1. Spirit Fanfics >
  2. House Of Wolves >
  3. Álbum de Família

História House Of Wolves - Álbum de Família


Escrita por: WantedKilljoy21

Notas do Autor


Oi, amoreeeeessssss!!!!

Tudo bem com vocês??? Espero que sim!!!

Então, esse capítulo era pra ter saído na semana passada, mas meu inferno astral não permitiu. Semana passada foi meu aniversário (34 primaveras), daí já viram, né? Um dia tava tudo lindo, no outro tava tudo uma porcaria, mas a gente vai levando. Passado o aniversário, o inferno astral e a ressaca... cá estou eu com mais um capítulo monstrinho pra vocês!!!

Então, boa leitura pra todos!!! A gente se vê lá embaixo!

BEIJOSS

Capítulo 16 - Álbum de Família


Fanfic / Fanfiction House Of Wolves - Álbum de Família

Na quarta feira, logo depois do almoço, Gerard está em sua mesa, conferindo alguns documentos, quando as clássicas duas batidas interrompem seu raciocínio. Erguendo os olhos, ele sorri ao ver Frank entrar em sua sala, mas logo se contém ao ver que o jovem não está sozinho. Logo atrás dele, há um jovem que parece beirar os 30 anos, vestindo um alinhado terno cinza e apresentando uma postura, ao mesmo tempo, segura e contida.

Gerard volta seu olhar para Frank e ergue uma das sobrancelhas. O RP sorri.

- Senador Way, eu gostaria de apresentá-lo ao senhor Adam Carter. Adam, este é o Senador Gerard Way. - apresenta Frank. O rapaz ergue a mão para um cumprimente efusivo, que Gerard aceita, mas aparenta ainda não entender a situação.

- Muito prazer, Sr. Carter. - ele diz, sorrindo, apesar da confusão.

- O Sr. Carter será o nosso assessor de imprensa. Pelo menos, se assim o senhor concordar. Um grande amigo meu, Jared Rodger, é presidente de uma grande multinacional e em uma conversa na segunda feira, me disse que a filial de Washington está se mudando para o Japão. O Adam foi assessor de imprensa da empresa por 11 anos, mas como toda sua família reside nos arredores da cidade, ele estava bastante reticente em aceitar a oferta de se mudar com a empresa. Então, quando soube que eu procurava um assessor que fosse de extrema confiança, Jared me indicou o Adam. Nós tivemos uma conversa pelo telefone ontem, e eu pedi que ele viesse hoje, para nos conhecermos melhor. Eu já lhe fiz uma entrevista de cunho profissional, sobre seus deveres e funções, mas gostaria que o senhor o conhecesse e que pudessem conversar também, antes de tomarmos qualquer decisão.

- Fez muito bem, Sr. Iero. Por favor, sentem-se! - diz Gerard, voltando para sua cadeira, enquanto Frank e Adam se acomodando de frente pra mesa do senador. - Bem, eu sei que o senhor já deva ter conversado com o Sr. Iero, mas se incomodaria de me contar um pouco sobre o senhor?

- De maneira nenhuma, senador. Bem, eu me chamo Adam Carter, tenho 35 anos e moro em Cleveland Park, com minha esposa e meus dois filhos.

- Você tem filhos? - Gerard já parece ter entrado no modo pai. Seu sorriso se abre involuntariamente ao conversar com outros pais.

- Sim, um casalzinho! Emily tem cinco e acabou de entrar no jardim de infância, e nosso caçula, Jensen, acabou de completar três meses.

- Nossa, tão pequenos.

- Pois é, esse foi um dos motivos que me deixou dividido em aceitar a transferência para o Japão. Meus filhos são muito pequenos, e nós temos a sorte de termos nossos pais morando há poucas quadras da nossa casa e nos ajudando sempre que precisamos. Minha esposa é arquiteta, tem sua própria empresa, e voltará a trabalhar em poucos meses. Então nossa vida aqui está completamente estabelecida. E apesar de amar muito o meu trabalho e a empresa à qual dediquei 11 anos da minha vida, minha família sempre virá em primeiro lugar, mesmo que eu precise fazer alguns sacrifícios por conta disso.

- Eu te entendo perfeitamente, e eu acho que é uma atitude muito responsável e dedicada da sua parte. Mas me diga o seguinte, assessoria de imprensa empresarial é bem diferente da assessoria política. Você se sentiria seguro para assumir as responsabilidades do cargo?

- Meus últimos dois anos na empresa foram prestando assessoria para a presidência e corpo de diretores. Eu sei que há uma enorme diferença nessas duas áreas, mas eu me sinto apto para exercer a função, e em meus períodos de folga, não vejo problema algum em fazer algum curso de reciclagem, para melhorar minhas habilidades.

- Isso não seria necessário. Eu poderia sanar qualquer dúvida que você viesse a ter e estaria a disposição para qualquer ajuda ou esclarecimento. - diz Frank.

- Bem, o Sr. Iero parece bastante confiante em suas capacitações, caso contrário, não o convocaria para esse entrevista, e eu confio cegamente no julgamento do Sr. Iero. Então, Sr. Carter... - diz Gerard, levantando-se, e sendo seguido pelos dois homens. - Seja bem vindo ao time! - é a vez do senador erguer a mão para cumprimentar o novo assessor de imprensa.

- Muito obrigado, Senador Way! Garanto que darei o meu melhor e prometo me dedicar ao máximo, para superar as expectativas.

- Eu acredito que sim. Inclusive, eu gostaria de saber se o senhor poderia começar imediatamente?

- Claro! Sem problema nenhum.

- Amanhã teremos um evento em comemoração ao Dia Internacional da Mulher. Gostaria que o senhor redigisse um discurso. O Sr. Iero avaliará mais tarde.

- Sim, senhor, sem problemas. - diz Adam, enquanto Gerard pega o telefone e liga para sua secretária.

- June, você poderia vir aqui um instante, por favor? - ele pede, desligando o telefone em seguida. Segundos depois, a secretária surge na sala.

- Com licença, senador, em que posso ajudar?

- June, esse é o nosso novo assessor de imprensa, o Sr. Adam Carter. Adam, essa é minha secretária, Srta. June Blake.

- Muito prazer, Srta. Blake.

- O prazer é todo meu. Mas, por favor, me chame apena de June. - diz a simpática moça.

- June, por favor, conduza o Sr. Carter até a antiga sala do Sr. Jackson. Verifique se a sala tem toda a estrutura básica e, se algo estiver faltando, por favor, providencie.

- Sim, senhor. Também providencie a documentação, passes, acesso ao estacionamento e tudo mais que o Sr. Carter irá precisar. O trabalho dele começa agora.

- Sim, senhor. - diz a moça.

- Seja bem vindo a bordo, Sr. Carter.

- Muito obrigado pela oportunidade, senador. Obrigado! - ele diz, seguindo a moça, deixando Frank e Gerard sozinhos.

Assim que a porta se fecha, Gerard circula sua mesa rapidamente e abraça Frank por trás, plantando um beijo no pescoço do rapaz.

- Gerard, a porta... - diz o RP, segurando o riso. Gerard corre até a porta, fecha o trinco e volta correndo, para tomar Frank em seus braços.

- Parabéns, você fez de novo.

- Eu não fiz nada.

- Você contratou um assessor de imprensa.

- Isso era basicamente uma das minhas funções.

- Será que você pode ficar quieto um minuto e deixar eu te elogiar? - pergunta Gerard, rindo, fazendo o RP rir.

- Tá bom, tá bom! - ele diz, recebendo um beijo apaixonado. Gerard envolve Frank em seus braços e enterra o nariz em seu cabelo.

- E como você está se sentindo? O bebê está se comportando hoje?

- Sim, nosso filhote está sendo um bom menino pro papai.

- Menino? Você acha que vai ser um menino?

- Eu não sei. Eu me pego falando "menino" ou "garoto" por força do hábito. Mas eu realmente não tenho ideia do que vai ser. E você, tem algum palpite?

- Eu acho que é uma menina.

- Jura? Por quê?

- Instinto, eu acho. Tenho quase certeza que é a nossa princesinha que está crescendo aqui dentro. - ele diz, colocando a mão sobre a barriga do rapaz.

- Bem, menino ou menina, eu só quero que venha com muita saúde.

- E virá, meu amor. Pode ter certeza. - ele diz, beijando Frank novamente. - Bem, mas falando em bebê, eu já confirmei o jatinho para sábado ás 10h. Assim chegaremos lá antes da hora do almoço. - ele diz, e Frank respira fundo.

- Eu confesso que estou apavorado.

- Você acha que sua família será contra?

- Eu acho que não. Na verdade, eu acredito que não. Mas eu tenho muito medo de decepcioná-los, sabe? Eu não tenho medo de levar uma bronca, um sermão, ou um puxão de orelha, o que provavelmente vai acontecer. Eu tenho medo é daquele olhar de decepção, sabe? Aquele olhar que crava um punhal no teu coração. Eu só recebi esse olhar da minha mãe uma vez, e jurei pra mim mesmo que nunca mais receberia de novo.

- Eu tenho quase certeza que não será o caso. Sua mãe pode ser mais difícil de dobrar do que o seu pai e o seu avô, mas eu duvido que ela se sinta decepcionada com você. Ela te ama demais, e ela vai amar o novo netinho. Ou netinha.

- Tomara que você esteja certo. - ele diz, encostando a cabeça no ombro do rapaz e respirando fundo.

Frank não tem certeza se sobreviverá a outro olhar de decepção de D. Christine Iero.

--------------------------------

No dia seguinte, Gerard, Frank e Adam compareceram ao encontro anual em celebração do Dia Internacional das Mulheres. O local escolhido este ano foi o The Women's Center, uma fundação que presta apoio físico, psicológico, social e jurídico à mulheres com necessidades especiais, sejam vítimas de violência doméstica, portadoras de alguns distúrbio mental, jovens em busca de apoio emocional, até famílias inteiras, necessitando serviços como atendimento médico e controle familiar.

Mais de 600 pessoas se reuniram no amplo centro de laser e convivência da fundação, para ouvir o discurso de Gerard e conversar com o senador e sua equipe sobre as dificuldade que a organização enfrenta e a necessidade de novos incentivos públicos e privados. Gerard conversou atenta e pacientemente com a maioria das pessoas presentes. Tirou fotos com famílias, ouviu histórias de superação e, no final, se comprometeu a buscar novos subsídios para que, não apenas essa, mas outras fundações e organizações possam cada vez mais prestar assistências aos necessitados.

Ao final do dia, Gerard e Frank parabenizaram o primeiro trabalho de campo de Adam, que fez toda a cobertura do evento, usando, inclusive, seus conhecimentos em redes sociais, para transmitir a visita do senador à fundação. Adam garantiu que Gerard tem um ótimo material nas mãos e que, com a abordagem certa na mídia, sua imagem vai deslanchar. Os três combinaram uma reunião na segunda feira, para traçar uma estratégia midiática para a futura campanha do senador.

A sexta feira correu tranquila, e ao final do dia, Gerard não disfarçou sua frustração por não passar a noite com Frank, antes da viagem. Apesar dos apelos de Gerard, Frank insistiu que precisava passar a noite em casa. Como JJ não irá na viagem junto com o casal, os dois amigos combinaram uma noite só deles, para conversarem e desabafarem suas ansiedades. Além do mais, Frank afirmou precisar de um tempo só pra ele, para se preparar para a conversa com os pais. Mesmo contrariado, Gerard cedeu ao pedido do RP e os dois se despediram, seguindo cada um para sua casa.

--------------------------------

Frank está deitado no sofá, com a cabeça apoiada no colo de JJ, enquanto a jovem corre os dedos pelo couro cabeludo do rapaz, ato que sempre o acalma. Vez ou outra, a jovem abaixa e planta um beijo na testa do amigo, que retribui com um sorriso.

- Eu acho que você está exagerando. Vai ficar tudo bem.

- Que vai ficar tudo bem no final, eu sei. O processo é que me assusta. Eu sei que o vô vai ficar doido. Se duvidar, ele não vai nem querer saber quem é o outro pai, o negócio dele é ter um bisneto. Mas meus pais são outra história. Minha mãe então...

- É óbvio que a Mama vai estranhar. Eu ficaria assustada se ela soltasse fogos e abrisse uma champagne logo de cara. Ela tem muitos medos em relação a você, e nós sabemos que sua gravidez não é a mais saudável de todas.

- Disso eu sei, e eu já estou levando um arsenal de informações pra ela e pro meu pai. Meu problema não é esse.

- Então qual é?

- Você se lembra quando nós tínhamos uns 13, 14 anos, e entramos naquela fase de rebeldia?

- Claro que lembro.

- Lembra quando invadimos o mercadinho do Sr. Declan? Estávamos eu, você e mais uns três moleques lá da rua. Nós entramos na madrugada pra roubar doce, biscoito, essas coisas.

- Lembro. Onde você quer chegar?

- Quando minha mãe descobriu o que a gente tinha feito, primeiro ela nos fez voltar no mercadinho, devolver tudo e ainda pagar pela janela quebrada. Depois ela nos levou pra casa e deixou meu pai dar aquele sermão na gente.

- Verdade. Fiquei com a bunda doendo de tanto que ficamos sentados naquele sofá.

- Pois é! Mas o pior não foi pedir desculpas ao Sr. Declan, ou pagar pelo prejuízo, ou levar a bronca do meu pai. O pior foi o jeito que minha mãe olhava pra gente. Lembra? Aquele olhar de quem não poderia estar mais decepcionada e magoada.

- Eu me lembro desse olhar até hoje. Me causa arrepios só de pensar. - diz a moça sacudindo o corpo. - Mas você acha que sua mãe vai te dar esse olhar? Por que ela faria isso?

- É só... - ele respira fundo. - Deixa, é coisa da minha cabeça.

- Qual é, Frankie? É comigo que você tá falando.

- Eu sei. E obrigado por me ouvir. Mas acho que você tem razão, eu tô ficando paranóico. Escuta, eu vou me deitar, minha cabeça tá começando a me incomodar.

- Quer que eu chame o Jason?

- Não precisa, foi um dia cheio, só isso. E ansiedade para amanhã.

- Você me chama se precisar se alguma coisa?

- Claro! Boa noite, JJ.

- Boa noite, Frankie. - ela diz, recebendo um beijo na testa. Ele segue para seu quarto, com o coração pesado, sabendo que amanhã não será um dia fácil.

--------------------------------

Frank estala todos os dedos das mãos, enquanto o carro vira a esquina da rua da casa dos Iero, em Jersey. As mãos suadas são passadas nas pernas das calças repetidas vezes. Frank, definitivamente, está uma pilha de nervos. Gerard se preocupa.

- Você precisa se acalmar. Não faz bem pra você e nem pro bebê.

- Eu sei, mas não consigo. Eu sinto que meu coração vai pular do peito.

- Meu príncipe, sua família te ama, eles te apoiam incondicionalmente, não há nada que você faça que mude isso. Além do mais, você vai dar um netinho pra eles. Aposto que eles ficarão nas nuvens. E eu estarei ao seu lado o tempo todo, te apoiando e mostrando pra eles que você não estará sozinho. Esse é o nosso bebê, e nós estamos juntos nessa. Nós vamos fazer dar certo. Eu te amo demais, e amo nosso bebê.

- E nós amamos você. - ele diz, recebendo um beijo delicado nos lábios, no momento em que o carro para em frente à casa dos pais de Frank.

- Vem, vamos! Não tenha medo, okay?

- Eu vou tentar. - Frank força um sorriso.

Os dois saltam do carro, e Gerard conduz Frank até a porta da casa dos Iero, precisando se conter para não tomar a mão do rapaz entre as suas. Frank para em frente à porta e respira fundo, antes de tocar a campainha e abrir a porta, como sempre faz.

- Mãe? Pai? - chama Frank, entrando em casa com certa precaução.

Alguns barulhos vêm de dentro da casa, e então Christine surge apressada. Um avental sujo de tinta sobre o suéter de linha e a calça jeans dobrada até as canelas, os cabelos curtos bagunçados, e os óculos pendurado em um cordão ao redor do pescoço.

- Frankie? Ah, meu amorzinho! Achei que vocês fossem chegar mais tarde. Nem tive tempo de me arrumar, arrumar a casa, preparar o almoço. - ela diz, com um enorme sorriso, indo em direção ao filho.

- Não tem problema, mãe. O avião adiantou meia hora, não deu tempo de avisar.

- Ai, deixa eu tirar esse avental sujo. Estava pintando lá atrás, quando ouvi a campainha tocar. - ela retira o avental e puxa o filho para um abraço. - Que saudades do meu bebê! Amor da mamãe. Cheirinho gostoso que meu amorzinho tem. - ela diz, enchendo o filho de carinho.

- Eu também estava com saudades de você, mãe. Não tem lugar melhor no mundo melhor do que aqui, no seu colo.

- Acredite, eu concordo plenamente! Mas deixa eu olhar pra você. - ela diz, se afastando e olhando Frank de cima a baixo, o que deixa Frank tenso. - Você está lindo, como sempre. Mais saudável, com a cara rosada, bochechudinho, do jeito que a mamãe gosta. Gosto de você assim, mais... - Christine interrompe seu pensamento, como se notasse algo, mas logo disfarça, forçando um sorriso e voltando sua atenção para Gerard.

- Desculpe, Gerard! Eu fico tanto tempo sem ver meu filhote, que parece que fico cega. Como está, querido? - ela diz, dando um abraço no homem parado à porta.

- Estou muito bem, obrigado. E não precisa se desculpar, é sempre muito bonito ver a interação de vocês. Ah, e eu não esqueci seu presente de novo. - ele diz, dando um pequeno arranjo de violetas para a mulher.

- Ah, são lindas! Minhas favoritas. E você não precisa me trazer flores todas as vezes em que vem nos visitar, Gerard.

- Eu sei, mas vocês são sempre tão acolhedores comigo, que não me custa trazer uma lembrancinha.

- Bem, muito obrigada. Foi muito gentileza sua, como sempre. Mas pelo amor de Deus, entrem, acomodem-se. Eu vou tomar um banho rápido e já preparo alguma coisa pra gente lanchar.

- Não precisa se preocupar com isso, Sra. Iero. Nós tomamos um café da manhã reforçado.

- Além do mais, nós gostaríamos de conversar com vocês.

- Conversar? Sobre o quê?

- Cadê o papai?

- Ele foi na loja de construção, comprar material pra consertar aquelas telhas soltas do depósito lá de trás.

- Ainda está com goteira?

- Ainda. Ele jura que é culpa dos esquilos, aquele homem teimoso.

- Por favor, não me diz que ele vai fazer armadilhas pra esquilos.

- Eu não sei. Cada dia seu pai tem uma obsessão diferente por causa desse telhado. Bem, ele já saiu há mais de uma hora, já deve estar voltando.

- Eu vou ligar e pedir pra ele buscar o vovô, enquanto isso, você toma seu banho tranquila.

- Frankie, está acontecendo alguma coisa? - ela pergunta, desconfiada.

- Não se preocupe, mãe. Está tudo bem. Pode ir tomar o seu banho.

- Se você está dizendo. Eu já volto. Por favor, fiquem a vontade. - ela diz, subindo as escadas. Assim que perde a mãe de vista, Frank curva o corpo e apoia as mãos no joelho. Gerard se assusta com o gesto.

- Whoa! O que houve? - ele está ao lado de Frank no instante seguinte.

- Ela sabe!

- Como assim, ela sabe? Ela não disse nada.

- Eu conheço a minha mãe. Nunca, em toda a minha vida, eu disse que queria conversar e ela não me obrigou a sentar na hora e começar a falar. Eu dizer que ia esperar meu pai e meu avô chegarem e ela topar? Esse papo de mandar a gente ficar a vontade? E o jeito que ela olhou pra mim? Ela sabe, Gerard, ela sabe!

- Ei, se acalma. Respira fundo. Eu entendo que você está nervoso, mas acho que você tá criando um bicho de sete cabeças. Tenta se tranquilizar. Ter você passando mal, se colocando e colocando o neném em risco, não vai ajudar em nada.

- Eu sei, você tem razão.

- Eu vou buscar um pouco de água, enquanto você liga pro seu pai, tá bom?

- Tá bom! Eu te amo.

- Também te amo. - diz Gerard, dando um beijo na testa do rapaz. Enquanto Gerard segue para a cozinha, Frank se acomoda no sofá, saca seu celular e liga para o pai.

--------------------------------

Trinta e cinco minutos depois, Christine está na cozinha, preparando um chá gelado, enquanto Frank e Gerard estão na sala de estar, conversando. A mulher volta com uma bandeja contendo uma jarra de suco e alguns copos, o que Gerard se apressa para retirar de suas mãos e colocar sobre a mesa de centro. Assim que serve as bebidas, Christine inicia uma conversa frívola sobre como anda a vida em Washington e o trabalho dos dois, dando mais um indício a Frank de que a mãe desconfia de alguma coisa.

Quando a porta da frente se abre, revelando Harry e Jack, Frank e Gerard se levantam para recepcionar os dois homens.

- Pai! Vovô! - diz Frank, com uma alegria quase infantil.

- Vocês chegaram mais cedo. Se eu soubesse, não teria saído. - diz Harry, dando um abraço no filho. - Como você está, meu filho?

- Muito bem, pai. Obrigado! E o senhor?

- Ah, bem como sempre. Só aquele maldito telhado que anda me fritando a cabeça.

- Pelo amor de Deus, pai, por favor não me diz que você anda matando esquilos por aí?

- Claro que não, menino! Eu pego os esquilos e solto no Parque Nacional. A prefeitura que cuide deles. Sem ofensas, Gerard. - ele diz, e o homem ri.

- Tudo bem, Sr. Iero. E se o senhor precisar de ajuda pra consertar o telhado, eu posso te dar uma mão, sem problema nenhum.

- Ah, ótimo, eu vou querer sim! - enquanto Harry e Gerard emendam uma conversa sobre reformas, Frank segue para falar com o avô.

- Oi, vovô! - ele diz, abraçando o idoso.

- Ei, meu garoto! Você é sempre uma bela imagem para os meus olhos cansados.

- O senhor está bem? - ele pergunta, preocupado.

- Ah, o de sempre, meu filho, velhice. Nada de novo. - Jack sorri. - Mas você é meu sopro de juventude.

- Também é muito bom te ver, vô! Eu estava com saudades.

- Eu também, filho. Não vamos ficar tanto tempo assim sem nos vermos, okay? Seu velho morre de saudades.

- Pode deixar! Vamos dar um jeito. Eu venho mais pra casa e o senhor dá um jeito de ir me visitar também, combinado?

- Tudo por você, garoto!

- Nem que a gente tenha que criar toda uma operação especial e transportar o senhor como um Ovo Fabergé. - diz Gerard, arrancando uma gargalhada de Jack.

- Eu sou velho, mas também não sou feito de cristal. Essa carcaça ainda aguenta algumas boas aventuras. - diz o senhor, muito bem humorado. - Muito bom te ver, Gerard.

- Eu digo o mesmo, Jack!

- Bem, já estamos todos aqui... - começa Christine, mas Harry a interrompe.

- Nem todos. Cadê a JJ?

- Ela não pôde vir. Está passando o final de semana com o namorado.

- Namorado? Desde quando? - pergunta Harry.

- Oficialmente, alguns dias, mas isso é história antiga. Ela conta quando vier pra casa. - ele diz, e olha pra mãe, vendo a expressão ansiosa no rosto da mulher. - Bem, como a mamãe disse, já estamos todos aqui e podemos conversar.

- Eu achei que fosse uma visita normal. Não sabia que você queria conversar com a gente.

- Pois é, pai, mas eu preciso. Claro que eu vim matar a saudade de todos, mas eu confesso que o motivo principal é outro.

- Está tudo bem, meu filho? - pergunta Jack, sentando-se em sua poltrona favorita.

- Sim, está tudo bem. Não é nenhuma notícia ruim. Pelo menos, eu acho que não. Eu espero que não. Eu não sei como vocês vão...

- Frank, amor, você está divagando. - Gerard sussurra no ouvido do rapaz, segurando em sua mão de maneira delicada.

- Meu filho, você está me assustando. O que está acontecendo? - pergunta Christine.

- Bem, não tem um jeito mais simples de dizer isso. - ele fala, se pondo de pé e olhando para Gerard, em busca de confiança, que acena a cabeça. Frank volta sua atenção à família, que aguarda com expectativa.

- Filho, seja o que for, nós estamos do seu lado. Sempre. Você pode contar com a gente. - diz Harry. Frank sente um nó se formar em sua garganta. Ele respira fundo.

- Eu tô grávido. - ele finalmente diz, deixando toda a sala mergulhada em absoluto silêncio.

- Você o quê? - pergunta Harry, genuinamente confuso.

- Estou grávido. Treze semanas e alguns quebrados.

- Mas... Mas seus médicos falaram que era impossível. Que nunca aconteceria. - Harry continua em choque.

- Sim, eu sei. Acredite, eu fui pego de surpresa também.

- Há quanto tempo você sabe?

- Algumas semanas. Mas pai, antes de ficar bravo por eu não contar antes, tenta entender que minha cabeça virou um turbilhão de emoções. Foi uma avalanche de sentimentos, e eu precisei de um tempo pra pensar e absorver o que estava acontecendo.

- Frank, eu não me importo se você demorou quatro horas ou quatro meses pra nos contar. A decisão é sua e, como você disse, você teve os seus motivos. Minha questão é outra. O que você vai fazer? Como vai ser daqui pra frente? Você e o Gerard... - é a vez de Gerard interromper. Ele se levanta e se põe ao lado de Frank.

- Sr. Iero, me permita interromper aqui mesmo. Eu vim aqui hoje com o Frank, justamente para responder a essas perguntas. Como vocês sabem, infelizmente, minha relação com o Frank não é exatamente convencional. Eu tenho minhas restrições e agora, mais do que nunca, elas se tornaram um grande obstáculo pra mim. Eu amo o meu trabalho, eu tenho o sonho de transformar esse país num lugar mais justo e seguro para todos os tipos de pessoas, independentes da etnia, religião, classe social e orientação sexual. E para que esse sonho se torne realidade, eu preciso fazer alguns sacrifícios.

- Então você não vai assumir a criança? - pergunta Harry, nervoso.

- Absolutamente não. Os sacrifícios que eu terei que fazer serão apenas meus. Eu amo meu trabalho, mas eu amo o seu filho acima de tudo. E eu já amo esse bebê que vai chegar. E é por causa dele que eu preciso fazer um esforço sobre humano, para não jogar tudo pra cima. Porque eu quero que meu filho cresça num país livre, em que ele possa amar quem ele quiser e ter certeza de que ele estará guardado e protegido pelas leis.

- Eu ainda não entendi aonde você quer chegar.

- Meu ponto aqui é dizer que Frank e eu vamos fazer dar certo. Nós estamos juntos nessa. Eu não vou abandonar o homem que eu amo e o meu filho, nem se eu quisesse, porque eles já são parte de mim. Eu morreria se eu perdesse um deles.

- Vocês dois têm noção de todas as implicações disso? Já é difícil demais pra vocês, com uma criança envolvida então, nem se fala.

- Temos, pai. Acredite, nós tivemos inúmeras conversas intermináveis sobre isso. Mas nós chegamos à conclusão de que nos amamos, e amamos e nosso filho, e estamos dispostos a fazer qualquer tipo de malabarismo para que isso dê certo.

- Nosso filho jamais ficará desamparado ou desprotegido. Meu objetivo de vida, desde que eu descobri que o Frank estava carregando nosso bebê foi de amar, cuidar e fazer o possível e o impossível para que ele seja feliz. Não será fácil, nós sabemos disso, mas nosso filho vale todo sacrifício do mundo.

- Pai, eu juro por Deus, vai dar tudo certo. Nós vamos fazer dar certo. - ele diz, com os olhos cheios de ansiedade.

Ele olha em volta. Sua família continua sentada em seus lugares, como se tivessem disse atingidos por uma bala de canhão. Por um breve minuto de absoluto silêncio, Frank imagina que, pela primeira vez em sua vida, ele sentirá o sabor da rejeição. O nó em sua garganta aumenta e seus olhos começam a marejar. Ele não sabe se conseguirá fazer isso sem o apoio dos pais. Um pequeno soluço escapa de seus lábios, e ele sente as mãos de Gerard firme em seus ombros.

A primeira lágrima ameaça escapar, quando Jack, com certa dificuldade, se levanta de sua poltrona e olha para o neto com os olhos marejados. O coração de Frank para por alguns segundos. Ele não aguentará uma rejeição do avô. No entanto, Jack se aproxima do neto e pousa a mão em sua barriga.

- Em 87 anos de vida, eu achei que já tivesse feito de tudo. Coisas ruins, como lutar na guerra e coisas boas, como conhecer a sua avó. Até que Deus me surpreendeu e me deu meu filho, seu pai. Eu achei que minha vida estava completa. Que nada poderia ser melhor do que isso. Até que o Senhor me trouxe você. Meu maior presente, minha redenção, meu maior orgulho. Quase 30 anos do maior amor que eu já senti na vida. Então era isso, meu tempo na terra estava acabando, eu tinha completado minha missão.

- Vovô... - Frank já não consegue mais segurar as lágrimas.

- Eu devo ter feito algo de muito bom nessa vida, pois Deus me deu uma linda visão. Ele me deu um sonho. Um sonho onde você segurava um lindo bebê em seus braços. E você estava feliz, como eu nunca vi na vida. E então, Deus realizou meu sonho. Parabéns, meu filho! Você vai ser um pai melhor do que eu e o Harry jamais fomos. E eu vou viver pra ver essa imagem se tornar realidade. Eu te prometo isso!

- Eu te amo, vovô!

- Eu também te amo, meu filho. Demais! E obrigado, muito obrigado por mais um presente. Obrigado vocês dois. - ele diz, abraçando Gerard, que retribui o carinho, de forma emocionada. O próximo a se levantar é Harry. Ele se aproxima do filho, visivelmente emocionado.

- Eu... Eu só me preocupo. Você sabe disso, certo? Você sabe que eu te amo, não sabe? Eu não sou tão bom com as palavras quanto o seu avô, mas eu te amo. E eu estou feliz. Se você está feliz, então eu estou feliz.

- Eu sei, pai. E obrigado por se preocupar comigo.

- Eu sempre vou me preocupar com você. Você é meu garoto! E meu garoto vai ter um bebê. Deus, eu vou ser avô! - Harry mistura risos e lágrimas, enquanto puxa o filho para um abraço.

- Sim! Em alguns meses, o senhor vai ser avô!

- E eu digo, essa é a melhor função do mundo! - completa Jack.

- E Gerard, eu...

- Sr. Iero, por favor! Se eu puder ser para o meu filho, metade do pai que o senhor é para o Frank, eu serei um homem realizado. - ele diz, apertando a mão do homem, que também o puxa para um abraço.

Os quatro homens se cumprimentam e se parabenizam, enquanto Christine continua sentada no mesmo lugar do sofá. A mulher parece em estado de choque, com o olhar perdido e uma expressão indecifrável no rosto. Ao perceber que sua mãe não se manifestou, Frank se aproxima da mulher, sentando-se ao seu lado.

- Mãe? Você está bem? - ele pergunta, com cuidado. Quando ela não responde, ele tenta novamente. - Mãe?

- Oi. - ela parece ter sido tirada de um transe.

- Christine, querida, você ouviu o que o Frank disse?

- Sim... - ela diz, de forma mecânica. - Sim, eu ouvi.

- Meu bem, você quer um copo d'água? - pergunta Jack.

- Não, eu estou bem, de verdade. Eu só... - ela diz, se levantando de súbito.

- Mãe.

- Eu vou lá pra cima. Com licença. - ela diz, deixando a sala abruptamente, e subindo as escadas em direção ao segundo andar.

- Christine! - Harry ainda tenta chamá-la, mas é em vão.

- Talvez não devêssemos ter contado desse jeito. Talvez fosse melhor contar de uma maneira mais delicada. - diz Gerard, sentindo-se culpado.

- Não se preocupe com isso. Eu vou falar com ela. - diz Harry, mas Frank o impede.

- Não, pai. Deixa que eu vou. - e antes que qualquer um dos três homens tente argumentar, Frank segue pelas escadas, em busca da mãe.

--------------------------------

Chegando ao segundo andar, Frank vai direto ao quarto dos pais, onde espera encontrar sua mãe, mas ao abrir a porta, ele encontra o cômodo vazio. Olhando ao redor, ele nota a porta de seu antigo quarto entre aberta e segue até lá. Abrindo a porta devagar, Frank encontra Christine sentada em sua cama, de costas para a entrada do quarto.

Frank caminha lentamente e se senta ao lado da mãe, e só então nota a mulher segurando um livro, que ele logo reconhece como sendo seu álbum de bebê. Abraçada ao álbum junto ao peito, Christine olha pela janela do quarto, enquanto algumas lágrimas rolam por seu rosto. Frank não consegue evitar suas próprias lágrimas. Então os dois permanecem sentados, em silêncio, consumidos por seus próprios medos.

Frank não sabe quanto tempo se passou, até ter conseguir reunir força e coragem para dizer:

- Me perdoa. - ele diz, num sussurro sofrido.

- Por que você está me pedindo perdão?

- Porque eu sei que eu te decepcionei, eu sei que estar esperando um filho de um homem casado é uma grande decepção pra você, como se eu tivesse falhado em tudo que você me ensinou.

- Do que você está falando?

- Naquele dia, anos atrás, quando você descobriu que a JJ e eu tínhamos roubado o mercadinho do Sr. Declan, você me olhou de um jeito que me fez sentir a pior pessoa do mundo, e eu jurei pra mim mesmo que nunca mais queria ver esse olhar de novo. Mas agora, depois de tudo, você não consegue nem olhar pra mim. - ele diz, e Christine respira fundo.

- Aquele dia... Nossa, como eu fiquei brava com vocês naquele dia. Tipo, furiosa de verdade. - ela diz, saudosista. - Mas agora, eu não estou brava, nem furiosa, e muito menos decepcionada.

- Então qual o problema?

- Você sabe o que é isso? - ela pergunta, pousando o álbum sobre as coxas.

- É o meu álbum de bebê.

- Sim. Aqui tem tudo seu de quando era bebê. Sua pulseirinha da maternidade, sua primeira mechinha de cabelo, a impressão dos seus pezinhos. Todas as suas fotos. Esse é o primeiro de uma série de álbuns que eu fiz desde o dia em que eu descobri que estava grávida, até seus cinco anos de vida.

- Eu sei, você fazia questão de mostrar pra toda a família, em cada festa de aniversário. - ele sorri.

- Nunca existiu bebê mais lindo do que você. E nunca existiu uma mãe mais feliz e realizada do que eu. - ela volta a abraçar o álbum. - Então, quando você fez 10 anos, eu comecei um novo álbum. Um álbum diferente. Um diário, na verdade, de todos os problemas médicos que você tinha. Cada falta de ar, cada mal estar, cada enxaqueca, cada dor. Todos os detalhes que me diziam que tinha alguma coisa errada com o meu filho. Eu falava com os médicos, mas eles me diziam que era coisa da idade, virose, gripe e mais um monte de desculpas esfarrapadas. Mas eu não desisti e continuei registrando tudo. Até o dia que meu mundo parou. - ela diz, fechando os olhos. - Você desmaiou na escola e teve uma convulsão. Os médicos, enfim, nos deram o diagnóstico: hipertensão, associada com insuficiência renal crônica. Quando eles finalmente descobriram o que você tinha, seu estado era tão grave, que eles não sabiam se você sobreviveria. E se eu perdesse você, eu sabia que não sobreviveria.

- Mãe... - ele segura a mão da mãe.

- Então eu rezei, e rezei, e rezei... até que Deus me ouviu e devolveu você pra mim. Mas eu sabia que sua vida seria diferente a partir daquele momento. Eu sabia que você precisaria de alguns cuidados e sabia que você não poderia alcançar certas conquistas, como ter sua própria família, por exemplo. Mas se esse era o preço pra ter você conosco, eu aceitaria feliz. Então, quando você nos disse sobre o seu bebê... Oh, Deus, me perdoe... - Christine desaba em pranto. - Eu não me senti feliz, eu fiquei com medo. Eu não me importei com absolutamente nada que seu pai disse, a única coisa que me vinha à cabeça era que eu poderia perder o meu filho. Daí eu vim pra cá, pro seu quarto, com as suas coisas, seu cheiro e vi seu álbum... e eu nunca me senti tão culpada em toda a minha vida. Eu me lembrei da alegria que eu senti quando descobri que estava esperando você, e agora, eu... - Christine é interrompida por um abraço do filho.

- Shhhh, mãe! Está tudo bem. Tá tudo bem.

- Me perdoa, meu filho. Por favor, me perdoa!

- Você não precisa me pedir perdão. Por favor, nunca me peça perdão por se preocupar comigo.

- Eu fui tão egoísta. Pensei só em mim, na possibilidade de perdeu o meu filho, mas não parei pra pensar que você está passando justamente pelo que eu passei, quando descobri que estava esperando você.

- Eu te entendo, mãe, de verdade. Deus, saber que sua reação foi só preocupação comigo tirou um peso dos meus ombros. Eu achei que você fosse me odiar, achei que ficaria com raiva de mim, que sentiria vergonha.

- Raiva? Vergonha? Frank, não há nada no mundo que me faça te amar menos do que eu te amo. Eu já fiquei brava com você, por conta de traquinagens, já te dei algumas broncas, mas eu sou fisicamente incapaz de sentir raiva de você. E vergonha? Meu Deus, você é o meu maior motivo de orgulho.

- Mas o Gerard e eu não...

- Vocês se amam, certo? Ele vai estar ao seu lado e te apoiar em tudo, não é?

- Claro que sim. Ele já está apaixonado por esse bebê.

- Então é isso que importa. E mesmo que, por algum motivo, o Gerard falte na vida dessa criança, ele terá um avô, uma avó e um bisavô que sempre o amarão incondicionalmente.

- Sério?

- Claro, meu filho! Eu te amo e eu amo o meu netinho. Por favor, acredite.

- Eu acredito, mãe. É claro que eu acredito. E nós amamos você, demais. E eu sei o quanto você está preocupada, acredite, Gerard e eu passamos pelo mesmo processo. Eu já falei com o Dr. Brown e a Dra. Meyer. Eles dois estão trabalhando junto com meu obstetra. Eu estou sendo muito bem cuidado. Por sinal, o namorado da JJ é o meu obstetra, então até ela está no meu pé. - ele diz, arrancando um sorriso da mãe.

- É claro que está, minha maluquete.

- Eu amo tanto o meu bebê, mãe. Tanto! Eu já fiz tantos planos. Eu já sonhei tanto com ele. Eu quero vê-lo crescer, ser feliz e ajudá-lo a se tornar uma pessoa decente. Assim como vocês fizeram comigo. E eu não vou abrir mão disso. Eu não vou desistir.

- Ah, meu menino lindo! - ela diz, tomando o rosto dele entre as mãos. - Eu estarei aqui, ao seu lado, em todos os momentos. - ela diz, finalmente colocando a mão sobre a barriga do filho. - Meu bebê vai ter um bebê!

- E ele vai precisar da avó dele.

- Ele vai ter, meu filho. Eu te juro que meu neto terá a melhor avó do mundo. - ela abraça o filho.

- Eu não tenho dúvidas disso. - ele planta um beijo no rosto da mãe. - Você acha que pode descer pra gente conversar melhor? Falar um pouco sobre tudo que os médicos nos disseram, sobre os exames que nós já fizemos, conhecer o seu netinho?

- Você trouxe uma foto do ultrassom?

- Eu trouxe todos os meus exames, pra gente poder conversar e vocês saberem tudo que está acontecendo e o que pode acontecer. Gerard e eu queríamos que vocês soubessem de tudo.

- Meu Deus, o Gerard deve estar achando que eu sou uma doida.

- Ele não está, acredite. Mas vamos descer? Pra conversar e pra comer, porque eu estou ficando morrendo de fome. - ele diz, fazendo a mãe rir.

- Claro, meu amor! Claro! Meus bebês precisam de uma boa refeição, que só a mamãe pode fazer. - ela diz, levantando da cama junto com o filho e os dois fazem seu caminho de volta pra sala.

--------------------------------

De volta à sala, e muito mais calma, Christine se desculpou por sua saída abrupta. Gerard se apressou em afirmar para a mãe de Frank que sua preocupação é válida e que, de maneira nenhuma, ele se sentiu ofendido. Ele aproveitou e afirmou para a família do amado que Frank e o bebê são sua prioridade e que ele não medirá esforços para mantê-los em segurança.

Com toda paciência do mundo Gerard e Frank se sentaram com a família ao redor da grande mesa de jantar e dividiram todas as informações que receberam dos médicos. Obviamente os Ieros temeram pela vida de Frank e seu bebê, mas o casal garantiu que Frank está sendo assistido pelos melhores médicos, e que o jovem vem seguindo à risca todas as recomendações, fazendo, assim, com que sua gravidez, apesar de ser de risco, tome o curso mais saudável possível. Christine fez Frank implorar para que ela seja comunicada imediatamente, caso haja algum tipo de emergência, o que o rapaz acatou imediatamente.

Com os esclarecimentos feitos, e um clima bem mais leve, a família se reúne no jardim para uma farta e deliciosa refeição preparada por Christine. Após o almoço, como não poderia deixar de ser, todos se acomodaram na sala de estar, onde dividiram lembranças sobre a infância de Frank, incluindo uma seção constrangedora de fotos de quando o rapaz era pequeno. Enquanto Frank se mostrou absolutamente mortificado, Gerard aproveitou cada minuto do que, sem dúvida, foi um dos melhores dias de sua vida.

No dia seguinte, assim como prometido, Gerard e Harry se juntaram para consertar as telhas soltas do pequeno depósito de ferramentas e tranqueiras que fica nos fundos do quintal da casa dos Iero. Ver a interação entre Gerard e seu pai trouxe um sorriso para o rosto do rapaz.

Quando o final da tarde chegou, Frank e Gerard se despediram dos Ieros. Mesmo contra sua vontade, Jack permaneceu na casa do filho para se despedir do neto. Frank aproveitou para convidar os pais e o avô para visitá-lo no final do próximo mês, quando ele completará 20 semanas, assim sua família poderá participar de uma consulta e acompanhar o desenvolvimento do bebê.

Emocionados, todos aceitaram o convite e Gerard se prontificou a cuidar dos detalhes da viagem, disponibilizando passagens aéreas na primeira classe, assim o translado até Washington será o mais tranquilo possível para Jack. Com uma troca de beijos e abraços calorosos e emocionados, o casal se despediu, entrando no carro e seguindo para o aeroporto.

--------------------------------

As sete semanas seguintes passaram em um piscar de olhos, e quando Frank deu por si, suas calças já não estavam mais fechando. Entrando na suíte do Refúgio com um copo de suco de abacaxi com hortelã e gengibre, Gerard é atraído por um grunhido de frustração vindo do closet. Ele segue o som e encontra Frank olhando seu perfil no espelho, com a calça do terno aberta e sem camisa. Sorrindo, Gerard se recosta no portal e observa as novas formas do amado.

No final do quinto mês de gestação, o corpo pequeno de Frank deixa sua gravidez cada vez mais evidente. Seu ventre tomou uma forma arredondada e proeminente, marcando suas blusas e tornando cada vez mais difícil abotoar suas calças. Mesmo mantendo a discrição no trabalho, sempre mantendo a barriga escondida por baixo do paletó, basta apenas uma camiseta mais justa para denunciar que há uma vida crescendo em seu útero.

Avistando Gerard pelo reflexo do espelho, Frank se vira para o amado e bufa, frustrado.

- Eu preciso de roupas novas. - ele diz, desanimado.

- Hoje a noite sua família chega, amanhã, depois da consulta, você pode tirar o dia de folga e levar sua mãe para fazer compras. Acho que ela vai gostar.

- Mas eu não. Eu odeio comprar roupas. - ele diz, mal humorado. - Talvez seja melhor eu usar uma cinta, assim posso aproveitar minhas calças por mais algumas semanas.

- De jeito nenhum. O bebê precisa de espaço pra crescer. Confinar seu abdômen agora não só prejudica o crescimento do neném, como comprimi seus orgãos internos, podendo causar complicações, como pneumotórax, deslocamento do diafragma, problemas circulatórios, contusão nas costelas e arritmia cardíaca. - diz Gerard, num tom sério, fazendo Frank erguer a sobrancelha.

- Como você sabe disso?

- Eu li em numa revista sobre gestação. Algumas pessoas fazem uso de cintas modeladoras constantemente durante toda a gestação, acho que para não assumir os quilos a mais. Isso coloca em risco a vida de bebê e gestante. É perigoso, imprudente e bastante fútil, pra dizer a verdade.

- Eu não me importo nem um pouco em engordar. Faz parte da gravidez. E eu amo a minha barriga, de verdade. - ele diz, colocando as duas mãos sobre o ventre. - Eu só não quero ter que fazer compras. É chato demais.

- Amor, você precisa começar a comprar as coisas do bebê de qualquer jeito. A única coisa que nosso filho tem até agora é um body, um par de sapatinhos do Superman, e uma toca com as orelhas do Yoda.

- Tudo comprado por você, diga-se de passagem. - Frank ri, fazendo Gerard ruborizar, mas se render ao riso logo em seguida.

- O que eu quero dizer é que estamos na metade do caminho. Faltam 20 semanas pro nosso neném nascer, e nós temos que começar a nos preparar.

- Eu sei. Eu só não queria comprar as coisas do bebê sem você. Eu acho que é um processo que nós dois tínhamos que fazer juntos. Eu não me vejo escolhendo o bercinho dele sem você. Ou o armário, a cômoda, o trocador. Essas coisas, sabe? - diz Frank, fazendo o coração de Gerard apertar.

- Claro que sei e concordo com você. Eu também acho que devíamos fazer isso juntos. Mas nosso bebê precisa de muitas coisas. Não só de móveis. Ele precisa de roupas, sapatos, meias, e basicamente uma tonelada de fraldas. Então, o que você acha de comprar algumas coisinhas com os seus pais? Aposto que eles vão amar escolher itens do bebê junto com você. Vai fazer com que eles se sintam parte da vida do neto. E os itens grandes, como o berço e as outras coisas, nós escolhemos juntos? Podemos comprar online.

- Eu devo ter feito algo muito maravilhoso, pra merecer alguém como você, Gerard Way.

- Bem, então estamos os dois no mesmo caminho, Frank Iero.

- Eu te amo.

- Eu amo mais. - diz Gerard, beijando o rapaz nos lábios. - E aqui, enquanto você não compra calças novas, um velho truque que eu aprendi muitos anos atrás, com a minha madrasta. Ela era apaixonada por uma calça jeans super antiga, dá época da faculdade, que usou durante anos. - ele diz, deixando o closet, enquanto Frank veste uma camiseta branca e sua blusa de linho por cima.

Quando Gerard retorna ao closet, a camisa de Frank já está abotoada, apenas sua calça permanece aberta. O homem se ajoelha na frente do amado, e só então Frank nota que Gerard segura um pequeno elástico na mão.

- Alguns anos depois de se casar com o meu pai, ela ganhou alguns quilinhos extra. Nada que fizesse diferença, muito pelo contrário, ela ficou ainda mais bonita. Mas enfim, com os quilinhos a mais, a calça já não fechava mais, mas ela se recusava a abrir mão da peça, foi aí que ela aprendeu esse truque. - ele diz, amarrando uma ponta do elástico na fenda do cós da calça, e prendendo a outra ponta no botão, e assim fechando a calça. - Agora você coloca seu cinto por cima e ninguém vai ver que sua calça está presa com um elástico.

- Ah, meu Deus! Isso é genial, ela é genial. - ele diz, beijando Gerard, assim que o homem se põe de pé novamente.

- Ela ia adorar conhecer você.

- E eu adoraria conhecê-la.

- Vamos providenciar esse encontro.

- Maravilha! Mas agora precisamos ir trabalhar. Você tem uma reunião com o Senador Beckett ainda pela manhã, e uma entrevista para a Fox News na parte da tarde.

- Urgh, eu detesto eles.

- Todo mundo com um pouquinho de cérebro detesta eles. Mas faz parte do trabalho.

- Então pegue o seu suco e vamos descer pra comer, antes de sair.

- Vamos nessa! - ele diz, e os dois seguem, abraçados, para o andar de baixo.

--------------------------------

A reunião com o Senador Beckett foi mais rápida e tranquila do que Gerard previu. Junto com o Senador Osmend e o Senador Rhodes, os quadro políticos acertaram os detalhes para os primeiros passos da campanha de reeleição de Gerard para o Senado, incluindo festas para captação de recursos para a campanha, busca por aliados e os projetos de lei que servirão como carro chefe para atrair o apoio popular.

Desde seu início na política, um dos maiores objetivos de Gerard sempre foi lutar pela igualdade de gêneros. Em seu primeiro ano no Congresso, ele esbarrou em muitos obstáculos para conseguir aprovar leis em favor da comunidade LGBT, mas com o apoio direto da Casa Branca, o trabalho de Gerard foi bastante facilitado. Hoje em dia, o senador é reconhecido como um dos maiores representantes da luta por igualdade, tendo grande respeito, não só da comunidade LGBT, como das minorias representativas. E é nesse nicho onde Gerard continuará a focar seu trabalho.

Com o término da reunião, Gerard, Frank e Adam pararam para almoçar e depois seguiram para os estúdios da Fox News, onde o senador concederá uma pequena entrevista a jornalista Martha MacCallum. Enquanto Adam cuida do últimos detalhes para o início da entrevista, Frank repassa com Gerard o roteiro da entrevista.

Assim que Martha MacCallum entra no estúdio, toda a equipe já está em posição. Frank dá uma última ajeitada na gravata de Gerard, lhe deseja boa sorte e dá uma piscadela sorrateira. O RP se posiciona perto de um dos monitores, ao lado de Adam, enquanto os produtores do programa preparam Martha e Gerard para o início da entrevista.

- Boa tarde, Senador Way, como vai? - cumprimenta a jornalista, assim que toma sua posição na bancada.

- Muito bem, Martha, obrigado! Como estão Daniel e as crianças?

- Estão todos bem, obrigada por perguntar.

- Todos prontos? Rodando em 3, 2, 1... No ar! - anuncia o diretor do programa. O estúdio entra em silêncio, até Martha começar a falar.

- Boa tarde, América! Eu sou Martha MacCallum, e esse é o America's Newsroom. Nosso primeiro entrevistado de hoje é o Senador Gerard Way, que tem chamado bastante atenção por seu trabalho ativo, dentro e fora do Congresso Nacional, o que tem rendido, tanto elogios, quanto críticas, aos seu trabalho. Boa tarde, Senador Way!

- Boa tarde, Martha!

- O senhor é um jovem senador, apenas 34 anos, um dos mais jovens da história americana. Sua equipe também é formada, em sua maioria, por jovens profissionais. O senhor atribui sua aceitação à sua idade, já que a média de idade de seus eleitores e apoiadores é entre 18 e 35 anos?

- Veja bem, minha idade contribui bastante para que os jovens se identifiquem comigo, mas eu não acho que seja um fato determinante. Eu atribuo minha aceitação ao fato de meus se sentirem segurou quando eu digo que estou ao lado deles, que conheço suas dificuldades e que lutarei por seus direitos. Meus eleitores me conhecem porque estamos juntos sempre que possível. Eu não posso dizer que entendo pelo que passam, se eu não passar pela mesma coisa, se eu não olhar com meus próprios olhos.

- Sim, o senhor faz um trabalho de campo pesado, e é bastante criticado por isso. Alguns membros da comunidade política acham que o lugar de um senador é dentro do congresso, e não nas ruas.

- Eu discordo, Martha. Meu lugar é onde meu trabalho me leva.

- Seu trabalho dentro da comunidade LGBT também tem enfrentado duras críticas do Partido Republicano, que considera que o senhor tem trabalho para facilitar a exposição de crianças e jovens a esse estilo de vida.

- Martha, eu poderia perguntar o que você ou os membros do Partido Republicano consideram como "estilo de vida LGBT", mas acho que perderíamos um tempo precioso que deveria ser usado para dizer que o que eu faço é tentar mostrar para crianças e jovens que existem um mundo lá fora, embora ainda pequeno, em que existe aceitação, acolhimento, amor e respeito.

- Os rumores dizem que o senhor pretende concorrer à presidência em seis anos. Essa seria uma de suas plataformas de governo?

- Caso eu decida concorrer, sem dúvida alguma seria uma das minhas principais plataformas.

- E o senhor não tem medo de perde o voto dos conservadores?

- Absolutamente não. Eu não represento o conservadorismo radical. Eu represento a liberdade e a igualdade. Seja como um Senador da República, Presidente dos Estados Unidos, ou apenas como cidadão e membro da minha comunidade. - ele diz, fazendo um enorme sorriso se abrir no rosto de Frank.

A entrevista se seguiu por mais dez minutos. Apesar de ser clara opositora ao trabalho de Gerard, Martha se despediu do senador e sua equipe cordialmente. Antes de voltarem para o Capitólio, o grupo parou para um pequeno lanche, já que se aproximava das 16h e Gerard sabia que estava chegando a hora de Frank se alimentar.

Após a pausa, o trio chegou ao Congresso. Adam seguiu para sua sala, para dar continuidade ao seu trabalho, enquanto Gerard e Frank seguem para o gabinete do senador. Gerard tranca a porta, como de praxe, e beija seu amado.

- Como está se sentindo? O dia foi cheio hoje. - ele pergunta.

- Me sinto bem. Ainda bem que paramos pra comer, eu estava morrendo de fome já.

- Imaginei.

- Você cuida muito bem de mim.

- Esse é o meu trabalho. - ele diz, recebendo um beijo doce nos lábios. - E que horas sua família chega?

- Eles devem embarcar em meia hora. - diz Frank, olhando para o relógio.

- Vai ter um carro esperando por eles no aeroporto, e os levará direto pra sua casa.

- Obrigado.

- De nada. - Gerard sorri, beijando a ponta do nariz de Frank. - E amanhã você tira o dia de folga. Depois da consulta, passe o dia com a sua família, faça compras pra você e o bebê, e a noite nos encontramos no Refúgio. Faremos uma grande jantar para todos. Fale com a JJ e o Jason também.

- Pode deixar. Vai ser divertido.

- Bem, é melhor você ir casa, se preparar para receber sua família.

- Gerard, eu ainda tenho trabalho a fazer.

- Mas sua família está chegando.

- E eles sabem que eu trabalho, então garanto que eles não vai se importar se eu chegar em cima da hora.

- Mas eu me importo.

- Gerard, eu tenho uns documentos importantes pra revisar.

- Tá bom. Então faz o que você tem que fazer, mas eu quero você a caminho de casa em uma hora. Assim dá tempo de você chegar um pouquinho antes deles. Podemos combinar assim?

- Esse é você negociando?

- Não, esse sou eu, cuidando dos amores da minha vida. Não quero que você abuse, o dia já foi corrido demais. O Jason disse que você tem que pegar leve, lembra? Quando o dia é todo de trabalho burocrático, eu não me importo de você trabalhar no seu horário normal, mas quando precisamos fazer alguma externa, eu sei que te cansa mais, então prefiro que você saia mais cedo e descanse. Chega em casa, tira esse terno apertado e deixa nosso filhote se esticar.

- Bem, pensando assim, é uma ideia bem tentadora.

- Aposto que nosso bebezinho tá doido pra espalhar aí dentro. - ele diz, colocando a mão sobre a barriga do amado.

- Okay, você venceu! Mas eu vou levar os documentos pra revisar em casa.

- Tudo bem, sem problemas. Agora já pra casa, mocinho.

- Tá bom, estou indo.

- Me ligue antes de dormir e mande abraços para todos por mim.

- Pode deixar. Nós nos falamos amanhã. Eu te ligo antes e depois da consulta e nos encontraremos no Refúgio de noite.

- Mal posso esperar. - ele diz, beijando o rapaz.

- Eu te amo.

- Eu amo mais. - e após um último beijo, Frank parte para casa.

--------------------------------

Frank chegou em casa praticamente junto com JJ, que passou o dia inteiro organizando a palestra que dará sobre o legado artístico da cultura Asteca na Galeria Nacional de Arte, que será realizada em algumas semanas. Os dois se apressaram em tomar banho e logo partiram para uma arrumação rápida, até a chegada da família.

Já passa das 19h quando a campainha toca. JJ pula do sofá e correr para abrir a porta, como uma criança que espera a chegada do Papai Noel. A moça solta gritinhos de alegria ao ver Christine, Harry e Jack na entrada da casa.

- Nem acredito que vocês chegaram! Que saudades! Que saudades! - ela vibra, abraçando cada um deles.

- Nós também estávamos morrendo de saudades. Você não vai mais pra casa. - diz Christine, abraçando a moça. - Só quer saber de trabalhar e namorar.

- E esse namorado aí que a gente nem sabe quem é, da onde veio. Eu quero conhecer esse sujeito. - diz Harry, recebendo um beijo e um abraço apertado da filha postiça.

- E você vai, Papa! Não se preocupe. Amanhã todos vocês vão conhecê-lo.

- Vamos ver se eu vou aprovar esse cara. - ele diz, fazendo JJ cair na gargalhada.

- Para de besteira, Harrison! Tá ficando bobo depois de velho? - diz Jack. - Até parece um negócio desse. Os pais da Christine não fizeram essa palhaçada com você em 1900 e lá vai história, você não vai me fazer uma vergonha dessa agora.

- Deixa ele, vô Jack! Até que vai ser engraçado ver a cara do Jason.

- Vocês ficam aí, falando de dar um susto no pobre coitado do rapaz, mas têm que lembrar que é ele quem está cuidando do Frank. - diz Christine. - Falando nisso, cadê meu bebê?

- Tô aqui, mãe. - diz Frank, se aproximando do grupo. - Eu estava arrumando a roupa de cama dos quartos.

- Ah, meu amorzinho! - Christine dá um abraço no filho, mas logo se afasta e dá uma boa olhada nele. -  Meu Deus, olha pra você! Filho, você está lindo. Olha essa barriga. Oh, meu Deus!

- A gente se falou pelo computador na sexta passada, mãe. Eu mostrei a barriga pra vocês.

- Eu sei, meu filho. Mas já está completamente diferente de dias atrás. Estão tão linda, e redondinha. Oh, meu filho... - ela começa, mas engasga nas palavras.

- Ah, mãe, não vai chorar, né? - ele abraça a mãe novamente.

- Ih, mas ela não para de chorar desde ontem. Chorou arrumando as malas, chorou entrando no taxi, chorou com a aeromoça, chorou no carro vindo pra cá. Você que está grávido, e sua mãe que fica hormonal. - brinca Harry, abraçando e dando um beijo na testa do filho.

- E ainda vai chorar amanhã, quando assistir a ultra. Aposto que vai. - completa JJ.

- Ah, vocês me deixem! Que coisa! Eu vou ser avó, tenho todo direito de chorar.

- Claro que tem. A senhora pode chorar a vontade, Dona Christine. - Frank dá um beijo no rosto da mãe e limpa suas lágrimas. - Mas olha, que tal vocês se acomodarem, a gente pede alguma coisa pra comer e colocamos o papo em dia.

- Eu posso fazer o jantar, filho. Não precisa pedir comida.

- Não quero que a senhora tenha trabalho nenhum. Coloque suas coisas no quarto, se acomode no sofá e pés pra cima. Hoje vamos relaxar. Amanhã o dia será cheio.

- Tudo bem. Se você prefere.

- Você e o papai vão dormir no quarto da JJ, o vovô vai dormir no quarto de hóspedes, e a JJ dorme comigo.

- Venham, vamos colocar as coisas lá em cima. - diz JJ, conduzindo Harry e Christine pela casa, deixando Frank e Jack sozinhos na entrada. Frank olha pro avô, que mantém uma expressão doce e serena no rosto, enquanto devolve o olhar para o neto.

- E eu não ganho um abraço? - pergunta Frank, sorrindo.

- É claro que ganha, garoto. Eu só estava esperando a poeira baixar, pra poder te dar um abraço de verdade. Vem cá, que seu velho estava com saudades. - diz Jack, sorrindo e abrindo os braços pro neto, que se aconchega em seu abraço, deitando a cabeça em seu ombro.

- Eu também estava com saudades, vô. O senhor tem que usar o computador que eu te dei, assim a gente pode se ver pela câmera, como eu faço com meus pais.

- Ah, meu filho, aquele negócio é difícil demais de mexer. Não se ensina truque novo pra cachorro velho. Eu mal entendo os botões daquele controle remoto da TV. - ele diz, e Frank ri.

- Eu vou contratar alguém pra ensinar pro senhor direitinho. Tem uma escola especializada em ensinar informática para a terceira idade. Vou ver se consigo alguém para ir até à sua casa.

- Você é um menino de ouro, meu filho. Se isso vai te deixar feliz, pode pedir pra alguém me ajudar a mexer naquela geringonça. Assim eu posso te ver, pelo menos, uma vez por semana.

- Isso mesmo.

- E posso acompanhar o crescimento do meu bisneto. - ele diz, abrindo um sorriso bobo. - E como você está se sentindo, meu filho?

- O senhor sabe, uma pedra aqui e ali, mas no geral, eu me sinto bem. O importante é que o bebê está bem.

- Nada disso. O importante é os dois estarem bem.

- Eu sei, o senhor tem razão, mas eu sinto que as coisas mudaram, sabe? Eu ainda me preocupo com a minha saúde, é claro, mas eu só me sinto seguro quando o médico me garante que está tudo bem com o bebê. Eu sinto que, se meu filho estiver bem, eu posso aguentar qualquer coisa. Eu sei que é loucura, e que se minha mãe ouvir isso, ela lava minha boca com sabão, mas a verdade é que eu não tenho medo do que possa acontecer comigo. Eu só quero que meu filho cresça, se desenvolva e venha ao mundo saudável. Do resto eu dou um jeito. É loucura dizer isso, eu sei.

- Não, não é loucura. Você só está sendo pai, Frankie. Só isso! A gente sempre coloca os filhos na frente. Eu fiz isso com seu pai, seu pai fez isso com você, e agora é a sua vez. - diz Jack, colocando a mão sobre a barriga do neto. - Você está no caminho certo, cuidando, nutrindo e amando esse bebê tão precioso pra você. Mas não se esqueça de que você também é precioso demais pra gente.

- Pode deixar, não vou me esquecer. - ele coloca a mão sobre a mão do avô e sente o peito se encher de calor.

- Aqui, a gente não vai pedir alguma coisa pra comer, não? - a voz de JJ reverbera no ambiente, fazendo Frank e Jack rirem. - Eu tô morrendo de fome.

- Melhor a gente pedir logo, porque pior do que a JJ com mau humor matinal, é a JJ com mau humor de fome. - ele diz, e os dois seguem pra sala de estar, onde se juntam para tentar decidir o que vão pedir para jantar.

--------------------------------

No dia seguinte, Jason abre a porta do consultório, esperando encontrar Frank e JJ, como de costume. Porém, para sua surpresa, o médico se depara com um pequeno grupo na sala de espera.

- Oh, olá! - ele diz, sem graça. - Eu não sabia que teríamos a casa cheia hoje.

- JJ, você não avisou a família viria hoje? - pergunta Frank.

- Não, eu achei que seria mais engraçado ver a cara de surpresa dele. - ela diz, segurando o riso.

- Família? Sua família? - pergunta Jason, espantado.

- Surpresa! - diz JJ, com um sorriso sapeca.

- Jason, me desculpe. - diz Frank. - Achei que essa maluca tinha te avisado. Tem algum problema, se...

- Não, não! De maneira nenhuma.

- Bem, essa é minha mãe, Christine, meu avô, Jack, e meu pai, Harrison Iero. Pessoal, esse é o Dr. Jason Martin.

-Então você é o sujeito que está namorando a minha garotinha e ainda não se deu ao trabalho de ir à minha casa, se apresentar? - pergunta Harry, num tom severo, fazendo Jason ruborizar.

- Harry, pelo amor de Deus! - Christine dá uma cotovelada no marido.

- Não liga pra ele, Dr. Martin. - diz Jack. - Meu filho deu pra ficar bobo depois de velho.

- Eu... eu não... eu queria... - Jason gagueja, mas Harry acaba relaxando a postura incisiva.

- Ah, eu estou só brincando com você, rapaz. Relaxa. - ele diz, e Jason, finalmente, respira aliviado.

- Eu falei que ele ia ficar igual um tomate, não falei? - JJ se apoia em Harry e cai na gargalhada.

- Olha, você deve ser um bom rapaz, já que está cuidando tão bem dos meus filhos. Então, seja bem vindo à família. - diz Harry, estendendo a mão para Jason, que aceita o cumprimento.

- Muito obrigado, Sr. Iero.

- Bem, já que as apresentações já foram feitas, será que dá pra gente começar logo? Eu quero ver meu neto! - diz Christine.

- Claro, claro! Por favor, entrem. - ele diz, abrindo caminho para dentro do consultório. - Lisa, você pode providenciar mais três cadeiras, por favor? - ele pede à recepcionista.

- Claro, Dr. Martin!

Frank e sua família entram no consultório, deixando Jason e JJ pra trás. JJ olha para o namorado com um olhar travesso e ele lhe rouba um beijo.

- Você me paga mais tarde. - ele sussurra em seu ouvido.

- Estou contando com isso. - ela dá uma piscadela.

--------------------------------

Apesar da ansiedade da família Iero, Jason conduz a consulta como de costume. Uma breve conversa, para saber como Frank anda se sentindo, coleta de sangue, pesagem, e depois exames físicos, como aferir a pressão, medir a curvatura da barriga, e o desconfortável exame de toque. Com tudo checado, chega a hora que toda a família estava esperando.

Após se acomodar na mesa de exames, Frank é rodeado pela família. Christine segura a mão do filho, enquanto Jack se posiciona na cabeceira, com a bochecha apoiada na testa do neto. Já Harry permanece em pé, ao lado de JJ, que continua a cumprir sua função de registrar todas as consultas em vídeo.

Jason prepara o equipamento e se vira pra família.

- Todos prontos?

- Mais do que prontos. - diz Frank.

Jason, então coloca o transdutor na barriga de Frank, e imediatamente a imagem preta e branca surge no monitor. Christine prende a respiração ao ver o perfil perfeito de seu neto. Agora, em sua 20ª semana, o neném de Frank está cada mais formando seus traços e se afastando da imagem de um feto pequeno e frágil e se tornando um bebê real.

- Viu, ele tem o nariz do Gerard. - diz Frank, apontando para o narizinho arrebitado do bebê.

- Mas o queixinho dele é todo seu. - diz Christine, encantada. - E a agitação também.

- Como assim? - ele pergunta, e Jason sorri.

- Ele está chutando e socando. Consegue ver os bracinhos e as perninhas dele? - pergunta o médico.

- Consigo. Mas eu ainda não sinto ele chutar pelo lado de fora, só aquela sensação de borboletas no estômago. Tem algum problema?

- Problema nenhum. Ele só está fortalecendo os membros. Acredito que em algumas semanas você vai começar a sentir os chutes, não se preocupe.

- E já dá pra ver se é menino ou menina? - pergunta Christine, e então se vira pra Frank. - Me desculpe, filho, eu nem te perguntei se você quer saber.

- Eu quero! Gerard e eu estamos loucos pra saber, mas o bebê não quer colaborar.

- E não quer mesmo. - completa Jason. - Continua fazendo mistério, com as perninhas cruzadas.

- Quem sabe na próxima a gente descubra.- diz Frank.

- Você pode descobrir por um exame de sangue, se estiver bastante ansioso.

- Ah, eu tô ansioso, mas nem tanto. Dá pra esperar. O importante é ele estar saudável.

- E ele está? - pergunta Christine. - Meu neto está saudável?

- Sim, ele está perfeitamente saudável. Aqui, ouçam isso. - ele diz, apertando o botam que libera o som do coração do bebê.

Christine leva a mão livre à boca e mistura lágrimas ao riso. JJ aproxima o celular do monitor do ultrassom, pra dar uma imagem mais privilegiada para Gerard. Frank sente os lábios do avô pressionarem sua testa, num beijo carinhoso. Ele ergue os olhos e sorri para o senhor. Mas então ele nota Harry, encostado no canto da parede, com uma mão no peito e os olhos marejados e fixos na imagem do ultrassom.

- Pai, tá tudo bem? - ele pergunta, preocupado. Harry olha pro filho e sorri. Ele se aproxima, abraçando o pai com um braço, e cruzando o peito do filho com o outro.

- Está tudo ótimo! Mais uma geração de Ieros chegando. Está tudo perfeito. - ele diz, beijando tanto a testa do pai, quanto a do filho.

--------------------------------

Após a consulta, Frank, JJ e a família saíram para almoçar e seguiram para o shopping, na missão de comprar tanto roupas novas para Frank, como alguns itens para o bebê. Apesar de detestar fazer compras, a presença da família deixou a tarefa muito mais agradável. Com a ajuda da mãe, Frank renovou o guarda-roupa pelos próximos dois meses e ainda foi presenteado com uma quantidade absurda de presentes para o bebê. Mesmo sob os protestos do filho, Christine garantiu que o bebê ainda precisará de muitas coisas e que essas são apenas as primeiras "lembrancinhas", ainda virão muitos presentes pela frente. Finalmente se rendendo, Frank agradeceu a mãe com um beijo e um abraço apertado.

Enquanto Harry e JJ colocaram as primeiras sacolas no carro, e Christine seguiu para outra loja de bebê, Frank e Jack entraram em uma loja de discos antigos. Enquanto Frank olhava alguns discos clássicos, Jack se afastou um pouco. Só depois de algum tempo Frank notou a ausência do avô. Olhando ao redor, ele viu Jack se aproximar com uma sacola nas mãos.

- Vô, onde o senhor foi?

- Comprar isso. - ele diz, mostrando a sacola da loja.

- O senhor comprou um disco? Qual?

- King Of The Delta Blues Singers, do Robert Johnson.

- Ué, mas o senhor já tem esse disco. Nós cansamos de ouvir juntos, quando eu era pequeno.

- Eu sei. Mas ele não é pra mim, é pra você. Ou melhor, pro meu bisneto. - ele diz, pegando Frank de surpresa.

- O quê?

- Eu colocava esse disco todas as noites, antes do seu pai dormir. Fiz isso por quase dois anos. Ele sempre dormiu como um anjo. Então, ele fez a mesma coisa com você. Todas as noites, ele colocava esse álbum, bem baixinho. Você dormia antes da terceira música. A sua preferida sempre foi... - ele começa, mas Frank emenda.

- Kind Hearted Woman. Eu me lembro.

- Sempre que você ficava doentinho, só queria ouvir essa música, várias e várias vezes. Então, eu achei que, talvez, pudesse ser uma tradição de família. Eu passei pro meu filho, ele passou pro filho dele, e você pode passar pro seu. - diz Jack, com seus lindos olhos azuis marejados de emoção, o que faz Frank se emocionar também.

- Oh, vô, vem cá! - ele puxa o avô para um abraço. - Sim, vai ser a nossa tradição. E eu tenho certeza que o bebê vai amar. Obrigado!

- Mas temos que comprar uma vitrola daquelas antigas. Nada dessas coisas modernas, que tocam de tudo. Tem que ser clássica. Eu vou falar com o Ralph, ele deve ter lá no antiquário. E se não tiver, ele manda buscar uma. Tem que ser dessa, escutou, né? - diz Jack, tentando disfarçar suas lágrimas.

- Claro, claro. - Frank sorri, e funga, limpando suas lágrimas. - Uma vitrola clássica, do jeito que tem que ser.

- Eu mal posso esperar pra te ver com seu filho nos braços, aninhando-o ao som de blues. - diz Jack, colocando a mão no rosto do neto.

- Eu vou precisar do senhor ao meu lado, vovô. O senhor sabe disso, não é?

- Eu não vou a lugar nenhum, garoto. De jeito nenhum. - diz Jack, puxando o neto para outro abraço cheio de emoção.

--------------------------------

A noite chega, e, enfim, Gerard se junta à família Iero no Refúgio. Após cumprimentar a todos e checar, com o sorriso mais bobo do mundo, cada roupinha, sapato, meia, babador e mais uma tonelada de presentes que Christine comprou para o bebê, Gerard tira um momento para assistir as imagens que JJ gravou no ultrassom. Acomodado em uma poltrona, e com Frank sentado no braço do assento, ao seu lado, Gerard assiste, emocionado as novas imagens de seu filho.

Os últimos a chegarem ao Refúgio são Jason e JJ, já que Jason tinha um parto agendado pra hoje, e a jovem optou por esperar o namorado. Com todos presentes, eles já podem se reunir em volta da mesa e desfrutar do delicioso jantar que Christine fez questão de preparar.

- A JJ disse que você ia fazer um parto hoje, Jason. - começa Frank.

- Sim, verdade! Gêmeos, dois meninos, grandes e saudáveis. - diz o médico, orgulhoso.

- Ah, que lindo! E estão todos bem? - pergunta Christine.

- Sim, tanto o pai, quanto os bebês estão ótimos. Devem receber alta em dois dias, no máximo.

- Que maravilha! Que sejam muito felizes. - diz Gerard.

- Você é atende exclusivamente homens gestantes? - pergunta Harry.

- Na verdade, não. Eu sou obstetra geral, mas acabei fazendo uma especialização em gestação masculina no John Hopkins depois de um período na África, trabalhando para o Médicos Sem Fronteiras. Hoje eu diria que 65% dos meus pacientes são homens.

- Nossa, impressionante. - diz Harry.

- É um trabalho muito importante esse que você está fazendo, rapaz. Na minha época ainda era um tabu enorme homens que conseguiam engravidar. Muito recorriam a abortos clandestinos, muitos perdiam seus bebês e muito perdiam a vida durante o parto. - diz Jack. - Um colega meu, veterano de guerra também, perdeu o marido e a filha no parto. Ele ficou devastado, nunca mais foi o mesmo.

- A taxa de mortalidade entre homens gestantes, há 60 anos atrás, era de mais de 75%.

- Ah, gente, vamos mudar de assunto. Não quero esse papo de morte perto do meu filho.

- Não se preocupe, Sra. Iero. A medicina avançou demais nos últimos anos. Essa taxa, que era de 75%, caiu pra menos de 12%, e ainda assim contam apenas homens que não têm acesso a acompanhamento médico.

- Mesmo assim. Vamos falar de coisas mais leves. - diz Christine. - JJ, como anda o trabalho?

- Nossa, eu tô cortando um dobrado com essa palestra, mas estou amando essa parte da produção.

- Você vai dar uma palestra? - pergunta Gerard.

- Sim, sobre a cultura Asteca. Na verdade, sobre a influência da cultura Asteca na arte e o legado que eles deixaram. Eu fiz uma viagem para a América Central há alguns anos e fiquei fascinada pelo tema.

- Ela fez, inclusive, uma exposição de fotos sobre essa viagem em NY. Saiu em vários jornais. - diz Harry, orgulhoso.

- Uau! Olha, eu te confesso que não sei muito bem o que você faz. O Frank já me explicou por alto, mas eu só entendi que você trabalha com arte. - diz Gerard.

- Então, eu faço de tudo um pouco. Eu sou formada em História da Arte, e trabalho prestando consultoria à galerias de arte e museus sobre exposições, busca, avaliação e restauração de obras de arte. Eventualmente, eu faço alguma viagem de pesquisa pra estudar novas culturas, e geralmente essas viagens rendem exposições fotográficas.

- Mas você só presta consultoria de arte para galerias e museus, ou para clientes finais também?

- Eu trabalho com cliente final também, mas com menos frequência.

- Ah, será que você poderia me prestar uma consultoria. Minha avó deixou muitas obras de arte no acervo pessoal dela, e eu gostaria de fazer um trabalho em cima disso.

- Que tipo de trabalho?

- Não sei se o Frank já comentou, mas eu mantenho uma fundação para idosos, chamada Fundação Lar de Elena.

- Sim, o Frank me disse.

- Nós vamos fazer uma grande reforma no final do ano, e eu gostaria de ter um espaço para expor algumas das obras favoritas dela.

- Ah, eu farei com todo prazer.

- Mas é bem mais pro final do ano, depois do bebê nascer. Eu não quero me comprometer com esse tipo de trabalho durante a gestação do Frank e nem enquanto nosso filho ainda for muito pequeno e demandar muitos cuidados. Mas é algo que eu definitivamente quero fazer ainda esse ano.

- Vamos conversar com mais calma sobre isso. - diz JJ, empolgada.

O jantar continua animado, assim como o bate papo. Christine elogia a vista da casa para o lago, e Harry pergunta se Gerard e Jason sabem pescar. Com a negativa dos dois homens, Harry promete levar os dois "genros" em uma pescaria, na próxima vez que forem à Jersey. Enquanto os três homens emendam o papo de pescaria, com uma conversa sobre esporte, Christine e Frank trocam algumas ideias sobre cuidados nas primeiras semanas do recém-nascido, e Jack e JJ falam sobre filmes antigos.

Infelizmente, para Gerard e Frank, a noite termina com um doce beijo de despedida, já que Frank voltará para sua casa com os pais e o avô, que retornarão para Jersey no dia seguinte, na parte da manhã. Mesmo com os pais insistindo para o rapaz ficar com o amado, é Gerard quem faz questão de que Frank passe a noite com a família. Eles de despedem com beijos, abraços e a promessa de uma nova visita em breve.

Gerard assiste da porta do Refúgio os carros de Frank e Jason seguirem pela pequena estrada de cascalho, até sumirem na noite fria de Washington. Ele volta para dentro da casa e sente o estranhamento da ausência de Frank. Se recolhendo à suíte do casal, Gerard se abraça ao travesseiro de Frank e deixa o aroma inebriante de seu amor conduzi-lo para o sono profundo.

--------------------------------

Quarta feira, pela manhã, Frank e JJ levam a família ao aeroporto. Como era de se esperar, Christine derramou algumas lágrimas ao se despedir do filho. Após inúmeros abraços e beijos no rosto e na barriga do filho e em JJ, Christine, finalmente segue para o setor de embarque. Harry e Jack são um pouco menos efusivos, mas assim mesmo ficam bastante emocionados. Só quando o avião levanta voo, Frank e JJ deixam o aeroporto para seguirem seus compromissos do dia.

--------------------------------

Apesar de uma bom começo de semana, com a visita dos pais e a consulta da 20ª semana de gestação, a quarta e a quinta feira não foram das melhores. Uma investigação interna expôs um esquema de corrupção dentro do Congresso, o que transformou a casa em um verdadeiro caos durante dois dias. Um vai e vem interminável de agentes do FBI, hordas de jornalistas acampados na frente do Capitólio, ânimos exaltados e um verdadeira caos durante as seção do Plenário.

Gerard tentou não se envolver muito nas discussões e manter Frank o mais longe possível o clima pesado, delegando ao RP somente trabalhos burocráticos, mas foi inevitável a participação em algumas reuniões mais infladas, que terminaram deixando, tanto Frank, quanto, Gerard, física e emocionalmente exaustos.

Mas, enfim, chega a sexta feira. Não importa que o acontecerá hoje, o que importa é que, ao final do dia, Frank e Gerard estarão juntos e terão o final de semana inteiro só para eles. E é com esse pensamento positivo que Frank acorda e começa seus rituais matinais. Após um banho revigorante e um café da manhã farto, o rapaz está pronto para começar o dia.

Pegando sua pasta na sala, ele encontra um bilhete de JJ, avisando que saiu mais cedo para o trabalho e que também passará o final de semana com Jason. Ele sorri, e então segue para a saída da casa. No entanto, ao abrir a porta de casa, Frank é pego de surpresa com a imagem à sua frente.

Na calçada de sua casa, recostado em seu carro, está Brad. Frank não vê o ex há quase dois meses, desde o incidente em sua casa. Ele são sabe como reagir à presença do advogado, mas algo na expressão do rapaz indica que ele não está ali para brigar.

Com uma postura retraída, cabelos desarrumados, barba por fazer e um olhar melancólico, Brad parece ansioso ao ver Frank.

- Brad, o que você está fazendo aqui? - o rapaz pergunta, ainda sem decidir se deve voltar para dentro de casa ou ir na direção do ex.

- Eu preciso conversar com você.

- Eu realmente acho que nós não temos mais nada pra conversar depois do que aconteceu.

- É sobre isso que eu vim falar. Por favor, eu só preciso de cinco minutos.

- Da última vez você disse a mesma coisa, e deu no que deu.

- Eu sei, eu sei. Mas eu juro que vim em paz. Nós não precisamos nem entrar, podemos conversar aqui fora mesmo. Eu só preciso falar com você.

- Tá bom. Você tem cinco minutos. - diz Frank, trancando o porta de sua casa e se aproximando do ex.

Brad abre a boca para falar, mas logo paralisa ao ver as novas formas de Frank. Brad conhece o corpo de Frank muito bem, então mesmo por baixo do paletó, ele consegue visualizar a curvatura do abdômen do rapaz. Ele respira fundo, tentando controlar suas emoções e o nó que se forma em sua garganta.

- Brad? - Frank chama, fazendo o rapaz sair do transe. Ele sacode a cabeça, tentando focar seus pensamentos.

- Eu vim aqui pra me desculpar com você. Por tudo, absolutamente tudo que eu fiz. E em especial, por aquele dia, aí na sua casa, quando eu... - ele começa, mas engasga na conclusão da frase.

- Quando você tentou me levar à força pra fazer um aborto. - completa Frank.

- Eu sinto muito mesmo. De verdade. Eu adoraria dizer que eu estava fora de mim, que não tinha controle sobre as minhas ações, que estava enlouquecido, mas a verdade é que você estava certo. Eu achava que se não tivesse mais um bebê entre vocês, seu vínculo com o Gerard terminaria e você voltaria pra mim. Nada do que eu fiz foi pensando em você, foi pensando em mim. No que eu queria. E eu te queria de volta. Então eu cometi erros atrás de erros, sem parar pra pensar no quanto eu estava te ferindo durante o processo.

- Você se tornou um perigo para as pessoas, Brad. Pra mim, e especialmente pra você.

- Eu sei. Hoje eu sei. Não foi fácil entender e admitir que as minhas ações eram baseadas na minha obsessão por você.

- E como você conseguiu?

- Terapia. Eu estou fazendo terapia três vezes por semana. Depois do que aconteceu na sua casa, eu fui procurar ajudar. Eu senti que tinha atingido o fundo do poço. Eu alegava que o Gerard ia te ferir, mas quem acabou te ferindo fui eu. E quando a fica caiu, isso quase me destruiu. Foi o pior momento da minha vida.

- É, também não foi um dos melhores momentos pra mim.

- Frank, eu sei que eu não tenho o direito de te pedir perdão, mas eu te peço assim mesmo. Por favor, me perdoa! Me perdoa por tudo que eu te fiz passar.

- Brad, eu realmente fico feliz que você tenha buscado ajuda e que esteja se tratando. Eu não sei se você acredita, mas eu nunca te desejei mal, nem mesmo depois do que aconteceu. Muito pelo contrário, eu sabia que aquele não era você. Que não era o homem por quem eu me apaixonei e vivi maravilhosos 10 anos da minha vida. Eu já te disse uma vez, e vou continuar dizendo, eu sinto muito pela forma como as coisas terminaram entre nós. A última coisa que eu queria na vida era te magoar.

- Eu sei. E é por isso que eu te peço perdão por tudo que eu fiz e por tudo que te disse.

- Eu não tenho que te perdoar por nada, mas se você realmente quer se redimir, continue a se tratar, fique bem, volte a ser o Brad que eu conheci, com seu caráter, seus valores, seus ideais.

- Eu tô tentando. Eu não estou mais trabalhando com a Senadora Bengtsson, eu voltei pra minha antiga firma.

- Isso é bom, já é um passo enorme. - Frank sorri. - Eu fico feliz por você.

- E eu acho que eu tenho que te agradecer por não me denunciar à polícia depois daquele dia.

- Eu nunca tive a intenção de te denunciar. Pra dizer a verdade, o que realmente aconteceu, vai ficar entre nós dois. Ninguém sabe.

- Como assim?

- Eu não contei pra ninguém o que houve de verdade. Só disse que nós discutimos, eu escorreguei, você tentou me segurar, mas não conseguiu, então eu caí.

- Por quê?

- Porque eu sabia que você ia conseguir clarear a cabeça e voltar a ser o cara que sempre foi. Eu não queria manchar a sua imagem. - ele diz, e Brad sorri.

- Você sempre foi incrível.

- Você também. E é bom ver você se reerguendo. Quem sabe, um dia, a gente possa deixar tudo isso pra trás e sermos amigos. - diz Frank. Brad engole seco, mas sorri.

- É, quem sabe?

- Bem, eu preciso ir, se não vou me atrasar. - diz Frank, seguindo para o carro. Brad dá um passo pra trás, deixando o caminho livre pro ex.

- Okay. Foi ótimo te ver. E obrigado por me ouvir, por me perdoar.

- Só continue a fazer o que você está fazendo, e vai ficar tudo bem. Você vai ficar bem.

- Obrigado. - ele diz, vendo Frank entrar no carro e se acomodar no banco do motorista. - E Frank...

- Oi.

- Você está lindo. A gravidez te fez muito bem. - ele diz, um tanto sem jeito. Frank dá um leve sorriso.

- Obrigado. A gente se vê.

- A gente se vê. - Brad sorri, um sorriso melancólico ao ver o carro de Frank deixar a calçada e se misturar no trânsito de Washington.

O tormento vivido nos últimos meses foi minimizado com o perdão do rapaz, mas a dor da perda ainda é pungente e, talvez, eterna. Brad ainda não consegue enxergar sua vida sem Frank, mas saber que seus atos não causaram danos irreparáveis na relação dos dois, ajuda a dar um consolo a seu coração partido.

Se aproximando da calçada, ele ergue a mão e chama um taxi. Entrando no carro, ele dá o endereço do consultório do seu terapeuta. Ainda há um longo caminho até a recuperação e Brad continuará firme em seu propósito, pois, quem sabe, a recompensa por tanto esforço pode ser reconquistar o homem que tanto ama.

 


Notas Finais


Ahhhhhh, vai, até que foi bem amorzinho esse capítulo, né? Tirando essa visita surpresa no final, foi um capítulo bem fofolete!!!

E vocês sabem como eu fico depois de um capítulo muito cheio de amor, não sabem????

Enfim, espero que tenham gostado. Comentem, se puderem, e a gente se vê no próximo capítulo!!!

BEIJOSSSSSSSSSSSSSSSS, AMO VOCÊS!!!!!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...