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História House Of Wolves - Por Um Triz


Escrita por: WantedKilljoy21

Notas do Autor


Amores da minha vida!!!! Tudo bem???

Demorei, mas cheguei com outro capítulo monstro. Gente, eu juro que não planejo que os capítulos fiquem enormes assim D:

Bem, mas vamos lá!!!

Boa leitura, nos encontramos lá embaixo!!

Capítulo 17 - Por Um Triz


Fanfic / Fanfiction House Of Wolves - Por Um Triz

- Eu não gosto disso, Frank. Não gosto nem um pouco! - diz Gerard, da cozinha, enquanto Frank está sentado no sofá do Refúgio.

- Eu sei, Gerard. - Frank reclina no sofá, enquanto acaricia a barriga de forma inconsciente. - Mas eu prometo pra você que ele está mudado. Ele está se tratando, está melhorando.

- E eu fico feliz por ele. Mas essa é a questão. Ele está se tratando, melhorando, no processo. Ele ainda não está bem, e eu sei que ele ainda não superou as coisas, então eu não confio nele perto de você.

- Eu não disse que vamos virar melhores amigos da noite pro dia, eu disse que esperava que um dia nós conseguíssemos ser amigos. Mas eu sei que vai demorar. Você não tem nada com o que se preocupar. - ele diz, enquanto Gerard volta para a sala com duas canecas de chá.

- Aí é que você se engana. Eu tenho muito com o que me preocupar. Você e o nosso filho são as coisas mais importantes que eu tenho na vida. É meu dever proteger vocês.

- Nos proteger do Brad? Isso é mesmo necessário? Eu sei que ele passou dos limites antes, mas as coisas mudaram agora. Ele mudou. - ele pergunta, quando Gerard lhe entrega a caneca. O senador olha para o amado e respira fundo, resignado. Ele coloca sua caneca sobre a mesa de centro e se vira novamente para Frank.

- Olha, eu sei que isso pode estar parecendo ciúme idiota da minha parte, mas eu juro que não é. E eu sei que você conhece o Brad muito melhor do que eu, sei que você tem seus motivos pra defender e confiar nele. Mas eu só quero que você entenda o meu lado. O Brad que eu conheci é bem diferente do Brad que você conviveu por 10 anos. Todas as minhas lembranças dele envolvem algum tipo de comportamento abusivo em relação a você. Das marcas que ele deixou no seu braço, de como ele invadiu o meu gabinete completamente enlouquecido, e como você acabou caindo e batendo a cabeça, por causa dele. É disso que eu lembro, quando você fala o nome dele.

- É, eu sei. - Frank encolhe os ombros.

- Você pode não acreditar, mas eu estou realmente satisfeito por ele estar começando a se reerguer, porque eu sei o quanto isso é importante pra você. Só que o que é importante pra mim é a sua saúde e a sua segurança. Sua e do nosso filho. Não tem nada no mundo mais importante do que isso. Então qualquer coisa que ameace a saúde e a segurança de vocês, vai me deixar em estado de alerta. Eu não posso e não vou deixar que nada faça mal a vocês, caso contrário... eu não sei, acho que eu morreria. - ele diz, e a angústia em seu rosto é visível.

Frank respira fundo, pousando a caneca de chá na mesa lateral, antes de se levantar e abraçar Gerard, se aconchegando em seu peito. O senador envolve seus braços ao redor do corpo do amado, trazendo-o para mais perto de si. Ele enterra o rosto nos cabelos do rapaz, inalando seu cheiro.

- Me desculpe. - diz Frank.

- Você não precisa se desculpar.

- Preciso sim. Eu só pensei no peso que essa recuperação do Brad tirou dos meus ombros. Não parei pra pensar no peso que estava jogando nos seus. Eu me senti muito culpado quando vi a vida dele saindo dos trilhos, então, quando nós nos vimos essa manhã e ele me disse que estava se reerguendo, eu achei que podia riscar esse item da minha lista de culpas.

- Você não tem culpa nenhuma do que aconteceu com ele. Nós já conversamos sobre isso várias vezes. - diz Gerard, beijando o topo da cabeça do rapaz.

- Eu sei, mas eu não consigo evitar. Eu quero muito que ele fique bem.

- Ele vai, meu amor. E quando ele estiver 100% bem, como você disse, quem sabe, vocês dois conseguem ser amigos. A única coisa que eu te peço agora é um pouco de prudência e cuidado. Nós estamos no meio do caminho pra conhecer o nosso filhote. - ele diz, afastando o abraço e pousando a mão sobre a barriga de Frank. - Nós precisamos continuar tomando conta da sua saúde, você está indo tão bem. Muito melhor do que os médicos estavam esperando.

- Eu estou muito comprometido em cuidar do nosso bebê da melhor maneira. - diz Frank, colocando a mão sobre a mão de Gerard.

- É só isso que eu te peço. Continue cuidando de você e do nosso bebê. Essa é sua prioridade pelas próximas 20 semanas. Todo o resto pode esperar.

- Você tem razão. Nada é mais importante que a saúde do nosso filho.

- Eu só tô pedindo pra você se preservar, só isso. Evitar qualquer tipo de aborrecimento ou stress.

- Eu vou, não se preocupe. - diz Frank, levantando o rosto e sorrindo para Gerard.

- Eu sempre vou me preocupar com você. Com vocês dois. - ele acaricia a barriga do rapaz.

- É por isso que a gente te ama tanto. - ele se estica e beija o senador nos lábios.

- E eu amo demais vocês dois. - diz Gerard, devolvendo o beijo. - Você quer que eu refaça o chá? Já deve ter esfriado.

- Não precisa. - Frank alcança sua caneca de chá sobre a mesa e o prova rapidamente. - Tá na temperatura perfeita.

- Ótimo! Quer comer alguma coisa?

- Agora não, daqui a pouco. Eu quero te mostrar uma coisa.

- O que?

- Só um segundo. - ele diz, colocando a caneca de volta à mesa e seguindo até sua pasta, de onde retira um IPad. Ele faz seu caminho de volta e se acomoda no sofá. - Vem, senta aqui comigo. - ele pede, com uma voz animada, que faz brotar um sorriso no rosto de Gerard.

Pegando sua caneca na mesa de centro, e dando um pequeno gole, para se certificar da temperatura da bebida, Gerard se senta no sofá, passando o braço ao redor do ombro de Frank e trazendo o rapaz para se aninhar em seu peito. Dando mais um gole em seu chá, Gerard observa Frank acessar os arquivos no IPad. O RP acessa uma pasta no aparelho, clica num ícone e uma imagem surge na tela. O sorriso de Gerard aumenta ainda mais quando aparece na tela uma foto de um lindo berço com o corpo branco, e as quatro barras principais e pés entalhados, na cor madeira crua.

- Uau, que lindo. - diz o senador.

- Eu pesquisei alguns móveis pro quarto do bebê essa semana. - ele diz, passando outra foto. - Olha esse, já vem uma um gaveteiro embutido. É bonito e prático.

- Gostei também. Tem mais?

- Tem esse aqui. - ele diz, abrindo a foto de um berço ultra moderno, que mais parece um objeto tirado de uma nave espacial. - Várias revistas infantis fizeram excelentes reviews sobre esse berço. Ele tem um sistema de vibração, associado com caixas de som, que reproduzem o barulho do útero. Dizem que esse é o berço dos berços. Eles chamam de encantador de bebês.

- Você gostou dele? - pergunta Gerard, sentindo uma certa incerteza na voz do amado.

- Eu não sei, todas as reviews falaram maravilhas sobre ele. Então deve ser bom.

- Mas e você, o que você achou?

- De verdade?

- Sempre.

- Eu não quero que nosso bebê prefira o berço ao meu colo. Eu não acho que é trabalho de um berço acalmar e colocar o nosso bebê pra dormir, essa é a nossa função. Além do mais, esse berço vem com cinto de segurança. Que espécie de berço precisa de cinto de segurança? - ele diz, e Gerard ri.

- Eu acho válido ter esse tipo de equipamento para pais com um pé no futuro, mas acho que não é o nosso caso. Nós somos mais tradicionais em relação a isso. Pelo menos eu prefiro um berço mais clássico, sem grandes tecnologias. Nós podemos comprar uma dessas cadeirinhas que vibram e tocam música, pra ele ficar durante o dia, mas de noite, eu prefiro que nosso neném adormeça nos nossos braços, sentindo o nosso cheiro, o nosso calor e depois descanse no bercinho dele. Nada de substituições. - ele diz, fazendo Frank sorrir.

- É por isso que eu te amo tanto. Penso exatamente como você. Eu gosto de móveis clássicos, acho que quarto de bebê tem que ter cara de quarto de bebê.

- Exatamente. - ele diz, beijando a ponta do nariz de Frank. - Tem mais algum?

- Tem esse aqui. Ele é bem sim, clássico e parece ser super aconchegante. - ele diz, mostrando um berço branco, com as quinas arredondadas e as barra trançadas.

- Nossa, lindo demais! Adorei.

- E esse tem o conjunto todo. Berço, cômoda, armário e trocador. A gente só precisaria procurar a poltrona de amamentação.

- Eu amei, Frankie. Por mim, tá fechado!

- Ah, que bom! Porque esse era o meu favorito também. Então está decidido. Segunda feira eu vou tirar as medidas do quarto de hóspedes. Eu acho que vai caber, afinal tem uma cama de casal, armário e cômoda lá. Mas eu preciso ver se vai ter espaço suficiente pra gente circular, sem esbarrar em nada. - ele diz, e então Gerard sente que a realidade o atingiu como um trem. O quarto do bebê será na casa de Frank.

- Oh. - ele deixa escapar, sem nem perceber.

- O que foi?

- Nada, só uma coisa que me dei conta agora.

- O que é?

- O quarto do bebê. Vai ser na sua casa. - ele diz, e a vez de Frank sentir o baque.

- Oh. - ele diz, sentindo o corpo pesado.

- Pois é.

- Nós... nós ainda não tínhamos parado para conversar sobre isso.

- Eu sei. Mas eu acho que devemos, não é?

- Sim, claro que sim.

- Bem, claramente o quarto do bebê será na sua casa, por motivos óbvios. Mas você acha que poderíamos fazer um quartinho pra ele aqui também?

- Acho que sim. Afinal nós vamos nos dividir entre a minha casa e o Refúgio. Acho que precisamos ter um quartinho aqui também. - diz Frank, mas Gerard não parece contente. - O que foi?

- Só agora que eu me dei conta que você e o bebê vão ter que se deslocar constantemente. Eu não sei se estou feliz com isso.

- Não é como se tivéssemos escolha. Nós vamos ter que nos deslocar se quisermos que você faça parte da vida do bebê. É arriscado demais você ir à minha casa todos os dias. Muito perto do Capitólio e dos olhos do público.

- Eu sei, mas eu acho que vai ser sacrificante demais pra você.

- O que você quer dizer? Você não quer fazer parte da vida do bebê? - pergunta Frank, sentindo o estômago embrulhar.

- Não! Pelo amor de Deus, nunca mais repita isso. Eu te amo e amo o nosso filho mais do que a minha própria vida. Se eu pudesse, dormiria e acordava ao lado de você. O que eu estou dizendo é que será sacrificante demais pra você viajar mais de uma hora de carro, com um bebê tão pequeno.

- Gee, nós dois teremos que fazer sacrifícios. Nós dois teremos a nossa parcela de trabalho pesado. Passar horas no carro com o nosso bebê vai ser tão difícil pra mim, quanto será pra você não estar perto dele 24 horas por dia. Se a gente quiser fazer dar certo, precisamos nos comprometer, ceder e fazer sacrifícios.

- Eu sei, e concordo com você. Eu só gostaria que isso fosse um pouco mais simples pra você.

- Não se preocupe comigo. Nesse ponto, eu terei parido uma criança de aproximadamente 4kg, algumas horas de carro não serão um problema. - ele diz, e Gerard ri, puxando-o para mais perto e dando-lhe um beijo apaixonado.

- Você é o homem mais incrível que eu já conheci em toda a minha vida, Frank Iero.

- Você também não tão ruim. - Frank sorri, passando a mão livre pelos cabelos do senador. - Então o que você acha de procurarmos móveis pra cá também?

- Acho ótimo! - com um sorriso no rosto, Gerard traz Frank para mais junto dele. Acomodados no sofá, os dois procuram por móveis para decorar o quartinho que o bebê terá no Refúgio.

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Após uma noite tranquila, Gerard e Frank acordaram no sábado bem cedo e foram à feira dos produtores locais, com produtos exclusivamente orgânicos. Bem afastados da cidade, em um local basicamente rural, os dois podem se dar ao luxo de agir como um casal, sem se preocupar em serem reconhecidos, então eles percorrem toda a feira de mãos dadas, trocam beijos e abraços e enchem seu bebê de carinho. Frank, inclusive, recebem muitas dicas de pais e mães sobre como manter-se saudável durante a gestação e alguns cuidados com o recém-nascido. De volta ao Refúgio, os dois preparam uma deliciosa refeição e dedicaram o resto do sábado à preguiça, acomodando-se no sofá e maratonando suas séries preferidas.

No domingo, o ritual matinal sofreu uma leve mudança para melhor. Após um café da manhã reforçado, o casal partiu em uma caminhada pelos arredores da região. Seguindo a recomendação médica, Gerard equipou-se de bastante líquidos e lanches leves, que foram consumidos durante a uma hora de passeio. Os dois voltaram pra casa um pouco antes do almoço. Já de banho tomado e satisfeitos com a refeição, o casal tirou uma soneca no lounge do deck, com o lago Silverlake como pano de fundo.

Já é final da tarde, quando o carro de Jason estaciona na entrada do Refúgio. Animado, Frank vai até a porta esperar JJ e seu namorado. A jovem corre em direção ao amigo e lhe dá um forte abraço.

- Eu já estava com saudades de você. - ela diz.

- Eu também. Nem parece que a gente mora na mesma casa.

- São esses homens que ficam tirando a gente de perto um do outro. - ela diz, e Frank ri.

- Acho que eles estão secretamente com ciúmes do nosso amor.

- Que eles não nos escutem, mas você é o único homem pra mim, Iero.

- Acredite, você também é a única mulher pra mim. - ele pisca, arrancando uma gargalhada da amiga.

- Falando em homem, cadê o seu? - ela pergunta, enquanto Jason se aproxima.

- Lá no deck, cuidando da churrasqueira. Como vai, Jason?

- Muito bem, obrigado! E você, como se sente?

- Me sinto ótimo. Eu e o bebê estamos ótimos.

- Maravilha, é isso que eu gosto de ouvir.

- Bem, mas vamos entrar. O Gerard está doido pra mostrar seus dotes de churrasqueiro pra vocês. - ele diz, conduzindo o casal para dentro de casa.

No deck, Gerard comanda a churrasqueira. Duas peças generosas de Ribeye Angus grelham ao lado de uma variedade de legumes. Na mesa armada de frente para o lago há pães, saladas frias, purê de batata e um molho preparado por Frank, através de uma receita exclusiva de Christine. O senador recebe JJ e Jason com calorosos abraços. JJ e Frank seguem para a mesa, enquanto Jason cuida das bebidas que ele e JJ trouxeram. Assim que Gerard serve a comida, e Jason deixa cada um munido de sua bebida, os dois casais começam a refeição.

- Jesus, Gerard! Isso está maravilhoso. - diz JJ, após provar o primeiro pedaço de carne.

- Eu estava louco pra estrear a churrasqueira, desde que compramos a casa.

- Você é um churrasqueiro de mão cheia. - elogia Jason.

- Meu avô por parte de mãe gostava muito de churrasco. Quando eu era pequeno, ele me deixava ser seu assistente sempre que fazíamos churrasco em casa. Infelizmente não fizemos mais depois que ele e a minha avó faleceram. - ele diz, dando um leve sorriso melancólico, mas logo virando sua atenção para Frank. - Seus legumes estão bons, meu amor?

- Estão deliciosos, amor. Obrigado!

- A receita do molho da sua mãe é um absurdo. Ela devia comercializar. - diz Gerard, comendo sua carne com o molho de Christine.

- Nós cansamos de falar isso pra ela, mas não adianta. Ela diz que é coisa de família. - diz JJ.

- Olha, garanto que ela ficaria milionária. É o melhor molho de churrasco que eu já comi. - diz Jason.

- Ainda bem que nós nos exercitamos hoje, porque esse churrasco vai pesar depois. - diz Gerard.

- O que vocês fizeram? - pergunta JJ.

- Nós fizemos uma caminha pelas trilhas da floresta. Andamos cerca de três quilômetros hoje. - diz Frank.

- Você caminharam? Não acredito! Gerard, você merece uma medalha. Eu nunca vi o Frank caminhar em toda a minha vida. - diz JJ.

- Ei! Eu caminhava sim.

- Ir até a padaria e voltar à pé não é caminhar.

- É ótimo que você esteja se exercitando, Frank. Como você se sentiu depois?

- Um pouco cansado, mas acho que é natural. Mas fora isso, eu me senti ótimo. Nós seguimos um ritmo leve, não fizemos nenhuma subida. O Gerard levou bebidas e lanches leves, então nós parávamos a cada 20 minutos, pra beber e comer alguma coisa.

- Excelente. É muito importante que gestantes se mantenham em movimentos com exercícios leves. E especialmente no seu caso, é uma ótima saída para manter seu coração trabalhando constantemente.

- Então nós podemos continuar com as caminhadas? - pergunta Gerard.

- Claro! Desde que não seja nada de alto impacto, que ele se mantenha hidratado e alimentado, pra fazer o metabolismo funcionar, e que não haja nenhum sintoma desagradável, como cãibras, cólicas ou sangramentos, é altamente recomendado que ele continue se exercitando.

- Maravilha! Vamos fazer disso um hábito, então, príncipe. - diz Gerard, dando um beijo na têmpora de Frank.

- Vamos sim! E quem sabe, depois que o bebê nascer, a gente não arrisque uma corrida ou escalada?

- Eu costumava escalar há uns anos atrás. - diz Jason.

- Jura?

- Sim! Eu sempre gostei de estar em contato com a natureza.

- Vocês podiam vir passar um final de semana aqui. Nós acordamos de manhã cedo e vamos caminhar, os quatro juntos. - diz Gerard.

- Deus me livre! - exclama JJ. - Não me leve a mal, Gerard, eu adoro você, mas seus hábitos matinais são perturbadores.

- Por quê? O que ele faz? - pergunta Jason.

- Ele acorda de manhã. - responde Frank, fazendo Gerard e Jason rirem.

- Não, eu acordo de manhã. O Gerard é um zumbi, uma coruja, sei lá.

- JJ, onze da manhã não é exatamente manhã. - diz Frank.

- É um horário normal e aceitável pra se acordar. Não cinco da manhã. Isso é noite ainda! - ela diz, e outra rodada de risadas enche o ambiente.

- Tudo bem, nós podemos ir um pouco mais tarde, se você quiser. - diz Gerard.

- Obrigada! Mas de qualquer maneira, eu só posso pensar nisso daqui três semanas.

- Ah, sua palestra é daqui 15 dias, não é? - diz Frank.

- Isso!

- E já está tudo pronto? - pergunta Gerard.

- Basicamente. Faltam só alguns detalhes, mas quem está cuidando dessa parte é a direção da galeria. Espero que vocês possam ir.

- Se não tiver nenhuma emergência, eu estarei lá, na primeira fila. - diz Jason, dando um beijo nos lábios de JJ.

- Gerard não pode, é aniversário do pai dele no mesmo dia. Mas eu estarei lá, com certeza.

- Acho bom mesmo.

- Eu queria muito poder escapar de mais uma das festas entediantes do meu pai. A única coisa que ele sabe fazer é ostentar e se vangloriar pela conquistas do passado. Mas, infelizmente, eu não posso desviar dessa bala. - diz Gerard, com um suspiro resignado.

- Não tem problema. Nós comemoramos quando você voltar da Califórnia.  - diz JJ, sorrindo.

- Então está combinado! - ele diz, erguendo sua cerveja. - Ao sucesso da palestra da JJ!

- Ao sucesso da palestra da JJ! - Frank ergue seu chá gelado, enquanto Jason ergue sua cerveja.

- Obrigada, pessoa! Espero que seja um sucesso mesmo.

- Será, sem sombra de dúvidas! - diz Frank.

E num clima leve e divertido, os dois casais seguem a noite, fechando o final de semana com chave de ouro.

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As duas semanas seguintes passaram num piscar de olhos. Frank chegou à 22ª semana de gestação se sentindo mais disposto do que nunca. O rapaz ficou ligeiramente frustrado na última consulta, por não conseguir descobrir o sexo do bebê, mas, em compensação, recebeu a ótima notícia de que seu bebê está se desenvolvendo perfeitamente. Jason também afirmou que o rapaz deve começar a sentir movimentos externos em breve, já que o bebê está adquirindo cada vez mais força nos membros.

Outra boa notícia é o fato da pressão de Frank parecer ter se estabilizado em 14x09. Apesar do número o manter dentro da categoria de portador de pré-eclâmpsia, a estabilidade evita que a condição evolua para uma pré-eclâmpsia grave, o que poderia colocar não só Frank, como o bebê em risco também. Então Frank e Jason contaram o fato como uma vitória.

Frank também tem ganhado peso da forma correta, somando apenas seis quilos a mais até agora. Com 22 semanas de gestação, o bebê está medindo cerca de 28 cm, pesando em torno de 400g, e já possui sobrancelhas, cílios e unhas formadas. A barriga de Frank já está bem mais visível agora, mas ainda pode se camuflar por baixo de seu terno. No entanto, o rapaz está chegando a um ponto onde será bem difícil esconder sua condição.

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A sexta feira chega e Gerard tem apenas o período da manhã para adiantar seus compromissos, antes de precisar embarcar rumo à Califórnia. Um final de semana inteiro com Bethany e Thomas não é algo que Gerard anseia. Reunido com June, Adam e Frank, o senador delega funções e confirma os compromissos para o início da semana que vem.

Após mais de uma hora de reunião, June e Adam são dispensados, restando apenas Frank na sala do senador. Frank aproveita o momento de privacidade para desabotoar o paletó e dar espaço para sua barriga se sentir livre. De pé, ele leva uma mão à lombar, enquanto a outra esfrega círculos sobre seu ventre. Gerard observa com um sorriso no rosto.

- Você tá bem? - ele pergunta, quando vê Frank fazer uma careta de leve.

- Sim, só estava precisando me esticar um pouco. Tá ficando cada vez mais difícil deixar a barriga comprimida no paletó.

- Você não precisa fazer isso. Na verdade, você não devia fazer isso. Nosso filho precisa de espaço pra crescer.

- Eu não tenho muitas opções, Gerard.

- Tem sim. Nós podemos contar pra June e pro Adam. - diz o senador, pra espanto do RP.

- O que? Contar sobre nós? Sobre o bebê?

- Sim. Você sabe que está chegando um ponto que o paletó fechado não vai fazer muita diferença, não é?

- Eu sei, mas não tenho certeza se contar sobre a gente é a melhor saída.

- Amor, a June é minha secretária pessoal há anos. Ela conhece absolutamente tudo sobre mim, então é quase certeza de que ela já sabe sobre nós dois. E o Adam... bem, ele foi indicado por um amigo seu, então ele deve ser de confiança, certo?

- Bem, sim, acho que sim.

- Então está decidido. Além do mais, eu preciso ter pares de olhos extras, quando não estiver por perto. Vai ser bom saber que sempre terá alguém pra cuidar de você, quando eu precisar sair ou coisa parecida. - ele diz, se aproximando e pousando a mão sobre a barriga do rapaz.

- Você está falando sério? Você quer mesmo contar pra eles?

- Estou falando mais do que sério. Segunda feira, a primeira coisa que faremos, quando chegarmos aqui, será uma reunião para contar sobre nós para a June e o Adam. - ele diz, e planta um beijo na testa de Frank. - Vai dar tudo certo, meu amor, não se preocupe. - ele diz, e Frank respira fundo.

- Tá bom! Se você acha, eu confio em você. - ele diz, dando um beijo nos lábio do senador. - Quanto tempo você ainda tem, antes de precisar ir pro aeroporto? - ele pergunta e Gerard confere o relógio.

- Uma hora.

- Será que a gente pode aproveitar essa horinha, já que não vamos nos ver durante o fim de semana?

- Eu não esperava passar essa hora de outra maneira. - ele diz, sorrindo, e então tomando Frank em seus braços e beijando-o de forma apaixonada.

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Á 13:30h Gerard chega ao setor de embarque privado do Aeroporto Ronald Reagan. Conforme o combinado, o jatinho particular se encontra no hangar, apenas aguardando a chegada do senador. Após cumprimentar a tripulação, Gerard embarca no jatinho. Seu humor, que até agora estava ótimo, muda drasticamente ao encontrar Bethany esperando por ele, já acomodada em seu lugar.

- Olá, querido! - ela diz, com seu característico sorriso falso no rosto.

- Olá, Bethany. Como vai? - ele pergunta, se esforçando para ser educado, enquanto toma seu assento na fileira oposta a da esposa.

- Vou muito bem, querido. Obrigada por perguntar. Tenho preenchido meus dias da melhor maneira possível, como você deve saber, o Cole é um excelente assessor pessoal.

- Espero que sim, afinal, foi pra isso que ele foi designado para o cargo. - Gerard responde o deboche de Bethany no mesmo tom.

- E você, meu bem? Como está? Seu querido amante tem saciado suas perversões sexuais?

- Bethany, vamos nos fazer um favor e manter o nível no mínimo aceitável durante esse final de semana. Eu estou gostando dessa viagem tanto quanto você, então por que não tentamos ser, ao menos, civilizados pelos próximos três dias? Tornar essa experiência o menor desagradável possível.

- Você está enganado, docinho. Eu pretendo aproveitar esse final de semana ao máximo. Você sabe o quando eu adoro a sua família, e o quanto eles me adoram. Especialmente o seu pai. - ela diz, e Gerard solta um sorriso irônico.

- Os iguais se reconhecem.

- Exatamente, querido. Então, eu sugiro que você se esforce para ser um marido exemplar nesse final de semana. Afinal, não queremos aborrecer o seu pai, justamente no aniversário dele, queremos? - ela diz.

Gerard sente o estômago embrulhar. Fechando a cara, ele prende o cinto de segurança e volta sua atenção para o celular, enquanto Bethany solicita uma taça de champagne para a comissária de bordo. Poucos minutos o avião levanta voo. Será um longo final de semana.

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Como sempre, na ausência de Gerard, quem responde pelo gabinete é Frank, mas, felizmente, quase todo trabalho pendente é burocrático. Então Frank se tranca em sua sala e mergulha no mar de papelada que precisa ser revisada.

Após a partida de Gerard, Frank se sentiu um pouco melancólico. Nesse quase um ano de relacionamento, foram raríssimas as vezes que os dois passaram o final de semana separados, e esse número caiu pra zero assim que Gerard soube sobre a gravidez de Frank. E mesmo quando isso acontecia, eles sempre arrumavam uma maneira de se falarem. No entanto, com Gerard forçadamente envolvido nas comemorações do aniversário do pai, ainda por cima com Bethany em sua cola, ficará bem difícil para os dois se falarem.

Após uma breve pausa para o almoço, Frank voltou para suas obrigações. Um pouco depois das 14h, o rapaz começou a sentir um mal estar incômodo. Uma sensação de ardência no estômago, acompanhado de uma falta de concentração atípica. Frank atribuiu a indisposição ao almoço e não deu muito importância. Porém, por volta das 16h o mal estar ainda não havia passado e já não era mais possível culpar a refeição. Frank ainda insistiu e tentou ao máximo se concentrar no trabalho, mas a sensação de queimação no estômago e a vista embaçada pareciam determinados em atrapalhar seus planos.

Recostando-se na cadeira, Frank levou uma das mãos à barriga.

- Você está bem aí dentro, bebê? Espero que sim, porque o papai não está se sentindo muito bem no momento. Acho melhor a gente encurtar o dia e ir pra casa, não é mesmo? O que você acha, baixinho? - ele pergunta, sorrindo para a barriga. - Bem, vamos pra casa. Melhor não arriscar, não é mesmo? Depois seu pai fica sabendo e eu acabo levando uma bronca.

Frank, então, se levanta de sua mesa, guarda parte da papelada em sua pasta, com o intuito de trabalhar de casa, deixa sua sala e segue até a mesa de June.

- Oi, Sr. Iero, posso ajudar em alguma coisa? - pergunta a secretária de Gerard.

- June, eu não estou me sentindo muito bem, então vou encerrar o dia mais cedo.

- Oh, eu sinto muito, Sr. Iero. Tem algo que eu possa fazer?

- Você pode anotar os recados e me passar no final de dia, antes de ir embora?

- Claro, sem problema nenhum.

- Ah, e peça para o Adam atualizar as redes sociais e preparar as postagens que serão disparadas durante o fim de semana, por gentileza?

- Sim, eu pedirei.

- A minha sala está trancada, pois a papelada dos compromissos da semana ficaram lá. Mas se você precisar de alguma coisa, só usar sua chave reserva.

- Tudo bem.

- Então é isso. Eu vou indo. Qualquer coisa, por favor, me ligue.

- Eu ligarei. Melhoras, Sr. Iero. Até segunda.

- Até segunda, June. Um bom final de semana pra você.

- Obrigada. Pro senhor também. - ela diz, com um sorriso. Frank, então segue para o estacionamento.

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O caminho até em casa levou o triplo do tempo costumeiro. Com a vista ligeiramente embaçada, Frank precisou ter o dobro de cuidado no trânsito, reduzindo a velocidade e se mantendo o mais longe possível dos outros carros. Mas, felizmente, o rapaz chegou em casa sem nenhum contratempo.

Assim que entrou em casa, a primeira coisa que Frank fez foi seguir para o banheiro, onde tomou um longo e relaxante banho de banheira. O rapaz passou uns bons 20 minutos massageando a barriga e torcendo para a sensação de ardência em seu estômago passar. Quando a água da banheira começou a esfriar, Frank abriu o ralo e tomou uma última chuveirada, antes de sair e seguir para seu quarto.

Vestindo uma calça de flanela e uma camiseta preta, com estampa do Metallica, Frank seguiu para a cozinha, onde comeu uma pequena tigela de iogurte com um pouco de frutas e mel e tomou um copo de suco de melancia. Saciado, ele se acomodou no sofá, ligou a televisão e se enterrou sobre a coberta.

Um pouco depois das 19h, a porta da frente se abre, revelando uma JJ exausta. A moça se surpreende ao chegar na sala e encontrar o amigo.

- Ué, o que você tá fazendo aqui há essa hora? - ela pergunta, colocando a mochila e uma pilha de livros de arte em cima de uma poltrona.

- Eu saí mais cedo. Não estava me sentindo muito bem. - ele diz, deixando a amiga imediatamente preocupada.

- O que você tem? Qual o problema? - ela pergunta, sentando-se ao lado dele.

- Eu não sei direito. Estou com uma sensação de ardência no estômago desde cedo, minha vista está meio embaçada e eu não consigo me concentrar em nada.

- Você acha que tem algo errado com o bebê? - ela pergunta, colocando a mão sobre a barriga do rapaz.

- Eu acho que não. Não é cólica o que eu estou sentindo, nem dor. E eu chequei no banho, não estou sangrando. É só uma sensação estranha mesmo. Como uma azia bem forte.

- Não acha melhor irmos pro hospital? Eu posso ligar pro Jason, se você quiser.

- Não precisa, vai ficar tudo bem. Acho que essa viagem do Gerard tá mexendo demais comigo. É a primeira vez que ele passa o fim de semana todo fora, desde que a gente descobriu a gravidez. Deve ser ansiedade da minha parte.

- Eu imagino como deve ser difícil pra você ficar longe dele agora. E o quanto deve estar sendo difícil pra ele também.

- Pois é! Estar longe já é complicado. Estar longe e com a Bethany e o pai no mesmo ambiente, é pior ainda.

- Coitado. Só espero que ele esteja se sentindo melhor que você.

- Eu também espero.

- Você não acha melhor ligar pra ele? De repente pode te fazer sentir melhor.

- Eu não sei. O Gerard tem um sexto sentindo quando se trata de mim e do bebê. É capaz dele notar que eu não tô muito bem e acabar surtando. Eu não quero deixá-lo preocupado.

- Eu entendo. Você tem certeza que não quer ir ao médico?

- Certeza absoluta. Eu só preciso descansar. Daqui a pouco passa.

- Tá bom, mas se você se sentir pior, pelo amor de Deus, me avisa. Combinado?

- Combinado. - ele sorri, recebendo um beijo no topo da cabeça. - Então, está tudo pronto pra amanhã?

- Tudo pronto, graças a Deus! Acabei de voltar da galeria.

- Que horas começa a palestra?

- A primeira parte começa ás 13h, mas eu preciso chegar lá 10h da manhã, pra fazer a uma checagem.

- Eu vi hoje no site que os ingressos esgotaram. Vai ser um sucesso total.

- Pois é, a Rachel me falou isso hoje. Eu quase caí pra trás. Ela disse que está pensando em me tornar palestrante residente, para dar palestras assim, pelo menos, duas vezes por mês.

- Nossa, que fantástico!

- Eu vou pensar com calma nessa ideia. Meu foco agora é na palestra de amanhã. Dependendo de como for, eu aceito a proposta.

- Você está certa, uma coisa de cada vez.

- Bem, já que nós dois vamos ficar em casa hoje, o que você acha de vermos um filme?

- Eu topo. Qual?

- Eu estava afim de ver Blade Runner.

- Fechado!

- Então eu vou tomar uma ducha, fazer uma pipoca e começamos o filme.

- Eu posso fazer a pipoca. - ele diz, ameaçando levantar, mas JJ o impede.

- Nada disso. O senhor fica aí, quietinho. Eu vou tomar um banho rápido e já volto. Nada de levantar do sofá, tá me ouvindo?

- Sim, senhora. - ele diz, sorrindo. JJ, então, se levanta, pega sua mochila e seus livros e parte para o andar de cima da casa.

Sozinho na sala, Frank sente o estômago arder novamente. Ele coloca as duas mãos na barriga.

- Nós estamos bem, não é, filho? Isso é só saudade do seu pai, não? - ele sussurra, esfregando a barriga com as duas mãos. - Nós estamos bem. Nós vamos ficar bem.

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Felizmente o voo até a Califórnia foi bem tranquilo. Minutos após a decolagem, Bethany se distraiu com o próprio celular e se manteve entretida durante todo o trajeto. Durante as cinco horas de voo, Gerard não parou de pensar em Frank um só minuto. Essa é a primeira vez que os dois passarão um final de semana completo afastados desde que Gerard descobriu sobre a gravidez, e isso está deixando seus níveis de ansiedade nas alturas. Se ficar distante de Frank era difícil antes, agora é algo que praticamente lhe causa dor física.

Ele não consegue evitar pensar no que seu amado está fazendo agora, em como o bebê está se comportando, em como eles estão se sentindo, se Frank vai seguir todas as recomendações médicas nesse período. Um frio lhe percorre a espinha e ele sente seu coração apertar. Ele sabe que é um medo irracional, mas ele não consegue evitar. Ele criou uma ilusão de que Frank e o bebê sempre estarão protegidos, desde que ele esteja por perto. Não faz o menor sentido, mas Gerard gosta de pensar assim, pois isso o faz se sentir melhor, lhe dá uma pequena sensação de segurança.

Ás 18:50h o piloto avisa que estão prontos para aterrissar no Aeroporto LAX, em Los Angeles. Como de praxe, há um carro aguardando por eles no setor de embarque e desembarque privativo. Apesar dos pesares, Gerard nunca deixou o cavalheirismo de lado, então ele oferece a mão à Bethany na descida da aeronave, e a ajuda a entrar na SUV. Assim que o motorista guarda a bagagem, o carro segue viagem em direção à mansão de Thomas Way.

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Já passa das 19:30h, quando a SUV estaciona na entrada da mansão dos Way. Como sempre, apesar do clima agradável em Pasadena, Gerard sente-se extremamente desconfortável ao descer do carro e seguir até a entrada da casa do pai. Não é nem preciso tocar a campainha, pois logo a porta se abra, revelando uma Courtney sorridente, ao lado da governanta Gemma.

- Ai, finalmente vocês chegaram! Eu já estava ansiosa. - diz a mulher, cumprimentando Bethany com dois beijos simples e um rápido abraço, enquanto Gerard cumprimenta a governanta.

- Olá, Courtney! Como vai?

- Estou bem, querida! E você?

- Estou ótima, como sempre.

- Fizeram uma boa viagem?

- O voo foi esplêndido.

- Ah, que bom! Bethany, seus pais estão lá no jardim, junto com o Thomas. Estávamos só aguardando vocês para servir o jantar.

- Maravilha! Com licença, eu vou cumprimentar meu sogro e meus pais. - diz a jovem, seguindo em direção ao jardim. Sozinhos, Gerard e Courtney trocam um longo e caloroso abraço,

- Court, você será um bálsamo durante esse fim de semana. - ele diz, dando um beijo na testa da madrasta.

- Eu digo o mesmo sobre você, querido. Os pais da Bethany chegaram não tem nem uma hora e eu já estava enlouquecendo.

- Eles são mesmo farinha do mesmo saco.

- Juntando com seu pai, então. - ela diz, suspirando. - Pelo menos você está aqui, e nós nos faremos companhia um ao outro nesses dias.

- Graças a Deus! - ele sorri, dando o braço para a madrasta e seguindo para o jardim.

Chegando na parte externa da mansão, Gerard e Courtney encontram Bethany cumprimentando Thomas e os pais de forma calorosa. Assim que avistam o genro, os pais de Bethany o recepcionam com um grande sorriso.

- Aí está ele, nosso futuro presidente! - diz Phillip Carlton, seguindo para cumprimentar Gerard.

- Como vai, Phillip? - Gerard aperta a mão do sogro.

- Muito bem, Gerard, muito bem. Eu tenho acompanhado seus números nas simulações para a candidatura de 2024, e estou muito satisfeito com o que tenho visto.

- As pesquisas estão muito boas mesmo, mas no momento, meu foco é a reeleição ao senado. - ele diz, e segue para cumprimentar a sogra. - É um prazer vê-la, Barbara.

- O prazer é meu, querido.

- Eu não sei por que você não deixa o senado pra lá e investe logo na sua candidatura pra 2020. - diz Phillip.

- Porque ele sempre teve essa cabeça pequena, essa falta de ambição. Gerard entrou na política pra ajudar os pobres e desamparados, ele quer ser o novo Robin Hood. - debocha Thomas.

- Eu sempre achei que cuidar dos necessitados fosse a função de um líder mundial. Talvez seja o senhor que tenha entendido errado as demandas do cargo.

- Bem, eu tenho 65 anos e vivo confortavelmente em uma mansão construída por gerações de políticos. Enquanto eu jogo golfe todas as manhãs, você intercala seus dias entre trabalhos burocráticos e visitas a centros comunitários. Adivinha qual de nós dois venceu na vida?

- A resposta pode surpreendê-lo, pai. - diz Gerard, criando um clima de tensão entre os dois.

- Thomas, eu lhe garanto que o Gerard está subindo os degraus em direção ao topo. - diz Bethany, para aliviar o clima. - Apesar de eu também achar que ele se dedica demais àquele Congresso, meu marido sabe o que está fazendo. Ele é um homem muito sábio e sabe qual é o objetivo final dessa empreitada. - ela diz, abraçando e plantando um beijo no rosto do marido. Gerard força um sorriso na direção da esposa.

- Sorte sua ter uma mulher tão leal ao seu lado. Definitivamente você estaria perdido sem ela. - diz Thomas.

- Esses dois foram mesmo feitos um pro outro. - diz Barbara.

- Eu concordo com você, mãe. Eu não sei o que seria da minha vida sem meu marido, e tenho certeza de que ele não sabe o que seria da dele sem mim. Nós somos uma equipe perfeita. - ela diz, segurando o queixo do marido e forçando-o a beijá-la. Vendo o desconforto do enteado, Courtney resolve mudar o foco da conversa.

- Bem, já que Gerard e Bethany já chegaram, eu vou pedir para servirem o jantar, okay?

- Maravilha! Estou morrendo de fome. - diz Thomas, esfregando as mãos.

- Gerard, querido, você pode me acompanhar? Eu separei um material que gostaria de te mostrar, antes do jantar.

- Claro! - ele diz, feliz por se livrar das mãos de Bethany.

- Ah, Courtney agora está metida com essa coisa de caridade. Acho que é um costume das mulheres entediada. Faz com que se sintam uteis. - diz Thomas, fazendo o rosto de Gerard esquentar. Courtney puxa o enteado pelo braço, antes que ele consiga responder.

Os dois entram em casa, enquanto o grupo dá prosseguimento na conversa repleta de comentários preconceituosos e ofensivos. Courtney intercepta um dos empregados da casa e pede que o jantar seja servido, e pede que ela e Gerard sejam chamados, assim que a mesa estiver posta. Enquanto o rapaz segue para a cozinha, Courtney e Gerard seguem para o escritório. A mulher abre passagem para o enteado e fecha a porta atrás de si.

Exasperado, Gerard corre as mãos pelos cabelos, enquanto senta em uma das cadeiras do cômodo.

- Eu realmente não sei como você suporta o meu pai, Court. Ele é desrespeitoso, grosseiro, machista. Isso é porque estamos aqui, eu nem consigo imaginar como deve ser quando você está sozinha com ele.

- Acredite ou não, mas seu pai pode ser bem carinhoso quando quer.

- O problema é que ele nunca quer. Court, você não precisa ficar ligada a ele se não quiser. Eu sei que você aguentou muita coisa por minha causa, quando eu era pequeno e precisava muito da sua presença. Mas você não precisa mais fazer isso. Eu posso te ajuda, se você quiser. - ele diz, e ela se aproxima do enteado, tomando seu rosto entre as mãos.

- Meu bem, eu agradeço muito a sua preocupação, mas eu estou bem. Eu não vou negar que seu pai é um homem bem difícil de se conviver, mas eu realmente o amo. Não é tão ruim quanto parece. Você não precisa se preocupar comigo.

- Eu sempre vou me preocupar com você. Eu te amo, você é como uma mãe pra mim.

- Oh, meu querido. Eu te amo também, mesmo não tendo saído de mim, você é meu filho de coração. - ela diz, dando um beijo na testa do rapaz. - E é por isso que eu quero saber daquele lindo rapaz que está guardando seu coração em Washington. O nome dele é Frank, não é? - ela pergunta, fazendo Gerard abrir um sorriso do tamanho do mundo.

- É sim.

- Eu sabia. No momento em que coloquei os olhos nele, no dia que você sofreu o atentado, eu sabia que ele estava apaixonado por você. E que você estava irremediavelmente apaixonado por ele.

- Acho que a palavra é essa mesmo. Eu sou completa e irremediavelmente apaixonado por ele. Ele é o amor da minha vida. - ele diz, com um ar apaixonado, que faz Courtney sorrir.

- E como vocês dois estão? Da ultima vez que nos falamos, foi bem rápido, e você disse que vocês continuavam firmes e fortes.

- Graças a Deus! Eu não consigo mais ver a minha vida sem ele. Estar aqui, hoje, está sendo uma tortura. Ficar longe dele é uma tortura. Especialmente agora. - ele diz, deixando a madrasta intrigada.

- O que quer dizer? - ela pergunta, e Gerard sorri, travesso.

- Eu preciso te contar uma coisa. Eu devia ter contado antes, mas não conseguimos nos encontrar à sós nesses últimos meses, e também não dava pra ser por telefone.

- O que é? Me conte logo. - ela pede, ansiosa, o que faz o sorriso de Gerard aumentar ainda mais.

- Eu vou ser pai.

- O que?

- Frank está grávido. Nós vamos ter um bebê. - ele diz, e Courtney explode em um mix de surpresa e felicidade.

- Oh, meu Deus! Você está falando sério?

- Seríssimo.

- Minha nossa, Gerard! Oh, meu querido, parabéns! Que notícia maravilhosa! - ela abraça o enteado, felicitando-o. - Quanto tempo?

- 22 semanas.

- E você escondeu isso de mim esse tempo todo? Eu não acredito!

- Me desculpe, mas não era uma notícia que eu poderia dar de qualquer jeito.

- Claro! Claro! Eu te entendo. Oh, querido, eu estou tão feliz por vocês. Como vocês estão? Como o Frank está?

- Os médicos consideram a gravidez do Frank de risco, devido a problemas de saúde que ele enfrenta há bastante tempo, mas no geral ele está bem. Ele tem sido um guerreiro nesse processo, seguindo as recomendações médicas à risca e cuidando muito bem do nosso filhote. Nós estamos muito felizes.

- E vocês já sabem se é menino ou menina?

- Ainda não. Aparentemente nosso bebê é tímido e ainda não se revelou. Mas não estamos com pressa. Nosso foco é na saúde dele, e na saúde do Frank também.

- E o que vocês pretendem fazer em relação à situação de vocês?

- Nós ainda estamos trabalhando nisso. Não vai ser fácil, mas nós vamos dar um jeito.

- Claro que vão. Vocês se amam, é isso que importa. - ela diz. A conversa dos dois é interrompida por batidas na porta.

- Com licença, Sra. Way. - diz a governanta. - O jantar já está servido.

- Muito obrigada, Gemma. Nós já estamos indo. - ela diz, e se vira para Gerard. - Vem, vamos jantar. Depois abrimos uma garrafa de champagne. Seu pai vai achar que é pra ele, mas será nossa pequena comemoração particular. - ela diz, dando uma piscadela para o enteado.

- Nosso segredo. - ele retribui com um sorriso, enquanto segue a madrasta em direção à sala de jantar.

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Frank foi dormir na sexta feira, com a esperança de que o sábado seria melhor. Mas não foi o que aconteceu. Por volta dás 9:45h da manhã, o rapaz abriu os olhos e se deparou com uma terrível dor de cabeça. Sua nuca e a região atrás dos olhos latejavam de forma tão agressiva, que Frank sentiu o estômago embrulhar e precisou correr até o banheiro, onde esvaziou o estômago do pouco que havia comido na noite anterior.

Reconhecendo os sintomas, o rapaz logo lançou mão de sua bolsa de medicamentos. Sua primeira ação foi aferir a pressão. Não houve surpresa quando o resultado deu 15x10. Preocupado, o rapaz se apressou em tomar seus remédios. Ainda bastante desorientado pela dor de cabeça e com a vista bastante embaçada, Frank desceu as escadas com bastante cuidado e seguiu até a cozinha, onde tomou seus remédios, acompanhado de dois grandes copos de água.

Seu mal estar era tanto, que ele chamou por JJ algumas vezes, sem sucesso. Foi somente quando sua visão começou a clarear, que ele viu o bilhete da moça colado na geladeira.

"Bom dia, Frankie!

Saí de casa mais cedo, para não correr risco de me atrasar. Seu lugar está reservado na primeira fileira. Vou ficar te esperando. Me deseje sorte!

Beijos, te amo! JJ."

Frank respira, resignado. Hoje é o dia da palestra de JJ. Ele não poderia escolher pior hora para um mal estar. Sem muito o que poder fazer, Frank resolveu dar uma chance para seus remédios fazerem efeito. Pegando uma garrafinha de água, ele segue para a sala de estar, onde se acomoda no espaçoso e confortável sofá, se cobre com uma colcha e, depois de alguns minutos, acaba pegando no sono novamente.

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Pouco mais de duas horas depois, Frank é acordado por uma dor aguda do lado direito de seu abdômen. Assustado, ele retira a colcha rapidamente, esperando encontrar sangue entre suas pernas, mas para seu alívio, não há nenhum sinal de hemorragia, no entanto a dor continua forte, o que significa que seu bebê está correndo risco. Ele não pode mais esperar, é preciso ir para o hospital.

Alcançando seu celular na mesa de centro, ele tenta o celular de JJ, mas a ligação cai direto na caixa postal. Ele olha a hora na tela do celular, são quase 13h. JJ já deve estar se preparando para começar a palestra. Frank, então, resolve ligar para Jason. Com sorte, o médico estará próximo da namorada. O celular chama quatro vezes e uma voz feminina surge no outro lado da linha.

- Celular do Dr. Martin.

- Alô? Quem está falando? Eu preciso falar com o Jason. É urgente!

- Aqui é a Enfermeira Morris, o Dr. Martin não pode atender agora. Quem está falando?

- Meu nome é Frank Iero, eu sou paciente do Dr. Martin. Eu estou com 22 semanas de gravidez, tenho histórico de hipertensão e acordei ainda pouco sentindo uma dor muito forte na barriga. Por favor, eu preciso falar com Jason! Eu estou com medo que tenha algo errado com o meu bebê. - diz Frank, em pânico, prestes a chorar.

- Certo, querido, eu preciso que se acalme um pouco, tá bom? Respire fundo. - pede a enfermeira. - Você pode me dizer se está sangrando?

- Não, eu não estou sangrando.

- Ótimo! Isso é muito bom. Agora a dor que você está sentindo é constante ou vem com intervalos?

- É constante.

- Certo. Frank, continue respirando fundo pra mim, okay? - ela pede. - Você consegue me dizer a localização da dor? É na barriga toda, no baixo ventre, nas laterais? - ela pergunta e Frank precisa de alguns segundos para localizar o foco da dor.

- É do lado direito.

- Tudo bem. Você está sentindo mais algum sintoma?

- Eu estou com dor de cabeça e minha vista está um pouco embaçada. Por favor, o que está acontecendo? Eu estou perdendo o meu neném?

- Certo, querido, eu preciso que me escute. Primeiro, você precisa se acalmar. Seu bebê precisa que você se acalme. Continue respirando fundo, tá bom?

- Tá bom. - ele diz, inspirando e expirando algumas vezes.

- Muito bem. O Dr. Martin está no meio de um parto no momento, então eu vou te pedir que  venha para o hospital, assim nós podemos dar uma olhada em você.

- Okay. Okay. - Frank tenta manter a calma. - Qual hospital?

- Sibley Memorial. Assim que você chegar, peça para me chamarem, diga que é paciente do Dr. Martin e que falou comigo pelo telefone, tá bom?

- Enfermeira Morris, certo?

- Isso mesmo, querido. Mantenha a calma, vai ficar tudo bem. Venha, eu estou aguardando.

- Estou indo. - ele diz, com a voz trêmula. - Obrigado.

- De nada. Você precisa que eu fique com você na linha?

- Não, eu preciso desligar. Eu preciso ligar para a minha amiga, ela pode me levar para o hospital.

- Ótimo! Venha em segurança. Até já.

- Até já. - ele diz, encerrando a ligação. Imediatamente, Frank tenta o celular de JJ novamente. E mais uma vez, a ligação cai direto na caixa postal.

Desesperado, Frank pensa em ligar para Gerard, mas a ideia logo é deixada de lado. Gerard está do outro lado do país, há cinco horas de distância. Ligar pra ele agora seria crueldade, só serviria para deixar o senador em pânico. No entanto, quando a dor em seu abdômen aumenta, Frank quase perde a razão e aperta o nome de Gerard no visor de seu celular.

Sentindo o medo de perder seu bebê tomar conta, Frank resolve agir. Ele vasculha a agenda de seu celular e clica em um nome.  A ligação é atendida após o segundo toque.

- Frank? - a voz espantada de Brad surge do outro lado da linha.

- Brad, eu preciso de ajuda. - a voz de Frank é urgente.

- O que houve? Você está bem?

- Não, não estou. Eu acordei sentindo uma dor muito forte na barriga. Eu acho que tem algo errado com o bebê. A JJ não está em casa e o Gerard está na Califórnia. Eu preciso ir pro hospital. Tem algo errado com o meu neném. Eu estou apavorado.

- Ei, Frank! Ei, ei, ei, se acalma! Eu estou indo, tá bom? Não se mexa! Eu chego aí em 20 minutos. Fique aonde está. Só se levante quando eu tocar a campainha, combinado?

- Combinado.

- Não se preocupe, vai ficar tudo bem. Eu estou indo. - e com isso, Brad encerra a ligação.

Frank coloca o celular de lado e tenta retomar o controle sobre sua respiração. Ele ergue a camisa e coloca as duas mãos na barriga.

- Aguenta firme, filho. Vai ficar tudo bem. O papai vai cuidar de você, eu prometo. Só preciso que você aguente firme.

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Menos de 20 minutos depois, Frank escuta a campainha tocar insistentemente. Respirando fundo, ele se levanta com cuidado. Ele ensaia os dois primeiros passos, pra ver como seu corpo vai responder. Apesar da dor constante sem sua barriga, nada parece piorar quando ele anda. Então, com as duas mãos segurando a barriga e todo cuidado do mundo, ele segue até a entrada da casa e abre a porta, encontrando um Brad ansioso do outro lado.

- Frank, o que tá acontecendo?

- Eu não sei. - ele diz, com os olhos marejados. - Eu acho que estou perdendo meu bebê.

- Calma, vai ficar tudo bem! Você vai ficar bem.

- Eu preciso ir pro Sibley Memorial, meu médico está lá.

- Eu te levo, não se preocupe. Vem, eu vou te colocar no carro e volta pra pegar suas coisas. - ele diz, conduzindo o rapaz até seu carro.

Brad acomoda Frank no banco do carona e volta correndo para buscar o celular, carteira e um casaco pro rapaz. Voltando apressado, ele entra no carro e dá partida, seguindo rumo ao hospital Sibley Memorial.

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O trajeto até o hospital foi curto, mas para Frank foi o mais longo de sua vida. Suas mãos não deixaram sua barriga nem por um segundo. Seu coração disparado e respiração acelerada também não colaboraram para acalmar o rapaz. Tem algo muito errado com ele e seu bebê, e Gerard não está por perto, o que torna tudo imensamente mais difícil.

Brad estaciona o carro na entrada do hospital e corre para ajudar Frank a descer. Com um braço ao redor do ombro do ex, o advogado conduz o rapaz até a recepção.

- Ei, com licença! Nós precisamos de ajuda aqui! - ele diz, chamando a atenção da enfermeira mais próxima.

-Olá, eu sou a Enfermeira Geller, em que posso ajudar? - ela pergunta, ajudando Brad a levar Frank até a recepção.

- Eu me chamo Frank Iero, sou paciente do Dr. Martin. Eu liguei pro celular dele e falei com a Enfermeira Morris. Eu estou com 22 semanas de gestação, sou hipertenso e acordei sentindo uma dor muito forte na lateral da barriga. O Dr. Martin está fazendo um parto, então a Enfermeira Morris pediu que eu viesse e que chamasse por ela. Por favor, eu preciso de ajuda! - ele diz, já incapaz de segurar suas lágrimas.

- Certo, meu bem, eu vou te levar pra emergência e chamar a Enfermeira Morris. - ela diz, alcançando uma cadeira de rodas. - Eu só preciso que você mantenha a calma, tá bom? Você está em boas mãos, vamos cuidar de você. - ela diz, conduzindo a cadeira de rodas para a emergência. Quando Brad tenta segui-los, ela o impede. - Me desculpe, mas você vai precisar esperar aqui.

- O que? Não! Eu preciso ir com ele. Ele é meu...

- Por que você não preenche a papelada, enquanto cuidamos dele?

- Mas...

- Brad, por favor, continua tentando ligar pra JJ. Eu preciso dela aqui! - ele pede, e Brad segura a mão do ex.

- Pode deixar, Frank! Eu vou preencher sua ficha e ligar pra JJ. Você vai ficar bem, tá me ouvindo? Você vai ficar bem! - ele diz, antes da enfermeira seguir com a cadeira de rodas e Brad se ver obrigado a soltar a mão de Frank.

Vendo Frank sumir pela porta da emergência deixa Brad bastante ansioso. A sensação de que sabia que isso ia acabar acontecendo atormenta seu coração. Ele estava certo. Por culpa de Gerard, Frank acabou no hospital. Seu peito aperta e ele sente que poderia fazer uma besteira se visse o senador pessoalmente. Sacudindo a cabeça, ele afasta o pensamento. Ele segue para a recepção, para preencher a ficha de Frank.

Quando está no meio do formulário, Brad sente o celular de Frank vibra em seu bolso. Ele pesca o aparelho e sente seu sangue esquentar ao ver o nome de Gerard surgir na tela. Ele contempla o visor por alguns segundos, antes de recusar a ligação. Colocando o celular de volta no bolso, Brad continua a preencher a ficha hospitalar de Frank.

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O sábado amanheceu ensolarado em Pasadena. Assim que abriu os olhos, a primeira coisa que Gerard fez foi checar o celular. São 7:15h da manhã, o que significa que são 10:15h da manhã em Washington. Gerard suspira, imaginando se Frank já está acordado, se já tomou café, se já começou o seu dia. Uma pontada de ansiedade o atinge e seu coração se comprime, o que ele associa à distância de seus amores.

Com todo cuidado, ele se levanta da cama, sem acordar Bethany. Outro ponto desagradável de estar na casa do pai. Se em casa, os dois já concordaram em dormir em quartos separados, o mesmo não pode ser seguido aqui. Então, muito contrariado, Gerard dividiu a cama com a esposa.

Pé ante pé, Gerard deixa o quarto, seguindo para o banheiro, onde toma uma bela ducha e faz seu ritual de higiene matinal. Pronto para enfrentar o dia, ele desce as escadas e segue até a cozinha, onde encontra Gemma.

- Bom dia, meu filho. - diz a governanta.

- Bom dia, Gemma.

- Quer um café? Acabei de fazer.

- Eu aceito, obrigado. - ele diz, com um sorriso no rosto. Olhando ao redor, ele nota a movimentação dos funcionários. - Parece que a arrumação começou cedo. - ele comenta.

- Pois é! Você sabe como são essas festas do seu pai. Começam na hora do almoço, e varam a madrugada. - ela diz, e Gerard revira os olhos. Definitivamente ele e o pai têm estilos de vida bem diferentes.

- Quanto mais tempo tiver gente o bajulando, melhor pra ele. - ele diz, recebendo um sorriso empático da governanta.

- Você gostaria do jornal, querido?

- Sim, por favor. - ele diz. A governanta se retira e volta minutos depois, com o jornal da manhã embalado em um saco plástico.

- Tome. Eu vou pedir que preparem seu café da manhã. Onde você gostaria que fosse servido, na sala de jantar ou no jardim?

- Aqui na cozinha está bom, Gemma.

- Tem certeza, meu filho?

- Absoluta. Parece que a cozinha vai ser o lugar mais tranquilo da casa hoje. - ele sorri, recendo um doce sorriso de volta.

Enquanto o café da manhã é preparado, Gerard se entretém com o jornal. Depois de pouco mais de uma hora, com alguma pausas para degustar o farto café da manhã servido, que incluiu torradas, ovos mexidos, frutas e sucos, Gerard terminou a última página do jornal. Dobrando-o de volta à antiga forma, ele o guarda de volta na embalagem.

Deixando a cozinha, o rapaz dá uma breve passada pelo jardim, onde há uma grande movimentação de funcionários da mansão e da equipe contratada para organizar a festa de Thomas. Diversas mesas estão sendo montadas ao longo do espaço externo, junto com uma decoração pra lá de exagerada, com flores, balões e pequenas luzes que serão acessas ao pôr do sol. Olhando para a entrada da casa, ele vê um pequeno caminhão estacionado e um grupo de homens descarregando diversas caixas dos mais variados e caros produtos, incluindo champagne francês, foie gras, salmão defumado, chocolates italianos e mais uma variedade de coisas. Gerard não pode evitar pensar no que o dinheiro gasto nessa festa poderia fazer por qualquer comunidade carente. Ele é retirado de seus pensamentos pela chegada de Courtney.

- Bom dia, querido. - ela diz, se aproximando do enteado.

- Bom dia, Court.

- Já está acordado há muito tempo?

- Pouco mais de duas horas. - ele diz, fazendo a madrasta olhar para o relógio. São 9:30h em ponto.

- Nossa, esqueci que você acorda cedo. - ela sorri. - Já tomou café?

- Já sim. Eu me abriguei na cozinha, pra não atrapalhar a produção do evento.

- Ah, nem me fala. Isso tudo é demais, até mesmo pro seu pai. Eu tentei convencê-lo a fazer algo mais discreto, mas ele não me ouviu.

- Ele nunca ouve ninguém.

- Pois é! E agora eu preciso lidar com esse banquete babilônico. - ela diz, respirando resignada.

- Só se comemora 65 anos uma vez. - a voz de Bethany chama a atenção da dupla. Olhando pra trás, Gerard e Courtney observam a mulher se aproximar. - E o Thomas merece ser festejado. - ela diz, entrando entre os dois e forçando um beijo no marido. - Bom dia, meu amor.

- Bom dia. - Gerard se limita a dizer, com uma postura estoica.

- Bom dia, Courtney.

- Bom dia, Bethany.

- Nossa, está ficando tudo lindo. - diz Bethany, olhando ao redor. - Tem algo em que eu possa ajudar?

- Na verdade, tem sim! - diz Courtney, sabendo que, enquanto Bethany estiver ocupada, Gerard terá momentos de paz. - Eu preciso confirmar os colunistas sociais que vão cobrir a festa, enquanto eu faço isso, você poderia supervisionar a decoração e garantir que tudo esteja perfeito?

- Claro! Eu só vou tomar um café e já venho cuidar de tudo.

- Muito obrigada, querida. - diz Courtney, vendo Bethany seguir para a sala de jantar, onde o café da manhã foi oficialmente servido.

- Obrigado. - diz Gerard, com um leve sorriso no rosto.

- De nada. Aproveite essas poucas horas com sabedoria.

- Pode deixar.

- Eu vou tomar café também, e depois sigo para os meus afazeres.

- Court, você acha que meu pai vai acordar agora?

- Do jeito que ele foi dormir bêbado ontem, ele só deve acordar daqui umas duas horas, bem em cima do horário da festa.

- Maravilha! Então eu vou usar o escritório para ver uns e-mails de trabalho.

- Fique à vontade, meu bem! - ela diz, dando um beijo no rosto do enteado e seguindo para se juntar à Bethany no café da manhã.

Refugiado na paz e segurança do escritório de seu pai, Gerard liga o computador e acessa seus e-mails. Mensagens do Senador Beckett sobre reuniões durante a semana com a cúpula do Partido Democrata, a agenda de compromissos dos próximos 15 dias e um clipping com tudo que saiu na imprensa sobre seu trabalho, enviado por Adam, deixam Gerard entretido por pouco mais de quarenta minutos.

Assim que desliga o computador, Gerard olha para o relógio de parede. São 10:27h. Sabendo que são quase 13:30h em Washington, Gerard saca seu celular e liga para Frank. Por mais que ele saiba que é arriscado ligar para o rapaz em território tão hostil, ele não se aguenta de saudades de seu amor. Com o telefone no ouvido, Gerard ouve a ligação completar e chamar algumas vezes, antes de cair. Intrigado, Gerard franze o cenho. É muito incomum que Frank não atenda o telefone. Mas antes de permitir que sua mente tome conclusões precipitadas, Gerard se lembra que hoje é a palestra de JJ, e Frank provavelmente silenciou o celular durante a apresentação da amiga.

Sabendo que o amado irá retornar assim que visualizar a ligação perdida, Gerard respira fundo e toma coragem para deixar seu esconderijo. O dia será longo.

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Rapidamente as roupas de Frank foram substituídas por uma camisola hospitalar. Dois eletrodos foram posicionados em seu peito, registrando seu batimento cardíaco, um medidor de pressão preso em seu bíceps, oxímetro em seu dedo indicador e uma faixa elástica com monitor fetal atado ao redor de sua barriga. O rapaz cobre o rosto com a mão esquerda, enquanto a Enfermeira Geller coloca um acesso venoso em sua mão direita. Os bipes intercalados dos monitores cardíaco e fetal só servem para deixá-lo mais nervoso.

Frank só descobre o rosto quando sente uma mão apertar delicadamente seu ombro. Olhando para o lado, ele se depara com uma enfermeira de meia idade, com um sorriso acolhedor no rosto.

- Frank? - ela pergunta.

- Sim. - ele responde, com a voz trêmula.

- Oi, querido, eu sou a Enfermeira Morris, nós nos falamos por telefone. Como está se sentindo?

- Está doendo. - ele diz, segurando a barriga com a mão que antes lhe cobria o rosto. - Eu estou com medo.

- Eu sei que está com medo, mas agora você está em boas mãos. Nós vamos cuidar de você, tá bom? - ela diz, e Frank só consegue balançar a cabeça. - Eu já falei com o Dr. Martin. Ele está terminando o parto e logo estará aqui. Enquanto isso, eu vou te examinar, okay? - ela diz, e ele balança a cabeça novamente.

A enfermeira acaricia os cabelos do rapaz e então se afasta do leito para verificar os dados dos monitores ligados a Frank. Ele observa atentamente, enquanto a mulher confere a leitura do monitor fetal. Vestindo um par de luvas estéreis, a mulher se posiciona no pé do leito.

- Querido, você pode dobrar os joelhos e abrir as pernas pra mim? Vou fazer um exame rápido. - ela pede e Frank obedece. Ele fixa o olhar no teto, enquanto a mulher explora sua entrada. - Muito bem! Frank, me escute, você não está sofrendo um aborto. Você não está perdendo o seu bebê. Seu bebê está bem. - ela diz, atraindo a atenção do rapaz.

- Verdade? Meu bebê está bem? Você tem certeza?

- Certeza absoluta! Você não está tendo contrações e seu colo do útero está bem fechado. Está vendo essa linha aqui? - ela pergunta, apontando para o risco traçado no papel que o monitor cardíaco está imprimindo. - Esse é o coração do seu bebê. Está forte e constante. O bebê não está em sofrimento.

- Oh, graças a Deus! - ele suspira, soltando o ar que nem sabia que estava prendendo. Lágrima rolam por seu rosto sem que ele perceba. - Então que dor é essa que eu tô sentindo?

- O Dr. Martin já vai cuidar disso, não se preocupe. No momento eu vou te dar um remédio para abaixar um pouco a sua pressão, que está muito alta. Eu preciso que você relaxe, quanto mais relaxado, melhor você vai se sentir.

- Okay. - ele respira fundo, tentando se acalmar. - Okay.

- Tem alguém que eu possa chamar pra você?

- Já tem alguém cuidando disso, obrigado.

- Ótimo! Agora tente relaxar. Continue respirando fundo. Você vai ficar bem. - ela diz, com um sorriso reconfortante, enquanto medica o rapaz.

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Brad anda de um lado para outro na sala de espera há mais de uma hora. Nenhum médico ou enfermeira parou para lhe dar qualquer informação sobre Frank, o que está deixando seus nervos à flor da pele. E para completar, Gerard ligou mais três vezes nesse meio tempo. Todas as ligações foram ignoradas sem hesitar. "Se não fosse por ele, Frank não estaria no hospital nesse momento." É o pensamento que passa pela cabeça de Brad.

O telefone toca novamente e o advogado saca o aparelho, pronto para rejeitar a chamada, mas se surpreende ao ver o nome de JJ surgir na tela. Ele olha para o visor do celular por alguns segundos, seu dedo paira por cima do botão vermelho, mas antes que consiga rejeitar a chamada, seu dedo desliza pelo botão verde e ele leva o aparelho até o ouvido.

- Onde você se meteu? A primeira parte da palestra acabou, as luzes se acenderam e eu vi sua cadeira vazia! Onde é que você está? Você vem pra segunda parte da palestra? - a voz ansiosa, e ligeiramente irritada de JJ surge do outro lado da linha. - Frank? Alô, Frank? Você tá aí? - ela chama, e só então Brad percebe que continua em silêncio.

- Julia, sou eu, Brad. - ele diz, e há uma pausa do outro lado da linha. Segundos depois, JJ se pronuncia de novo.

- Onde ele está? - a voz, antes agitada, foi substituída por uma calma de gelar a espinha.

- Hospital Sibley Memorial.

- Estou indo. - e com isso, a ligação se encerra.

Sentindo-se ansioso demais, Brad vai até a recepção da emergência em busca de notícias.

- Com licença, eu me chamo Brad Redford, eu trouxe meu... Frank Iero pra cá há mais de uma hora. Ele está grávido e estava com muita dor, você sabe me dizer o que está acontecendo? Ele está bem?

- Acredito que o Dr. Martin está indo vê-lo nesse momento. Assim que o tivermos mais informações, eu peço pra alguém vir avisá-lo. - diz a enfermeira, saindo apressada em outra direção.

Frustrado, Brad volta para a sala de espera e deixa o corpo cair em uma das cadeiras. Ele enterra o rosto nas mãos e tenta se acalmar, mas é interrompido pelo toque do celular de Frank. Sacando o aparelho, ele vê o nome de Gerard surgir na tela novamente. Sentindo o corpo tencionar, ele pondera por alguns segundos, mas então respira fundo e desliza o botão verde, levando o celular até o ouvido.

- Alô.


Notas Finais


(Fugindo para as montanhas)

O próximo capítulo já está em andamento, não vai demorar. Juro por Deus!!!

BEIJOSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS


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