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História House Of Wolves - Olha Quem Veio Para o Jantar


Escrita por: WantedKilljoy21

Notas do Autor


Oi, gente linda e cheirosa!!!

Bem, depois de um looooongo hiato forçado, colocando a casa e a cabeça em ordem, estou de volta e dessa vez pra ficar!!!

Me desculpem pela ausência, pelos comentários que não respondi, pela solicitações de amizade no face que ainda não aceitei. Esses primeiros meses do ano foram estranhos, mas ainda bem que já passou. Depois de alguns dias recarregando as baterias, estou renovada e pronta pra começar o ano de verdade.
Agora com a ajuda da minha madrinha linda MaryAnn, Wolves está volta com força total. Bem, vamos conversar mais lá embaixo.

BOA LEITURA!!!!

Capítulo 5 - Olha Quem Veio Para o Jantar


Fanfic / Fanfiction House Of Wolves - Olha Quem Veio Para o Jantar

Julia Jaden Parker, ou apenas JJ, sempre é uma cidadã do mundo. Desde pequena, ela sentia uma grande necessidade de explorar o mundo, de ver uma nova paisagem a cada dia, de viver novas culturas. Ela não gostava de criar raízes em um só lugar e nada parecia capaz de segurá-la por muito tempo. Mais tarde, JJ entendeu que sua inquietação era um reflexo da sensação de não pertencer a lugar algum.

JJ nasceu em berço de ouro. Ambos os pais eram empresários bem sucedidos, executivos de alta classe, que viviam mergulhados em números, ações e investimentos. Nos primeiros anos de sua vida, a menina viveu cercada de babás e outros empregados que cuidavam do funcionamento da imensa cobertura em que a família morava em NY. A bela vista para o Central Park só servia para aumentar a tristeza da criança pela ausência dos pais.

Quando JJ fez quatro anos seus pais resolveram trocar de ares e a família se mudou para Nova Jersey. A mudança brusca foi um baque para o casal, mas para a menina foi o paraíso na terra. A vizinhança aconchegante, com casas que mais lembravam as casas de suas bonecas, as crianças brincando pelas ruas sob os olhares atentos dos pais, o cenário todo parecia um sonho se tornando realidade.

E foi em uma tarde de brincadeiras, de pés descalços na grama e de suor encharcando a roupa, que os olhos castanhos da pequena JJ cruzaram com os olhos esverdeados do menino franzino e de sorriso largo. Frank e JJ se apaixonaram à primeira vista, como duas almas que se reencontraram no universo. As duas crianças se completavam, se equilibravam. Pouco tempo depois, os dois ingressaram na mesma escola. E quando não estavam juntos na aula, estavam juntos na casa do menino. JJ encontrou na família Iero a base familiar que sempre sonhou.

E com o passar do tempo, os laços entre JJ e os Iero só se fortaleciam. Eles pareciam os únicos que conseguiam manter a menina na linha, os únicos capazes de fazer com que ela se sentisse segura, acolhida e aceita. E conforme sua relação com os Iero se tornava mais forte, sua relação com os próprios pais ruía cada vez mais. Com o início da adolescência, JJ canalizou toda a ausência e negligência dos pais e transformou em ressentimento, deixando sua convivência cada vez mais insustentável.

Não foram poucas as vezes em que a garota voluntariosa e de gênio forte, saiu de casa batendo porta e foi buscar abrigo na casa dos vizinhos. Ou que a poderosa mulher de negócios, que se revezava entre Wall Street e a manutenção das babás que cuidavam de sua filha "rebelde", foi desabafar com Christine Iero sobre não saber lidar com o temperamento da menina. Ou que Harrison Iero precisou de horas para acalmar a fúria do Sr. Parker, que bradava que mandaria a filha para um internato.

Logo nãoi foi surpresa para ninguém quando, aos 18 anos, logo após seus pais anunciarem que se mudariam para Seattle, JJ decidiu ficar em definitivo em Nova Jersey. Ao completar a maioridade, a jovem pode ter acesso à herança deixada por sua avó materna, que era mais do que suficiente para que JJ vivesse tranquila pelo resto da vida. Então, com os pais partindo para outro estado e os laços se partindo de vez, JJ ficou morando com os Iero em definitivo.

Frank e JJ faziam absolutamente tudo juntos. As mesmas atividades extracurriculares, os mesmos empregos de verão, os mesmo cursos e até mesmo entraram para a mesma faculdade. Os únicos momentos em que se separavam era quando estavam em aula (Frank cursando Relações Públicas, e JJ cursando História da Arte), ou quando Frank estava com o namorado, um rapaz meio nervosinho, de quem a jovem não era muito fã.

Foi após se formarem, e Frank resolver morar em Washington com o namorado, que JJ iniciou sua jornada pelo mundo. Ao mesmo tempo em que explorava os museus e galeria de artes dos diversos países que visitava, a jovem também entrava em uma jornada de autoconhecimento e aceitação. Mas por mais que seu trabalho e curiosidade a levassem pra longe, seu coração sempre a trazia de volta pra casa.

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Frank olha, impaciente, para o painel de desembarque do Aeroporto Internacional de Dulles, em Washington. O voo vindo da Ásia pousou há pouco mais de 25 minutos, mas ainda não há sinal dos passageiros. Ele bate os dedos da mão esquerda sobre a tampa da caixa de papelão que ele leva na outra mão. A logo coloria da lanchonete Duck Donuts ocupa quase toda a tampa da caixa. Dentro da embalagem há quatro donuts recheados, cobertos com uma camada de chocolate e uma generosa quantidade de confeitos.

Frank e JJ criaram uma tradição só para os dois. Todas as vezes que a jovem passa muito tempo fora de casa, Frank recepciona a amiga com alguma comida que faz parte do passado deles. JJ costuma dizer que a melhor parte de chegar em casa é saber qual lanche o amigo trouxe dessa vez. Frank já a surpreendeu com hambúrguer, pizza, cachorro-quente, milk-shake, e o escolhido da vez são os donuts que JJ tanto gostava quando estava na faculdade.

Então, com a caixa de donuts nas mãos, Frank espera, ansioso, a chegada da amiga.

Finalmente o portão do desembarque se abre, revelando os primeiros passageiros. Não demora muito para o salão ficar lotado de recém-chegados e suas famílias, de beijos, abraços e lágrimas. A cada pessoa que passa pelos portões, uma nova comoção se forma, e isso só aumenta a ansiedade de Frank. O portão se abre novamente e uma nova leva de passageiros é recepcionado por seus entes queridos. E então Frank sorri.

JJ caminha no meio da multidão, com sua bolsa de viagem no ombro(Frank sempre fica impressionado como ela consegue passar tanto tempo fora levando tão pouco) e seu inigualável sorriso no rosto. Frank também avança sobre a amiga, que deixa a bolsa cair no chão e abre os braços para receber o carinho do rapaz. Finalmente, depois de sete meses, JJ está de volta em casa.

- Não acredito que você está aqui. - diz Frank, dando um forte abraço na amiga.

- Nem eu. Que saudade que eu estava! - ela diz, e então afasta o abraço. - Deixa eu te olhar. Você está mais magro. - ela diz, franzindo o cenho.

- Sério?

- Não gostei. Sinto falta das minhas bochechas de bebê. - ela diz, com as duas mãos no rosto do amigo. Frank ri.

- Pode deixar, vou trazê-las de volta. Mas olha pra você. Caramba, você está linda! A Ásia te fez muito bem.

- Obrigada. Foi um período incrível. Eu me reconectei com o meu espírito, com a minha alma, redescobri a minha essência. Eu quase virei budista. Fiz até um retiro de silêncio por 2 dias. - ela diz, e Frank ergue a sobrancelha.

- Dois dias? Esses retiros não são de um mês?

- Por isso que eu disse que "quase" virei budista. Quem consegue ficar sem falar por um mês? - ela diz e os dois gargalham.

- Bem, aproveitando que você embarcou nessa jornada espiritual e "quase" virou budista, use toda essa evolução astral e seja uma boa menina. Brad está nos esperando no carro.

- Urgh. - ela diz, revirando os olhos. - Já estou sentindo meus chakras se fechando.

- JJ.

- Estou brincando. - ela ri, travessa. - Eu sou sempre uma boa menina. Não é culpa minha seu namorado não ter senso de humor.

- Nem todos estão preparados pro seu senso de humor, JJ.

- Eu só estou dizendo que ele é nervosinho demais. Talvez ele devesse passar uns meses no Tibet.

- Duvido. - Frank ri. - Só me prometa que você vai se comportar, okay? Eu te amo, estou morrendo de saudades e não quero passar nossas primeiras horas juntos, depois de sete meses, apartando briga.

- Eu nunca brigo, você sabe disso.

- Certo, eu sei. Só faça o que eu estou te pedindo, tá bom?

- E o que eu não faço por você? - ela diz, e ele sorri. - Agora deixa eu ver o que você trouxe pra mim, estou faminta!

- Donuts de chocolate da Duck Donuts.

- Ah, meu Deus, eu te amo demais! - diz JJ, abrindo a caixa e abocanhando um dos doces.

- Vamos, o Brad está nos esperando e nós ainda temos muito o que colocar em dia. - ele diz, pegando a bolsa de viagem da amiga com um das mãos, e passando o braço livre ao redor dos ombros da jovem. Abraçados, eles seguem até o estacionamento.

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Brad está encostado no carro, mexendo no celular, e mal nota a aproximação de Frank e JJ. Ele só ergue os olhos da tela do aparelho quando ouve a voz do namorado.

- Desculpe a demora, baby. Eles demoraram pra liberar os passageiros pro desembarque. - diz Frank, chamando a atenção de Brad, que logo se apressa em tirar a bagagem de JJ das mãos do namorado.

- Tudo bem, eu fiquei respondendo um e-mails enquanto você estava lá dentro. - diz Brad, de forma doce. No entanto, ao se virar para JJ, ele toma uma postura seca e formal. - Olá, Julia. Que bom que chegou sã e salva.

- Obrigada, Bradley. É sempre bom estar de volta ao lar. - segurando o riso, JJ imita a postura do namorado do amigo. Frank respira fundo, revirando os olhos. O dia promete.

- Vamos logo, ou vamos pegar trânsito. - diz o RP. Com todos dentro do carro, é hora de partir pra casa.

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Frank retira três long necks de Heineken da geladeira e caminha de volta pra sala. Já de banho tomado e vestindo um short jeans e uma regata, JJ se esparrama no imenso sofá da casa do amigo. Ela sorri ao ver o amigo voltar para a sala com as bebidas.

- Então, me conte por onde andou? - ele pede, entregando uma garrafa pra ela e outra para Brad, que continua com a cara enfiada no celular. O advogado só ergue o rosto para beijar o namorado em agradecimento pela cerveja. Frank senta ao lado de Brad para ouvir as histórias de JJ.

- Eu comecei a viagem pelo Camboja, foram três semanas maravilhosas. O país é incrível, bruto, selvagem, as paisagens são espetaculares, e o povo, nossa, nem se fala. Depois do Camboja, eu segui pra Tailândia, onde passei um mês estudando a história do país. Eles têm santuários onde preservam as artes ancestrais. É absolutamente fascinante. Eu tirei milhares de fotos, fiz algumas pinturas, desenhos.

- Eu amo a cultura e a culinárias tailandesa. - diz Frank.

- Ah, eu trouxe vários temperos pra mama. - diz JJ, se referindo à Christine Iero.

- Ela vai adorar. Falando nisso, ela quer que você ligue mais tarde.

- Vou ligar, estou morrendo de saudades deles.

- E eles de você. - diz Frank, sorrindo. - Mas continue.

- Bem, da Tailândia, eu fui pra Bangladesh, onde passei mais um mês, e depois fui pro Nepal por duas semanas, antes de ir pra Índia, onde passei mais tempo, quase três meses. E então terminei a viagem no Tibet.

- E a Índia é tão fantástica quanto parece? - pergunta Frank.

- Se você gosta de animais andando pelas ruas e esgoto a céu aberto... - resmunga Brad, fazendo JJ revirar os olhos.

- Eu diria que é preciso um pouco de sensibilidade pra apreciar as belezas que a Índia tem a oferecer. Mas é claro, um país de cultura milenar não é tão atraente quando a tela de um celular. - alfineta JJ.

- Eu estou respondendo e-mails de trabalho. Nem todos têm a sorte de passar a vida viajando pelo mundo, gastando a herança de família. - Brad rebate.

- Brad, você já considerou budismo? - pergunta JJ, sem se abalar com o tom do namorado do amigo.

- Gente, por favor! - pede Frank, esfregando a testa com a mãe livre. - Vocês podem parar com essa bobeira por, pelo menos, um dia? Por favor. Eu sei que vocês acham que não têm nada em comum, mas não é verdade. Eu sou o ponto em comum de vocês, e eu amo os dois. Então eu peço que vocês deem uma trégua de um dia, só um dia. Amanhã vocês podem voltar à guerra, mas hoje eu adoraria matar a saudade da minha melhor amiga e passar um tempo com meu namorado. Será que vocês podem fazer isso por mim? - ele pede, fazendo Brad e JJ se encolherem, culpados, e falarem ao mesmo tempo.

- Desculpa, Frankie.

- Desculpa, amor.

- Obrigado. - diz Frank, respirando fundo.

- Eu vou pegar a máquina na bolsa, pra mostrar as fotos que tirei na viagem. - diz JJ, seguindo para o quarto.

- Enquanto isso eu vou ligar pra pedir alguma coisa pra gente comer. - diz Brad, seguindo pra cozinha.

Sozinho na sala, Frank dá um gole de sua cerveja e torce para que a trégua entre os dois dure.

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Gerard bufa pela terceira vez em menos de cinco minutos. Apesar do colarinho de sua camisa estar aberto, ele se sente sufocado, o que o faz passar a mão pelo pescoço diversas vezes. Inquieto, ele se remexe no banco do carro, despertando a irritação de Bethany.

- Gerard, você quer parar?! Que coisa mais irritante!

- Me deixa em paz, Bethany. Eu tô desconfortável.

- Você sempre fica desconfortável quando visita o seu pai.

- E mesmo assim você continua insistindo pra gente vir.

- É bom que o público te enxergue como um homem de família.

- É só nisso que você pensa, né? Em como o público me enxerga.

- Bem, se você não quiser depender da opinião pública, melhor arrumar outra carreira. - diz a mulher, retocando a maquiagem. - Você tem problemas com o seu pai. Grande coisa! Todo mundo tem problemas com os pais. Supere, Gerard, você não é mais adolescente.

- É ótimo ter uma esposa tão compreensiva. - ele diz, irônico.

- Tudo por você, querido. - debocha, Bethany.

O carro segue por mais alguns minutos, até estacionar na frente à imensa e extravagante casa dos Way, em Pasadena, Califórnia. Rapidamente o motorista de Gerard circula o veículo, abrindo a porta e oferecendo a mão para ajudar Bethany a descer. A esposa de Gerard segue direto para a entrada da casa, sem nem ao menos agradecer a gentileza do motorista. Resta a Gerard lembrar que um dos dois têm bons modos.

- Obrigado, Caleb. - ele diz, com um aceno de cabeça.

- De nada, senador.

Gerard segue Bethany até à porta da casa, onde são recebidos pela governanta. Gemma e o marido, Steven, são funcionários da família de Gerard há muitas décadas, acompanhando, inclusive, o crescimento do rapaz. Então, sempre que visita o pai, Gerard é recebido calorosamente pela senhora.

- Ah, Gerard, que bom revê-lo. Rever os dois! - diz a governanta, com um sorriso acolhedor no rosto.

- Olá, Gemma, como vai? - diz Gerard, simpático.

- Estou muito bem, obrigada por perguntar.

- E o Steven, melhorou das costas?

- Melhorou sim, Sr. Way, graças a Deus.

- Que ótimo, Gemma. Fico feliz em saber. - responde Gerard, no momento em que Bethany pigarreia.

- Gemma, será que você pode providenciar um chá gelado de pêssego, com hortelã e sem açúcar pra mim, por favor? - pede Bethany, claramente sem paciência para a interação do marido com a governanta.

- Claro, Sra. Way. Com licença.

- Ah, Gemma, onde está o meu pai?

- Seu pai e sua madrasta estão no jardim. - diz a senhora, sorrindo, antes de se retirar para atender o pedido de Bethany.

Gerard vê a esposa seguir para o jardim e respira fundo, antes de fazer o mesmo caminho.

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Já é fim de tarde na Califórnia, e o sol se põe por trás da suntuosa propriedade de Thomas Way. O político aposentado aproveita o clima do entardecer fumando um charuto cubano, acompanhado de sua esposa, Courtney. A relação de Thomas com o único filho nunca foi das melhores, mas quando Gerard optou por ingressar no Partido Democrata, contrariando toda a tradição Republicana da família, houve um rompimento entre pai e filho.

Gerard e Thomas passaram três anos sem contato, e foi somente graças aos esforços de Courtney que os dois começaram a ensaiar uma reaproximação, mas mesmo assim a relação nunca foi a mesma. Thomas é um homem difícil de conviver, com posicionamentos equivocados e preconceituosos e opiniões radicais, algo que sempre incomodou o filho. Mas, infelizmente, uma boa relação familiar é importante para a opinião pública, e por mais que Gerard queira evitar, o convívio com seu pai é importante para seu futuro político.

Thomas levanta os olhos e ergue uma sobrancelha ao ver o filho e a nora se aproximarem.

- Já não era sem tempo. Achei que vocês, democratas, só não importassem pelo valores familiares, não sabia que não tinham apresso pela pontualidade também. - diz o homem, de forma ácida. Gerard respira fundo, tentando não reagir.

- É bom vocês você também, pai.

- Sarcasmo é para vencedores, garoto. Você ainda tem muito arroz e feijão pra comer. - diz o homem, passando direto pelo filho e seguindo para cumprimentar a nora. - Bethany, radiante como sempre. Como vai, querida?

- Estou muito bem, Thomas, obrigada! E você, como está?

- Não tenho muito do que reclamar. Ah, estive com seus pais na semana passada. Jeffrey e eu jogamos golfe, enquanto as moças faziam as unhas. Seu pai me contou do seu trabalho social com as esposas dos senadores. Ele está muito orgulhoso de você.

- Meu pai é suspeito pra falar. Mas eu confesso que o trabalho é gratificante. Eu sei que os democratas pregam a liberdade, mas alguns valores precisam ser preservados.

- Eu concordo plenamente. Talvez você possa colocar um pouco de juízo na cabeça do meu filho.

- Thomas, por favor, deixe o Gerard em paz. - pede Courtney, num doce tom de voz.

- Com licença, Sra. Way. - diz Gemma, na entrada do jardim. - Seu chá gelado está pronto, onde posso servi-lo?

- Gemma, sirva o chá da Bethany na sala de estar, por favor. E providencie um brandy pra mim também.

- Sim, senhor. - diz a governanta, se retirando de novo.

- Venha, Bethany, vamos para a sala de estar. - diz Thomas, e então se vira para a esposa e o filho. - Vocês dois vêm?

- Estamos indo. - diz Courtney, vendo o marido e a nora seguirem para dentro de casa. Então a mulher se sente livre para dar um caloroso abraço no enteado. - Senti saudades.

- Eu também senti saudades. - diz Gerard, retribuindo o abraço.

- Como você está?

- Estou bem, É só que... estar aqui nunca é uma boa experiência.

- É, eu sei. O temperamento do seu pai está cada vez mais difícil. - ela diz, com um sorriso amargo.

- Mas ele não fez nada com você, não é? - ele pergunta, preocupado.

- Não, não, de jeito nenhum. Ele só é um homem com muitos demônios internos.

- Muitos deles foi ele mesmo quem criou.

- É, eu sei.

- Eu não sei como você aguenta.

- O que eu posso dizer? Eu o amo. E eu sei que, daquele jeito torto, ele também me ama. Além do mais, eu me sinto renovada sempre que você vem nos visitar. - ela diz, apertando as bochechas do enteado, como se ele fosse uma criança.

- Eu prometo que tentarei vir mais vezes. - ele diz, beijando a mão da madrasta. - E você é sempre bem vinda lá em casa, quando precisar de uma folga disso aqui.

- Obrigada, querido. Bem, vamos entrar, antes que seu pai venha nos procurar.

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Após uma pequena pausa para os drinques o jantar é servido. Reunidos na imensa mesa formal, os quatro se deliciam da farta refeição. A comida só não tem um sabor melhor graças aos comentários desagradáveis que Thomas faz questão de tecer a cada dez minutos. Gerard precisa fazer um esforço sobrenatural para não responder às declarações do pai, pois ele sabe que qualquer discussão entre os dois apenas resultaria em problemas para Courtney, que precisaria lidar com o temperamento do marido pelo resto da noite. Então, por respeito à madrasta, e tentando preservar sua saúde mental, Gerard se abstém de qualquer retórica.

- Gerard, você se lembra do Douglas Kingston? - pergunta Thomas, entre uma garfada e outra.

- Não é um dos seus companheiros do Country Clube?

- Ele mesmo.

- O que tem ele?

- Você não vai acreditar, o filho caçula dele acabou de se assumir homossexual. - diz Thomas, e Gerard quase deixa o garfo cair.

O senador pigarreia, tentando disfarçar seu incômodo. Suas mãos transpiram e ele sente o rosto esquentar. Erguendo os olhos do prato, Gerard encontra Bethany olhando pra ele, parecendo tão desconfortável quanto o marido.

- É mesmo? - pergunta Gerard, tentando parecer o mais impassível possível.

- Sim! Joseph Erickson nos contou semana passada. A filha do Joseph e o filho do Kingston frequentam a mesma faculdade. E aparentemente, ele não só se assumiu homossexual, como também está de caso com colega de faculdade, um mulatinho imigrante, provavelmente um ilegal. - enquanto Thomas destila seu veneno, Gerard precisa respirar fundo para controlar o embrulho em seu estômago.

- Mas se o rapaz está feliz, Thomas... - começa Courtney, sendo interrompida pelo marido.

- O que? Só porque o moleque acha que legal levar uma vida promíscua, ele tem o direito de jogar o nome da família na lama. Se ele quer ser um devasso, um vagabundo, que faça isso na privacidade. O Douglas está acabado socialmente.

- Isso não é sobre o Douglas pai.

- Claro que é! Esses homossexuais nunca pensam em ninguém, só neles mesmos.

- Já parou pra pensar que o Douglas pode apoiar o filho? Que de repente ele ame tanto o filho que só se preocupe com a felicidade do rapaz.

- Não seja ridículo, Gerard.

- É uma possibilidade. Os tempos mudaram, pai. O amor venceu o ódio.

- Bem, nada que venha de um democrata me surpreende. Mas nessa casa nós respeitamos as tradições familiares, que isso fique de aviso para os filhos de vocês.

- Não se preocupe, Thomas, seus futuros netos serão muito bem criados. Não é mesmo, meu bem? - diz Bethany, olhando para o marido com um sorriso venenoso.

Gerard até tenta forçar um sorriso, mas seu rosto parece se recusar a imprimir qualquer reação além de nojo. Ele não consegue ficar nem mais um minuto nesse ambiente. Ele precisa de um pouco de ar. Limpando a boca com o guardanapo de linho, Gerard descansa o talher sobre a mesa e se levanta.

- Com licença. Eu preciso usar o toilet. - ele diz, antes de deixar a sala de jantar

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O céu já está coberto de estrelas quando Gerard adentra o jardim da casa do pai. Tudo nesse lugar parece tão estranho, que Gerard mal pode acreditar que cresceu aqui. Quando pequeno, ele costumava se sentir seguro e acolhido nesse jardim, agora ele se sente em um ambiente hostil, como se nunca tivesse pisado aqui antes.

Angustiado, Gerard passa as mãos pelos cabelos. Tudo que ele quer nesse momento é um pouco de conforto. Sacando seu celular, o senador começa a vasculhar seus contatos. Seus dedos parecem trabalhar se forma inconsciente. Antes que se dê conta, ele já está com o celular no ouvido, aguardando a chamada ser atendida.

- Alô, senador. Está tudo bem? - apesar da preocupação, a voz de Frank é um bálsamo para os ouvidos de Gerard.

- Sim, sim. Está tudo bem, não se preocupe. - só então Gerard olha para o relógio e vê que são 20h na Califórnia, o que significa que são 23h em Washington. - Oh, me desculpe, eu não percebi que já era tão tarde em Washington. O senhor já devia estar dormindo, não é? Me desculpe.

- Não, tá tudo bem. Eu não estava dormindo. Na verdade, nem sei que horas vou dormir hoje. Mas o senhor precisa de alguma coisa? Posso ajudar em algo?

- Não, está tudo sob controle. Eu só... - não querendo soar patético demais, Gerard prefere inventar uma desculpa. - Eu só estou esperando o hotel preparar o meu quarto, então, enquanto isso, resolvi ligar pra saber como estão as coisas. Como o senhor está, Sr. Iero? - ele pergunta, se sentindo um pouco ridículo.

- Oh. - Frank se surpreende com a pergunta do senador. - Eu estou bem, senador. Obrigado por perguntar. Na verdade, estou muito bem. Uma grande amiga chegou de viagem hoje, estamos colocando a conversa em dia.

- Ah, que bom. Então está aproveitando bem seu dia de folga.

- Sim, muito bem. E o senhor, como estão as coisas na Califórnia? Já visitou seu pai? - Frank pergunta, e Gerard prefere mentir.

- Ainda não. Deixamos pra nos encontrar amanhã, vamos almoçar juntos. - ele diz, e respira fundo. - Bem, vou parar de incomodá-lo no seu dia de folga.

- Não me incomoda de jeito nenhum. - diz Frank, fazendo uma pausa. - Está tudo bem mesmo, senador? - ele pergunta e Gerard sente o coração se apertar.

- Sim, Sr. Iero, não se preocupe. - ele esfrega o rosto com a mão livre. - Bem, aproveite o resto de sua noite, nos vemos na segunda.

- Nos vemos na segunda. Boa noite, senador.

- Boa noite, Sr. Iero. - Gerard encerra a ligação sem se dar conta do leve sorriso em seu rosto.

E nem mesmo quando Bethany aparece na porta com uma expressão irritada, perguntando o porquê da demora, Gerard tira o sorriso do rosto. Ele sente o corpo mais leve, como se tivesse recarregado as energias. Definitivamente ele se sente renovado para enfrentar os próximos dois dias.


Notas Finais


Sim, Thomas Way é um nojo de pessoa!!! :S

Bem, respondendo à pergunta principal, temos mais 4 capítulos antes de voltarmos ao presente. Estamos chegando!!!

Estava morrendo de saudades de vocês!! Nos vemos em breve!

BEIJOSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS


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