente tomou coragem pra largar a mulher e ficar com você? - Brad pergunta com um tom irônico, fazendo Frank sentir o estômago embrulhar ainda mais. A pergunta o atinge como um caminhão.

- Me tira uma dúvida, Brad! - diz JJ, levantando-se de seu lugar e se aproximando do advogado. - Você realmente passou oito meses em Londres sem acesso nenhum à informação ou você só achou pertinente perguntar isso pro Frank pra magoar mesmo?

- Isso não é da sua conta, Julia. Não se mete na conversa!

- É da minha conta sim, porque essa é a minha casa e o Frank é meu amigo! Então, se você quiser continuar a ser um babaca ressentido, seja em outro lugar. Aqui não!

- Sua casa? Desde quando? - ele pergunta, e se vira pra Frank, que ainda parece meio entorpecido. - Ela tá morando aqui?

- Sim, "ela" está morando aqui! - responde JJ. - E "ela" vai arrebentar essa sua carinha prepotente se tentar ofender o Frank de novo.

- Eu adoraria ver você tentar. - reponde Brad.

- Chega! - Frank levanta a voz, chamando a atenção dos dois.

Olhando para Brad, Frank sente os olhos arderem pelas lágrimas que se formam. O ex tocou em um ponto fraco, numa ferida aberta. Mas Frank não permitirá que Brad tente diminuir sua relação com Gerard ou os sentimentos que eles sentem um pelo outro.

- Respondendo a sua pergunta, Brad. - Frank começa firme, apesar dos olhos marejados. - Não, o Gerard não se separou da esposa pra ficar comigo. Ou seja, sim, eu sou amante dele há oito meses. E é bem provável que eu continue sendo amante dele pelo tempo que durar a nossa relação.

- Por quê? Por quê você se submete a isso, quando nós dois tínhamos tudo? Por que você prefere viver escondido com ele, quando eu queria te dar o mundo?

- Porque eu o amo. - ele diz, e é a vez de Brad sentir que levou um soco.

- Você... você o... - ele parece desnorteado. - Eu acho melhor eu ir embora.

- Eu também acho melhor.

- A gente conversa melhor outro dia. Tchau! - ele diz, batendo a porta atrás de si. A porta mal bate e Frank já leva uma das mãos à boca, gira nos calcanhares e corre em direção ao banheiro, deixando uma JJ muito confusa pra trás.

- Frank? Frank, você tá bem? - ela pergunta, correndo atrás dele. Ao se aproximar do banheiro, a jovem escuta o amigo vomitando. - Ah, merda! - ela diz, entrando no banheiro, molhando a toalha de rosto e colocando sobre a nuca do rapaz.

Cinco minutos depois, mas que para Frank durou toda uma eternidade, seu estômago declarou que estava completamente vazio e já não havia mais nada pra colocar pra fora. Deixando o corpo cair pra trás, ele se aconchega nos braços da amiga e deita a cabeça no peito dela, sentindo o alívio da toalha molhada em sua testa.

- Eu vou matar aquele idiota! Eu juro que se eu cruzar com ele na rua, passo com o carro por cima dele umas três vezes, só pra garantir.

- Não é culpa dele, JJ. São enjoos matinais. Mais cedo ou mais tarde eles iam chegar. - ele diz, com os olhos fechados, tentando acalmar as batidas de seu coração.

- Pode até ser coisa da gravidez, mas ele contribuiu pra te deixar assim. Qual a necessidade dele falar com você daquele jeito?

- Ele ainda tá magoado.

- Frank, eu te amo demais, você sabe disso, mas você precisa parar de achar justificativa pra todo comportamento inadequado do Brad. Você fez isso por nove anos. Nada nunca foi culpa ele, sempre era alguma coisa que deixava ele naquele estado. Se ele ainda tá magoado, então o que veio fazer aqui? Pra quê foi perguntar se você e o Gerard ainda estavam juntos? Ele foi babaca com aquele comentário. Ele falou aquilo porque sabia que ia te atingir e te atingiu. Ele tem todo direito de estar magoado e querer viver a fossa dele, mas ele não tem o direito de entrar na sua casa e te ofender desse jeito.

- Eu sei.

- Pelo menos, agora que ele sabe que vocês dois ainda estão juntos, quem sabe ele não dá um rumo na vida dele. Encontra alguém, se apaixona, vai ser feliz. Gente feliz não enche o saco. - ela diz, e Frank ri de forma fraca. JJ o envolve em um abraço. - Você está bem? Não era melhor a gente ligar pro Jason?

- Não, eu tô legal. Acho que foi só enjoo matinal mesmo. Digo, acho que eu tenho que ligar pro Jason e marcar uma consulta, já que eu decidi ter o bebê. Acho que eu tenho que começar a fazer logo o pré-natal.

- Verdade. E você tem que marcar uma consulta com seus médicos também. Não adianta cuidar só da carga, se o avião começar a dar defeito. - ela diz, e ele se vira um pouco, até consegui olhar pra amiga.

- Não sei se fico mais ofendido por você me chamar de avião defeituoso ou por você chamar meu filho de carga. - ele diz, e ela ri.

- Bem, ele ou ela, é a carga mais linda e fofa do mundo. Você é um avião meio caindo aos pedaços, remendado com durepox e silvertape, mas eu amo os dois demais. E se você falou sério quando disse que ia querer a minha ajuda pra cuidar do bebê, eu posso te garantir que estarei do seu lado em cada passo dessa jornada. Você não estará sozinho, eu prometo.

- Eu falei mais do que sério. Eu não sei qual o papel que o Gerard vai poder ou querer ter na vida desse bebê. Eu sei que eu tenho meus pais e meu avô, mas eu vou precisar de alguém comigo. Eu quero que meu bebê se sinta amado e cuidado, mesmo que ele não tenho os dois pais com ele o tempo todo.

- E ele vai, Frank. Eu te garanto que vai. - ela diz, e desce a mão até a barriga do amigo. - Esse bebê vai ser o bebê mais amado do mundo. E o Gerard vai ser um doido se ele não quiser fazer parte disso.

- Não é só uma questão de querer, JJ. Apesar de doer pensar nisso, eu sou o amante. Eu não tenho o direito de cobrar nada dele. E eu nem quero! Eu amo o Gerard com todo o meu coração e eu não quero que ele perca nada por minha causa.

- Você não vai contar pra ele da gravidez?

- Claro que eu vou. Ele é o pai, ele tem o direito de saber. Eu só estou dizendo que ele tem muito mais a perder do que eu. O pior que pode acontecer pra mim é ser pai solteiro. O Gerard pode perder tudo, e eu não quero isso. Ou seja, se ele colocar na balança e achar que não pode se envolver, eu vou entender.

- Você realmente acha que o Gerard é o tipo de cara que prefere perder um filho a perder uma carreira política?

- Eu não tenho medo do tipo de homem que o Gerard é. Ele é uma das pessoas mais íntegras que eu conheço. Eu tenho medo é do tipo de pessoas que o cercam. Não seria só a vida dele que mudaria, seria a vida de muita gente. E eu já vou ter muito com o que me preocupar, pra ainda mais ter que andar olhando por cima do ombro.

- Eu entendo. - ela diz, e beija a têmpora do amigo. - Bem, com ou sem Papai Gerard, a Tia JJ vai estar aqui pra cuidar desse bebezinho lindo.

- Obrigado, JJ.

- Você tá preso comigo, Iero. Nós dois, pra sempre.

- Nós dois, pra sempre. - ele diz, e se aconchega mais nos braços da amiga.

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O caminho até o Capitólio é tenso. Frank quer ver Gerard o mais rápido possível. A visita de Brad mexeu com ele e o desestabilizou, e tudo que ele precisa nesse momento é o carinho e a segurança de seu amor. Sabendo que Gerard demorará uns minutos para chegar, Frank pede que June o avise imediatamente e segue direto pra sua sala, trancando a parta atrás de si.

Como ainda têm uns minutos de "folga", a primeira coisa que Frank faz é ligar para Jason. Com o celular no ouvido, ele espera três toques, antes de ouvir a voz do obstetra do outro lado da linha.

- Dr. Martin falando. - a repentina formalidade de Jason deixa Frank um pouco desconcertado.

- Ah, oi, Dr. Martin. Aqui é o Frank Iero, amigo da JJ.

- Ah, como vai, Frank? Eu ainda não tinha seu celular gravado aqui no meu. Desculpa a formalidade.

- Imagina, sem problema nenhum. Eu liguei pra avisar que eu tomei minha decisão. Eu vou levar a gravidez adiante.

- Ah, que bom! Eu fico feliz por você. Eu imagino que você ligou para marcarmos suas consultas de pré-natal.

- Sim, exatamente.

- Façamos o seguinte. Eu vou pedir uma bateria de exames pra você e vamos marcar nossa primeira consulta oficial na semana que vem. Eu também gostaria que você marcasse uma consulta com os seus médicos, para que a gente saiba com o que vamos lidar. Okay?

- Okay.

- E como você está se sentindo?

- Muito enjoado, mas no geral estou me sentindo bem.

- Alguma dor na região dos quadris ou cólicas?

- Dor nos quadris, só quando eu passo muito tempo em pé. E eu senti um pouco de cólica ontem a noite, antes de dormir, mas logo passou.

- Para o enjoo, eu recomendo bolachas de água e sal, água tônica ou água com gás. Chá de gengibre gelado também pode aliviar um pouco os enjoos. Sobre a dor nos quadris, o ideal é evitar ficar em pé por muitas horas seguidas. Não tem jeito, é o seu corpo se ajustando pra acomodar o bebê. E quanto as cólicas, três minutos de compressas de água morna de 10 em 10 minutos, até passar. Geralmente passa em menos de 15 minutos. Se durar muito e te preocupar, pode me ligar, mas geralmente não é nada, também é só o seu corpo se ajustando. Só vamos nos preocupar se a intensidade da dor for muito grande e se houver sangramentos, então fique de olho.

- Pode deixar.

- De resto é o básico, mantenha-se hidratado, sem levantar peso ou fazer muito esforço até a 12ª semana, evitar aborrecimentos e comer de forma saudável. Seguindo essas regrinhas básicas, não teremos grandes problemas.

- Eu farei isso.

- E se precisar de qualquer coisa, por favor, me ligue.

- Pode deixar. Obrigado, Jason.

- Imagina. Nos vemos na semana que vem, Frank.

- Até semana que vem.

E quase que de forma cronometrada, assim que Frank encerra a ligação com Jason, o telefone de sua mesa toca e June avisa que Gerard chegou e o aguarda em seu gabinete. Rapidamente o RP reúne seu material e segue para a sala do senador.

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Gerard encara a pilha de papeis na sua mesa. Basta apenas um dia fora, para que o trabalho se acumule. Apoiando-se em sua mesa com as duas mãos, ele bufa. Ele fecha os olhos por um minuto e pensa no dia ideal. Ele e Frank em seu Refúgio. Aninhados no grande sofá reclinável, assistindo alguma série na Netflix. Ou relaxando na beira do lago, com os pés na água. Ou aproveitando a banheira de hidromassagem. Ou simplesmente deitados em sua cama, curtindo a preguiça e fingindo que o mundo lá fora não existe. Este seria um dia ideal. Mas seus olhos se abrem e a realidade se faz presente.

Seu consolo vem quando o som de duas leves batidas na porta ecoam no ambiente. Gerard sorri de forma involuntária. Por pior que o dia seja, pelo menos Frank estará ao seu lado.Ele se vira no momento em que o RP entra na sala e tranca a porta. Foi apenas um dia fora, mas Gerard está morrendo de saudades. E pelo jeito que Frank se apressa em sua direção, parece que a saudade é mútua.

Gerard dá dois longos passos e encontra Frank no meio do caminho. Os dois se abraçam, apertando seus corpos um contra o do outro. Gerard enterra o rosto nos cabelos de Frank, sentindo seu cheiro. Frank aperta Gerard mais contra o peito, encostando o rosto em seu peito e usando o som das batidas do coração do senador para acalmar seu próprio coração.

Gerard sente que há mais do que saudade naquele abraço. Em oito meses o senador foi capaz de decifrar cada expressão, cada mudança de humor, cada emoção que Frank esteja sentindo, mesmo que o rapaz tente esconder. E nesse momento, ele entende que há mais do que só saudade ali. Frank precisa de Gerard. Precisa de seu carinho, de seu amor, de seu cuidado e de sua proteção. E Gerard não pretende ir a lugar nenhum.

Após alguns minutos, Frank se sente seguro para soltar o abraço e, enfim, encarar Gerard. Ele força um sorriso e ameaça falar alguma coisa, mas é silenciado por um beijo cálido e cheio de carinho. Segurando o rosto do rapaz entre as mãos, Gerard encerra o beijo e olha nos olhos do rapaz.

- Eu também senti sua falta. - ele diz, fazendo Frank sorrir. - Mas eu sei que isso tudo não foi só saudade. Eu consigo ver nos seus olhos que algo aconteceu. Algo que te deixou perturbado, magoado, sentido. Se você precisar de algum tempo, tudo bem, eu entendo. Mas eu estou aqui pra você, você pode me contar qualquer coisa, que eu juro que nós vamos tentar encontrar uma solução juntos. - ele diz, e Frank sente o coração se apertar.

A vontade de revelar logo a gravidez para Gerard é imensa, mas sente que ainda não é a hora. Ele mesmo ainda não se acostumou com a ideia de estar grávido, então definitivamente ele não está pronto para contar para ninguém sobre o bebê. Incluindo Gerard. Além do mais, o que o aflige nesse momento é outra coisa. Outra pessoa.

Colocando as mãos sobre as mãos de Gerard, Frank lhe dá um beijo leve nos lábios.

- Eu te amo demais, você sabe disso, não é?

- Claro que eu sei. Eu também te amo demais, com todo o meu coração. - Gerard diz, e Frank nota a preocupação no rosto do homem.

- Hoje, antes de eu sair pra vir pra cá, o Brad esteve lá em casa. - ele diz, e Gerard se tenciona na hora.

- Brad? Seu ex namorado, Brad?

- Ele mesmo?

- Mas ele não estava em Londres?

- Ele voltou há dois dias.

- E o que ele queria?

- Além de me informar que ele está de volta, ele fez perguntas triviais, tipo "Como estão as coisas?" "Seus pais estão bem?" "E o trabalho?", essas perguntas básicas pra puxar algum assunto.

- Ele queria saber sobre nós. - conclui Gerard.

- Sim. Ele perguntou se ainda estávamos juntos. - diz Frank, sentando-se no sofá. Gerard senta ao seu lado.

- E o que você disse?

- A verdade. Disse que sim, que estávamos juntos. - diz Frank, de forma simplória.

- E ele?

- Ele não gostou de saber, como era de se esperar. - diz Frank, dando de ombros, mas Gerard há algo a mais.

- O que ele disse?

- Nada de mais, Gerard. Ele ficou magoado.

- O que foi que ele te disse, Frank? - Gerard insiste.

- Gerard...

- Eu sei que ele disse alguma coisa e eu sei que isso mexeu com você. Então, por favor, me conta o que ele disse. - pede Gerard, e Frank sabe que não poderá fugir do assunto.

- Ele perguntou se você finalmente tinha tomando coragem pra largar a sua esposa e ficar comigo. - diz Frank, com a voz baixa. Gerard sente o rosto esquentar. Ele se levanta do sofá e corre as mãos pelos cabelos.

- Merda! Filho da mãe! - Gerard esbraveja, andando pela sala. - Quem esse moleque pensa que é? O que ele acha que sabe? Ele acha que conhece a gente?

- Gerard, tá tudo bem. - diz Frank, ainda sentado no sofá.

- Não! Não está tudo bem. Não está nada bem. Porque esse idiota entra na sua casa, mexe com os seus sentimentos e ainda coloca em dúvida o que a gente sente um pelo outro. O que eu sinto por você!

- Olha, eu estaria mentindo se eu disse que não doeu na hora. Ou que não dói cada vez que eu penso nisso. - ele diz, e o coração de Gerard se parte. - Mas passa! É sério. Eu sabia no que estava me metendo, eu sabia os riscos e eu sabia as limitações. E eu topei mesmo assim. E isso não vai mudar. Meu amor por você não vai mudar. Nem o Brad e nem ninguém será capaz de mudar o que eu sinto por você. - ele diz.

Gerard se ajoelha de frente pra ele e toma as mãos do rapaz nas suas e as beija.

- Eu odeio que sempre exista esse obstáculo entre nós. Eu odeio.

- Eu também.

- Mas eu te amo. Você acredita nisso, não é?

- Claro que acredito. Porque eu também te amo. - ele diz, recebendo um beijo de Gerard.

- Okay, pergunta idiota. - começa Gerard, respirando fundo. - Você sentiu alguma coisa quando o viu?

- Como assim?

- Antigos sentimentos.

- Foi um choque vê-lo depois de tanto tempo, mas não passou disso. Nada do que eu sentia por ele antes ameaçou voltar. Você não precisa se preocupar.

- Eu falei que era uma pergunta idiota.

- Não foi uma pergunta idiota.

- Foi sim, porque o Brad sempre vai ser o meu fantasma. Ele sempre vai ser aquela voz, sussurrando no meu ouvindo, me falando tudo que ele podia oferecer pra você e que eu não posso.

- Gerard.

- Meu príncipe, nós dois temos nossas feridas. A minha é essa. É exatamente como você disse, isso não muda o que eu sinto por você, mas eu estaria mentindo se dissesse que isso não me dói todos os dias. Ter encontrado o amor da minha vida depois de todo esse tempo, e não poder estar com ele de verdade, sabendo que ele merece muito mais do que eu posso oferecer. - ele diz, deitando a cabeça no colo de Frank, que acaricia seus cabelos.

- Não vamos mais falar disso. - ele diz, dando um beijo na cabeça de Gerard. - Não vamos deixar que isso estrague o nosso dia. Nós nos amamos e é isso que importa. - ele diz, e Gerard ergue a cabeça.

- É isso que importa.

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Depois de uma sexta feira lenta, e um final de semana tranquilo, a semana começa na correria. Hoje promete ser uma segunda feira daquelas. As coisas dentro do Capitólio estão pegando fogo com as investigações das denúncias de corrupções envolvendo tanto o Partido Republicano, quanto o Democrata. Além de ter que lidar com a investigação interna, Gerard e mais uma cúpula de mais três senadores Democratas, precisa apresentar no plenário uma proposta para reduzir a violência policial contra a comunidade negra.

Enquanto Gerard esquenta a cabeça com seu trabalho, Frank esquenta a cabeça com a gravidez. Jason passou uma série de exames e nem todos são muito agradáveis. Ainda na sexta feira, Frank fez o hemograma completo, que ele tirou de letra, pois já faz parte da rotina da manutenção da sua saúde. Já no sábado, Frank escapuliu do Refúgio de manhã bem cedo, com a desculpa de ajudar JJ em algo relacionado a trabalho.

O exame do dia era o de Glicemia e Curva Glicêmica. Frank detestou esse exame. Para o primeiro, Frank precisou estar de jejum por oito horas, para verificar a taxa de glicemia em seu sangue. Já o exame da Curva Glicêmica, exigiu uma grande ingestão de glicose duas horas antes do exame. Depois de colher o sangue e ser liberado, Frank jurou não querer ver nada doce na sua frente por um bom tempo.

Hoje, enquanto Gerard se reunia com os outros senadores, Frank usou seu horário de almoço para se encontrar com JJ e seguir para a clínica onde realizará os exames de Sistema ABO, RH e sorologia. Enquanto aguarda o sangue ser colhido, Frank e JJ conversam.

- Então, quando você vai contar pra ele? - ela pergunta.

- Eu quero fazer todos os exames e a primeira consulta pré-natal com o Jason, antes de falar pra ele.

- Sua consulta com o Jason é no final da semana. Você vai esperar isso tudo?

- Pra quem já esperou até agora. E outra, eu quero ter o que mostrar pra ele. Quero mostrar que o bebê está bem, que está saudável.

- Você acha que ele vai surtar?

- Não sei. Ás vezes eu acho que vai, ás vezes eu acho que não. Mas no geral, eu acho que ele vai ficar feliz. Só vamos ter que pensar no que vamos fazer daqui pra frente.

- Eu acho que ele vai surtar, mas no bom sentido. Eu super vejo o Gerard como pai, e um pai mega babão.

- Sabe que eu também vejo? - diz Frank, sorrindo. - Eu realmente espero que a gente consiga chegar a um acordo sobre esse bebê. Eu quero muito que ele possa participar da vida dele ou dela.

- Ele vai, Frank. - diz JJ, segurando a mão do amigo. - Pode confiar. 

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Apesar de tirar mais ampolas de sangue do que estava esperando, o exame foi tranquilo. Frank comprou um sanduíche no caminho e voltou correndo para o Capitólio. Chegando lá, ele seguiu direto para o plenário, onde Gerard já aguardava por ele. Apesar do clima tenso, o senador abriu um sorriso ao vê-lo.

- E aí, como foi? - ele pergunta, baixinho.

- Foi tranquilo. Ela está pensando em fazer uma nova exposição de fotos e eu tô ajudando a selecionar o lugar. Acho que ainda vamos fazer algumas visitas nessa semana.

- Sem problema. Eu adoraria ver uma exposição da JJ. Ela fotografa imensamente bem.

- Ela é ótima mesmo. - ele diz, e então sussurra. - Eu só senti falta de almoçar com você.

- Eu também. Ainda bem que saindo daqui, nós vamos nos encontrar no nosso Refúgio. Nós podíamos pedir um crepe para a janta, o que acha? - pergunta, Gerard, animado. Só a menção da comida faz o estômago de Frank revirar, mas ele respira fundo e força um sorriso.

- Acho ótima ideia.

A conversa dos dois é interrompida pela chegada da Senadora Marie Bengtsson, uma senadora republicana, conhecida por seu posicionamento radical e conservador. Raríssimas propostas que envolvem direitos civis aos homossexuais recebe votos positivos da senadora. No auge de seus 60 anos, a mulher ainda possui um ar imponente e uma postura intimidadora, que arrepia tanto inimigos quanto os aliados políticos.

Marie cumprimenta Gerard e seus aliados e dá um leve aceno de cabeça para Frank, que devolve o cumprimento. Faltam poucos minutos para o início da seção e logo Frank precisará seguir para seu lugar no balcão do plenário, lugar reservado aos assessores. Enquanto o grupo de senadores debate os últimos detalhes com seus assessores, uma voz chama a atenção de Frank.

- Me desculpe o atraso, senadora. O trânsito estava infernal. - diz um homem, se aproximando de Marie Bengtsson.

Girando em seu eixo de forma devagar, Frank precisa segurar no braço de Gerard para não cair no chão, tamanho é o seu choque. Ao ver o rosto pálido do RP, Gerard rapidamente olha na direção que o rapaz está olhando e, para seu choque total, é Brad quem está conversando casualmente com Marie.

- Ah, Gerard, eu acho que você ainda não conhece meu assessor jurídico. Senador Way, este é Bradley Redford. Sr. Redford, este é o Senador Gerard Way.

- Nós já nos conhecemos. - diz Gerard, com os olhos fixos em Brad, que age como se nada tivesse acontecido.

- O Sr. Redford foi uma das melhores aquisições que fiz ao meu time. Eu mandei uma proposta a ele em Londres e ele aceitou na hora. Deixou de trabalhar no escritório que presta serviços ao Primeiro Ministro, para vir trabalhar para mim. Sem dúvida ele percebeu que aqui ele teria mais vantagens em sua carreira.

- É, sem dúvida. - diz Gerard, com o corpo enrijecido de tensão, enquanto Frank permanece imóvel, incrédulo com a cena à sua frente.

O sinal toca, indicando que os assessores devem deixar o plenário, para que a reunião dos  senadores comece. O som do sinal parece ter tirado Frank de seu transe. Rapidamente ele recolhe seu material e se prepara pra sair. Gerard segura levemente em seu braço e sussurra em seu ouvido.

- Não deixa ele te abalar. - ele diz, dando um sorriso leve. Frank apenas acena com a cabeça e segue para fora do plenário. Sem chance dele ter condições de assistir essa reunião. Seu destino é sua sala.

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Frank mal fecha a porta de sua sala e ela já abre novamente. Desde que saiu do plenário, o RP não notou que Brad estava em seu encalço.

- A gente precisa conversar. - diz o advogado.

- A gente não tem nada pra conversar. - rebate Frank, jogando seu material sobre a mesa.

- Frank, me escuta.

- O que? Você vai dizer que esqueceu de me dizer que seu emprego novo, sua "providência divina", era justamente aqui no Capitólio?

- Não, eu não esqueci de dizer. Eu só achei que não era pertinente.

- Não era pertinente? Sério? É essa a sua desculpa para não me contar que está trabalhando aqui?

- Não é um trabalho de tempo integral. Eu sou assessor jurídico da Senadora Bengtsson, eu vou estar aqui, no máximo, duas ou três vezes por semana.

- Não importa quantos dias você vai estar aqui! O que importa é que você não tinha o direito de fazer isso!

- De fazer o quê? De arrumar um emprego?

- Não, isso não tem nada a ver com você arrumando um emprego. Isso tem a ver com você criar uma armadilha pra mim e pro Gerard! Se as suas intenções fossem boas, você teria me dito que estava trabalhando aqui. Mas não, você agiu de má fé. Você foi até a minha casa, sondar pra saber se nós ainda estávamos juntos, pra ver se valeria mesmo a pena vir trabalhar com essa mulher, que a propósito,  tem um pensamento completamente avesso a tudo que você acredita. Então não tente me convencer que você veio trabalhar aqui porque era uma boa oportunidade de emprego.

- Quer saber? Foi isso mesmo! E foi uma providência divina mesmo! Quando eu recebi a proposta dela, eu mal pude acreditar. De todo os lugares do mundo, ser chamado pra trabalhar no Capitólio era um sinal dos céus.

- Sinal de quê?

- De que eu tinha que voltar! De que eu tinha que estar perto de você de novo!

- Então você resolveu voltar pra me espionar?

- Não, resolvi voltar pra ter você de volta! - ele diz, deixando Frank, chocado.

- Pare. Por favor, pare. Em nome de tudo que nós passamos juntos, não faça isso. Eu sinto muito, sinto muito de verdade ter magoado você. E não planejei me apaixonar pelo Gerard, mas aconteceu e nós estamos juntos. Nada do que você fizer vai mudar isso.

- Ele não te ama, Frank. Será que você não vê? Ele nem te assume. - diz Brad, segurando Frank pelos braços.

- Brad, me solta.

- Me ver trabalhando aqui vai te lembrar do que a gente tinha junto. Do quanto nós éramos felizes. De tudo que eu fiz e sou capaz de fazer por você. - o aperto de Brad aumenta, e junto com ele a náusea e a tontura de Frank.

- Não, te ver trabalhando aqui só vai me fazer pensar que você está perdendo a razão. Que você prefere trabalhar com uma pessoa vai contra todos os seus ideias, unicamente pra me cercar, me intimidar e espionar. E o pior, te ver trabalhar aqui só vai me fazer pensar no quanto você está torcendo para eu ser infeliz. Porque se o Gerard e eu nos separarmos hoje, eu serei extremamente infeliz.

- Não! Sua felicidade não é com ele. Você precisa enxergar isso! - diz Brad, apertando ainda mais os braços do rapaz.

O misto do nervosismo, com o rompante de Brad não são uma boa combinação. Conforme Brad avança em seu discurso, a visão de Frank começa a embaçar e seu estômago revira de forma violenta. Usando o pouco de força que lhe resta, ele coloca as mãos no peito do advogado e tenta empurrá-lo pra longe.

- Me solta, Brad. Me solta. Me solta! - ele pede, até chamar o advogado de volta à razão.

Imediatamente Brad larga o ex e se sente chocado com seu próprio comportamento. Mas Frank não tem tempo para o mea culpa de Brad. Cambaleando até o banheiro, ele mal consegue chegar ao vaso, antes de cair de joelhos e colocar pra fora o sanduíche que comeu no almoço. Ao ver o estado de Frank, o advogado imediatamente se preocupa.

- Frank? Meu Deus, Frank, me desculpa! O que está acontecendo? O que você está sentindo? Onde estão seus remédios? - ele pergunta, ajoelhando ao lado do rapaz.

- Fica quieto. - ele pede, ofegante, antes de voltar a vomitar. - Por favor, fica quieto.

- Eu quero te ajudar. Por favor, me deixa te ajudar.

- Você quer me ajudar? Então vá embora. Sai da minha sala. Não fala comigo. - ele pede, lutando para controlar a náusea.

- Frank, por favor, entende que eu estou fazendo isso por você.

- Não, você está fazendo isso por você. E sinceramente, eu não me importo mais. Você quer continuar trabalhando aqui? Continue. Eu não me importo. Mas nada do que você fizer vai mudar o que eu sinto pelo Gerard. Mas nesse momento, se você ainda tem algum carinho por mim, eu te imploro, vai embora. Me deixa em paz.

- Eu não posso te deixar assim. Eu preciso...

- Você precisa me deixar em paz agora. Vai embora, por favor. - ele pede, controlando a respiração, tentando evitar o inevitável.

Mesmo contrariado, Brad se levanta e segue para fora da sala de Frank. Ao ouvir a porta batendo, Frank enterra o rosto no vaso e torna a vomitar. Poucos minutos depois, Frank já se sente seguro para se afastar do vaso e seguir para a pia, para escovar os dentes e lavar o rosto. Encarando o espelho ele pensa em como tudo já está tão complicado, a última coisa que ele precisava no momento era acrescentar Brad à equação.

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O final do dia chega, e Frank nunca ficou tão feliz por estar seguro em seu Refúgio. Apesar de enjoo inicial apenas com a menção do prato, o apetite de Frank se abriu quando o delivery entregou os dois crepes recheados. Aconchegado no sofá, Frank espera Gerard preparar os pratos. Sua mente se perde enquanto isso. A gravidez, guardar o segredo de Gerard, as possíveis complicações médicas, o status do casal daqui pra frente, a volta de Brad, ter o ex aparecendo esporadicamente em seu trabalho. Todos esses pensamentos explodem na cabeça de Frank como fogos de artifício.

- Ei, meu lindo. - um Gerard sorridente tira Frank de seus pensamentos. - Seu crepe de tomate seco, rúcula e mussarela de búfala. Coloque só metade, porque você disse que seu estômago estava te incomodando. - diz Gerard, entregando o prato para o rapaz.

- Obrigado, meu amor.

- Você tem certeza que não ver um médico? Já tem uns dias que eu te vejo um pouquinho pálido, sem querer comer direito.

- É só stress. Muita coisa acontecendo no trabalho, a volta do Brad e agora essa surpresa dele trabalhando com a Marie Bengtsson. Isso tudo mexe com o meu organismo.

- Eu imagino. Ele resolveu jogar o jogo dele, achando que a proximidade vai reacender seu sentimento por ele, mas como eu disse, não vamos deixar ele nos abalar.

- Não, não vamos. - diz Frank, dando uma garfada de seu crepe. - E você, como está em relação a isso tudo? Eu sei o quanto a presença do Brad mexe com você também.

- Sinceramente? Eu achei que fosse me sentir pior. Obviamente foi um choque vê-lo ali, saber que teremos que cruzar com ele vez ou outra. Mas eu acho que consegui lidar melhor do que esperava. Eu sei que a presença dele ainda vai nos incomodar muito, mas eu sinto que também vai me ajudar também.

- Como assim?

- Vai me ajudar a me sentir mais seguro em relação a nós dois e a exorcizar de vez esse fantasma. Nós já temos tantos obstáculos, eu não vou permitir que o Brad seja mais um deles.

- Eu gosto desse pensamento. - diz Frank, se esticando e beijando Gerard nos lábios. - Então, o que vamos ver hoje?

- O que você prefere, série ou filme? - pergunta Gerard, equilibrando o prato na mão, enquanto liga a Netflix na enorme TV da sala.

- Série! Vamos terminar Stranger Things? Só faltam três episódios.

- Você que manda. Stranger Things então! - diz Gerard, apertando o play.

Noites domésticas assim são as melhores. Frank poderia viver assim pra sempre.

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Os dias seguintes foram um total inferno para Frank. Os sintomas da gravidez chegaram, e chegaram com o pé na porta. Enjoos, tonturas e cólicas se tornaram uma constante na vida do rapaz. E enjoo matinais? Frank adoraria conhecer quem teve enjoos só pela manhã, pois seus enjoos aparecem a qualquer hora do dia.

O RP fez o melhor que pôde para esconder sua condição de Gerard. Foi preciso um belo malabarismo para desviar a atenção de Gerard exclusivamente para o trabalho. Obviamente que o senador notou que Frank pulou algumas refeições, perdeu um pouco de peso e passou a evitar certos aromas, mas Frank sempre tinha uma resposta pronta para sanar qualquer preocupação do homem.

No entanto, mesmo sem que Frank percebesse, quem o manteve sob o microscópio foi Brad. Em todas as suas idas ao Capitólio, Brad observou Frank a distância, notando cada mudança de comportamento do rapaz. Uma das vantagens de se conviver com alguém por quase 10 anos. Se Gerard caia nas desculpas de Frank, Brad as transformava em alerta. Não foram poucas as vezes em que Brad observou Frank se distanciar de Gerard ao sentir uma vertigem, ou correr para o banheiro para vomitar. Um sinal vermelho se acendeu na cabeça do advogado. Algo está muito errado.

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Na sexta feira, após encerrar seu compromisso com a Senadora Bengtsson, Brad segue sorrateiramente pelos corredores do congresso. Após se certificar que Frank não estaria trabalhando naquela tarde, Brad soube que aquela era a oportunidade perfeita. Sem ser notado, Brad se esgueira até a sala de Frank. Fechando a porta com cuidado, ele sabe que precisa ser rápido e sabe exatamente o que e aonde procurar.

Apesar de toda modernidade que existe no mundo, Frank ainda possui hábitos antigos que herdou do avô e do pai, como, por exemplo, manter uma agenda física. Mesmo que todos os seus compromissos estejam digitalmente salvos em algum aplicativo moderno, Frank sempre vai manter uma cópia em uma agenda de capa dura, provavelmente de couro, assim como Harry e Jack.

Brad não precisou procurar muito. Ao abrir a primeira gaveta, ele logo se deparou com agenda. Sabendo que não há tempo a perder, Brad começou a folhear a agenda, buscando os compromissos de Frank para os próximos dia. A primeira coisa que ele encontrou foi o motivo para a ausência do ex do trabalho hoje.

"Consulta com Dr. Martin - 16h"

Um incômodo surge no peito do advogado. Brad nunca ouviu falar em nenhum Dr. Martin. Seria um novo especialista? Frank tem passado muito mal nos últimos dias, será que foi preciso buscar tratamento em uma nova área? Não há nada que indique a especialidade do Dr. Martin e isso deixa Brad intrigado. Mais algumas páginas pra frente, daqui quatro dias, há uma consulta com uma conhecida de Brad.

"Consulta com a Dra. Meyer - 10h"

A Doutora Naomi Meyer é a médica cardiovascular de Frank há mais de 8 anos. Então ele conclui que suas suspeitas estão começando a fazer sentido. Duas páginas seguintes e Brad sente que montou seu quebra-cabeça.

"Consulta com o Dr. Brown. - 18h"

O Dr. Oswald Brow é o nefrologista que trata da insuficiência renal de Frank desde a adolescência. Três consultas, com três especialistas em um período de tempo tão curto. Sem dúvida nenhuma há algo muito errado com Frank, e Brad nem precisa pensar muito para apontar um culpado.

Guardando rapidamente a agenda de Frank de volta no lugar e deixando a sala sem ser visto, Brad segue para o elevador. Sua última conversa com Frank não terminou muito bem e o RP deixou claro que não quer contato com o ex. Mas Brad não pode ficar em silêncio. Ele não pode ver Frank adoecer novamente e não fazer nada. Ele precisa descobrir uma maneira de se aproximar de Frank novamente.

Enquanto sua cabeça maquina, a porta do elevador se abre e como em um filme, o advogado dá de cara com Gerard. Se Brad tem problemas com Gerard, o advogado também não é a pessoa favorita do senador no momento. Os dois homens se encaram e a tensão entre eles é palpável. Um movimento em falso, e nenhum dos dois responderá por si.

- Sr. Redford. - diz Gerard, saindo do elevador e optando por manter a classe. A presença de Brad ali é uma provocação e o senador não pretende cair nela. Mas quando Gerard está prestes a virar o corredor, a voz de Brad se faz presente.

- O mínimo que você deveria fazer era cuidar dele. - ele diz, fazendo Gerard dar meia volta e encarar o advogado com um ar confuso.

- Como disse?

- Já que você se esforçou tanto pra nos separar e roubar o Frank de mim, o mínimo que você devia fazer era cuidar dele como se ele fosse seu bem mais precioso.

- Eu teria várias respostas para essa sua observação, mas eu prefiro ignorá-la, assim como prefiro ignorar você. - diz Gerard, se virando para ir embora novamente, mas, mais uma vez, Brad o provoca.

- Você está me ignorando ou não tem coragem de me encarar pelo que você fez? - ele pergunta, e Gerard entende que não terá como escapar dessa conversa. Virando-se para Brad novamente, ele respira fundo e cruza os braços atrás das costas.

- E o que o senhor acha que eu fiz?

- Eu sempre soube que você tinha vários defeitos, mas nunca soube que o cinismo era um deles. Você roubou o Frank de mim.

- Você entende que você se refere ao Frank como se ele fosse um objeto? Uma propriedade sua? Frank é um homem adulto, independente e capaz de tomar suas próprias decisões. Eu não roubei ele, nós nos apaixonamos.

- Você jogou sujo, mexeu com a cabeça dele, o seduziu. E pra quê? Pra nem ter a coragem de assumi-lo? - ele diz, e Gerard sente o rosto esquentar.

- Meu relacionamento com o Frank não é da sua conta, Sr. Redford. Mas para alguém que se diz tão devotamente apaixonado, você não parece se preocupar em ferir o Frank emocional ou fisicamente.

- Do que você está falando?

- De como você o ofendeu dentro da casa dele. Ou de como achou pertinente usar a força para obrigá-lo a ouvir suas explicações. Eu vi as marcas nos braços dele. É isso que você chama de amor?

- Eu... eu me excedi, eu admito. Mas eu só fiz isso para o bem dele.

- Você tem noção de quantas vezes eu ouvi esse mesmo discurso vindo de pessoas que mantinham seus companheiros em relacionamentos abusivos?

- Você está dizendo que eu fui abusivo com o Frank?

- Eu não sei como foi o relacionamento de vocês no passado, mas o seu comportamento agora é de alguém abusivo e prestes a perder a razão. Se você realmente ama o Frank, não deixe com que ele perca o respeito e o carinho que ele ainda sente por você.

- Pena, Way? Sério que você vai falar comigo com esse tom de pena? Escuta uma coisa. - diz Brad, dando um passo agressivo em direção a Gerard, que permanece impassível. - Você não conhece o Frank como eu conheço! Você não o merece! Você nunca vai ser capaz de fazê-lo feliz! Você nem cuida dele como deve! Mais cedo ou mais tarde, ele vai enxergar isso.

- E você acha que o caminho óbvio é ele voltar pra você? Mesmo ele já tendo deixado claro que não te ama mais. - pergunta Gerard, num tom sereno, deixando Brad ainda mais irritado. No entanto, o advogado prefere recuar. Apertando o botão do elevador, Brad entra, mas se vira para encarar Gerard, que continua na mesma posição.

- É melhor você começar a cuidar dele direito, Way. Porque eu estou de olho. E se algo acontecer com o Frank, você vai se arrepender de ter nascido. - as portas do elevador se fecham, e Gerard permanece no mesmo lugar.

Por mais que ele tente não se abalar pelas investidas de Brad, algumas palavras do advogado ecoam em sua cabeça. " O mínimo que você deveria fazer era cuidar dele." " Você nem cuida dele como deve!" " É melhor você começar a cuidar dele direito, Way."

Sacando seu celular, Gerard digita uma mensagem rápida para Frank.

"Oi, tá tudo bem?"

A resposta vem rápida

"Tá tudo bem sim, por que?"

Gerard bufa, se sentindo um idiota por cair na pilha de Brad.

"Nada não. Acho que é saudade."

A resposta de Frank vem rápida novamente.

"Eu também estou com saudades. Nos vemos no Refúgio, não é?"

Gerard digita.

"Claro. Mal posso esperar. Te amo!"

E Frank responde novamente.

"Também te amo."

Gerard coloca o celular no bolso e segue para seu gabinete. Brad pode tentar a vontade, mas ele não vai conseguir desestabilizá-lo.

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JJ estica o pescoço para ver a troca de mensagens entre Frank e Gerard. O RP vê a amiga de canto de olho e ri.

- O que foi? - ele pergunta.

- Sabe? Eu já tô quase gostando dele de verdade.

- Quase? Você já gosta dele há muito tempo, que eu sei.

- Gosto nada! Não é assim tão simples me conquistar, não. Eu sou difícil. - ela diz, fazendo um ar petulante.

- Ahãm, eu vi como você é difícil, quando ele disse que gostava dos mesmo filmes e séries que você.

- Isso só prova que ele tem bom gosto. - ela diz, segurando o riso. E então deita a cabeça no ombro do amigo. - Tô brincando. Se ele te ama, como eu acho que ama, talvez eu já goste dele sim. - ela diz, tirando um sorriso do rosto de Frank, que beija o topo da cabeça dela.

Os dois são interrompidos pela voz de Jason.

- Oi, Frank! Eu estou pronto pra você. Vamos?

Frank e JJ se levantam de seus lugares na sala de espera do consultório e segue o médico até a sala de exames.

- Ansioso? - pergunta o médico.

- Demais.

- Então vamos ver como anda esse bebezinho. - diz Jason, antes de fechar a porta da sala. 


Notas Finais


Então, mores, já percebemos que o Brad não tá batendo muito bem da bola, né? Mas antes que vocês se apavorem, eu lembro que ele não é uma pessoa ruim. Ele tá numa fase ruim. E ele ainda vai descer muito, antes de conseguir subir novamente.

Gerard sendo muito amor, pra variar. E finalmente se sentindo mais seguro em relação ao "fantasma" Brad. JJ sendo a melhor amiga do mundo, e Frank com essa ideia de esperar a hora certa pra contar pro Gerard. Alguma chance de dar certo???

SPOILER ALERT: No capítulo que vem teremos a revelação!!!! Como será que vai ser???

Bem, espero que tenham gostado!!! Já estou trabalhando no próximo, então espero que não demore quase nada. Se puderem, me digam o que acharam!!!

BEIJOSSSSSSSSSSSS, AMO VOCÊS!!!!!


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