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História House Of Wolves - Acerto de Contas


Escrita por: WantedKilljoy21

Notas do Autor


Oi, amores meus!!!!

Tô de volta com um capítulo fresquinho!!!! Todos com o coração em dia? Todos vivos depois do último capítulo? Bem, vamos lá!!!

Boa leitura pra vocês!! A gente se vê lá embaixo...

Capítulo 23 - Acerto de Contas


Fanfic / Fanfiction House Of Wolves - Acerto de Contas

- Frank e o bebê estão vivos. - diz Jason. JJ se curva, apoiando as mãos no joelho e respira aliviada.

- Ah, graças a Deus! - ela solta um soluço de alívio, uma mistura de lágrimas e risos. Mas Gerard não se mexe. Ele permanece com o olhar fixo em Jason.

- Você disse "vivos", você não disse "bem". - ele diz, com a voz oscilante.

- Não, eu não disse. - diz o médico, deixando os dois em estado de alerta. - Nós estamos em uma zona muito perigosa nesse momento.

- Jason, o que está acontecendo? - pergunta JJ.

- A convulsão fez o quadro do Frank evoluir para eclampsia. Ele chegou aqui com pressão arterial 24x15, batimentos acima de 125 p/m e saturação de oxigênio em 70.

- O que isso significa?

- Bem, primeiro vamos esclarecer os fatos. Com os números nesse nível, o quadro do Frank, nesse momento, é gravíssimo. Não só para ele, quanto para o bebê. Esse aumento anormal da pressão foi, não só, responsável pela convulsão que ele sofreu, como pela sobrecarga no coração e nos rins, e, ao mesmo tempo, fez o nível de oxigenação dele despencar. Nós estamos trabalhando para diminuir esses números, mas nesse momento, não só o Frank, mas como o bebê estão correndo um sério risco de vida. - diz Jason. JJ leva a mão à boa, reprimindo o choro que surge, mas Gerard mantém sua atenção total no médico.

- De que tipo de riscos estamos falando?

- Para o Frank? Estamos falando em infartos, AVC, falência dos rins e mais uma série de complicações médicas. Falando de uma maneira leiga, corpo do Frank está trabalhando cinco vezes mais do que ele pode suportar, e se continuar assim, ele provavelmente irá sobrecarregar e desligar.

- E o bebê? - pergunta Gerard, novamente.

- Com o pai com níveis tão perigosamente altos, é natural que o bebê esteja em sofrimento. Nós estamos fazendo todo o possível para estabilizar o Frank, pois só assim poderemos ter um prognóstico melhor para o bebê. O bebê está apresentando sinais oscilantes, está entrando em um quadro de stress, mas ainda não chegamos a um nível crítico com ele. Ele está sendo monitorado, mas nosso foco principal é o Frank.

- Jason, por favor, me diga a verdade. Ele pode morrer? Os dois podem morrer?

- Não vou mentir pra você, Gerard. Não está sendo fácil trabalhar no Frank nesse momento. Nós estamos tentando todos os nossos recursos. Temos três equipes exclusivamente com ele nesse momento, fora a ajuda dos médicos pessoais dele. Infelizmente a Dra. Meyers está fora do país, mas eu estou em constante contato com ela e estamos trabalhando juntos para fazer isso acontecer, pois é de necessidade vital. Não está sendo fácil, mas nós estamos fazendo tudo que está ao nosso alcance para deixá-lo fora de perigo. Se conseguirmos baixar os níveis dele, conseguiremos reverter o quadro de eclampsia, para alguém portador de pré-eclampsia.

- E se não acontecer? Se vocês não reverterem o quadro? - pergunta Gerard.

- Se não conseguirmos e os níveis do Frank continuarem perigosamente altos, não teremos outra opção a não ser interromper a gestação.

- Oh, meu Deus! - JJ leva as duas mãos à boca.

- Mas... - Gerard precisa engolir o nó que se forma em sua garganta. - Mas o bebê tem apenas 25 semanas. Ele não sobreviveria, certo?

- As chances de sobrevivência de um bebê nascido na 25ª semana estão entre 55 e 70%, não são ideais, mas não são críticas. O que nos preocupa são as sequelas.

- De que tipo de sequelas estamos falando?

- Gerard, acho que agora não é hora de focarmos nisso. Nós ainda temos um leque de opções que podemos usar, antes de pensarmos em sequelas.

- Jason, é do meu filho que estamos falando. Quais são as sequelas? - Gerard pergunta, alterado. Jason respira fundo.

- De 20 a 35% dos bebês nascidos nesse período portam algum tipo grave de deficiência, como paralisia cerebral, deficiência intelectual grave, cegueira, surdez, ou uma combinação de algumas delas, que exigirão cuidados médicos extensivos provavelmente pelo resto da vida. No entanto 40% têm chances de desenvolver sequelas mais leves, como déficit de atenção, asma e dificuldade motora.

- Leves? Isso é o que você chama de leves? - pergunta Gerard, nervoso.

- Não, isso é o que eu chamo de perder o foco. Nossa principal meta é trabalhar no Frank e reverter o caso. Não vamos pensar em hipóteses, ou chances ou porcentagens. O quadro é grave? Sim, é bastante grave. Mas ele está nas mãos dos melhores médicos da área e ninguém está disposto a começar a pensar nas sequelas que o seu filho pode ter se for preciso interromper a gestação. Ninguém está pensando em interromper a gestação. - ele diz, com um pouco mais de firmeza, o que faz Gerard se acalmar levemente.

- Você está certo. Está certo. Me desculpe.

- Não se desculpe. Eu nunca estive no seu lugar, mas eu consigo ter uma ideia do seu desespero. Nós não vamos desistir do Frank e muito menos do seu filho.

- Obrigado. - diz Gerard, com lágrima nos olhos.

- E nós podemos vê-lo? Onde ele está?

- Ele ainda está na emergência, pois ainda estamos trabalhando nele. Eu vim aqui dar um parecer pra vocês, mas já estou voltando correndo pra lá. Quando, finalmente, conseguirmos estabilizá-lo a níveis seguros, vamos transferi-lo para a UTI. Ele está sedado no momento, mais para proteger o cérebro de algum revés inesperado. Ele vai permanecer assim por algum tempo.

- A sedação não afetará o bebê?

- De jeito nenhum, não se preocupe com isso.

- E agora, o que a gente faz? - pergunta JJ.

- Eu acharia uma boa ideia informar os pais dele. De resto, é esperar. - diz Jason.

- Sim, faça isso, JJ! Ligue pra eles e avise que terá um avião particular esperando por eles no aeroporto, como da última vez.

- Okay, eu farei isso agora. - ela diz, sacando o telefone e saindo da sala, deixando Jason e Gerard sozinhos.

- Jason, eu preciso lhe pedir um favor.

- Claro, qualquer coisa.

- Eu preciso manter o Frank e o nosso filho em segurança e eu preciso manter a privacidade deles. Eu confio cegamente em você, mas eu preciso que a sua equipe e a direção do hospital assinem um termo de confidencialidade. Nem o nome e nem qualquer informação sobre o estado de saúde do Frank podem chegar a público. Isso atrairia a imprensa, curiosos e qualquer adversário político meu, que poderia querer fazer disso um circo sensacionalista. Minha equipe já conteve os danos dentro do Capitólio, e eu preciso fazer isso aqui também.

- Eu te entendo perfeitamente. Eu falarei com meu diretor e tenho certeza que ele não irá se opor. Não é a primeira vez que lidamos com algo relacionado a um político de alto escalão. Proteger você e o Frank é proteger o hospital também.

- Ótimo! Pedirei que minha secretária entre em contato com a direção do hospital. - diz Gerard, mas é notável o quanto o homem parece perdido. Jason se solidariza.

- Ei, eu sei que parece o pior dos cenários no momento, mas o Frank é um rapaz forte, cheio de vida e como todos os motivos do mundo para querer sair dessa.

- Eu espero que esteja certo, Jason. Eu não posso nem imaginar o que seria de mim se acontecesse alguma coisa com ele ou com o nosso filho. Eu não sobreviverei, isso é certo.

- Olha, eu vou voltar pra lá, e assim que tiver alguma notícia, eu venho avisar. Assim que conseguirmos estabilizá-lo, ele será transferido para a UTI. Se tudo caminhar como o esperado, eu deixarei que você entre para vê-lo. Quem sabe a sua presença não o ajuda a reagir mais rápido? - diz Jason, oferecendo um sorriso fraco. Gerard se comove.

- Obrigado. - é só o que ele consegue dizer, antes de deixar o corpo cair de volta na cadeira. Jason dá um leve tapa no ombro do homem e deixa a sala.

Alguns minutos depois JJ retorna com os olhos marejados, e Gerard só pode concluir que a conversa não foi fácil. Ela se senta ao lado do senador e funga, limpando as lágrimas.

- Como eles estão?

- Apavorados. Essa não é a primeira vez, mas nesse caso é diferente.

- Eu sei. - ele diz, e ela deita a cabeça no ombro dele e os dois permanecem assim por alguns minutos, até JJ receber uma mensagem de Harry, avisando que a família está saindo de casa.

- Eu acho melhor esperar por eles no aeroporto.

- Eu vou ligar pra June agora, e pedir pra ela providenciar o avião. Dá tempo de você ir em casa primeiro, tomar um banho e ir esperá-los no aeroporto.

- Eu farei isso então. Você vai ficar bem sozinho por algumas horas?

- Vou sim, não se preocupe. Melhor você prestar assistência para os pais do Frank.

- Tá, mas qualquer coisa você me liga, okay?

- Pode deixar! Vai tranquila. - ele força um sorriso e se despede da moça com um abraço.

Assim que JJ parte, Gerard saca seu telefone e liga para June. Primeiro para pedir que ela providencie um avião particular para a família de Frank, segundo para pedir que ela entre em contato com a direção do hospital, sobre o termo de confidencialidade e terceiro para passar as últimas informações sobre Frank e o bebê.

June avisa que providenciará tudo na maior rapidez, que o senador não precisa se preocupar com nada, e que ela estará disponível para ele 24 horas por dia. Caso ele precise de algo, a qualquer momento, basta ligar pra ela. Gerard agradece o carinho, dedicação e a atenção e encerra a ligação.

Mais algum tempo se passa e Gerard permanece sentado, com a cabeça entre as mãos. Ele continua sua prece, tentando agarrar-se em um fio de esperança qualquer que Deus tenha a lhe oferecer. Novamente uma mão em seu ombro chama sua atenção. Ele ergue os olhos e vê Jason. O médico dá um leve sorriso, mas que para Gerard significa o mundo.

- Ele está estável. Ele e o bebê estão estáveis.

- Eles vão ficar bem? - Gerard sente que mal pode respirar.

- Eles ainda não estão totalmente fora de perigo, nós ainda temos muito trabalho antes de reverter o quadro totalmente, mas eles estão respondendo bem ao tratamento.

- Eu posso vê-lo? Por favor, me deixe vê-lo?

- Frank já foi transferido para a UTI, mas eu consegui autorização para que você fique com ele um pouco. Acreditamos que pode fazer bem pra ele. - ele diz, e Gerard está de pé em um segundo.

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Conforme eles seguem pelo longo corredor do hospital é que Gerard tem a noção do quanto estava anestesiado quando a enfermeira o conduziu à sala de espera. Depois de uma boa caminha, Jason ainda indica um elevador. Os dois sobem mais quatro andares, até chegarem ao setor de Unidades de Tratamento Intensivo.

Eles passam por quatro quartos, até pararem na porta do quinto. Jason se vira para Gerard.

- Você precisa estar ciente, o que você vai ver pode te chocar um pouco, mas não precisa se apavorar. São muitos aparelhos ligados a ele, mas a maioria é para que a gente fique de olho nos sinais dele e do bebê. Ele tem uma bomba de infusão administrando magnésio, para evitar novas convulsões e diminuir a pressão. Nós trocamos a máscara de oxigênio por uma cânula. Nós vamos mantê-la mais algumas horas, pois a convulsão fez o nível de oxigênio dele cair demais. Mas saturação dele já subiu bastante e se ele se mantiver estável, no final da noite, ou início da manhã, ele já deve ficar sem o oxigênio extra. Ele está sedado, mas ele pode te ouvir, talvez até te responda com um aperto de mão ou expressão facial. Mas se ele não responder, não se preocupe, é normal.

- E o bebê?

- A boa notícia é que o Frank não teve contrações em nenhum momento e isso é muito bom. Depois do susto que o baixinho nos deu, as coisas melhoraram e ele está aguentando bem. Como prevenção, nós estamos aplicando corticoides para amadurecer o pulmãozinho dele, casa seja necessário. Mas desde que o papai esteja bem, o bebê vai ficar bem.

- Os dois são fortes, são lutadores. Eles vão ficar bem, eles precisam. - diz Gerard, com um leve sorriso no rosto.

- É com isso que estamos contando. - Jason retribui o sorriso.

- Jason. - Gerard faz uma pausa, seu semblante adquire um tom mais sério. - O que pode dar errado? Por favor, eu preciso saber quais as chances que eu tenho de perdê-los.

- Estamos só nós dois aqui e eu acho que não preciso amenizar as coisas pra você. A hipertensão e a eclampsia não são as únicas coisas que nos assustam. Frank está sob forte medicação, medicação pesada para fazer o organismo dele continuar funcionando. Nós tivemos que aumentar a dose de anticoagulantes, para evitar embolias, infartos e derrames, mais isso o deixa mais suscetível a uma hemorragia a qualquer momento. Os rins dele também são motivo de preocupação, o Dr. Brown está avaliando se é viável colocarmos ele na hemodiálise mais pra frente. Para cada área que nós tratamos, uma nova se torna motivo de preocupação. Mas desde o início nós tratamos o caso do Frank com muita precaução. Não podemos projetar o futuro e pensar a longo prazo. Vamos tratar a saúde do Frank e do bebê aos pouco, com o que é prioridade no momento. Um dia de cada vez. - ele diz, e pode ver os olhos de Gerard se encherem de lágrimas. - Pense no agora, Gerard. Agora nós estamos conseguindo estabilizar os dois. E agora, a sua família precisa de você.

- Okay! - diz Gerard, respirando fundo e esfregando o rosto com as mãos. - Você está certo.

- Me chame, se precisar de alguma coisa. Estarei bem aqui do lado de fora.

Gerard entra na UTI é como se seu coração se partisse em mil pedaços. O quarto não é grande, mas Frank parece tão minúsculo e solitário deitado no leito, no centro do cômodo. Por mais que Jason tenha lhe avisado, a visão de Frank coberto de cabos, fios e eletrodos faz o estômago de Gerard embrulhar. Ele está tão pálido, tão frágil e vulnerável. Uma imagem que não pertence ao Frank que ele conhece. Lentamente, Gerard se aproxima do leito, puxa uma cadeira e se senta. Primeiro ele toca a mão de Frank delicadamente com a ponta dos dedos, como se tivesse medo que o rapaz fosse se quebrar como uma peça de cristal. Aos poucos, ele envolve a mão de Frank entre a sua, e a segura firme.

- Oi, meu príncipe. Você pode me ouvir? - ele sussurra. - Eu estou bem aqui com você. Você pode me sentir. Pode sentir a minha mão segurando na sua? Você pode... você pode apertar a minha mão, pra eu ter certeza de que você sabe que eu estou aqui com você? Por favor, príncipe, eu preciso ter certeza de que você sabe que eu estou aqui! - ele pede, sentindo os olhos queimarem com as lágrimas.

Quando nada acontece, Gerard abaixa a cabeça e encosta a testa sobre a cama. Mas então, segundos depois, seu coração dispara ao sentir os dedos de Frank pressionarem sua mão de forma leve, quase imperceptível. Gerard solta um soluço num misto de lágrimas e sorrisos.

- Isso aí! É isso aí, meu amor! Obrigado, meu príncipe, muito obrigado. É isso mesmo, eu tô aqui com você, e seus pais estão vindo e nós vamos cuidar de você. Você vai ficar bem. Vocês dois vão. Eu prometo. - ele diz, e leva a outra mão à barriga do rapaz.

Gerard pode sentir as faixas elásticas com os eletrodos sob a camisola hospitalar de Frank. Ele espalma a mão sobre a barriga do amado e sorri, quando sente os chutes de seu bebê, que antes eram fracos, mas que agora parecem ganhar cada vez mais força.

- Muito bem, meu amor. Muito bem! O papai está muito orgulhoso de você. Só aguente firme, okay? Aguente firme que vai dar tudo certo. Nós vamos cuidar de vocês. Seja forte, meu amor. Papai precisa muito que você seja forte. Você e o seu pai precisam ficar bem. É só isso que eu peço, seja forte e fique bem. Por favor! - ele pede, abaixando a cabeça e deixando as lágrimas rolarem sem controle.

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As duas horas seguintes se passam com Gerard falando constantemente com Frank e o bebê. Vez ou outra, Frank reage com um levíssimo aperto de mão ou um franzir de cenho, mas não desperta por conta da sedação. Gerard beija os nós dos dedos do rapaz, assim como seus lábios, sua testa e sua barriga. A mão que não está envolvendo a mão do amado, está sempre em contato com o ventre do rapaz.

Gerard sorri e passeia a mão pela barriga de Frank, sempre que sente o bebê chutar, e sempre responde incentivando o bebê a continuar ativo e lutando. De tempos e tempos Jason vem ao quarto para checar os sinais de Frank, e sempre se mostra satisfeito com a evolução tanto do rapaz, quanto do bebê.

Junto com Jason, uma equipe de médicos enviados pela Dra. Meyer também examinam e avaliam Frank. Os dois médicos, um homem e uma mulher, não são muito dados à conversa, seguindo uma linha estritamente profissional, mas Gerard é muito bom em ler as expressões das pessoas, e a cada visita, os dois médicos mostram expressões cada vez mais leves, o que faz o coração de Gerard se acalmar.

Após passar mais meia hora sozinho com Frank, Gerard vê Jason entrar na UTI novamente, mas ao invés de seguir para os aparelhos ligados a Frank, ele para ao lado do senador.

- O que foi? - pergunta Gerard.

- A família do Frank está aqui. - diz Jason, fazendo o coração de Gerard disparar. Por mais que ele não queira deixar Frank sozinho, ele precisa conversar com a família de Frank, especialmente Christine.

Trazendo a mão do amado para seus lábios novamente, Gerard beija os nós dos dedos do rapaz com delicadeza.

- Meu amor, seus pais chegaram. Eu preciso sair um pouquinho, mas logo logo sua mãe estará aqui do seu lado, segurando sua mão e cuidando de você. É rápido, você não vai ficar sozinho muito tempo, tá bom? Eu te amo, meu príncipe. Continue sendo forte e aguentando firme por nós. - ele diz, levantando da cadeira, plantando um beijo na testa do rapaz e outro em sua barriga.

A separação é difícil, mas necessária e temporária. Após uma última olhada para Frank, Gerard respira fundo e segue Jason para fora do quarto.

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O trajeto de volta à sala de espera é angustiante, tanto pelo distanciamento de Frank, tanto pela expectativa de encontrar a família do rapaz. A família para quem Gerard jurou que protegeria Frank e o manteria seguro, e que agora, está indo ao encontro em uma sala de espera de hospital, por conta de algo causado indiretamente por Gerard.

A culpa é inevitável e faz o coração de Gerard martelar contra o peito. Ele mantém a cabeça baixa o trajeto todo, desde o corredor da UTI, até a viagem de elevador, e o trajeto até à sala privada. Gerard segue os passos de Jason de forma automática e para, quando o médico para. Olhando ao redor, ele nota que já está na porta da sala de espera. Jason põe uma mão nas costas de Gerard e abre a porta à sua frente.

Olhando para dentro da sala, a primeira imagem que Gerard tem é a de JJ sentada ao lado de Jack, com a cabeça deitada em seu ombro. O senhor traz no rosto uma expressão triste, de partir o coração. Logo ao lado está Harry, sentado poucas cadeiras depois. Ele balança as pernas nervosamente, o que faz Gerard descobrir de onde Frank tirou esse hábito. O homem balança as pernas e esfrega o rosto com as duas mãos, claramente ansioso e explodindo de preocupação.

A única pessoa de pé é Christine. E, talvez por coincidência, foi ela a primeira pessoa a notar a presença de Gerard. Os dois cruzam o olhar e Gerard sente um nós se formar em sua garganta. Christine parece 10 anos mais velha. Há um cansaço e uma expressão de desolação em seu rosto. Seus olhos estão vermelhos e inchados, mas ela não chora no momento. Gerard não sabe se por já ter recebido boletins positivos de Jason, ou simplesmente por suas lágrimas já terem secado.

Ao sentir o olhar de Christine, Gerard paralisa. É como se a culpa e o remorso o atingissem como uma onda de tsunami. A passos lentos, Christine segue em direção ao rapaz, olhando dentro de seus olhos, com uma expressão no rosto que mistura, tristeza, desespero, pesar e mais alguma coisa que Gerard ainda não consegue decifrar. Gerard não se atreve a se mexer. Todos os olhos da sala estão virados para ele e a tensão é palpável.

Com mais um passo, Christine se põe à frente do homem. Seus olhos sofridos de mãe são penetrantes. Lentamente ela ergue a mão e Gerard abaixa os olhos, esperando pelo pior. Mas seu coração pula uma batida ao sentir a palma quente da mulher tocar seu rosto de forma delicada. Erguendo os olhos novamente, ele finalmente decifra a expressão no rosto da mulher: empatia. Não é só o filho de Christine que luta pela vida nesse momento, é o de Gerard também, e o homem que ele ama.

Com o toque de alento de Christine sobre seu rosto, Gerard já não é capaz de segurar suas emoções. Ele soluça uma, duas, três vezes, até cair em um pranto sofrido e desesperado. Seus ombros sacodem pelo choro incontrolável, ele tenta puxar o ar, mas seus pulmões doem. Ele está totalmente desolado. Então, para sua surpresa, ele sente braços os de Christine envolvendo o seu corpo e o trazendo para se aconchegar em seu peito. Ela chora junto com ele. Uma mão, grande demais para pertencer a Jason, esfrega suas costas, e de relance, Gerard vê Harry ao seu lado. Jack surge do outro lado, pousando a mão sobre o ombro do homem, confortando-o de forma silenciosa. E apesar da dor e do medo, Gerard nunca se sentiu tão acolhido em sua vida.

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Após mais uma bateria de exames, Jason retorna com boas notícias. A pressão de Frank abaixou significantemente, seus sinais estão estáveis e ele está oficialmente de volta ao quadro de pré-eclampsia grave, o que reduz a quase zero as chances de se precisar interromper a gravidez nesse momento. Todos respiram aliviados.

- E quando eu vou poder levar o meu filho pra casa? - pergunta Christine.

- Infelizmente ele ainda não tem previsão de alta. Nesse momento, nós conseguimos reverter o quadro, agora precisamos mantê-lo assim, e pra isso o Frank precisa ficar internado por mais alguns dias. Para podermos monitorá-lo de perto. A ele e ao bebê?

- E meu neto, como está? - pergunta Harry.

- Seu neto é um verdadeiro lutador. Em todos os meus anos de obstetrícia, raramente eu vi uma pessoa gestante chegar à emergência no estado em que o Frank chegou, com os sinais que ele apresentava, com o bebê apresentando sofrimento, e não precisarmos interromper a gestação imediatamente. Nós só conseguimos trabalhar com todo o empenho no Frank, testar todas as possibilidades, esperar até o último segundo para que ele reagisse, porque os sinais do bebê se estabilizaram primeiro. Ele nos permitiu nos concentrarmos no Frank. Se o bebê não reagisse bem à medicação, nós teríamos sido obrigados a fazer uma cesariana de emergência. Seu neto é muito forte e tem uma vontade incrível de viver.

- Assim como o pai dele. - diz Jack.

- E como o Frank está agora? Consciente? Respirando sozinho?- pergunta Gerard.

- Veja bem, o Frank está respirando sozinho desde o início. Nós só o colocamos no oxigênio para ajudar a elevar a saturação dele que caiu muito com a convulsão. Mas ele está respirando bem. Nós vamos manter a cânula por mais algumas horas, só pra ajudar a manter os números. Nós também vamos manter a sedação por enquanto, assim como os aparelhos, monitores e a bomba de infusão. Nós chegamos aonde queríamos, então vamos manter os cuidados por mais um tempinho. Mas creio que iremos suspender a sedação nas próximas horas.

- Eu posso vê-lo, Jason? Eu quero ver o meu filho! Por favor.

- Claro, Sra. Iero! Apesar dele estar na UTI, ele pode receber visitas normalmente.

- Eu posso ir também? - pergunta JJ.

- Pode sim. Eu só vou pedir que não façam muito barulho nem muito alarde no andar.

- Claro, claro! - diz Harry, sentindo a esposa puxá-lo pelo braço.

- Vamos, Harry, vamos ver o nosso menino! - diz Christine, já de pé e seguindo em direção à porta.

- Você pode vir também, Jack. - diz Jason, mas Jack ergue a mão.

 - Eu prefiro ficar aqui por enquanto. Eu não... eu... - diz o senhor. Jason parece confuso, mas JJ dá um leve sorriso, mostrando que entende a atitude do avô. Gerard parece captar também.

- Eu fico também, vão vocês. - ele diz, surpreendendo a todos.

- Você tem certeza? - pergunta Christine.

- Eu estive com ele esse tempo todo até vocês chegarem. Ele precisa de um tempo com a família. Só digam a ele que eu continuo aqui, okay? - ele pede, e vê JJ sorrir.

- Pode deixar. - ela diz, antes de seguir o grupo para fora da sala. 

Sozinhos na sala de espera, Jack e Gerard sentam lado a lado. Os dois permanecem em silêncio por alguns segundos, até Jack suspirar.

- Você não precisava ter ficado comigo, rapaz.

- Você não deveria ficar sozinho. - diz Gerard. - E eu também podia usar um pouco da sua companhia, sabe? - Jack sorri e dá leves tapas no joelho de Gerard.

Mais alguns minutos de silêncio, e então Jack respira fundo.

- Eu nunca consegui vê-lo assim... você sabe... numa cama de hospital. Ele é meu garotinho, e eu simplesmente não consigo fazer essas velhas pernas se mexerem e me levarem para ficar ao lado dele. Eu me sinto um covarde, mas a visão dele parte meu coração. Não é justo. Ele é um menino tão bom, não deveria passar por isso.

- Tem razão, não é justo. - diz Gerard, com o olhar perdido e um tom amargo na voz, que chama a atenção de Jack.

- Ei, garoto, seja lá o que esteja passando por essa sua cabeça agora, não é verdade. Nada disso é culpa sua.

- Como você pode ter tanta certeza?

- Porque eu conheço uma pessoa apaixonada, quando vejo uma. Você ama demais o Frank, nunca faria nada para causar nenhum tipo de sofrimento a ele.

- Eu posso não ter causado, mas eu sou o responsável por isso.

- Você não pode se responsabilizar pela maldade no coração das pessoas. - diz Jack, deixando Gerard pensativo.

- Talvez eu não possa me responsabilizar, mas por certo que eu posso me certificar que isso nunca mais aconteça. - ele diz, se levantando de súbito.

- Aonde você vai?

- Eu preciso resolver algo urgente. Eu volto o mais rápido possível. - ele diz, seguindo para a porta.

- Gerard. - Jack o chama, fazendo o homem olhar pra trás. - Não faça nada que vá se arrepender ou se prejudicar mais tarde. Frank e o seu filho precisam de você.

- Eu sei. - ele diz, antes de sair a passos apressados.

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- E se você matou ele? - pergunta Cole, dando mais um gole no whisky, enquanto Bethany anda de um lado ao outro da sala de seu apartamento.

- Que matei ele? É claro que eu não matei ele!

- Como você pode ter tanta certeza? Você mesma disse que quando saiu de lá, ele estava convulsionando no chão.

- Mas isso não significa que ele tenha morrido.

- Ele pode ter ficado retardado. Vai ver o cérebro dele fritou. - diz Cole, debochado. Irritada, Bethany arranca o copo de whisky da mão do amante.

- Cala a boca, Cole! Você não está ajudando. - ele diz, dando um gole da bebida.

- Tá bom! O que você quer que eu faça? Acho que eu não tenho como ajudar muito.

- Você trabalhou com ele. Tem certeza que você não sabia que ele tinha alguma coisa?

- Eu trabalhei com ele. Não éramos amigos. A única coisa que eu sei é que ele tomava muitos remédios, o que nos dá um mundo de possibilidades, mas nenhuma realmente útil.

- Merda, isso é um desastre! - Bethany dá outro gole na bebida. - O filho da mãe do Iero não pode morrer, nem perder a criança. - ela diz, deixando Cole surpreso.

- Do que você tá falando? Achei que você era justamente isso que você queria.

- Mas não provocado diretamente por mim! O Gerard nunca vai acreditar que eu não fiz de propósito, que eu não sabia que o cara era doente.

- Não vai mesmo. Inclusive, acho que seria melhor se você saísse da cidade por uns dias. Pelo menos até a poeira baixar.

- Enlouqueceu? Eu não posso sair da cidade, estaria assinando meu atestado de culpa, e eu não sabia. O Gerard precisa acreditar em mim.

- E você acha que ele vai estar aberto a conversa se tiver acontecido alguma coisa com o Iero ou a criança? Ele vai te matar, Bethany.

- Não, não vai! Ele pode estar um pouco transtornado, mas ele vai acabar me ouvindo.

- Um pouco transtor...? Bethany, se o Iero perdeu a criança por sua causa, o Gerard te mata e se entrega pra polícia sem nem piscar. - ele diz, no momento em que o elevador que dá pra sala emite um aviso sonoro, indicando que alguém está subindo.

- É ele! Se esconde, Cole. Vai logo. Some daqui!

- Não, quem tem que sair daqui é você, Bethany. Ele vai estar fora de si.

- Eu sei lidar com ele. Agora sai, some! Vai pro escritório. - ela diz, apontando pro cômodo. Muito a contra gosto, Cole obedece a amante e corre para se esconder no escritório, mas mantendo uma fresta da porta aberta, assim ele pode espiar o que vai acontecer. 

Dando um último gole na bebida, Bethany se posiciona no centro da sala. Ela esfrega as mãos na frente do peito enquanto espera, ansiosa, que o elevador complete seu trajeto. Racionalmente ela sabe que não há nada que impeça Gerard de fazer uma besteira, caso o pior tenha acontecido com Frank ou o bebê, então ela se segura na esperança de apelar para o lado justo do marido, pois verdade seja dita, por pior que fossem suas intenções ao encurralar Frank em sua sala, nem em seus sonhos mais loucos, ela poderia imaginar que causaria o incidente que causou.

Quando o elevador para na cobertura, o coração de Bethany dispara. A porta se abre, revelando um Gerard com a expressão mais assustadora que ela já viu em todos os anos de convivência. O rosto do homem é transfigurado em fúria, seu corpo todo parece endurecido e a raiva que emana dele pode ser sentida de longe. Os olhos do homem dão uma rápida varredura no ambiente, antes de pousarem sobre Bethany. Ele apressa o passo em direção à mulher, que se abre a boca para argumentar, mas é pega de surpresa quando o marido avança sobre ela, segurando-a pelo pescoço e a arrastando até que suas costas batem contra uma das paredes da sala.

Assustada com a reação do marido e temendo por sua vida, Bethany usa as duas mãos para tentar soltar o aperto de Gerard em seu pescoço, mas é em vão.

- Gerard, para! Me solta, você está me machucando!

- Eu deveria matar você aqui mesmo, com as minhas próprias mãos. - ele diz, completamente enfurecido.

- Eu não sabia! Eu juro que eu não sabia. Eu não fiz por mal, eu só queria conversar com ele.

- Você não tinha nada para conversar com ele. Eu a proibi. Eu a proibi de se aproximar dele. Eu disse que se você se aproximasse dele, eu acabaria com você.

- Eu sei, eu sei! Eu sinto muito, eu juro! Você precisa acreditar em mim, por favor!- ela diz, ainda com as mãos firmes no braço do marido.

- Eu não acredito em uma única palavra que sai da sua boca, Bethany. Você é o ser humano mais desprezível que eu conheço. Sua maldade não tem limites. - ele diz, apertando ainda mais a mão em volta do pescoço da mulher.

- Gerard, por favor, eu não consigo respirar. - ela pede, sem fôlego. De longe, Bethany consegue ver Cole ameaçando deixar seu esconderijo e partir em sua defesa, mas com um movimento quase imperceptível com a mão, ela o manda ficar onde está.

- Mas quer saber? A culpa disso não é só sua. A culpa é minha, que achei que conseguiria viver essa vida dupla. Eu estava errado e meu erro quase custou a vida do homem que eu amo e do meu filho. Mas isso acaba agora. - ele diz, soltando a mulher, que quase cai no chão.

- O que? - ela pergunta, tossindo. - Do que você está falando?

- Nosso acordo acabou. Assim como o esse casamento.

- O que?! Não! Gerard, você não pode fazer isso! Não pode fazer isso comigo, com a gente. Eu prometo, eu juro por Deus que nunca mais me aproximo do Iero. Por favor, Gerard, não faça isso!

- Você é incapaz de sentir remorso, Bethany. Seu coração é frio e dentro de você só tem maldade. Eu errei uma vez ao achar que Frank e o meu filho ficariam seguros com você tão próxima à vida deles. Eu não cometerei esse erro novamente. Eu estou deixando essa casa e essa vida de mentira pra trás. - ele diz, dando as costas e seguindo para o quarto. Descontrolada, Bethany vai atrás do marido.

Gerard abre o armário de seu quarto e joga algumas peças de roupa dentro de uma bolsa de viagens. Enlouquecida, Bethany tenta impedir o marido. Ela tenta, em vão, tirar as roupas de dentro da bolsa, mas Gerard a bloqueia com o corpo e chega a empurrar a mulher sobre a cama, para tirá-la de seu caminho. Com a bolsa cheia, Gerard segue de volta para a sala, com Bethany na sua cola.

- Você não pode fazer isso, Gerard! Eu não vou deixar você fazer isso com a gente.

- Amanhã eu vou pedir que alguém venha buscar o resto das minhas coisas.

- Você não vai tirar nada dessa casa. Se você entrar nesse elevador, eu juro que mando incinerar suas coisas.

- Eu não me importo.

- Você não pode estar falando sério! Não pode estar indo morar com aquele homem.

- Onde eu vou morar não lhe interessa. - ele diz, acionando o elevador.

- Você nunca será presidente sem mim, Gerard! Nunca! Isso eu te prometo. - ela grita, quando ele entra no elevador.

- Me observe. - ele diz, antes da porta do elevador se fechar. 

Completamente fora de si, Bethany berra e esmurra e porta do elevador. Preocupado com a amante, Cole deixa seu esconderijo e corre em seu socorro.

- Beth! Beth, você está bem? Ele te machucou? Deixa eu olhar pra você! - ele pede, tentando segurar a mulher e fazê-la se virar pra ele. Mas Bethany está enlouquecida. Ela se livra das mãos do amante de forma violenta, empurrando-o pra longe.

- Sai de perto de mim! Não me encosta!

- Calma, eu só quero ver se você está bem.

- Sai daqui.

- Beth...

- Some daqui, eu não quero te ver! Some da minha frente! Fora! - ela berra, correndo para o quarto, deixando pra trás um Cole confuso e sentido.

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Já passa das onze da noite e Christine continua na cabeceira do leito do filho. Após o último exame, Jason decidiu retirar a sedação, mas manteve a cânula de oxigênio, pois o nível de saturação do rapaz ainda não é o ideal. O médico realizou um ultrassom rápido e constatou que o bebê continua bem, e respondendo à medicação conforme o esperado.

Christine não tirou os olhos do filho nem por um segundo, se recusando a comer ou até mesmo ir ao banheiro. Até o café que JJ trouxe foi devidamente negado. Uma das mãos da mulher está firmemente segurando a mão do filho, enquanto a outra acaricia seu rosto e cabelo sem parar. Harry, que está sentado no lado oposto do leito, divide sua atenção entre o filho e a esposa. Ele só levanta os olhos ao ouvir a porta se abrir. Um leve sorriso se forma em seu rosto ao ver a filha postiça entrar.

- Seu avô está bem? - pergunta Harry.

- Sim, ele está na sala do Jason. Uma enfermeira acabou de levar um lanche pra ele.

- Que bom.

- E eu acabei de falar com o Gerard. Ele precisou resolver um problema pessoal com urgência e só deve conseguir voltar no meio da madrugada.

- E como ele está? - pergunta Harry.

- Ele não me pareceu muito bem, como era de se esperar.

- Ele precisa descansar. Deveria tentar dormir essa noite. - diz Christine, sem tirar os olhos do filho.

- Eu concordo. Aliás, nós todos deveríamos descansar um pouco. Frank ficará aqui por alguns dias, e depois ainda precisará de cuidados quando for pra casa. Nós precisamos estar bem para cuidar dele.

- Vocês podem ir pra casa, eu não vou deixar o meu filho. - diz Christine, fazendo Harry suspirar, frustrado.

- Eu também não quero deixar o meu filho aqui, Christine, mas eu sei que ele vai precisar de nós. Não é só mais a saúde do nosso filho que está em jogo, é a do nosso neto também. Como vamos cuidar deles, se não estivermos bem?

- Eu não me importo, eu dou um jeito. Eu não vou deixar meu filho sozinho. - Christine firma o aperto ao redor da mão do filho.

- Você não é a única preocupada aqui, Christine. Frank é meu filho também, esse bebê é meu neto. Eu faço tudo pelo meu filho e você sabe disso. - diz Harry, frustrado. Vendo o casal Iero à beira da exaustão, JJ tenta interceder. Ela se ajoelha ao lado de Christine.

- Mama, eu sei que você não quer deixar o Frank. Nenhum de nós quer. Mas eu te garanto que ele está em boas mãos no momento. O Jason disse que ele está estável e que o pior já passou. Como o Frank vai se sentir quando souber que vocês passaram a noite aqui, nessas cadeiras duras, sem comer e nem beber nada? Aposto que ele vai ficar bravo com todos nós.

- Eu não posso deixá-lo aqui sozinho.

- Não vamos deixá-lo sozinho, Christine. Ele está cercado de médicos. Os melhores médicos. E o Jason está aqui com ele.

- Não é a mesma coisa.

- Eu sei que não, Mama. Mas o que você acha que irmos em casa, deixar as malas, tomar um banho, fazer uma refeição de verdade, e depois voltar pra cá? Coisa de duas ou três horas. Eu peço pro Jason deixar uma enfermeira aqui o tempo todo, até a gente voltar.

- Eu não sei. E se acontecer alguma coisa enquanto estivermos longe?

- Meu bem, não vai acontecer nada. - diz Harry, se levantando da cadeira e seguindo para o lado da esposa. - Nosso menino está bem, está aguentando firme.

- E se ele acordar, Harry? E se ele acordar e não estivermos aqui? Eu não quero que meu menino acorde sozinho. - os olhos de Christine se enchem de lágrimas.

- Se ele acordar, nós voltamos na mesma hora. Largamos tudo que estivermos fazendo e voltamos correndo. - ele diz, ajudando a esposa a se levantar. - São só duas ou três horas e estaremos de volta.

- O Jason disse que ele ainda vai ficar apagado por mais algumas horas. E eu garanto que ele vai ficar satisfeito quando acordar e descobrir que vocês descansaram e se alimentaram direito. - diz JJ.

- Vamos, querida. Nós precisamos estar renovados pra cuidar do nosso filho e do nosso neto.

- Okay, okay. - diz Christine, fungando, controlando as lágrimas. Ela se inclina e planta um beijo na testa do filho. - Nós já voltamos, meu amor! Mamãe promete que a gente já volta, tá? Eu te amo, minha vida. - ela diz, e se afasta do leito, recebendo o abraço de JJ.

É a vez de Harry se aproximar do leito. Ele acaricia os cabelos do filho e se inclina para dar um beijo na testa do rapaz, repetindo o gesto da esposa.

- Fica firme, garotão. Nós te amamos. - diz Harry, seguindo para abraçar a esposa e dando espaço para JJ.

- A gente já volta, Frankie. Se comporta. - ela diz, sorrindo, então beija a testa do irmão postiço. - Te amo.

E com isso os três deixam a UTI e seguem até a sala de Jason.

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Jack mal tocou em seu lanche. Apenas metade do copo de suco e duas torradas com manteiga foram consumidas. Além da preocupação, há uma grande culpa tomando conta do senhor. Todas as vezes em que Frank foi internado, Jack sentia uma enorme dificuldade em visitar o neto e vê-lo em uma situação tão vulnerável. Enquanto Christine, Harry e JJ sempre faziam vigília na cabeceira do rapaz, Jack aguardava por notícias na sala de espera. Só quando Frank estava prestes a ter alta é que Jack reunia forças para entrar no quarto. Ver o neto ligado a aparelhos, pálido e frágil despedaça o coração do velho Iero.

E é nessa imagem que Jack está pensando, quando a porta da sala de Jason se abre, revelando sua família. Rapidamente o senhor espanta os pensamentos, colocando a feição mais serena possível no rosto.

- Tudo bem, pai? - pergunta Harry.

- Tudo bem, sim, meu filho. E Frank, como está?

- Está melhorando, mas ainda está inconsciente. O Jason tirou a sedação, mas ainda devem demorar umas horas para ele despertar. Mas ele e o bebê estão bem. - diz JJ.

- Graças a Deus.

- Vô, nós vamos em casa para deixar as malas, tomar um banho e fazer uma refeição descente.

- Ótimo, podem ir.

- Não, pai, o senhor vai conosco.

- Olha, se vocês não se incomodam, eu prefiro ficar aqui.

- Vovô, o objetivo de irmos em casa é descansarmos um pouco. O Frank vai precisar de nós.

- Eu sei, minha filha, mas eu prometo que estou bem. Eu não fiz nada além de ficar sentado nesse sofá. Vocês sim, ficaram naquela UTI por horas, naquelas cadeiras duras e desconfortáveis. Vocês precisam de um pouco de descanso.

- Jack, não podemos pedir para você ficar aqui, enquanto vamos pra casa. - diz Christine.

- Meu anjo, vocês não estão me pedindo nada, eu que estou me oferecendo. Como a JJ disse, o Frankie vai precisar de vocês.

- Ele vai precisar do senhor também. - insiste Christine.

- Fisicamente não tem muito que eu possa fazer, então é mais importante que vocês três descansem um pouco. Além do mais, alguém tem que ficar aqui, pro caso do menino acordar. E eu sei que seu coração está apertado com medo dele acordar sozinho. Eu prometo que assim que vocês voltarem, eu peço pra JJ me levar pra casa. Aí será minha vez de descansar.

- O senhor tem certeza, vô?

- Certeza absoluta, minha boneca. Podem ir sossegados.

- Eu vou pedir ao Jason que fique de olho no senhor também. - diz JJ e Jack sorri.

- Eu não sei se eu gosto dessa ideia, pai.

- Eu ficarei bem, Harry. Eu só vou ficar nesse sofá, esperando vocês voltarem. Depois eu vou pra casa, eu prometo. - diz o senhor, quando Christine se ajoelha na sua frente. Com os olhos marejados, ela abraça o sogro.

- Obrigada. - ela sussurra em seu ouvido.

- Você não precisa me agradecer. Ele é meu menino precioso também. - ele diz, recebendo um beijo no rosto.

Após mais numa rodada de beijos e recomendações, o trio deixa Jack na sala de Jason. JJ, inclusive, consegue interceptar o namorado no corredor e explicar que ela e a família estão indo pra casa por algumas horas, já que o dia seguinte promete ser cheio. Jason incentiva o descanso, mas se surpreende com o fato de Jack ter ficado para trás. O obstetra promete revezar suas atenções entre Frank e qualquer necessidade que Jack venha a ter.

Após garantir que está tudo sob controle, o médico consegue fazer com que a família de Frank deixe o hospital. Após se despedir de todos, Jason segue para sua sala, onde encontra Jack recostado no sofá reclinável e perdido em seus pensamentos.

- Com licença, Sr. Iero. - diz o médico.

- Você pode me chamar de Jack, rapaz. Sr. Iero é meu filho. - ele ri, arrancando uma risada do médico.

- O senhor precisa de alguma coisa? Estou vendo que quase não tocou no lanche. Tem algo a mais que eu possa pedir? É só me falar.

- Não se preocupe, eu estou bem. - ele diz, com um sorriso. Jason sorri para o senhor e se preparar para deixar a sala, quando Jack o chama de volta. - Na verdade, tem uma coisa que você pode fazer por mim.

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Com um dos braços entrelaçado ao de Jason, e usando sua bengala como apoio, Jack caminha a passos curtos em direção à ala de Unidade de Terapia Intensiva. O coração do velho homem está acelerado e sua respiração parece presa na garganta. Jason nota a tensão do avô de Frank e JJ.

- Jack, o senhor não precisa fazer isso. Eu posso designar uma enfermeira. Ele não ficará sozinho.

- Eu já fui covarde por muitos anos, rapaz. Mas eu neto e meu bisneto precisam de mim. - ele diz, respirando fundo.

Jason, então, segura o braço do senhor com mais firmeza e o conduz ao quarto de UTI onde Frank está. Após uma certa caminhada, o médico para na porta e se vira para o veterano.

- Visualmente é pior do que o quadro real, mas eu lhe garanto que ele está melhorando. - ele diz, abrindo a porta e conduzindo Jack para dentro do quarto.

Assim que os olhos de Jack pousam sobre o neto, um grande nós se forma em sua garganta e seus olhos ficam imediatamente cheios de lágrimas.

- Oh, meu menino... - ele diz, se aproximando do leito e tomando a mão de Frank entre as suas. - Meu doce menino. Você não merece isso.

- Ele é forte, Jack. O bebê também. Eles vão sair dessa.

- Ele é tão jovem, tão bom, tão generoso. A vida não deveria ser assim tão difícil pra ele.

- Mais ainda bem que ele tem vocês e o Gerard.

- Sim. Meu menino nunca estará sozinho nesse mundo. - diz Jack, acariciando os cabelos do rapaz.

- Tem mais alguma coisa que eu possa fazer por você? - pergunta Jason.

- Não, obrigado, rapaz. Eu só gostaria de ficar com meu neto um pouco.

- Tudo bem. Daqui a pouco uma enfermeira virá conferir os níveis dele e a evolução do quadro. Fique à vontade, e qualquer coisa é só me chamar.

- Obrigado. - diz Jack, sorrindo para Jason, que retribuiu o gesto e logo em seguida deixa o quarto.

Jack, então, puxa uma cadeira mais para perto do leito do neto, se acomoda e toma sua mão.

- Me perdoa, meu filho. Perdoa todos esses anos de covardia. Meu lugar é, e sempre será ao seu lado. Seu avô promete que nunca mais vai te deixar sozinho. Nunca mais. Só melhora logo, meu filho. Você e seu bebê têm a vida toda pela frente e um monte de gente aqui que ama vocês. - ele diz, beijando a mão do neto.

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Após a última visita da enfermeira, Frank já mostrava sinais muito mais satisfatórios. A saturação de oxigênio estava quase no nível aceitável, sua pressão se estabilizou em 18x13, o bebê está respondendo bem, com movimentos fortes e frequentes e as funções cerebrais do rapaz permaneceram intactas, o que foi um grande alívio para Jack, que acompanhou o exame de perto, com o coração apertado de ansiedade.

Antes de deixar a UTI, a enfermeira deixou o quarto à meia luz, para deixar o ambiente um pouco estéril e um pouco mais aconchegante. Sendo embalado apenas pelo som emitido pelos aparelhos ligados ao neto, Jack se permitiu fechar os olhos por alguns instantes e relaxar. No entanto, pouco tempo depois, algo chama sua atenção e o tira de seu sono leve.

Sem entender o que o despertou, Jack olha em volta, mas não vê nada de atípico. Ele está pronto para acreditar que sua mente está lhe pregando peças, mas um leve aperto em sua mão logo faz essa ideia se dissipar. Voltando sua atenção para o neto, Jack vê os olhos de Frank piscarem preguiçosamente, até terem forças para se manterem meio abertos.

Girando a cabeça de lado lentamente, Frank se surpreende ao ver o avô.

- Vô...? - sua voz sai um pouco rouca.

- Oi! - Jack abre um imenso sorriso.

- O que o senhor... está fazendo aqui? Eu achei...

- Eu sei, meu filho. Seu avô foi um idiota todos esses anos, me perdoa. - ele diz, e Frank dá um leve sorriso.

- Tudo bem, vô... o senhor está aqui agora. - ele diz, piscando de forma longa e pesada. - Onde estão...?

- Seus pais e a JJ foram em casa para deixar as malas, comer alguma coisa e descansar um pouco. E o Gerard precisou resolver um problema. Mas todos devem voltar daqui a pouco.

- Okay. - ele suspira. - Eu acho que não... consigo ficar acordado... por mais tempo. - ele diz, já sem forças para abrir os olhos novamente.

- Tudo bem, meu filho. O vô tá aqui pra tomar conta de você. Pode dormir, meu anjo. O vovô não vai a lugar nenhum. - diz Jack, acariciando os cabelos do neto.

Não demora muito para Frank sucumbir ao sono novamente, deixando Jack como seu guardião. 


Notas Finais


VÔ JACK <3!!!!

É meus queridos, além de drama, teve treta das boas nesse capítulo. Me diga o que vocês acharam da atitude do Gerard? Será que a Bethany vai deixar por isso mesmo? Vale lembrar que ela ainda não colocou o plano dela de fazer o Frank partir o coração do Gerard em prática!!! O que será que vem por aí???

BEIJOOOOOOOOSSSSSSSSS

Até o próximo...


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