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História House Of Wolves - O Beijo Da Mulher Aranha


Escrita por: WantedKilljoy21

Notas do Autor


AMORES DA MINHA VIDAAAAAAA!!!!!

Viu, nem demorei muito dessa vez... só não sei se isso será uma coisa boa!

Bem, como não quero dar spoilers, vou liberar logo vocês pra leitura.

A gente se vê lá embaixo...

Bjosss

Capítulo 24 - O Beijo Da Mulher Aranha


Fanfic / Fanfiction House Of Wolves - O Beijo Da Mulher Aranha

Bethany acorda na manhã seguinte ainda se sentindo irada pela discussão que culminou na saída de Gerard de casa. Sentada em sua cama, ela tenta maquinar algo que possa reverter essa situação. Seus pensamentos são interrompidos com batidas na porta. Ela olha em direção à entrada do quarto, esperando ver uma das empregadas com seu café da manhã, mas se frustra ao ver Cole entrar pela porta.

- Urgh! - ela revira os olhos. - Você ainda está aqui?

- Claro! Eu não ia embora e te deixar aqui sozinha, no estado em que você estava. Eu queria ver se você estava bem.

- Eu estou ótima. - ela diz, com sarcasmo, enquanto corre os dedos pelos longos cabelos loiros e os prende em um coque alto.

Ao observar o ato da mulher, os olhos de Cole lentamente se arregalam e se focam em uma determinada parte do corpo da mulher.

- Meu Deus, Beth! - ele diz, em choque.

- O que foi?

- Seu pescoço.

- O que que tem? - ela pergunta, aflita, colocando as mãos no pescoço.

- Olha só! - diz Cole e a mulher salta da cama e corre para o banheiro, com o amante em seu encalço.

Assim que chega ao banheiro e se depara com sua imagem refletida no espelho, Bethany leva um choque. A marca da mão de Gerard está perfeitamente impressa em seu pescoço, colorida com tons de vermelho e roxo. A mulher permanece em choque por alguns segundos, encarando seu reflexo no espelho. Em seu ataque de fúria, Gerard deixou mais do que seu casamento para trás, ele deixou um trunfo sem tamanho nas mãos da esposa.

- Vá pegar o meu celular. - ela pede ao amante, sem tirar os olhos do espelho. Cole corre até à mesa de cabeceira e volta com o aparelho.

- Quer que eu ligue para a polícia?

- Claro que não! Enlouqueceu? Eu quero que você tire fotos.

- O que?

- Eu quero que você tire fotos de cada ângulo dos hematomas.

- Você pretende chantagear do Gerard?

- Se for preciso, sim. Agora anda, tira logo as malditas fotos!

Com os olhos fechados e fingindo um semblante abatido, Bethany pousa para as fotos de Cole. Cada marca deixada pelo Senador é registrada e devidamente guardada. Quando já está satisfeita, Bethany toma o celular das mãos do amante.

- E agora, o que você vai fazer?

- Eu só vou usar essas fotos em último caso. Elas são meu trunfo.

- Eu acho que você não tem muito mais o que fazer, Beth. O Gerard saiu de casa.

- Mas ele vai voltar.

- Como você pode ter tanta certeza?

- Eu te disse que ele faria de tudo para ficar com o Iero, então eu tenho que agir pelo lado mais fraco.

- Bethany, da última vez que você chegou perto do Iero, você quase o matou, quase fez com que ele perdesse a criança.

- Eu sei. Foi imprudente e precipitado da minha parte. Eu usei de artilharia pesada e esse foi meu erro. Minha aproximação tem que ser diferente dessa vez.

- O que você pretende fazer?

- Primeiro, eu preciso que você seja os meus olhos. Eu preciso saber em que hospital o Iero está internado, quando ele receberá alta, pra onde ele vai depois. E o mais importante, eu preciso saber quando ele estará completamente sozinho.

- E você acha que o Gerard vai arriscar deixá-lo sozinho depois de tudo que aconteceu?

- Em algum momento ele vai ficar sozinho, nem que isso leve dias. E é aí que eu entro.

- Bethany...

- Eu não vou cometer o mesmo erro duas vezes. Ninguém vai sair ferido. A não ser, claro, o Gerard. - ela diz, com um sorriso maléfico.

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Não são nem sete da manhã, quando Gerard atravessa as portas do Hospital Sibley Memorial. Após se identificar rapidamente na recepção, Gerard parte para a sala de espera exclusivamente reservada para a família de Frank. Ansioso, ele chega a correr até chegar à porta da sala.

Ao entrar, ele se surpreende ao ver apenas Harry e Christine, que parecem se preparar para sair. Seu coração dispara.

- O que houve? O Frank está bem? - ele pergunta, aflito, mas o leve sorriso no rosto da Sra. Iero acalma seu coração.

- Ele está bem, não se preocupe. Ele acordou no meio da madrugada, conversou um pouquinho e voltou a dormir. Nós tínhamos ido em casa, mas meu sogro estava aqui com ele. Quando nós voltamos, Jason nos disse que os sinais dele estavam bem melhores e que ele seria transferido para o quarto. Enquanto a JJ foi levar meu sogro pra casa pra descansar, nós ficamos com ele. Ele despertou de novo, agora mais disposto e mais falante, já está com uma corzinha bem melhor que ontem. - diz Christine, com um ar leve, bem diferente do de ontem.

- A primeira coisa que ele pediu foi a sopa de lentilha da mãe. Disse que a comida do hospital é terrível. Assim que a JJ voltou, nós a deixamos com ele e resolvemos dar um pulinho em casa, pra Christine preparar uma comidinha caseira pra ele e ver como está o meu pai.

- Eu queria muito ter voltado ontem, de verdade. Mas aconteceram umas coisas, eu precisei tomar umas providências. Me perdoem! Eu não quis deixá-lo sozinho de propósito.

- Querido, não se preocupe! - diz Christine, colocando a mão no rosto de Gerard. - Você fez o que precisava fazer. Além do mais, ele não estava sozinho, nós estávamos aqui com ele.

- E o bebê?

- O bebê está bem. Forte como o pai. - diz Harry.

- Será que eu posso vê-lo?

- Mas é claro! Aposto que ele está ansioso pra te ver. Ele está no quarto 426. - diz Christine, e Gerard não perde tempo, deixando a sala de espera e correndo em direção ao quarto.

Mesmo recebendo uma advertência por correr nos corredores do hospital, Gerard não se importa. Ele não desacelera o passo até chegar à porta do quarto de Frank. Parando por um segundo, ele respira fundo, tentando aplacar sua ansiedade. Suas mãos tremem ao segurar a maçaneta da porta.

Espiando pela pequena janelinha de vidro da porta, a primeira imagem que Gerard vê é a de Frank deitado sobre o leito. Ainda há muitos fios e aparelhos ligados a ele, mas a cânula de oxigênio foi retirada e o rapaz parece ter readquirido uma cor mais saudável, ao contrário da palidez do dia anterior. Ele está acordado, com uma expressão serena no rosto, enquanto presta atenção em algo que JJ fala. A mão direita, onde é visível um dos acessos venosos, passeia pela curvatura de seu abdômen de forma quase que automática.

Gerard já não aguenta de ansiedade. Ele abre a porta do quarto, chamando imediatamente a atenção da dupla. Por um instante Frank se tenciona ao ver Gerard, mas logo seu corpo relaxa e seus olhos se enchem de lágrimas. Imediatamente o Senador avança sobre o leito, tomando o amado em seus braços e o apertando quando seu corpo.

- Me perdoa, meu amor! Por favor, me perdoa. Eu sinto muito. - pede Gerard, igualmente emocionado.

- Eu vou deixar vocês a sós. - diz JJ, deixando o quarto e dando privacidade ao casal.

Sozinhos no quarto, Frank se agarra a Gerard como se sua vida dependesse disso, enquanto o Senador também parece incapaz de soltá-lo.

- Me perdoa, meu príncipe. Me perdoa não ter conseguido te proteger. Não ter conseguido cuidar de você. - ele diz, e enfim separa o abraço para olha no rosto de Frank. - Eu quase morri quando achei que podia perder vocês dois. Me perdoa.

- Eu não tenho nada que te perdoar, a culpa não foi sua, Gerard. Não se culpe, por favor. - ele pede, sentindo uma lágrima rolar por seu rosto.

- Eu deveria saber que a Bethany aprontaria alguma coisa.

- Você não tinha como saber. A culpa não foi sua.

- Claro que foi minha. Meu dever era te proteger, eu jurei te proteger, Frank.

- Mas você não pode me proteger de tudo. Isso não cabe a você. Não é justo.

- Você é o homem que eu amo. - ele diz, e coloca a mão sobre a barriga do rapaz. - E esse é meu filho. Tudo que eu puder fazer para proteger vocês, eu vou fazer. Tudo! Inclusive o que eu já devia ter feito há muito tempo.

- Do que você está falando?

- Eu... eu saí de casa. Eu coloquei um fim no meu casamento com a Bethany.

- Você o quê?! - Frank se exalta e Gerard se preocupa.

- Ei, por favor, se acalma. - ele pede, tomando o rosto do rapaz entre as duas mãos. - Você não pode se aborrecer. Não faz bem pra você e nem pro neném.

- Como você quer que eu fique calmo, quando você joga uma bomba dessas em cima de mim?

- Frank, o que ela fez com você é imperdoável. Eu não podia fingir que não aconteceu.

- E o que você acha que ela vai fazer com você? O que você acha que ela vai fazer com a sua carreira?

- Deixa que eu me preocupe com isso, tá bom?

- Não! Eu não vou "deixar que você se preocupe com isso". Isso vai muito além de nós dois. Isso tem a ver com o nosso trabalho. Nossa carreira. Eu não posso... Ah! - o pensamento do rapaz é interrompido por uma pontada no ventre que o faz chiar de dor, e deixa Gerard em alerta.

- O que foi? O que houve? É o bebê? Eu vou chamar o Jason! - diz ele, pronto pra deixar o quarto correndo. Mas Frank o segura pelo pulso.

- Não, tá tudo bem. Só me dá um minuto. - ele pede, colocando as duas mãos na barriga. Gerard acaricia os cabelos do rapaz, enquanto Frank usa as duas mãos ocupadas com acessos venosos para acariciar o ventre, tentando acalmar seu bebê.

Quando Frank finalmente relaxa, Gerard sente que pode respirar de novo.

- O que houve? Você acha que foi uma contração? Eu devo chamar um médico ou uma enfermeira?

- Não, não foi uma contração. Eu acho que o bebê só não gostou do meu nervosismo.

- Eu disse que você não pode se alterar assim.

- E você não pode tomar esse tipo de atitude sem me avisar. Você não pode jogar sua vida fora assim.

- Eu não estou jogando a minha vida forma, muito pelo contrário. Eu estou escolhendo a vida que me faz feliz.

- E a sua carreira?

- Minha carreira também me faz feliz e eu sei que vou conseguir conciliar tudo.

- Gerard...

- Frank, por favor, deixa eu me preocupar com isso, tá bom? Seu trabalho pelos próximos dias é cuidar de você e desse bebezinho lindo aqui, que sem dúvida nenhuma é mais importante do que qualquer coisa no mundo. - ele diz, acariciando a barriga do rapaz. - Por favor, só dessa vez, faz o que eu tô pedindo. Foque 100% da sua energia em ficar bem logo. Eu quero te tirar daqui, te levar pra casa e cuidar de vocês. Por favor, meu amor. Faz isso por mim. - ele pede, com os olhos mais pidões do mundo. Frank é incapaz de recusar.

- Tá bom! Eu vou deixar passar... por enquanto. Não significa que esse assunto morreu, só não vamos discutir isso enquanto eu estiver me recuperando.

- Combinado. Quando o Jason disser que você e o neném estão completamente fora de perigo, a gente conversa mais sobre isso.

- Okay. - ele diz, recebendo um beijo do Senador.

- Agora me diz, o que o Jason disse? Como você está? Como está nosso filhote?

- Jason disse que eu estou melhorando. Minha pressão ainda está bem alta, mas muito abaixo do que estava ontem, no entanto eu continuo sob forte medicação. Eles fizeram um teste cognitivo pra avaliar as minhas funções neurais, pra ter certeza que a convulsão não afetou o meu sistema neurológico, e deu tudo certo. O bebê está respondendo bem à medicação pesada, está com os sinais estáveis e ele está bastante ativo. Eu não tive nenhuma contração, o que é um ótimo sinal.

- Mas... - continua Gerard, captando que vem mais por aí.

- Mas eles estão preocupados com os meus rins. Estão estudando a possibilidade de me colocar na hemodiálise.

- Merda. - diz, Gerard, puxando Frank para seus braços novamente.

- O Dr. Brown esteve aqui um pouco antes de você chegar. Ele propôs um tratamento alternativo, menos agressivo pra mim e pro bebê, mas que ainda está em fase de testes. Então não tem garantias.

- Nós precisamos tentar. Se isso pode te ajudar, sem prejudicar o nosso bebê, nós precisamos tentar.

- Eu concordo. Eu já dei autorização pro Dr. Brown realizar o procedimento. Ele estará de volta depois do almoço.

- Ótimo! - ele diz, dando um beijo na têmpora do rapaz. - E nosso bebezinho? - ele pergunta, pousando a mão sobre a barriga do rapaz.

- Ele estava com saudades de você. Está chutando bastante desde que você chegou. - diz Frank, colocando a mão de Gerard no lugar onde o bebê desfere seus golpes. Gerard abre um imenso sorriso.

- Oi, meu amor! Você não tem ideia de como me deixa feliz nesse momento. Papai ficou com tanto medo de acontecer alguma coisa com você ou com seu pai. Mas você é minha princesa guerreira, não é?

- Gerard, para de influenciar o bebê! - diz Frank, rindo. - Se for um menino mesmo, ele vai ficar traumatizado.

- Vai nada! Menino ou menina, não vamos amá-lo do mesmo jeito. Pra mim não importa se ela for uma menina e quiser mexer em motores de carros, ou se for um menino e quiser usar vestido. - ele diz, erguendo a camisola hospitalar e expondo a barriga de Frank. - Nada no mundo me fará amar nosso bebê mais do que eu amo agora. - ele diz, se inclinando e beijando a barriga do amado um pouco abaixo do umbigo, no limite da faixa do monitor fetal.

- Eu sei disso, e é um dos motivos que me fazem te amar ainda mais. - diz Frank, acariciando os cabelos do homem. - Ah, me dá aqui sua mão. - ele diz, com um sorriso animado no rosto.

- O que foi?

- O Jason fez um ultrassom mais cedo. O bebê está atravessado. Bem aqui... - ele diz, pressionando a mão de Gerard sobre seu abdômen. - Tá sentindo isso.

- Estou. O que é?

- É o pezinho do nosso filho. - ele diz, fazendo um enorme sorriso surgir no rosto do Senador. - O cotovelo dele está bem aqui, perto do meu umbigo. E a cabecinha está por aqui.

- Uau, Frankie. Nosso bebê tem um corpinho. Um corpinho todo formado.

- Ele tem mesmo. Antes de você chegar, a JJ estava conversando com ele e tentando fazer ele se mexer. Ele deu um chute tão forte, que deu pra ver a ondulação na lateral da minha barriga.

- Tá falando sério?

- Estou! Foi tipo um calombo aqui, desse lado. - ele diz, apontando para o abdômen exposto.

- E doeu?

- Um pouco. Mas depois do que aconteceu, foi a melhor sensação do mundo. - ele diz, sorrindo, fazendo Gerard se inclinar e dar outro beijo na barriga do rapaz.

- Obrigado, meu amo! Muito obrigado por mostrar pra gente que você está bem e que está aguentando firme. Papai promete que isso nunca mais vai acontecer. Nunca mais eu vou deixar ninguém machucar vocês. Nunca. - ele diz, e então ergue o rosto e beija Frank de forma apaixonada.

- Será que você pode deitar aqui comigo?

- Acho que você nunca fosse pedir. - ele diz, sorrindo. Tirando os sapatos, Gerard sobe na cama e aconchega Frank em seu peito.

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Algumas horas depois o quarto está cheio de novo. Não apenas a família está presente, como Jason e o Dr. Brown. O nefrologista apresenta a Diálise Peritoneal, uma alternativa à hemodiálise menos agressiva e que reduz às chances de causar grandes desconfortos a Frank e o bebê. No procedimento, um pequeno cateter será inserido no abdômen de Frank através de laparoscopia, e o tubo liberará uma solução de diálise que filtrará todas as toxinas presente nos rins do rapaz, e eliminará horas depois. O procedimento todo, entre a inserção do tubo e o processo de filtragem, dura cerca de nove horas e tem um tempo de resposta melhor e mais longo, ou seja, Frank não precisará se preocupar com a função de seus rins por algumas semanas.

Apesar do medo de submeter Frank a uma cirurgia abdominal com 25 semanas de gestação, o Dr. Brown garante que os riscos são mínimos e os benefícios são enormes. Frank estará sedado o tempo todo durante o procedimento e, caso dê tudo certo, seu tempo de internação pode cair pela metade. Apesar da hesitação, a família deixa a decisão final para Frank. Até mesmo Gerard, que fez questão de expor sua preocupação com o homem que ama e seu filho, acatou a decisão do rapaz de se submeter ao tratamento alternativo.

Com tudo aprovado, o Dr. Brown se apressou em começar os preparativos. Depois de conversar com Jason, os dois acharam melhor marcar o procedimento para ás 20h, assim Frank poderia aproveitar o dia com a família, comer a refeição trazida pela mãe e ter o resto da noite para se recuperar.

Então, como determinado, após tomar a sopa de lentilha da mãe, Frank entrou em jejum, como preparação para a mini cirurgia. Gerard, JJ e Harry se ocuparam em distrair o rapaz, enquanto Christine e Jack tentavam controlar seu nervosismo.

Ás 19:30h Jason e o Dr. Brown chegaram no quarto prontos para conduzir Frank para o centro cirúrgico. Frank manteve um sorriso no rosto enquanto se despedia de todos, parte para tranquilizar a família, mas parte para manter seu coração em paz. Mesmo assim Christine não conseguiu conter as lágrimas e logo se apressou em abrir caminho para Gerard, que foi o último a se despedir do amado.

- Vai dar tudo certo. - diz Gerard, colando a testa na testa do rapaz.

- Eu sei. O bebê e eu não vamos a lugar nenhum. - Frank sorri.

- Eu estarei aqui quando você acordar.

- Eu te amo, Gerard Way.

- Eu te amo, Frank Iero. - diz Gerard, sentindo sua mão se soltar aos poucos da mão do rapaz, conforme a maca é conduzida para o centro cirúrgico.

Assim que Frank some pelos corredores do hospital, Gerard busca consolo e alento em Christine, que se aconchega em seu abraço e chora seu medo de mãe.

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A primeira coisa que Frank viu quando abriu os olhos foi o rosto de Gerard pairando sobre ele. Ainda bastante grogue da anestesia, o rapaz pisca os olhos pesadamente, até, finalmente, conseguir mantê-los abertos.

- Oi, lindo. - diz Gerard, sorrindo.

- Bebê? - Frank pergunta, ainda com bastante dificuldade de formular frases.

- O bebê está ótimo. Respondeu super bem à anestesia e ao procedimento. Ele está chutando, consegue sentir? - ele pergunta, colocando a mão de Frank sobre a barriga. O rapaz sorri ao sentir o filho chutar, mas logo faz uma careta de dor, ao sentir os efeitos da cirurgia abdominal.

- Como? - ele pergunta, tentando não fazer grandes esforços.

- Correu tudo bem, amor. O tubo conseguiu filtrar grande parte das toxinas que estavam prejudicando os seus rins. Você só vai ter que se preocupar com isso de novo em quatro ou cinco meses.

- Bom. - ele diz, ainda monossilábico. Se atrevendo a mover a cabeça e olhar para os lados, ele franze a sobrancelha ao ver o quarto vazio. - Minha família?

- Seu pai e a JJ foram levar seu avô pra casa, ele estava exausto. São 6h da manhã, você ficou apagado pouco mais de 10 horas. Sua mãe foi chamar o Jason e o Dr. Brown, assim que a gente percebeu que você estava despertando.

E como deixa, Christine entra apressada no quarto, sendo seguida por Jason e o Dr. Brown.

- Ele acordou? Meu bebê acordou? - ela pergunta, ansiosa, se colocando ao lado do leito. - Oi, meu amor! - ela diz, emocionada.

- Oi, mãe. - ele diz, ainda sonolento, mas com um sorriso no tosto.

- Frank, como se sente? - pergunta o Dr. Brown.

- Pesado. Com sono.

- Isso tudo é normal. Você ficou sob anestesia por várias horas. Mas a boa notícia é que o procedimento foi um sucesso. Nós conseguimos filtrar mais de 85% das toxinas do seu organismo, e seus rins voltaram a trabalhar perfeitamente quase que imediatamente.

- Graças a Deus! - diz Christine.

- E o meu bebê? - pergunta Frank.

- Eu acompanhei o procedimento todo e seu bebê se manteve perfeito. Nenhuma alteração, nenhum susto. Tudo seguiu conforme o esperado.

- E o que isso significa para o Frank? - pergunta Gerard.

- Significa que, se ele não apresentar nenhuma reação ao procedimento, e a pressão continuar diminuindo e se estabilizar, nós poderemos dar alta pra ele em dois dias.

- Oh, meu Deus, serio? - pergunta Christine.

- Sério! Nós sabemos que ele será tão bem cuidado em casa, quanto aqui no hospital. Então se tudo correr bem, amanhã, no final do dia, ele poderá estar em casa.

- Oh, obrigada! Muito obrigada! - Christine vibra, abraçando os dois médicos, e então se vira pro filho. - Eu vou ligar pro seu pai e contar as novidades. - ela diz, deixando o quarto.

- Bem, nós vamos deixar você descansar. Lembre-se, você só recebe alta se estiver bem, okay?

- Ele vai seguir tudo direitinho, Jason. Não se preocupe. - diz Gerard, sentado na cabeceira do leito.

- Qualquer coisa, é só nos chamar. - diz o Dr. Brown, acompanhando Jason na saída do quarto, deixando Gerard e Frank sozinho.

Frank fecha os olhos por um segundo e então se vira para Gerard, que o observa como um falcão.

- Quer um pouco de água? - oferece o senador, e Frank balança a cabeça. Gerard se levanta e serve um copo de água com um canudo pro rapaz. - Bebe devagar. Pequenos goles.

Após uma certa dificuldade para tomar pouco mais de meio copo, Frank dá-se por satisfeito. Ele respira fundo, enquanto Gerard devolve o copo para seu lugar. Quando o senador retorna ao seu lugar, ele toma uma das mãos do rapaz e a beija. Frank observa o rapaz com uma expressão séria no rosto.

- Onde você está morando? - ele pergunta, pegando Gerard de surpresa.

- O que?

- Você saiu de casa. Onde está morando?

- Frank, você prometeu que só íamos falar sobre isso quando você estivesse recuperado.

- Eu tenho, ao menos, o direito de saber onde você está morando.

- Okay, tudo bem. Eu estou morando num flat alugado em Camden Roosevelt.

- Gerard...

- Frank, eu sei que as coisas não vão ficar assim. Eu sei que eu ainda terei muitos problemas pela frente, mas eu não estou disposto a abrir mão da minha família e nem da minha carreira. Eu vou dar um jeito, meu amor. Eu te prometo que vou. - ele diz, tomando as mãos do rapaz e beijando.

- Eu só não quero que você se prejudique por minha causa. Eu não quero que você abra mão do seu sonho por mim.

- Mas meu sonho é você. Será que você não entende? Todo o resto é consequência. Nada disso fará sentido, se eu não tiver vocês comigo. Vai dar certo, meu príncipe. Eu te prometo. - ele diz, e mesmo com o coração apertado, Frank respira fundo e puxa Gerard para perto, se aconchegando no peito do senador.

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Atendendo as expectativas dos médicos, Frank recebe alta do hospital dois dias depois, depois de quatro dias de internação. Obviamente o rapaz foi pra casa com uma tonelada de recomendações, incluindo repouso absoluto nas primeiras 24 horas, dieta restritiva, bastante ingestão de líquidos e respeitar os horários das medicações. Se bem que sob os cuidados da família e de Gerard, Frank mal precisou de recomendações.

Assim que chegaram em casa, Christine, JJ e Jack logo se ocuparam em acomodar e entreter Frank, enquanto Harry e Gerard se apressaram em providenciar tudo que os médicos determinaram. A alegria por ter Frank de volta em casa era tão grande, que os dois homens nem notaram o carro estacionado há poucos metros da frente da casa.

Protegido sob a cobertura do vidro fumê, Cole observa Gerard e um homem de meia idade deixarem a residência e embarcarem em um carro que aguardava por eles. Imediatamente ele saca o celular e liga para Bethany.

- Alô! - ela atende.

- O Iero recebeu alta. Chegou em casa ainda pouco.

- E ainda está...

- Sim, ele ainda está grávido. Pelo menos você não precisa incluir homicídio no seu currículo.

- Cala a boca, Cole! Ele está sozinho?

- Não, acho que a família inteira dele está aqui. Pai, mãe, irmã, avô e...

- E o Gerard.

- Pois é. O Gerard e o cara que eu acho que seja o pai dele acabaram de sair, mas ainda tem muita gente na casa,

- Você precisa ficar de guarda. Eu preciso que ele esteja totalmente sozinho.

- Isso pode levar um tempo.

- Você tem lugar melhor pra ir? - ela pergunta e ele fica em silêncio. Segundo depois ele ouve a mulher bufar do outro lado da linha. - Alugue um quarto aí perto, pra você não ter que dormir no carro, mas eu quero você de guarda durante o dia todo.

- E nós dois? Quando eu vou te ver?

- Quando eu resolver essa situação. Agora preste atenção no que você está fazendo, e me ligue quando o Iero estiver sozinho. - ela diz, encerrando a ligação.

 

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Enquanto Jack relaxa um pouco no quarto e Christine prepara um lanche leve para os filhos, JJ e Frank se acomodam no quarto do rapaz, para assistirem um filme na Netflix. A animação da jovem, que zapeia o controle remoto sem parar, contrasta com a apatia de Frank, que parece estar com o pensamento longe. Não demora muito para que JJ note o humor abatido do rapaz.

- Ei, tudo bem? Está sentindo alguma coisa?

- Não, eu tô bem.

- Você não parece bem.

- Mas eu tô, sério. Só estou pensando numa coisa.

- No quê?

- É bobagem.

- Se fosse bobagem, você não estaria com essa cara. Anda logo, me fala o que está te incomodando. - ela diz, e ele respira fundo.

- É o Gerard.

- Ele fez alguma coisa?

- Não. Quero dizer, fez.

- Frank, para de mistério. Fala logo.

- Ele saiu de casa. - ele diz, fazendo os olhos de JJ se arregalarem.

- O que?!

- Ele se separou da mulher e saiu de casa.

- Oh, meu Deus, Frank! Isso é incrível! - ela vibra, mas a animação não é correspondida pelo rapaz. - Qual o problema? Por que você não tá vibrando? Deveria estar feliz com isso.

- Pois é, não sei se estou.

- Ficou louco? O homem que você ama largou tudo por você. Isso é motivo de comemoração.

- Mas e a carreira dele, JJ? E o sonho dele de ser presidente?

- Ele disse que ia abrir mão disso também?

- Não, ele disse que ia fazer dar certo. Que iria conciliar tudo.

- Se ele disse que vai dar um jeito, então ele vai dar um jeito. Frankie, eu não estou entendendo esse receio.

- JJ, o Gerard já sacrificou tanto por mim, não é justo que ele sacrifique mais.

- A meu ponto de ver, vocês dois estão cumprindo sua parcela de sacrifícios. Você está levando uma gravidez de risco e ele está abrindo mão de um casamento de fachada. Nenhum dos dois está fazendo nada forçado.

- Eu sei, mas...

- Frank, para de pensar demais. Deixa ele te amar como você merece. Sejam felizes como vocês merecem. - ela diz, puxando o amigo para um abraço. A conversa dos dois é interrompida pela chegada de Christine, que traz uma bandeja de lanche e se junta aos filhos para uma seção de cinema.

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Com Frank se sentindo melhor na sexta feira, toda a família, incluindo Gerard e Jason, se reuniram na casa de Frank para um jantar especial, em comemoração à recuperação do rapaz. Christine preparou um verdadeiro banquete, mas sem esquecer a dieta restritiva do filho.

Reunidos à mesa, o grupo engata uma conversa animada. Harry está empolgado com o jogo de baseball entre New York Yankes, seu time favorito, contra o Baltimore Orioles.

- Tenho certeza que meu Yankes vai acabar com o Orioles. Vai ser um jogão.

- Podíamos assistir juntos. Eu volto de viagem no domingo do meio da tarde. - diz o senador, pegando Frank de surpresa.

- Você vai viajar?

- Sim. Eu tenho uma reunião com o Governador Terry McAuliffe amanhã.

- Virginia? Você vai pra Virginia amanhã? Como eu não fiquei sabendo disso? Eu sou seu Relações Públicas. - diz Frank, levemente indignado.

- Sim, você é meu RP, mas está em licença médica. E isso não é um assunto importante o suficiente que mereça te incomodar durante a sua recuperação.

- Claro que é! É meu trabalho.

- Filho, seu trabalho nesse momento é cuidar do seu bebê e melhorar logo. - diz Christine, tentando apaziguar a situação.

- Frank, não é nada de mais. É só uma reunião extraoficial, apenas para tratar um possível apoio do senado da Virgínia para a minha candidatura. Nós ainda teremos outras reuniões sobre isso e você estará presente. - ele diz, dando um beijo na têmpora do rapaz, tentando acalmá-lo.

- Okay! Mas quem vai com você? Como você vai? Vai ficar quanto tempo? Aonde vai se hospedar?

- Ei, desacelera um pouco, okay? - pede Gerard. - Eu vou com o Adam, nós vamos no jatinho, são 2:30h de ida e mais 2:30h de volta. Ficaremos hospedados no The Westin. Nós vamos amanhã de manhã, eu terei compromissos durante o todo o dia e depois um jantar na casa do Terry. No domingo de manhã, nós temos uma visita a um centro de recuperação de dependentes químicos, e logo depois nós pegamos o avião e voltamos. Devemos chegar em Washington por volta das 15h. E então eu venho direto pra cá.

- Tá bom! - Frank respira fundo. - Mas você vai me ligar e me passar todos os relatórios da viagem, né?

- Não, não vou.

- Como não?

- Frank, você está em licença médica. Significa sem trabalho. Seu médico está aqui na mesa, se você quiser tirar essa dúvida com ele. - diz Gerard, fazendo Frank olhar pra Jason, que ergue uma sobrancelha em direção ao rapaz.

- Mas...

- Meu amorzinho, o Gerard tem razão. Você está em período de recuperação. Tem que se concentrar apenas em você e no seu bebê. - diz Christine.

- Frank, você está indo tão bem. Se continuar assim, no início da próxima semana já poderá voltar ao trabalho. - diz Jason e Frank bufa.

- É que eu não gosto de me sentir inútil.

- Meu príncipe, você está gerando uma vida nesse exato minuto em que estamos conversando. Por favor, não diga que você é inútil.

- Tá bom, tá bom. Mas que essa sensação de estar prendendo todos aqui por minha causa é muito frustrante.

- Meu filho, você não está nos prendendo aqui. Nós estamos aqui porque queremos cuidar de você. - diz Jack.

- E ninguém está preso aqui com você. Estamos aqui porque queremos, porque te amamos. - diz Christine.

- Bem, no caso, eu to aqui porque eu moro aqui. - diz JJ, quebrando o clima e fazendo todos rirem.

- Bem, falando nisso... - começa Jason, meio sem graça. - Eu queria aproveitar que o Frank já está em casa e está com a família aqui para fazer companhia, e te chamar para passar o final de semana comigo. - ele diz, deixando JJ estática.

- O que? - ela pergunta, sem graça.

- Minha família tem uma pequena cabana em Cabin John, em Maryland. É simples, mas bem aconchegante. Eu pensei que, depois da semana que tivemos, seria legar termos um final de semana de folga. Claro, se vocês não se importarem. - ele diz, se dirigindo à família.

- Claro que não, de jeito nenhum! Vocês dois estão precisando de um final de semana romântico. - diz Frank.

- Minha única preocupação é se acontecer alguma coisa com o Frank. - diz Christine.

- Frank está muito bem, mas se por algum acaso houver alguma emergência, nós estaremos há apenas 40 minutos de distância, e eu tenho uma colega obstetra que sempre assume meus casos quando necessário. Ela já está ciente da situação do Frank. Mas eu garanto que nada vai acontecer. Inclusive, eu sugiro que vocês também aproveitem esse final de semana para descansar. Como eu disse, Frank está bem e muita superproteção em cima dele pode deixá-lo nervoso. Todos nós tivemos uma semana estressante, dois dias de relativa folga não fará mal a ninguém.

- O rapaz tem razão, não podemos tratar o Frank como uma peça de cristal. O pior já passou, bola pra frente. Gerard vai cumprir seus compromissos. JJ e Jason vão aproveitar o final de semana deles e nós vamos ficar aqui, cuidando do nosso menino, mas sem sufocá-lo. E isso serve pra você, D. Christine. - diz Harry, arrancando uma risada da mesa. Christine até abre a boca pra argumentar, mas desiste.

Enquanto a conversa retoma, Gerard puxa Frank mais pra perto e planta um beijo em sua têmpora.

- Você sabe que não vai ser o mesmo sem você.

- Mas como você disse, é só um dia. No domingo você já está de volta pra gente. - ele diz, colocando a mão do senador sobre sua barriga.

- Vou contar os minutos. - ele diz, e beija o rapaz.

Ao final da noite, Gerard e Jason se despedem de todos. Jason combina de buscar JJ ás 9h, para não pegarem muito trânsito. E Gerard promete ligar assim que o avião aterrissar na Virginia. Com beijos apaixonados em seus amores e abraços e cumprimentos na família, os dois rapazes partem para suas respectivas casas.

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No dia seguinte, Jason chegou pontualmente ás 9h da manhã para buscar JJ. A moça se arrumou rapidamente e sem fazer barulho, para não acordar Frank, que dormia pacificamente, já que os dois estão dividindo o mesmo quarto, enquanto a família permanece em Washington. Despedindo-se dos pais e do avô, a moça embarca no carro do namorado e parte rumo ao merecido final de semana de descanso dos dois.

Enquanto Frank continua dormindo, a família se ocupa pela casa. Christine aproveita para fazer uma faxina na casa do filho, mesmo que o ambiente esteja perfeitamente limpo, mas sua desculpa é que, quanto mais higienizado, melhor para o sistema imunológico do filho e do neto. Já Harry foi cumprir a lista de tarefas que Christine o designou para fazer na rua, incluindo mercado e mais algumas lojas para itens que a mulher precisará, e Jack se ocupou em assistir os jornais da manhã.

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Já eram quase 10:45h da manhã, quando a melodia do celular de Frank o retirou de seu sono. Girando na cama com certa dificuldade, graças à barriga, Frank se esticou para alcançar o aparelho e sorriu ao ver o nome de Gerard surgir na tela do celular.

- Bom dia. - ele diz, com a voz preguiçosa.

- Te acordei?

- Não tem problema. Já estava na hora de acordar mesmo, eu dormi demais.

- Você precisa descansar. Lembra o que os médicos falaram.

- Amor, a única coisa que eu tenho feito nesses últimos dias é descansar. Não se preocupe.

- Impossível não me preocupar com você. Mas enfim... Bom dia, meu príncipe. - ele diz, e Frank ri.

- Bom dia de novo.

- Como está se sentindo?

- Me sinto bem. O bebê me deixou dormir direitinho essa noite.

- É porque eu não estava com você. Ela nunca te deixa dormir quando eu estou por perto. Está sempre chutando quando ouve a minha voz.

- Isso é verdade. Ele fica louco quando o papai está por perto.

- E eu logo estarei de volta pra encher vocês de carinho. Eu mal cheguei aqui e já estou com saudades.

- Nós também estamos com saudades. E como foi seu voo?

- Foi tranquilo, nenhum contratempo. Nós chegamos nesse minuto. Nem desembarquei do jatinho.

- Eu não quero te prender. Quanto mais rápido você cumprir seus compromissos, mas rápido você volta pra gente.

- Mal posso esperar. Se cuida, tá bom? E diz pro nosso bebezinho que o papai já está morrendo de saudades.

- Acredite, ele também. Nós te amamos.

- E eu amo vocês. Até amanhã.

- Até amanhã. - ele diz, encerrando a ligação.

Renovado após falar com Gerard, Frank levanta da cama e segue para o banheiro. Entrando no chuveiro, ele fica parado embaixo da ducha, deixa a água morna enxaguar o seu corpo. Correndo as mãos pela barriga, ele sente leves chutes em seu ventre, como se seu bebê estivesse te dando bom dia.

- Oi, meu amor! Bom dia pra você também. Foi a voz do papai que te acordou, não foi? É, eu sei, eu também estou com saudades dele. Mas ele pediu pra te avisar que te ama muito e que amanhã estará de volta pra gente. Então vamos tomar o nosso banho e descer pra ver o que os seus avós e o seu bisavô estão aprontando e, quem sabe, assim o tempo passa mais rápido, não é? - ele diz, acariciando a barriga.

Após completar seu ritual de higiene matinal e se sentindo pronto para começar o dia, Frank veste uma roupa bem leve e desce para encontrar a família. Christine, que está vindo da área de serviço carregando um cesto de roupas, sorri ao ver o filho.

- Bom dia, meu bebê!

- Bom dia, mãe. O que está fazendo?

- Ah, eu lavei umas roupas que estavam no cesto de roupa suja e aproveitei pra lavar algumas roupinhas do bebê. - ela diz, e Frank sorri.

- Mãe, faltam 15 semanas por bebê chegar, não precisava lavar as roupas agora.

- Meu filho, o bebê vai precisar de muitas coisas. São milhões de preparativos para antes dele nascer. Se você deixar tudo pra cima da hora, você e o Gerard vão ficar loucos.

- Mas nós não temos nem aonde colocar essas roupas. Ainda estavam todas dentro das sacolas de presente que vocês deram.

- Eu sei, por isso que eu pedi pro seu pai passar numa loja de bebê no caminho do mercado e comprar essas embalagens de tule, dessas que a gente usa pra separar as roupinhas que vão pra maternidade. - ela diz, apontando para algumas sacolas em cima do sofá. - Depois que eu passar as roupas, vou colocar nessas embalagens e guardar no armário do quarto de hóspedes. Assim, quando os móveis do bebê chegarem, é só vocês arrumarem.

- A senhora não existe, D. Christine. - ele diz, dando um beijo na mãe.

- Mamãe só está cuidando do bebê dela, enquanto você cuida do seu.

- Eu não sei o que seria de mim, se vocês não estivessem aqui, sabia?

- Ainda bem você nunca vai ter que pensar nisso.

- Eu sou um cara de sorte. E meu pai, onde está?

- Ele foi tomar um banho e descansar um pouco. Eu confesso que abusei dele essa manhã.

- Eu espero que a senhora esteja falando de compras e essas coisas.

- Uma dama nunca revela esse tipo de intimidade. - diz Christine, e Frank se finge de horrorizado.

- Mãe! Tem um bebê inocente aqui que não precisa saber detalhes sobre os avós. - ele diz, colocando as duas mãos na barriga. Christine ri.

- Não seja bobo, garoto! Seu pai fez um pequeno tour pela cidade para comprar algumas coisas que eu precisava. Ele voltou cansado, então foi tomar um banho e descansar até o almoço ficar pronto.

- Ah, entendi. E meu avô?

- Está lá fora, falando no telefone.

- Eu vou lá, falar com ele.

- E eu vou guardar essas coisas. - ela diz, dando um beijo no rosto do filho e seguindo para o segundo andar, enquanto Frank vai até a cozinha pegar uma garrafa de água e segue para a entrada da casa.

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O dia do lado de fora está claro e ensolarado, como um típico dia da primavera em Washington. É a primeira vez que Frank respira ar puro em dias. Esticando a coluna, ele sente a leve brisa fresca bater em seu rosto. É um belo dia. Olhando para frente, ele vê seu avô na calçada da casa. Ele conversa com alguém em seu velho celular, um aparelho com, facilmente, 15 anos de idade e só serve mesmo para fazer ligações. Frank sorri lembrando que, por mais que ele tente convencer o avô a trocar por um aparelho mais moderno, Jack sempre insiste que seu velho celular satisfaz todas suas necessidades, que se resumem em fazer e receber ligações.

Descendo a pequena escada que leva da porta da casa até a calçada, Frank caminha em direção ao avô, que logo nota sua presença.

- Ei, eu preciso desligar, meu neto chegou aqui. A gente se fala durante a semana. E qualquer novidade você me liga, okay? Até mais! - ele diz, encerrando a ligação e voltando sua atenção para Frank.

- Oi, vô!

- Oi, meu filho! Como se sente?

- Me sinto muito bem, obrigado. Com quem o senhor estava falando?

- Ah, com um amigo do Centro de Recreação. Ele queria saber quando eu volto. Está sentindo falta do parceiro de carteado. - diz Jack, mas Frank não parece cair na história do avô.

- Okay. - ele diz, sorrindo. - O que o senhor acha da gente dar uma volta no quarteirão?

- Você pode? Não vai ser demais pra você?

- Se a gente caminhar bem devagar, não tem problema. Eu só não posso correr, mas uma volta de 10 minutos no quarteirão não vai fazer mal. É bom que a gente estica as pernas.

- E seus pais?

- Minha mãe resolveu lavar as minhas roupas e faxinar a minha casa e meu pai foi descansar um pouco.

- Bem, então vamos. - diz o senhor, estendendo o braço para o neto, que aceita com prazer.

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Enquanto Frank e Jack começam sua caminhada, Cole, que continua de vigília dentro do carro do outro lado da rua, saca o celular e liga para Bethany.

- Alguma novidade? - pergunta Bethany, diretamente.

- O Iero acabou de sair para caminhar com o avô, a irmã saiu cedo com uma bolsa de viagem e os pais continuam dentro da casa. Mas o Gerard ainda não apareceu.

- Gerard está em uma viagem política, eu chequei na agenda online do Capitólio. Ele ficará fora o final de semana toda. Minha janela de oportunidade está se fechando.

- Você tem hoje e amanhã.

- Então não se atreva a piscar os olhos. Eu não posso perder essa chance. Assim que a família dele sair e ele estiver sozinho, você me liga imediatamente.

- Eu sei o que fazer Bethany. - diz o homem, mal humorado. Bethany ri do outro lado da linha.

- Não fique assim. Você será muito bem recompensado quando meu plano der certo. Te prometo que você não vai se arrepender. - ela diz, dobrando o homem, que sorri.

- Acho bom mesmo.

- Agora olho alvo. Me ligue quando tudo estiver certo. - ela diz, encerrando a ligação, fazendo Cole voltar sua atenção para sua tarefa.

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O passeio de Jack e Frank, que normalmente demoraria 10 minutos, levou um pouco mais do dobro do tempo, pois nenhum dos homens está em condições para atividades pesadas. Se aproximando da entrada de sua casa, Frank precisou parar repentinamente e se apoiar em seu carro, pegando o avô de surpresa.

- Ei, filho, tudo bem? - Jack ampara o neto, assustado.

- Sim, sim. - ele diz, ligeiramente ofegante. - É só o bebê chutando forte, me pegou de surpresa.

- Oh. - diz Jack.

- O senhor já sentiu o bebê chutar?

- Eu... eu não sei, acho que não.

- Aqui, me dá a sua mão. - ele diz, pegando a mão do avô e colocando no exato ponto onde o bebê desfere seus golpes. - Consegue sentir? - ele pergunta. Demoram alguns segundos, mas o rosto de Jack se ilumina e seus olhos se enchem de lágrimas.

- Oh, meu Deus! Eu nunca pensei que sentiria essa sensação novamente. É a sensação mais linda que existe. Tem uma vida crescendo dentro de você, meu filho.

- Eu sei. Ele me lembra constantemente. - Frank ri.

- Logo esse bebezinho te chutando estará em seus braços e você vai sentir como se tivesse nascido de novo. Você vai sentir como se nunca tivesse amado de verdade, como se o mundo tivesse começado a girar naquele momento. Esse pequeno vai mudar a sua vida, meu filho. Mudar para melhor. Ele vai trazer te trazer nada mais do que felicidade. Você vai ver.

- Eu sei. E eu mal posso esperar para que ele conheça os avós, e o bisavô.

- E eu mal posso esperar para conhecê-lo também. - diz Jack, emocionado. Os dois homens sorriem ao sentirem o bebê chutar novamente.

- Viu? Ele também está ansioso para conhecer o senhor. - Frank coloca a mão sobre a mão do avô.

- Ele vai ser muito amado e adorado, assim como o pai dele. - diz o senhor, deixando Frank emocionado.

- Eu também te amo, vovô. - ele diz, dando um beijo no rosto do senhor. - Bem, vamos entrar, minha mãe já deve estar doida atrás da gente. - ele brinca, enquanto os dois seguem para dentro de casa.

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E assim como esperado, Christine aguarda, ansiosa, o filho e o sogro chegarem. Levando a mão ao peito, ela respira aliviada quando Frank e Jack entram pela porta.

- Ah, graças a Deus! Onde vocês estavam? Eu já estava desesperada.

- Calma, mãe, nós só fomos dar uma volta no quarteirão.

- Meu filho, você precisa descansar e não se cansar mais.

- Christine, o menino está bem. - diz Harry, se aproximando. - E uma volta no quarteirão é bom pra fazer o sangue circular, fazer o pulmão trabalhar e esticar as pernas. Ele já passou muito tempo preso dentro dessa casa. Estava precisando respirar um pouco de ar puro.

- Além do mais eu estava com ele, Christine. Ele ficou bem o tempo todo, não se preocupe.

- Tá bom, tá bom! Agora vá medir a sua pressão, enquanto eu termino o almoço. Depois eu quero você repousando durante a tarde. Nada de abusar. Um passo de cada vez.

- Sim, senhora. - diz Frank, sorrindo.

Em menos de meia hora depois, Frank e a família estava reunida à mesa. Christine serve couve-flor gratinada, salada de grão de bico e belas postas de salmão ao molho de maracujá. Para beber há uma jarra de chá gelado de pêssego e suco de laranja. Ainda para a sobremesa, há uma bela torta de blueberry no forno. Por mais que Frank coma muito bem no seu dia a dia, não há nada como a comida da mãe.

Enquanto Christine serve os pratos, Harry se ocupa em servir as bebidas. Mal a primeira garfada para Frank se sentir nas nuvens.

- Mãe, que delícia! Acho que você se superou dessa vez.

- Isso é amor, meu filhote. Tudo que eu faço pra vocês é feito com muito amor.

- O Frank tem razão, Christine. Está tudo maravilhoso. - diz Jack.

- Guardem espaço pra sobremesa, hein? - ela diz, sorrindo.

Conforme a refeição continua, Christine se manifesta novamente.

- Meu filho, seu pai e eu conversamos. - ela diz, chamando a atenção do filho. - Nós gostaríamos muito de ir à missa amanhã. Nós temos que agradecer muito a Deus por você e nosso netinho estarem fora de perigo.

- Oh, mãe, obrigado.

- Ah, eu gostaria de ir também. - diz Jack. - Além de agradecer a Deus, eu quero, humildemente, continuar pedindo a Deus que continua te guardando, meu filho.

- Você se incomoda se nós formos à missa e te deixarmos sozinhos por algumas horas, filho?

- De jeito nenhum, mãe. Podem ir tranquilos.

- Então nós vamos amanhã, depois do café da manhã. Seu pai achou uma igreja relativamente perto, nós podemos ir de ônibus.

- Ah, por favor, que ônibus nada. Usem o meu carro.

- Você tem certeza, filho? E se você precisar? - pergunta Harry.

- Eu não vou. Enquanto vocês estiverem na rua, eu vou aproveitar e descansar um pouco.

- Tudo bem, então. Mas prometemos que não vamos demorar.

- Por que vocês não aproveitam e dão uma volta pela cidade? Vão até ao Capitólio, à Casa Branca, ao Arlington? É uma boa pra vocês saírem de casa.

- Ah, eu não quero te deixar sozinho tanto tempo.

- Mãe, eu vou ficar bem, eu juro. Qualquer coisa, eu ligo. Prometo.

- Tá bom, vamos ver. Amanhã a gente decide. - diz Christine, encerrando o assunto.

O jantar continuou normalmente. Após assistirem alguns programas na TV, a família se recolheu aos quartos. Antes de dormir, Frank ainda tirou um tempinho para falar com Gerard, desejar boa noite, dizer que estava com saudades e falar que estava contando as horas para o amado chegar amanhã. Assim que desligou o celular, não demorou muito para o rapaz pegar no sono.

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Após o café da manhã, Frank se acomodou em seu sofá, com um copo de suco ver e um exemplar de "O Que Esperar Quando Se Está Esperando". Ele observa, com humor, a mãe andar de um lado para o outro, ditando uma serie de recomendações para o rapaz, enquanto Harry e Jack esperam, pacientemente, próximo à porta.

- Filho, tem comida na geladeira, chá na jarra térmica, eu ajustei o alarme para a hora dos seus remédios. Todos os travesseiros estão no sofá, junto com a sua colcha favorita, assim você não precisa subir as escadas. Eu anotei todos os nossos telefones, os do Jason, da JJ e da médica amiga do Jason. Pelo amor de Deus, qualquer coisa, você liga pra gente.

- Mãe, eu sei o telefone de todos vocês de cor, mas mesmo assim obrigado. Agora eu quero que você me prometa que vai aproveitar o dia. A JJ e o Jason estão curtindo o final de semana deles, e vocês também têm o direito de curtir um pouco. Eu não quero ficar com a sensação que só dei trabalho pra vocês.

- Você não dá trabalho, meu anjo. Mas tudo bem, mamãe promete que a gente vai dar uma volta depois da missa.

- Aproveitem, tá bom! Eu juro que ligo se acontecer alguma coisa.

- Liga mesmo?

- Claro! Mas vocês devem chegar quase junto com o Gerard.

- Vamos embora, Christine, a missa já vai começar! - diz Harry, abrindo a porta.

- Fica bem, meu anjo. Mamãe ama você.

- Eu também amo você. Tchau, pai! Tchau, vô. Aproveitem!

- Pode deixar, meu filho. Amamos você.

- Eu também! - e depois do que pareceu uma eternidade, Christine finalmente deixa a casa acompanhada de Harry e Jack.

A mulher chega a hesitar, mas Harry a conduz para o carro e o trio parte com destino à missa na Igreja de St. Patrick.

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Ao ver a movimentação na frente da casa de Frank, Cole se apressa em ligar para Bethany.

- Alô!

- É agora! Ele está sozinho.

- Você tem certeza?

- Sim! A família acabou de sair de carro. Não sei quanto tempo ficarão longe, então se você tiver que agir, que seja agora.

- Certo! Chego aí em 20 minutos. Se algo mudar nesse meio tempo, me avise.

- Okay! Venha rápido. - ele diz, e encerra a ligação.

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Cole está ansioso. Já se passaram meia hora e nada de Bethany chegar. O bom sinal é que nem a família de Frank deu o ar da graça ainda, ou seja, o rapaz continua sozinho. Dentro do carro, ele corre as mãos pelos cabelos e esfrega o rosto, sentindo a aspereza da barba por fazer. Nervoso, ele pensa em ligar para a amante e cancelar a empreitada, mas antes que ele tenha a chance de alcançar o celular, o Mercedes-Benz oficial de Bethany estaciona em frente à casa de Frank.

O motorista salta e corre para abrir a porta traseira do carro para a mulher. Bethany desce do carro vestindo um belo e ajustado vestido branco, um pouco abaixo dos joelhos, uma bolsa tipo carteira embaixo do braço e um vaso de flores nas mãos. Dando uma breve olhada para trás, ele enxerga o carro de Cole e sorri, antes de seguir a passos firmes para a porta da casa de Frank.

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Frank tem uma relação de amor e ódio por livros sobre gravidez. Ao mesmo tempo em que esse tipo de leitura cessa uma série de dúvidas, ela também cria novas dúvidas e receios. Após um capítulo em particular, que falava sobre como os bebês desenvolvem pelos faciais, que depois caem e são ingeridos e digeridos pelos bebês, Frank largou o livro de lado e resolveu buscar entretenimento na televisão. A última coisa que o rapaz precisa nesse momento é pensar no seu filho comendo o próprio bigode.

Frank está zapeando pelos canais da televisão, quando o som de sua campainha chama sua atenção. Levantando-se com certa falta de mobilidade, ele caminha em direção à porta, imaginando que seus pais podem ter esquecido a chave, ou melhor, Gerard pode ter chegado antes de viagem. A ideia o faz sorrir.

No entanto, seu sorriso é imediatamente desfeito quando, ao abrir a portar, ele dá de cara com Bethany.

- Olá, Frank! - diz a mulher de Gerard, com uma expressão simpática no rosto. Após o choque inicial, Frank tenta fechar a porta da casa, mas Bethany usa o corpo para travar o movimento. - Frank, por favor, eu só quero conversar com você.

- Nós não temos nada para conversar. Por favor, saia da minha casa!

- Olha, eu sei que eu te fiz muito mal e eu estou profundamente arrependida pelos meus atos. Eu juro pelo que há de mais sagrado, eu só quero conversar.

- Sra. Way, por favor, vá embora! Se a senhora se arrepende do que fez, ótimo! Arrependa-se na sua casa e me deixe em paz.

- Frank, por favor, eu errei, eu sei que errei. Mas eu juro por Deus que eu não sabia que você possuía alguma condição médica. Eu jamais faria nada que colocasse a vida do seu filho em risco, você precisa acreditar em mim. Eu posso ter todos os defeitos do mundo, mas eu não sou um monstro. Por favor, me dê a chance de me desculpar e me justificar. Se depois de ouvir o que eu tenho para dizer, você nunca mais quiser olhar pra mim, eu entenderei e respeitarei. Mas, por favor, eu te imploro, me deixe me desculpar.

Algo no fundo de seu cérebro grita para Frank mandar a mulher embora e trancar a porta com todos os cadeados que ele achar em casa, mas a enxurrada de hormônios que tomam conta de seu corpo e de seus sentimentos sussurra em seu ouvido que Bethany tem, ao menos, o direito de se desculpar pelo que fez. Ele olha novamente para a mulher, que possui uma expressão consternada no rosto, o que acaba ganhando a empatia do rapaz.

Respirando fundo, ele abre a porta, permitindo a passagem da mulher. Mas, por motivos de segurança, ele permanece sempre há alguns passos de distância dela. Bethany, por sua vez, olha ao redor, avaliando a residência do rapaz. Depois de alguns segundos, ela estende o vaso de flores pra ele.

- São pra você, como uma oferta de paz. - ela diz, oferecendo o vaso. Frank olha para o presente, mas não esboça nenhuma reação. Bethany força um sorriso e coloca o vaso sobre a bancada da cozinha. - Bem, não posso culpá-lo por não aceitar nada vindo de mim.

- Como você conseguiu meu endereço?

- Quando Alfred trouxe o seu currículo para o Gerard, eu fui uma das primeiras a analisar. Havia todos os seus dados básicos lá. Endereço, telefone, referências. Eu não estava te perseguindo, se é isso que você está pensando.

- Eu estou pensando muitas coisas no momento. - ele diz, com o semblante fechado.

- Será que nós poderíamos sentar para conversar?

- Eu estou bem de pé, obrigado.

- Tem certeza? Eu soube que... - ela começa, mas interrompe o seu pensamento. - Bem, enfim! Frank, eu vim me desculpar de verdade pelo que houve. Eu estava fora de mim, agi sob uma emoção que não me pertence.

- De que situação em específico que a senhora está se referindo? De quando descobriu sobre meu relacionamento com o Gerard? Quando descobriu o minha gravidez? Ou essa última, quando me encurralou em minha sala, me agrediu verbalmente e me ofendeu, a ponto de causar uma internação que quase custou a minha vida e a vida do meu filho?

- Sinceramente? De todas. - ela diz, e respira fundo. - Frank, você tem que entender que a minha relação o Gerard realmente já não é mais como era antigamente. Nós nos distanciamos, nos tornamos estranhos um para o outro, quase inimigos. Mas nem sempre foi assim. Eu amei o Gerard. Não da maneira como você está pensando. Eu amei o Gerard como um amigo. Eu protegi o seu segredo, eu comprei o seu sonho, eu me dispus a qualquer coisa para que ele alcançasse seu objetivo. Mas eu não fiz isso unicamente por altruísmo, eu fiz porque acreditei nele, e porque acredito até hoje. Eu sei que o Gerard será o melhor presidente que esse país já viu e sei que nosso povo precisa dele. Precisa da bondade dele, dos ideais dele, da justiça dele.

- E você acha que eu não acredito em tudo isso?

- Eu não duvido que você acredite. Mas você ama o Gerard homem acima de tudo. Você se apaixonou pelo homem que ele é, não pelo político e líder que ele seria um dia. E eu não te culpo, Gerard é o homem mais doce, mais apaixonado, mais dedicado do mundo. Eu sempre soube que, no dia em que ele se apaixonasse, ele se entregaria de corpo e alma e daria tudo de si, e a pessoa que tivesse o privilégio de ser amada por ele, seria a pessoa mais sortuda e mais feliz do mundo.

- Não me diga que a senhora veio até aqui para nos dar a sua benção?

- Não. - ela diz. - Quero dizer, eu não sei. Talvez sim. Eu sei que eu vi aqui, primeiro para lhe pedir perdão por tudo que eu te fiz passar. E segundo, eu vim pedir que você cuide do Gerard, pois ele vai precisar muito. Você e a família que vocês vão criar serão a única coisa que restará para ele. - ela diz, e Frank sente a espinha gelar.

- Do que você está falando?

- Frank, a essa altura, você já deve saber que meu casamento com o Gerard acabou e que ele saiu de casa.

- Sim, eu sei. Mas o que isso tem a ver com ele perder tudo?

- O que você acha que vai acontecer quando as pessoas descobrirem a verdade? O Gerard estará liquidado politicamente para sempre.

- Isso não é verdade! Ele tem aliados dentro do partido, ele tem a opinião pública do lado dele.

- Frank, quem cria a opinião pública é a cúpula do governo. E o que você acha que eles farão quando descobrirem que o Gerard é gay, que manteve um relacionamento extraconjugal por mais de um ano, que está prestes a ter um bebê com seu parceiro. O mundo da política é cruel. Gerard será execrado publicamente. Todos os tabloides terão o rosto dele estampados nas capas. Ele será humilhado publicamente. Nosso governo é repleto de velhos hipócritas. Você pode manter um harém com jovens traficadas de países de terceiro mundo, mas Deus os livre de um relacionamento homossexual. - ela diz, deixando Frank horrorizado.

- Mas o Senador Beckett... o Senador Stewart...

- Homofóbicos transvestidos de liberais. Frank, eu lido com esse tipo de gente desde o primeiro dia do Gerard na política. Escute o que eu estou dizendo, Gerard é um homem sonhador e apaixonado. Por tudo que ele faz. Ele vai tentar fazer dar certo, mas ele sairá extremamente ferido disso tudo. Ele vai perder tudo. Tudo pelo que ele sempre lutou, sempre sonhou. Eu lamento tanto não ser mais a pessoa com quem ele pode contar, mas ainda bem que ele tem você. E ele vai precisar do seu apoio quando chegar ao fundo do poço. - ela diz, com uma expressão solidária no rosto.

Frank sente o chão ser retirado de seus pés. Ele sente como se o mundo tivesse ruído ao seu redor. Seu peito dói e seus olhos ameaçam se encher de lágrimas. Bethany observa a reação do rapaz atentamente, tentando suprimir um sorriso que ameaça brotar em seu rosto.

- Bem, acho que vou te deixar descansar. Já tomei muito o seu tempo. Eu realmente espero que você aceite minhas desculpas sinceras e que você possa ser a pessoa que o Gerard vai precisar quando as coisas ficarem difíceis. Eu já vou indo. Obrigada por me receber. - ela diz, caminhando até a porta. - Não se incomode, eu conheço a saída. - e com isso, ela sai pela porta, deixando pra trás um Frank completamente devastado.

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De dentro do carro, Cole observa Bethany seguir para seu veículo oficial. Não demora muito para que seu celular vibre, indicando uma nova mensagem.

"Te espero no seu apartamento. E traga champagne. Temos muito o que comemorar."

O homem sorri e arranca com o carro, em direção a seu apartamento.

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Frank ainda permanece no mesmo lugar. As palavras de Bethany martelam em seu peito como um porrete. "Gerard vai perder tudo." "Gerard será humilhado publicamente" "Gerard será execrado pela opinião pública."

Erguendo os olhos, ele vê o vaso de flores de Bethany sobre a bancada da cozinha. Num acesso de raiva, ele joga o vaso dentro do lixo. Seu filho se remexe e chuta descontroladamente, o que lhe causa uma forte onda de náuseas. Correndo para o banheiro, ele só tem tempo de cair de joelho na frente do vaso e deixar a natureza seguir seu curso. Lágrimas correm livremente por seu rosto, mas não pelo esforço e dor de vomitar todo seu café da manhã, mas pela ideia de ser ele o causador da ruína do homem que ama.

Quando não há mais nada para ser expelido por seu corpo, Frank deixa o corpo cair pra trás e apoia as costas na parede fria do banheiro. Ele se encolhe o máximo que sua barriga permite e cai em prantos, divido entre seguir sua felicidade e fazer o certo pelo amor de sua vida.

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Gerard correu com todos seus compromissos na Virgínia. Por mais que ele odeia admitir, sua mente estava longe durante sua visita ao centro de recuperação de dependentes químicos. Ele apertou algumas mãos, tirou algumas fotos, e assim que Adam falou que a visita oficial havia acabado, os dois entraram no carro e partiram direto para o aeroporto.

Três horas depois, Gerard estava subindo os degraus que levam até a porta da casa de Frank. Ele estranhou ver a garagem vazia e imaginou se algo teria acontecido, mas ao tocar a campainha e ouvir a voz distinta de Frank gritando um "já vai", seu coração se acalmou. Ele quicava de ansiedade. Foram dois dias, mas que pareceram uma eternidade.

Assim que Frank abriu a porta, Gerard não esperou. Ele tomou o rapaz em seus braços e o beijou apaixonadamente, matando toda sua saudade. A porta foi fechada com o pé, enquanto o senador conduzia Frank para dentro da casa, entre beijos, abraços e carícias.

Finalmente separando o beijo, os dois conseguem um segundo para recuperar o fôlego, mas Gerard se recura a soltar o abraço do jovem. O máximo que ele consegue fazer é ajoelhar-se na frente de Frank, ergue sua camiseta, expondo sua barriga, e plantar um beijo bem abaixo do umbigo do rapaz.

- Oi, amor! Papai estava com tanta saudades de você e do seu pai. Esses dois últimos dias foram um inferno longe de vocês. Então, você se comportou? Você cuidou do seu pai direitinho? - ele pergunta, com um enorme sorriso no rosto, plantando outro beijo no abdômen do rapaz.

Frank permanece estático, como se tentasse controlar cada fibra de seu corpo para se manter firme. Assim que Gerard termina de conversar com o bebê, ele se põe de pé e toma o rosto do amado entre as mãos, plantando-lhe um beijo nos lábios. Mas algo está diferente. Algo nos olhos de Frank está diferente.

- Ei, tudo bem? - ele pergunta, e Frank precisa forçar um leve sorriso.

- Sim, estou bem.

- O bebê se comportou?

- Se comportou direitinho.

- Que bom! Onde estão seus pais?

- Foram à missa. - diz Frank, e Gerard nota as respostas curtas e secas do rapaz.

- Está acontecendo alguma coisa?

- Não, nada. Você quer beber alguma coisa? - ele diz, seguindo para a cozinha, mas Gerard o intercepta no meio do caminho.

- Frank, eu conheço você e sei que tem algo errado. Por favor, me diz, o que está acontecendo? - ele pede, com os olhos cheios de urgência. Frank sente os olhos marejarem e abaixa a cabeça, o que imediatamente preocupa Gerard. - Amor, fala comigo! Seja lá o que for, nós podemos resolver. Por favor, me fala.

- Eu... - Frank tenta encontrar a própria voz, enquanto mais uma lágrima rola por seu rosto. - Eu acho que não posso mais trabalhar com você. - ele diz, pegando Gerard de surpresa e o deixando em choque.

- O quê? Por quê? É por causa do bebê? Você está com medo de se esforçar demais? Amor, a gente dá um jeito. Você pode entrar de licença, trabalhar de casa.

- Não, não é por causa do bebe. Quer dizer, é, mas não é só por isso. A questão é que eu não posso mais trabalhar com você. - ele diz, fazendo Gerard tomar seu rosto entre as mãos e levantá-lo, para que possa olhar em seus olhos.

- Se não é só por causa do bebê, então qual é o motivo? - Gerard pergunta, o que faz com que as lágrimas de Frank rolem sem controle.

- Porque... porque eu não... eu não posso mais estar com você. - ele diz, e Gerard perde o ar.

- O quê?

- Eu... eu estou terminando com você.


Notas Finais


Bem, meus queridos, é isso! Minha escolta armada está me levando de volta para o bunker!

A única coisa que posso dizer é que o próximo capítulo já está em processo de criação. Então nos vemos em breve!!

Acreditem ou não, amo vocês!!!

BEIJOOOOOOOOSSSSSSSSSSSS


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