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História House Of Wolves - Armadilha


Escrita por: WantedKilljoy21

Notas do Autor


Eu só queria ganhar na Mega Sena e viver de escrever. É pedir muito???? :/

Ai, gente, que vida corrida, viu? Cansa!!! Mas finalmente hoje é sexta e eu posso respirar um pouco, assistir Netflix e vir aqui, encontrar vocês!!! \o/

Bem, vou postar logo e lá embaixo a gente conversa!!

Beijos e boa leitura!!!

Capítulo 22 - Armadilha


Fanfic / Fanfiction House Of Wolves - Armadilha

Domingo à noite, Bethany e Cole estão deitados na cama do apartamento do rapaz. Bethany está recostada na cabeceira da cama, no meio de sua terceira taça de vinho, enquanto Cole está deitado na transversal, acariciando as pernas nuas da mulher. Mas Bethany não parece se importar com o carinho. Seu pensamento está longe.

- Ei! - ele chama. - Eu estou tentando uma coisa aqui. - ele diz, reclamando da falta de atenção da amante.

- Sim, está tentando me irritar! Você não tá vendo que eu tô sem cabeça pra sexo agora? Eu tenho problemas muito mais sérios no momento.

- Bethany, você tentou separar os dois, não deu certo. Supere!

- Que não ia dar certo, eu sabia. O Gerard está apaixonado demais por esse idiota do Iero, ainda por cima agora, com a gravidez. Eu sabia que não ia durar, eu só não sabia que ia ser tão rápido.

- Você estava mesmo disposta a contar pro velho Way?

- Claro que não! Por mais que eu adorasse ver aquela vagabunda da Courtney na sarjeta de onde ela nunca deveria ter saído, não ia me ajudar em nada. O Thomas é tão estúpido, que faria um escândalo, daria uma surra no Gerard, ameaçaria o Iero de morte, o que forçaria o Gerard a sair do armário só pra proteger o amante e o filho, ou seja, só ia me prejudicar.

- E agora, o que você vai fazer?

- O que eu disse antes. Eu vou separar os dois, mas dessa vez pra valer, pelo elo mais fraco.

- Você vai pra cima do Iero.

- E ele vai quebrar como um graveto seco. - ela diz, dando um gole de seu vinho.

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Gerard está andando pelo Refúgio em busca de Frank, mas sem sucesso. Ele já olhou todo o andar de baixo, e nada. O pátio está vazio, assim como o deck e a entrada da casa. Gerard sobe as escadas e vai direto para a suíte master. A cama está intacta e sem sinal de Frank no banheiro. Os quartos de hóspedes estão vazios. O escritório também. O coração de Gerard começa a acelerar. Do corredor, ele gira no eixo, tentando encontrar uma pista do paradeiro de seu amor. Até que um feixe de luz, no final do corredor, chama sua atenção. Ele apressa o passo, abre a porta e respira aliviado.

O amplo quarto está vazio desde que a casa foi comprada. Eles nunca se decidiram sobre o que fazer com o cômodo. Apesar de amplo, a estrutura do quarto é simples, assim como o resto da casa, com exceção da enorme janela com vista para o lago. E é recostado no adorno da janela que Gerard encontra Frank, perdido em seus pensamentos. O rapaz está com um ombro apoiado na moldura da janela, com os dois braços abraçando a barriga, e os olhos fixos no lago iluminado pela luz da lua cheia.

Aproximando-se devagar, Gerard envolve Frank em seus braços e planta um beijo em seu pescoço.

- Eu estava te procurando. O que você está fazendo aqui, sozinho?

- Pensando.

- Posso saber em quê?

- Eu acho que o quarto do bebê deveria ser aqui, nesse quarto. - ele diz, pegando Gerard de surpresa. Essa é a primeira vez que eles falam sobre o quarto que o bebê terá no Refúgio.

- Você está falando sério?

- Claro! Escuta, eu sei que é longe do nosso quarto. O ideal seria se fosse ao lado. Mas ele tem um ótimo tamanho, nós podemos colocar uma cama de solteiro aqui, para as noites mais complicadas, em que um de nós precise ficar de prontidão. E pra completar, olha essa vista! O berço do bebê tem que ficar próximo a essa janela. Ele precisa crescer vendo o lago, a floresta, a lua. - diz Frank, empolgado. - E você não precisa se preocupar, nós podemos colocar um sistema de segurança pra monitorar o bebê, já que o quarto não será tão... - o raciocínio do rapaz é interrompido por um beijo apaixonado.

- É perfeito! - diz Gerard, separando seus lábios, aos do rapaz.

- Jura?

- Juro! Não consigo ver nosso bebê crescendo com uma vista melhor. E o quarto nem é tão longe. Eu tenho sono leve, isso não será um problema pra mim.

- Então está decido? O quarto do nosso bebê vai ser aqui?

- Vai ser aqui!

- Ótimo, porque eu já estava pensando que podíamos fazer uma decoração mais cottage aqui, algo com cara de casa de fazenda. Uns móveis mais neutros e rústicos, cores pasteis, tecidos naturais, um mosqueteiro alto de voil de algodão. - as ideias de Frank só fazem o sorriso de Gerard aumentar ainda mais. - O que você acha?

- Acho que vai ser o quarto de bebê mais lindo que eu já vi na vida. - ele diz, beijando o rapaz, e colocando a mão sobre sua barriga. - O que você acha, bebê? Você gosta do seu quarto? - ele pergunta, recebendo um forte chute na palma da mão como resposta.

- Ai! - exclama Frank, esfregando a barriga. - Definitivamente isso foi um "com certeza" ou um "absolutamente não"! Não teve meio termo.

- Te machucou?

- Os chutes estão ficando mais forte, isso é certo. - apesar da careta, ele sorri. - Conta pro papai, amor, você gostou ou não gostou? - Frank pergunta, com a mão na barriga. Dessa vez o chute é mais leve. - Isso foi um sim? Você gostou?

- Definitivamente um sim. - diz Gerard, ainda com a mão na barriga do rapaz.

- Então temos o seu quartinho, meu amor! É aqui que você vai passar metade do tempo. Eu, você e o papai, no nosso paraíso particular.

- E eu te prometo que você vai adorar! - diz Gerard, envolvendo Frank com um dos braços. Ele beija o topo da cabeça do rapaz, enquanto os dois apreciam o lago iluminado pela luz da lua.

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Bethany acorda com um bom humor incomum na segunda feita. Sua primeira ação do dia é acordar Cole de uma forma bem prazerosa e inesperada. Os dois amantes se esbaldam no sexo por horas, até o rapaz estar totalmente sem fôlego. Satisfeita, Bethany salta da cama e segue para o banho. Cole precisa de uns bons dez minutos, antes de seguir a amante no chuveiro.

Enquanto Bethany se arruma, Cole prepara um café da manhã, para repor as energias. Quando a mulher chega na sala, ela se senta na pequena mesa e se serve de suco de laranja e algumas frutas, sem ao menos reclamar da qualidade dos alimentos, algo costumeiro de sua parte. Enquanto ela come, Cole a observa.

- Você está de bom humor hoje. - ele comenta.

- Você é muito observador, meu bem. - apesar do deboche, ela sorri.

- O que você está planejando?

- Você vai ver. - ela diz, sacando seu celular e discando para o celular de Chelsea Beckett, a esposa do Senador Beckett. Ela espera alguns toques, até a mulher atender.

- Alô!

- Chelsea? Oi, querida, aqui é Bethany Way, tudo bem?

- Bethany! Ah, que surpresa maravilhosa! Eu não te vejo há semanas, desde o Brunch das Senhoras no Country Clube.

- É verdade! Eu pensei nisso hoje e nem pude acreditar. É um absurdo, estou com saudades de você.

- E eu de você, querida! Como você está?

- Magnífica, e você?

- Estou ótima também.

- Que bom saber. Mas bem, vamos ao que interessa. Eu te liguei para convidar você e o James para jantarem lá em casa na sexta. Eu sei que estou ligando bem antes, mas com a agenda do Gerard cheia, eu preciso me adiantar. Você me entende, não é?

- Claro, com o James é a mesma coisa. Hoje mesmo, ele tem uma reunião com o Gerard e mais alguns membros do partido durante toda a tarde, e só me avisou agora de manhã. Ainda bem que eu não marquei nada.

- Ah, ele e o Gerard têm uma reunião hoje? - ela pergunta, com um sorriso maligno no rosto.

- Pois é! Até a candidatura oficial do Gerard, os dias serão sempre assim. Uma reunião atrás de reunião.

- Verdade! Bem, então façamos assim, que horas você acha que o James estará livre?

- Ah, difícil dizer. A reunião começa ás 13h e deve seguir até o final da tarde. Acho que só conseguirei falar com ele pela noite.

- Não tem problema. Assim que você falar com ele, me ligue avisando se vocês poderão vir, combinado?

- Combinadíssimo! Vamos matar a saudade, enquanto os rapazes falam sobre política, pra variar.

- Pois é! Mal posso esperar. Fico aguardando a sua ligação, querida. Um beijão! - ela diz, encerrando a ligação e olhando para Cole com um sorriso de vitória no rosto.

- Então o Gerard tem reunião a tarde toda. O que isso significa pra você?

- Significa que o cordeirinho estará desprotegido. - ele diz, dando mais um gole em seu suco de laranja.

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Frank ouve um som bem ao longe. Um som que penetra seu sono e, lentamente, o traz de volta à realidade. Antes mesmo de abrir os olhos, ele sente a mão de Gerard em sua barriga e os leves movimentos de seu bebê sob sua pele. Abrindo apenas um nos olhos, ele vê Gerard deitado de lado, com a cabeça apoiada no cotovelo e com a mão espalmada sobre o ventre do rapaz. Gerard sorri e sussurra baixinho, e só então Frank entende que ele está falando com o bebê.

- Eu sei que você está me ouvindo, então eu tenho uma proposta pra fazer. Você pode me dizer se você é um menino ou uma menina e eu prometo que não conto pro seu pai. É simples: se você foi um menino, você dá um chute. Se você foi uma menininha, é só ficar paradinha. Como recompensa, eu trago comida chinesa pro seu pai a semana toda. O que você me diz? Esse vai ser o nosso segredo! - ele diz, com a boca próxima à barriga do rapaz. Frank não se contém.

- Você está tentando subornar o nosso bebê ainda na barriga? Isso não é uma atitude muito honesta de um político.

- Não é suborno. Eu estava tentando conseguir um acordo. Mas você interrompeu as nossas negociações.

- Me desculpe, amor. - Frank sorri, recebendo um beijo.

- Não tem problema. Nós não estávamos chegando a lugar nenhum mesmo. - Gerard ri.

- Bem, por mais que eu queira passar o dia com meus dois amores na cama, nós temos um dia cheio pela frente. Você está preso com o pessoal do partido a tarde toda e eu tenho uma montanha de propostas pra analisar. Acho que mal conseguiremos nos ver hoje.

- Ou seja, vai ser um dia de merda.

- Mas amanhã seus trabalhos são burocráticos e você vai ficar preso comigo o dia todo.

- Meu tipo favorito de dia. - ele diz, esticando o corpo, até alcançar os lábios do rapaz.

- Bem, vamos agitar as coisas, que hoje o dia vai ser longo. - diz Frank, saindo da cama com uma certa ajuda de Gerard.

De ótimo humor, o casal se banha, toma o café da manhã e se despede com um beijo, antes de seguirem em carros separados em direção ao Capitólio.

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Rotineiramente, como acontece todas as manhãs, a equipe de Gerard se reúne para passar a agenda e os compromissos da semana. Após pouco mais de meia hora, tudo estava conferido e cada um deles estava com sua tarefa delegada.

No início da manhã, por sugestão de Adam, Gerard fez uma transmissão ao vivo pelo Facebook, para responder algumas perguntas dos internautas. A transmissão fez mais sucesso do que o esperado, e o que era pra ser um pequeno evento de 25 minutos, se tornou um debate que ultrapassou uma hora. Frank ficou mais do que satisfeito com os resultados. Ao todo, a transmissão recebeu mais de 46 mil curtidas e foi assistida por cerca de 128 mil pessoas. Juntos, Adam e Frank, decidiram que, pelo menos uma vez por semana, Gerard irá fazer algum tipo de contato via rede social, para se aproximar cada vez mais de seu público.

O sucesso da transmissão só comprometeu os horários planejados da equipe, que ao invés de tirarem uma hora de almoço, precisaram comer uma refeição encomendada por June dentro do gabinete mesmo.

Entre uma garfada e outra, e especialmente para afastar a mente da reunião maçante a qual será confinado em alguns minutos, Gerard começa um conversa trivial.

- Adam, nós quase nunca tivemos tempo para conversar sobre algo sem ser trabalho.

- É verdade, senador.

- Então me fale um pouco mais sobre você.

- Ah, não tenho muito o que falar. Pra dizer a verdade, eu sou um cara bem entediante. Minha rotina se limita de casa pro trabalho, do trabalho pra casa, e nos finais de semana, eu intercalo a casa dos meus pais, dos meus sogros e os parques próximos de casa. Nada de emocionante.

- Bem, você tem dois filhos pequenos. Acho difícil uma vida com duas crianças ser entediante. - diz Frank.

- É, isso é verdade. Especialmente com a de cinco. Essa vai me deixar com os cabelos brancos super cedo. - ele diz, e Gerard sorri.

- Ela é arteira?

- Ela é uma força da natureza. Completamente indomável. Não me entendam mal, ela é muito boa, educada, obedece a gente, mas olha... - ele suspira. - É você tirar os olhos dela um minuto, e ela está escalando algum móvel, pulando de uma cama pra outra, descendo as escadas dentro do cesto de roupa suja.

- Você tá brincando! - Frank se espanta.

- Quem me dera! Outro dia ela resolveu que já era grande demais pra ter rodinhas na bicicleta. Minha esposa e eu entramos em um debate, mas acabamos cedendo e tiramos as rodinhas. Eu juro por Deus, eu nunca vi ninguém acelerar uma bicicleta tão rápido. Parecia que ela estava numa moto. E obviamente que na primeira curva, ela perdeu o equilíbrio e se esborrachou no chão.

- Ah, meu Deus! E aí? - pergunta Gerard.

- Minha esposa estava com o nosso pequeno no colo, então eu corri pra socorrê-la e ver o estrago. Ela estava com todos os equipamentos de segurança no lugar, felizmente, mas a queda foi feia. E vocês acham que ela chorou? Quando eu cheguei perto, ela virou pra mim e disse: "Papai, você é meu ajudante! Rápido, me ajuda a montar na bicicleta, eu não posso perder o meu recorde.". - ele diz, fazendo os três caírem na gargalhada.

- Ela é radical. Uma aventureira. - diz Gerard.

- Ela é mesmo!

- E o pequenininho? Jensen, não é? - pergunta Frank.

- Ele é um anjinho. Está sempre sorrindo, vai no colo de todo mundo. Ele é obsecado pela irmã. Quando a Emily chega da escola, ele grita até ela chegar perto dele, e então cai na gargalhada. Ele é o nosso macaquinho, sempre no colo, sempre agarrado na gente. - ele conta, super babão.

Gerard e Frank trocam um olhar cheio de carinho. Como será que o bebê deles será? Destemido e desbravador ou manhoso e agarradinho com os pais. Eles mal podem esperar para descobrir. O bate papo é interrompido por June, que entra na sala com sua agenda na mão.

- Com licença, senhores! Senador, sua reunião começa em 15 minutos. E Sr. Carter, o Presidente do Partido gostaria de um relatório sobre as ações do Senador Way nas mídias sociais. Acho que dependendo do número, ele deve querer implementar para outros senadores.

- Tudo bem, eu preciso de umas duas horas pra preparar uma apresentação.

- E Sr. Iero, a bancada democrata já enviou as propostas de leis para avaliação. Estão na sua mesa.

- Quantas são? - pergunta Gerard.

- Bastante, senhor. Acho que ultrapassam 50.

- Isso não é certo! Você deveria diminuir a carga de trabalho, não aumentar.

- Gerard, meu trabalho vai ser ficar sentado e ler, só isso. Não se preocupe. Eu dou conta. - ele diz.

- Eu posso ajudar, se o senhor quiser. - oferece June.

- Obrigado, June, mas não precisa. Eu não vou terminar tudo hoje, vou ler os projetos até você terminar a reunião. Algo para me manter entretido.

- Tudo bem! Só não abuse.

- Pode deixar. Boa reunião pra você.

- Boa leitura pra você. - diz Gerard, dando uma piscadela. Frank e Gerard trocam um leve beijo e o trio deixa o gabinete, seguindo cada um para seu devido compromisso.

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Os olhos de Cole vão do trânsito para o espelho retrovisor, onde pode ver Bethany. A mulher exala uma serenidade nunca vista antes, e que deixa o amante um pouco incomodado. Ela contempla a paisagem, com um leve sorriso no rosto, enquanto passeia os dedos pelas pontas dos belos cabelos. Cole fica intrigado.

- Você está agindo de forma estranha? - ele pergunta, fazendo-a olhar para o reflexo do espelho.

- E por que você acha isso?

- Eu sei que você tem um plano. Eu sei que estamos indo pro Capitólio pra você executar esse plano. E eu sei que não vai ser bonito.

- E o que está te incomodando?

- Você está sorrindo. Está agindo como se nada estivesse acontecendo.

- Eu estou sorrindo porque estou feliz.

- Você está planejando quebrar o espírito de alguém.

- E daí?

- Você não se incomoda nem um pouco? Não se preocupa com o cara? Afinal, ele tá grávido.

- Ele é um problema pra mim, não problema meu. Cada um que cuide de suas prioridades.

- Você não vai fazer nada... criminoso, não é? - ele pergunta, receoso, fazendo Bethany rir.

- Você está me perguntando se eu pretendo atirar nele? Eu sou a futura Primeira Dama dos Estados Unidos. Eu não sujo as minhas mãos. Mas se chegarmos a algo tão drástico, é pra isso que eu tenho você. - ela diz, sorrindo para o espelho, enquanto os olhos do homem se arregalam.

- Bethany, eu não...

- Eu só estou brincando, seu idiota. Você deveria melhorar seu humor. - ela diz, voltando sua atenção para a paisagem.

Cole olha de soslaio para a mulher novamente. Ele tenta relaxar, mas não tem certeza de que, de fato, ela estava brincando.

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June está em sua mesa, remexendo-se na cadeira, completamente desconfortável. June é daquelas funcionárias tão dedicadas que, com frequência, se colocam em segundo lugar, para suprir as necessidades de seu chefe. Gerard avisou à secretária que estava esperando uma ligação importante da Comissão de Orçamento, sobre um repasse de verbas para algumas campanhas sociais e que assim que a ligação acontecesse, ele precisaria ser avisado com urgência. Por conta disso, June se recusou a deixa a sua mesa, até mesmo para ir ao banheiro.

Tentando fazer de tudo para se distrair e abstrair sua bexiga cheia, June resolveu passar a limpo toda a agenda de Gerard para as próximas três semanas. O cenho franzido e a cara de concentração da moça não passou desapercebida por uma colega de trabalho, que seguia de volta ao seu posto, mas parou para cumprimentar a secretária.

- Oi, June! - diz Celine, secretária executiva do Senador Ottis, também do partido Democrata.

- Celine, oi! Tudo bem? O que você está fazendo aqui?

- Tudo, e você? O que houve?

- Nada de mais. É que eu estou esperando um telefonema mega importante para o Senador Way.

- E qual o problema?

- O problema é que eu estou morrendo de vontade de ir ao banheiro?

- Então vai, ué!

- Não posso. Essa ligação é muito importante mesmo. Eu preciso avisar ao senador assim que ligarem.

- Ah, eu esqueço que esse lado do Congresso é assim, realmente ocupado. Lá pras bandas do gabinete do Senador Ottis, raramente acontece alguma coisa. Ele faz tudo em modo automático, sem a menor disposição pra nada. Entra e sai com a mesma cara de tédio todos os dias. Agora mesmo, ele tá na reunião do partido e o setor está entregue às moscas. Até o assessor saiu pra lanchar com a namorada.

- Eu não sei por que ele insiste em se recandidatar. Tanta gente aí disposta a trabalhar de verdade, e ele ocupando uma vaga, sem aproveitar.

- Pois é! Eu adoraria trabalhar na equipe do Senador Way. Ele não para nunca, está sempre dando o sangue pelo país, dá orgulho de ter um homem como ele na Casa. Fora que ele é lindo, né? - diz a mulher, se derretendo toda, fazendo florescer em June um instinto de proteção.

- Lindo, mas comprometido e completamente apaixonado.

- Eu sei, eu sei. A Sra. Way é uma mulher de sorte. - diz Celine, fazendo correr um arrepio pela espinha de June. - O problema é esse, todos os homens dessa equipe são comprometidos. O senador é casado, o assessor de imprensa é casado e o Relações Públicas é gay. Ai, quase morri quando soube! Que desperdício!

- Desperdício pra quem, Celine? O Sr. Iero é gay, mas muito bem comprometido. Ou seja, desperdício nenhum.

- Bem, pelo menos desperdício pra mim, que nunca terei chance. - ela diz, e as duas riem. - Aqui, por que você não vai ao banheiro, enquanto eu cubro pra você?

- Eu não sei. Eu preciso esperar essa ligação.

- E se ligar, eu atendo. Eu faço isso dezenas de vezes durante o dia, não vai ser difícil.

- Você tem certeza?

- Absoluta! Vai logo, antes que a sua bexiga exploda.

- Ai, obrigada! Obrigada mesmo, Celine! Eu não demoro, juro.

- Relaxa, vai com calma. - diz a moça, sorrindo, enquanto June corre para o banheiro.

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Chegando ao Capitólio, Bethany manda Cole esperar na garagem, como de costume e segue para o gabinete de Gerard. Assim que a porta do elevador se abre, Bethany entra no corredor, mas para por um segundo, para olhar para a sala de Frank, no entanto, a porta está fechada e as persianas abaixadas. Sem se importar, ela segue em direção ao gabinete do marido, mas estranha encontrar uma moça desconhecida no lugar de June. Algo dentro dela se ilumina e um sorriso brota em seus lábios.

- Boa tarde! - ela diz, no auge de sua simpatia. A moça à sua frente ruboriza na hora.

- Oh, meu Deus! Sra. Way! Olá, em que posso ajudar? - diz a moça, como se estivesse na presença de alguma celebridade.

- Onde está a secretária do meu marido?

- Ela precisou ir ao banheiro, ela não vai demorar. A senhora gostaria de esperá-la.

- Na verdade não. - Bethany pensa que hoje só pode ser seu dia de sorte. - Desculpe a indelicadeza, mas qual o seu nome?

- Celine Reed, eu sou secretária do Senador Ottis. Só estou cobrindo a June por alguns minutos.

- Ótimo, Celine! Bom trabalho. Por um acaso, você saberia me dizer se a reunião do partido já acabou?

- Ainda não. Eu acho que nem tem previsão para acabar.

- E deve estar lotada, né? Os senadores, assessores, RPs, aquela sala deve estar um mar de gente.

- Na verdade, não. Só os senadores compareceram à reunião.

- Nem os assessores e Relações Públicas?

- Nem eles.

- Interessante.

- A senhora gostaria que eu avisasse ao Senador Way que a senhora está aqui?

- Não é necessário, querida. Nós sabemos como essas reuniões podem ser inflamadas. Melhor não perturbá-lo. Mas mesmo assim, obrigada pela atenção. Até mais. - diz Bethany, girando nos calcanhares, sem nem esperar a moça responder.

Caminhando em direção aos elevadores, Bethany para em frente à sala de Frank. Ela olha para os lados rapidamente, para se certificar de que não há ninguém ás vistas. Colocando a mão na maçaneta, ela a gira lentamente e sorri, ao perceber que a sala está destrancada. Então, ela abre a porta e entra. No entanto, ela franze o cenho ao ver a sala vazia e uma montanha de pastas de arquivo sobre a mesa do rapaz. Seria possível que Frank não estivesse em sua sala? Isso acabaria com todo seu plano.

Mas sua pequena frustração dura pouco quando o som de descarga, seguido por um som de água corrente é ouvido pela sala. Poucos segundo depois, a porta do banheiro se abre, revelando um Frank distraído, ainda secando as mãos na toalha de papel. Notando uma presença em sua sala, Frank ergue os olhos e sente seu coração parar ao dar de cara com Bethany. Sorrindo, a mulher fecha a porta atrás de si e dá um passo à frente.

- Olá, Frank!

- Sra. Way... - seu coração dispara e sua voz sai trêmula. - O Senador Way não está, ele está em reunião.

- Eu sei. Eu não vim falar com o Gerard, eu vim falar com você.

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June sai do banheiro arrumando o vestido e o cabelo da melhor maneira, e voltando apressada para sua sala. Com sorte, o Comitê ainda não ligou. Ela retorna para seu posto e encontra a colega.

- Ai, Celine! Muito, muitíssimo obrigada! Você salvou a minha vida. Acho que mais 10 minutos, e eu explodiria.

- Sem problemas. E quando for assim, me liga que eu venho te ajudar. Eu quase não faço nada no meu posto.

- Pode deixar! E aí, alguma novidade? O telefone tocou?

- Não, continuou tudo na santa paz de Deus. Ah, a não ser pela vista da Sra. Way. - ela diz e June gela.

- A Sra. Way esteve aqui? Quando? O que ela queria?

- Ainda há pouco. Ela queria saber se o senador ainda estava em reunião.

- O que você disse?

- Eu disse que sim.

- Ela perguntou mais alguma coisa?

- Perguntou se os assessores e RPs também estavam na reunião, e eu disse que não, que a reunião era só para os senadores.

- Oh, meu Deus! Oh, meu Deus!

- June, qual o problema?

- Celine, eu preciso que você continue aqui pra mim mais um pouco, por favor!

- Tudo bem, mas o que tá acontecendo? Eu disse alguma coisa errada?

- Eu te explico depois. Eu preciso ir! - diz June, correndo.

Ela passa em frente à sala de Frank, que continua com a porta e persianas fechadas. June sabe que se Bethany estiver com Frank, não há nada que ela possa fazer. Apenas uma pessoa pode ajudar nesse momento. Então a moça nem se dá ao luxo de esperar os elevadores. Abrindo a porta da escada de serviço, ela sobe os quatro andares na maior velocidade que seu salto alto permite.

Chegando ao andar da Presidência do Senado, June acelera o passo em direção à sala de reuniões e abre a porta sem nenhuma cerimônia.

- Senador Way! - ela chama, ofegando e com urgência na voz, chamando a atenção de todos os presentes.

- June? - Gerard estranha a presença da secretária.

- Mocinha, nós estamos no meio de uma reunião importante. É bom que haja um motivo muito sério para você nos interromper dessa maneira intempestiva. - diz o Presidente do Senado, mal humorado.

- Há sim! Senador, por favor, venha comigo. - ela pede e Gerard reconhece a apreensão na voz da moça.

- Com licença, senhores! - ele diz, deixando a sala. - June, o que houve?

- A Sra. Way está aqui! Eu não estava na minha mesa, então ela falou com a secretária do Senador Ottis.

- Okay, mas eu não acho que isso seja motivo para tanto alarde.

- Senador, ela perguntou sobre a reunião do partido. Mais precisamente, se os assessores e RPs estavam participando da reunião, e a Celine disse que não. - ela diz, e Gerard entende na hora a gravidade da situação.

- A sala do Frank?

- Estava fechada. Porta e persianas. Eu não entrei pra ver, achei melhor vir chamá-lo.

- Nós precisamos ir. Precisamos ir agora! - ele diz, e assim como June, optando pela escada de serviço para chegar mais rápido.

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Frank e Bethany se encaram por alguns segundos. A presença da mulher causa um efeito quase que imediato no organismo do rapaz. Seu coração dispara e seus pulmões contraem, dificultando sua respiração.

- Sra. Way... - ele começa, mas Bethany o corta;

- E acho que nós podemos deixar as formalidades de lado, afinal, você está trepando com o meu marido, não é? Você ganhou até mesmo um brinde. - ela diz, apontando para a barriga do rapaz, que imediatamente a cobre de forma protetora. 

- Sra. Way, eu realmente acho que nós dois não temos nada a conversar.

- Aí é que você se engana, nós temos muito o que conversar, porque veja bem, eu estava de acordo com as aventuras sexuais do meu marido. Eu não me importava quando ele ia pra cama com os garotos de programa dele. Isso o distraía, relaxava. Era um hobby, por assim dizer. Mas agora, você e eu temos um problema.

- Bem, eu garanto à senhora que a minha gravidez, além de não ser um problema, não lhe diz respeito.

- Você acha que eu não conheço o seu tipo? Você acha que, antes de você, não vieram muitos outros? Que você é o primeiro por quem meu marido se diz apaixonado? - ela diz e, talvez por culpa dos hormônios, Frank sente como se seu peito tivesse sido apunhalado.

- Sra. Way, eu acho melhor a senhora... - ele diz, tentando chegar à porta, mas Bethany se coloca na frente, e Frank não está em condições de enfrentar um embate físico com a mulher.

- O que você achou que fosse acontecer? Que vocês dois ficariam juntos, formariam uma linda família e seriam felizes pra sempre? Que o Gerard abriria mão de 20 anos de sonho e dedicação por alguns meses brincando de casinha? Sejamos honestos, você e o seu filho o manteriam entretido por um, dois anos no máximo, até ele perceber que jogou a vida dele toda fora, e pra quê, pra virar dono de casa e pai de família?

- O Gerard não vai abrir mão de nada. Ele vai manter a vida política dele, o trabalho dele. Ele vai ser o melhor presidente que esse país já viu, e nós vamos sentir muito orgulho dele, mesmo que tenhamos que fazer sacrifícios por isso.

- Ah, isso é tão bonito, Frank! Tão bonito. E tão altruísta da sua parte. Mas me diga, como você pretende explicar para o seu filho por que o pai dele nunca estará por perto? Por que nunca passará o dia dos pais com ele? Ou frequentará as festas da escola? Quando começarem a perguntar quem é o outro pai da criança e por que ele nunca está por perto? Melhor, o que você pretende dizer quando seu filho perguntar por que ele não pode contar pros amiginhos quem o pai dele é? O que você vai dizer, quando seu filho chegar em casa chorando, porque alguma criança disse que ele não tem um pai de verdade ou se tem, não está por perto porque tem vergonha do garoto. Porque a gente sabe o quanto crianças podem ser cruelmente sinceras.  - ela ataca, enquanto Frank começa a sentir seu coração palpitar e sua respiração ficar ofegante.

- É no mínimo curioso uma pessoa como você falar sobre crueldade. Mas Gerard e eu saberemos como criar o nosso filho. Nós falaremos a verdade. Ele saberá da onde veio e saberá quem é o pai dele. Nosso filho terá muito orgulho do pai dele.

- Orgulho? - ela debocha. - Você acha mesmo que seu filho sentirá orgulho? Você sabe que, quando o Gerard for presidente, mais cedo ou mais tarde, nós teremos filhos.

- O Gerard nunca terá filhos com você! - Frank consegue sentir o sangue pulsar em seus ouvidos e a cabeça latejar. Está ficando cada vez mais difícil de respirar.

- Ah, mas ele vai! Faz parte do nosso acordo. Ele nunca te disse? Nós vamos ter filhos. Os filhos da América! Filhos legítimos, que terão o sobrenome do pai. E nós estaremos em todos os lugares com os nossos filhos. E a cada vez que o seu filho ligar a televisão, lá estará o pai dele. Sendo um pai de verdade para os filhos de verdade dele. Correndo pelos jardins da Casa Branca, lendo livros na classe da pré-escola, tirando fotos oficiais nas noites de Natal. Tudo que o seu filho nunca poderá ter.

- Isso... Isso não é verdade! - Frank se exalta, sentindo-se tonto. Sua cabeça parece prestes a explodir, seus pulmões estão cada vez mais comprimidos e seu coração certamente saltará para fora do peito.

- É sim! Admita, aceite! Você e o seu filho bastardo vão viver nas sombras, escondidos do mundo, rejeitados, como dois leprosos! Ele vai esquecer de você e dessa criança, como já se esqueceu dos muitos e muitos michês e garotos de programa com quem ele costumava trepar!  - ela grita, de forma agressiva e venenosa sobre Frank.

Nesse momento, a porta da sala do RP é praticamente arrombada. Assustada, Bethany olha pra trás e vê Gerard avançando sobre ela. Ele a agarra pelo braço e a tira de perto de Frank, enquanto June corre para amparar o jovem gestante.

- O que você pensa que está fazendo aqui? Você passou de todos os limites, Bethany!

- Eu passei dos limites? Se nós estamos nessa situação, se eu estou aqui hoje, é por sua culpa! Você causou isso, seu traidor desgraçado!

- Eu te disse que se você fizesse alguma coisa contra o Frank, eu acabaria com você! Eu te avisei!

- E o que você vai fazer? Me bater? Aqui? Dentro do Congresso? Vá em frente! Eu te desafio!

Enquanto os dois discutem, June ampara Frank, que claramente está passando mal. Apoiado na mesa, ele leva uma mão à cabeça e respira com dificuldade, fazendo um enorme esforço para puxar o ar para dentro dos pulmões. June tenta chamar sua atenção. Ele consegue, de maneira bem desfocada, ver a secretária gesticular na sua frente. Ele também ouve a discussão entre Gerard e Bethany, mas extremamente abafado, como se ele estivesse no fundo do mar. Sua visão está cada vez mais embaçada, ele não consegue respirar, sua cabeça está a ponto de partir ao meio, mas é uma única sensação que o faz entrar em pânico.

Baixando a mão até a barriga, ele sente seu bebê chutar. Mas não os chutes fortes, como nos outros dias. Os chutes que o pegam de surpresa e lhe tiram o ar. O que ele sente é um chute leve, quase imperceptível, mas poderoso o bastante para fazê-lo entrar em absoluto desespero.

Ele ainda vê June gesticulando e falando algo na sua frente, mas seu cérebro não consegue identificar. Isso não é bom. Ele precisa de ajuda, e ajuda urgente. Num esforço sobre humano, Frank segura a gola do vestido de June, chamando sua atenção. Em sua mente, ele explica pra moça tudo que está acontecendo de errado com ele, mas, na verdade, uma única palavra sai da boca do rapaz.

- Hospital... - ele diz, antes de desabar no chão, no limiar entre a consciência e a total escuridão.

- Oh, meu Deus! Senador! Senador! - June grita, enquanto tenta, em vão, amortecer a queda do rapaz.

Olhando para trás, o coração para por alguns segundos. Soltando a esposa, Gerard corre e cai de joelhos ao lado de Frank e o toma em seus braços.

- Frank? Oh, Deus, Frank, fala comigo! Por favor, amor, o que houve? O que você está sentindo? - ele pergunta, desesperado. Os olhos de Frank estão abertos, mas desfocados, ele abre a boca para falar, mas nenhum som é emitido. Então quem toma a palavra é June.

- Ele estava passando mal. Acho que não estava conseguindo respirar, ficava segurando a cabeça, como se estivesse com dor. Eu perguntei várias vezes o que estava acontecendo, mas ele não respondia. Acho que não estava me entendendo. Mas então ele colocou a mão na barriga, sussurrou "hospital" e desabou no chão.

- Frank, você consegue me ouvir? Por favor, amor, me responde! O que está acontecendo? - Gerard implora, com os olhos marejados, trazendo Frank para mais junto de seu corpo.

E por um segundo foi como se as preces do senador tivessem sido ouvidas. Os olhos desfocados e perdidos de Frank ganharam vida novamente e se fixaram diretamente aos olhos de Gerard. O senador chegou a sorrir e respirar aliviado. Mas o alívio durou pouco. No segundo seguinte, os olhos de Frank rolaram para cima, sumindo por baixo das pálpebras entre abertas. Ele puxou o ar com um pouco mais de força e então todo o seu corpo enrijeceu. Gerard assistiu, em pânico, o corpo de Frank vibrar violentamente em uma convulsão incontrolável.

- Não, não, não, não! Oh, meu Deus, não! Frank! Frank! - Gerard grita tentando segurar o corpo de Frank contra o seu com mais força, enquanto o rapaz continua a convulsionar. - Vá buscar ajuda, June. Rápido! Chame uma ambulância, pelo amor de Deus! - ele pede, e a secretária corre para fora da sala, sem notar a presença de Bethany.

Encostada na parede, exatamente onde Gerard a deixou, a mulher assiste horrorizada a cena à sua frente. Cobrindo a boca com a mão, ela fica genuinamente em choque ao ver Frank tendo uma crise convulsiva bem diante de seus olhos. É somente quando Adam e June retornam para a sala, que Bethany se retira, sem ser notada.

- Você precisa colocá-lo no chão, Senador. - diz Adam, tentando tirar Frank dos braços de Gerard, mas o homem segura o amado com mais força.

- Não, eu não posso. Ele precisa de mim. Eu preciso cuidar dele.

- Senador, nós precisamos colocá-lo no chão e tomar algumas precauções para que ele fique em segurança até a ambulância chegar.

- Eu... Eu...

- Gerard! - Adam chama, com mais energia, fazendo o senador se concentrar nele. - Meu irmão é epilético, eu vi crises assim a minha vida toda. Eu sei o que estou fazendo. Por favor, me deixe ajudar. - ele pede e Gerard, enfim, cede.

A primeira coisa que Adam faz é deitar Frank do lado esquerdo. Esticando-se, ele alcança uma almofada do sofá e coloca sob a cabeça do rapaz. Em seguida ele confere as vias respiratórias e se sente satisfeito por ver que Frank não parece sufocar. Ele solta a gravata do RP e pede ajuda de Gerard para abrir alguns botões da camisa.

- June, e a ambulância? - pergunta o assessor.

- Eles chegarão em dois minutos.

- Ótimo! Senador, mantenha a cabeça dele firme sobre a almofada. - ele diz, e Gerard obedece. Aos poucos os tremores começam a perder a potencia, até que, finalmente param por completo, para total alívio de Gerard.

- Graças a Deus! Graças a Deus! - respira Gerard. - Por favor, meu amor, aguenta firme. Eu tô aqui com você. Eu tô aqui, você vai ficar bem! Eu prometo que vocês vão ficar bem.

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Bethany chega à garagem ao mesmo tempo em que a ambulância chega. Cole está fora do carro, olhando a movimentação em volta, quando vê Bethany correr em sua direção.

- Você está bem? - ele pergunta, a julgar pela cara de choque da mulher.

- Sim, mas nós precisamos sair daqui agora. Nesse momento!

- O que diabos aconteceu? - ele pergunta.               

- Sinceramente, eu não faço a menor ideia. - ela diz, entrando no carro.

Cole nem se atreve a tentar conseguir mais informações. Entrando no carro, ele dá partida e deixa o Capitólio cantando pneu.

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Frank é colocado rapidamente em uma maca e transportado para a ambulância. Nenhum paramédico foi capaz de impedir Gerard de acompanhar Frank. Enquanto o rapaz recebia os primeiros cuidados, Gerard ligava para Jason informando do acontecido e acompanhava o atendimento com olhos de águia.

Frank recebeu dois acessos intravenosos e uma máscara de oxigênio. Enquanto um dos paramédicos usou um Doppler portátil, para verificar os batimentos cardíacos do bebê, outro fez perguntas básicas sobre os dados e condições de Frank. Gerard respondeu, mas sua atenção estava no outro paramédico, tentando achar os batimentos cardíacos de seu bebê. Após alguns segundos, que pareceram horas, o profissional conseguiu encontrar os batimentos. Bem mais baixos e lentos do que o normal, mas ainda estavam ali. No entanto isso só serviu para aumentar o pânico de Gerard.

Felizmente a viagem foi curta e logo as portas traseiras da ambulância se abriram, revelando Jason e uma equipe de médicos e enfermeiros.

- Jason, graças a Deus! - Gerard respira aliviado.

- O que houve? - pergunta o médico, retirando a maca da ambulância e correndo com ela para dentro do hospital, com Gerard na sua cola.

- Minha secretária veio correndo me chamar, dizendo que a Bethany estava no prédio. Ela foi atrás do Frank. Quando eu cheguei na sala dele, eles estavam discutindo. Eu intervi, mas foi tarde demais. Ele desmaiou e... - a voz do senador embarga. - Ele teve uma convulsão.

- Quanto tempo?

- O que?

- Quanto tempo durou a convulsão?

- Eu não sei, alguns minutos.

- Mais de cinco? Gerard, essa informação é muito importante. Se a convulsão foi longa, pode ter afetado o cérebro dele irremediavelmente. Então pense, quanto tempo durou?

- Não foram mais de cinco! Não. No máximo dois ou três minutos.

- Ótimo! - ele diz, posicionando a maca de Frank na emergência e voltando a atenção para sua equipe. - Vamos, pessoal, qual o status?

- Homem, 29 anos, 24 semanas e alguns dias de gestação... - começa o paramédico, mas Jason o interrompe.

- 25 semanas amanhã. - ele diz, e olha para o paramédico, permitindo que o homem continue.

- Hipertenso, quadro de pré-eclampsia grave, convulsão induzida por condições pré-existentes, pressão arterial 18x13, batimentos em 125 e subindo, Saturação de oxigênio em 70. Sinais de sofrimento fetal.

- Oh, meu Deus! - Gerard leva a mão à boca e tenta se aproximar, mas é impedido por Jason.

- Gerard, me escuta, eu preciso cuidar do Frank. A situação não está boa. Mas eu preciso ter 100% da minha atenção nisso, então você não pode estar aqui.

- Eu não posso deixá-lo, Jason!

- Eu te prometo que eu vou cuidar dele. Prometo que farei o impossível pra reverter isso. Os médicos dele já foram chamados, ele estará em boas mãos. Agora eu preciso que você vá pra sala de espera e aguarda notícias, okay? Liguei para a JJ, ela precisa estar aqui. Ela precisa estar aqui, Gerard!

- Okay! Okay, eu farei isso. - diz Gerard, enquanto Jason chama uma das enfermeiras. - Cindy, por favor, leve o Sr. Way até a sala privada de espera. Uma jovem chamada Julia Parker chegará em alguns minutos, ela deve ser conduzida imediatamente para a mesma sala.

- Sim, senhor! Vamos, Sr. Way, por favor, me acompanhe.

- Vai, Gerard! Eu preciso trabalhar.

- Cuide deles, Jason! Por favor, cuide deles.

- Eu vou. Agora vai, por favor! - pede Jason, enquanto Gerard é conduzido para a sala privada.

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Sem rumo, Gerard é deixado se guiar pela enfermeira. Ela o leva até uma sala que mais lembra um lounge. Seria aconchegante se não fosse o cheiro de éter e a constante lembrança de que os dois amores de sua vida estão lutando pela vida há poucos metros dali.

Gerard é colocado sentado pela enfermeira, que deixa a sala e retorna pouco tempo depois com um copo d'água. Gerard aceita a bebida e segura o copo com mãos trêmulas. Após terminar o último gole, a enfermeira retira o copo de suas mãos e põe uma mão em seu ombro.

- O senhor gostaria que eu ligasse para alguém? - ela diz, tirando-o do estado de inércia.

- Não, eu ligo. Obrigado.

- Eu estarei no posto da enfermagem. Qualquer coisa, só me chamar. Meu nome é Cindy.

- Obrigado, Cindy. - ele responde. Com um sorriso, a enfermeira deixa a sala.

Passando as duas mãos no rosto, Gerard limpa suas lágrimas e respira fundo. Ele saca o celular e liga para JJ, que atende no terceiro toque.

- Qual foi, Way? - ela pergunta, com sua típica animação. Gerard fecha os olhos e engole seco.

- JJ, aconteceu uma coisa. - por mais que ele tentasse, foi impossível disfarçar o tom fúnebre em sua voz.

- O que foi? Cadê o Frank? O que aconteceu?

- Ele teve uma complicação. Uma convulsão. Nós o trouxemos para o hospital. Jason está com ele no momento.

- Oh, não! Oh, Deus!

- Nós estamos no Sibley, por favor, venha pra cá!

- Eu estou indo! Estou indo agora. - ela diz, encerrando a ligação. Sozinho na sala, só resta a Gerard enterrar a cabeça entre as mãos e iniciar uma prece silenciosa.

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Ele não sabe quanto tempo passou sozinho naquela sala, até sentir uma mão em seu ombro. Olhando pra cima, ele vê JJ. Imediatamente Gerard se levanta de seu lugar e envolve a jovem num abraço apertado e urgente.

- A culpa foi minha! A culpa disso tudo foi minha! - ele diz, entre soluços.

- O que aconteceu?

- Eu estava eu reunião. Eu devia ter levado ele comigo. Eu não devia ter deixado ele sozinho.

- Gerard, você não está falando coisa com coisa. Me explica direito o que aconteceu!

- A Bethany! Ela se aproveitou do fato de eu estar em reunião e encurralou o Frank sozinho. Eles discutiram e ele passou mal.

- Aquela cretina! Eu vou matar aquela vaca. - diz JJ, enfurecida, mas Gerard parece preso em sua dimensão de sofrimento.

- O Jason disse que é grave. Disseram que o bebê está em sofrimento. - ele diz, e desaba em pranto. - Eu não posso perdê-lo, JJ. Eu não posso perder nenhum dos dois.

JJ puxa o senador para um abraço, na tentativa de confortá-lo de lhe passar alguma força, mas ela mesmo está no limite. Ser forte nesse momento é a tarefa mais difícil que ela já realizou.

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Horas se passam. Uma, duas, talvez três. E nenhuma notícia chega. JJ já saiu em busca de café. Gerard já ligou para atualizar June e Adam. Os dois já perderam a conta de quantas voltas já deram dentro da sala. A espera é excruciante.

Mas, enfim, Jason surge na entrada da sala. Seu semblante é pesado e ele parece fisicamente cansado. Não há um sorriso em seu rosto, mas, aparentemente, também não há aquele ar de pesar. Gerard e JJ estão de pé imediatamente. O médico entra na sala e fecha a posta atrás de si. A dupla está pronta para explodir em perguntas, mas ele se aproxima, respira fundo e junta as mãos.

- Primeiramente eu preciso que vocês se sentem e se acalmem.

- Mas... - JJ começa, mas o médico ergue a mão, com uma expressão séria no rosto.

- Eu tenho notícias do Frank, mas nós precisamos conversar. 


Notas Finais


Vou largar essa bomba e sair correndo pro meu bunker!!

Espero que tenham gostado. Se puderem, comentem, me dizendo o que vocês acharam, okay?

Super beijo pra todos!!!!


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