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História House Of Wolves - O Que Acontece em Chicago, Fica em Chicago


Escrita por: WantedKilljoy21

Notas do Autor


Oi, amoresssssssssss!!!!

Gente, que surra pra conseguir postar esse capítulo! Tô tentando desde ontem. Que saco!! Mas enfim...

Acho que vocês vão gostar desse capítulo!!

Vamos lá, boa leitura!!!

Capítulo 6 - O Que Acontece em Chicago, Fica em Chicago


Fanfic / Fanfiction House Of Wolves - O Que Acontece em Chicago, Fica em Chicago

O sol mal começa a anunciar sua chegada no horizonte, e Frank já está de pé. Após conferir a mala de viagem, tomar banho e se arrumar, o rapaz segue para se despedir do namorado, que acompanha toda a movimentação de seu lugar na cama, bem protegido debaixo das cobertas.

- Você precisa ir mesmo agora? - pergunta Brad.

- Preciso, baby. Meu Uber já está me esperando.

- Eu podia te levar ao aeroporto, assim a gente ficava mais tempo junto.

- Eu sei, mas está congelando lá fora. Eu não quero que você saia da cama, a não ser que seja extremamente necessário.

- Você está levando seus remédios?

- Estou.

- E o aparelho de pressão?

- Também, não se preocupe. - Frank abaixa e beija o namorado. - Estarei de volta em quatro dias.

- Eu vou morrer de saudades.

- Eu também. Se cuida, viu?

- Pode deixar. E você também, mocinho. Juízo. Nada de trabalhar além da conta. E se você tiver algum problema, me liga, que eu pego o primeiro voo e vou pra lá cuidar de você.

- Eu sei que vai. - diz Frank, sorrindo, antes de beijar o namorado novamente. - Agora eu preciso ir mesmo. Assim que pousarmos, eu te ligo, tá bom?

- Tá bom. Eu te amo.

- Eu também te amo. - um último beijo e Frank se apressa para encontrar o Uber que o aguarda na entrada da casa.

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Sem maiores intercorrências o Uber chega pontualmente ao setor de embarque privado do Aeroporto Ronald Reagan. Quase que imediatamente o carro oficial trazendo Gerard também estaciona do hangar. Também munido de um grosso casaco, próprio pra aplacar o clima frio dessa manhã de inverno, Gerard desce do carro trazendo no rosto um frescor de quem parece imune à temperatura.

- Bom dia, Sr. Iero.

- Bom dia, senador.

- Parece que o inverno chegou mais cedo esse ano.

- Pois é. - diz Frank, apertando o casaco contra o corpo. - E pela previsão, em Chicago vai estar ainda mais frio.

- Ainda bem que nossos compromissos são todos internos.

- Verdade. - Frank sorri.

- Com licença, senador. - diz o comandante, se aproximando da dupla. - O avião está pronto para o embarque.

- Obrigado, Ian. Vamos, Sr. Iero?

- Vamos sim, está congelando aqui. - diz Frank, esfregando as mãos. Gerard sorri.

Os dois sobem a bordo e são recepcionados pelos três membros da tripulação, que os ajudam a se acomodar em seus lugares. Uma vez confortáveis em seus assentos, Gerard e Frank recebem as instruções dos comissários.

- Bom dia, Senador Way. Bom dia, Sr. Iero. - diz uma jovem de cabelos louros. - Estaremos prontos para decolar em alguns segundos. Peço que coloquem os cintos de segurança e desliguem os equipamentos eletrônicos. Em caso de despressurização da cabine, máscaras de oxigênio cairão automaticamente. O tempo de voo até Chicago é de duas horas. O café da manhã será servido 15 minutos após a decolagem. Nossos tripulantes estão a disposição. Tenham um bom voo.

Menos de cinco minutos depois o pequeno avião particular começa a taxiar pela pista e decola logo em seguida. Assim como o planejado, dois comissários de bordo se aproximam trazendo duas bandejas de café da manhã. Gerard observa Frank abrir a sua bolsa de mão e retirar um frasco de remédio, dá onde ele tira dois comprimidos que são ingeridos com um pouco de suco de laranja. Os dois homens consomem o café da manhã e após a refeição, Gerard observa Frank ingerir mais dois comprimidos, de dois frascos diferente. Apesar da curiosidade, o senador prefere não se manifestar.

O voo segue tranquilo e não demora muito para o avião particular aterrissar em Chicago.

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Assim como era de se esperar, o clima em Chicago está de bater o queixo. Assim que a porta do avião se abre, uma forte rajada de vento invade a aeronave, fazendo Frank e Gerard se encolherem dentro dos casacos. Rapidamente os dois desembarcam e seguem para o carro oficial que os aguarda no hangar.

O relógio marca 9:30h da manhã, quando o carro oficial estaciona em frente ao hotel JW Marriott. Os dois são recebidos pelo concierge, que os acompanha até os quartos, ambos são no mesmo corredor, mas com alguns metros de distância um do outro. Em suas devidas suítes, Gerard e Frank aproveitam o resto de tempo livre para se acomodarem devidamente. Enquanto Gerard repassa o roteiro do dia criado por Frank, o RP usa do tempo para avisar Brad e JJ de sua chegada em segurança e receber desejos de boa viagem de ambos.

Ás 10:50h Frank bate na porta do quarto, avisando que o carro os aguarda na entrada, e ás 11h em ponto os dois já estão dentro do veículo a caminho do primeiro compromisso. Precisamente 30 minutos depois a dupla é recebida pelo prefeito da cidade de Chicago, Rahm Emanuel e alguns vereadores. Após uma reunião de duas horas, onde foram discutidos possíveis alianças políticas, o grupo seguiu para um almoço no restaurante The Boundary. Ao fim da pausa, todos seguiram para visitar projetos sociais comandados por ONGs.

O compromisso seguinte foi uma visita rápida ao governador do estado de Illinois, Bruce Rauner, onde foram discutidos alguns assuntos extra oficiais, tais como a confirmação do jantar desta noite que será oferecido pelo Prefeito Emanuel e sua esposa, Amy. Um pouco mais de uma hora depois de se encontrarem com o governador, Gerard e Frank já estavam a caminho do hotel, onde descansariam por algumas horas, antes de seguirem para o jantar.

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- E aí, como está sendo até agora? Já construiu um boneco de neve? - pergunta JJ, do outro lado da linha.

- Não está nevando, mas está muito frio. E está indo tudo muito bem. Nós só paramos agora. Não são nem nove da noite e eu já tô exausto.

- Vai dormir, então.

- Não posso, ainda temos mais um compromisso.

- Ai, não sei como você aguenta tantos compromissos com tanta gente chata!

- Não está sendo tão chato quanto eu pensei. A companhia do senador melhora bastante as coisas.

- Mesmo?

- Sim! Ele é leve, divertido, uma ótima pessoa pra se ter por perto.

- Só não deixa o Brad ouvir isso, senão ele arranca as calcinhas pela cabeça.

- Durante essa viagem, JJ! Eu quis dizer que ele é uma ótima companhia durante essa viagem. Não enche a cabeça de caraminhola.

- Ahãm, tá certo. Se você tá dizendo, Frankie. - ela diz, segurando o riso.

- Bem, e você, o que tá fazendo?

- Tô arrumando minha mochila. Vou pra Jersey amanhã. Mama está brava comigo.

- E com razão! Você chegou há dois meses e ainda não foi pra casa.

- Eu sei! - ela suspira, resignada. - Eu não achei que fosse demorar tanto tempo pra terminar os relatórios da viagem. E outra, acho que o Instituto de Arte vai fazer uma exposição das minhas fotos. A Samantha disse que está conversando alguns detalhes com a diretoria e depois passaria pra mim.

- Que fantástico, JJ. As fotos ficaram lindas mesmo. - ele diz, enquanto abotoa a camisa branca que usará com o smoking.

- E você, vai fazer o que essa noite?

- Nós temos um jantar oficial com o prefeito e o governador.

- Uau, que chique! Você vai usar smoking?

- Sim! Estou me vestindo nesse segundo.

- Aposto que o senador vai ficar babando por você.

- Deixa de ser besta, JJ! Primeiro, o senador não é gay. Ele, inclusive, é casado, okay? Segundo que mesmo que ele babasse, não ia fazer diferença. Eu amo meu namorado.

- Eu não disse o contrário. E outra, você tem certeza de que ele é realmente hétero? Eu andei vendo umas fotos dele... ele é bonito demais pra ser hétero. - ela diz, arrancando uma gargalhada do amigo.

- E só porque ele é bonito, significa que é gay?

- Então você também acha ele bonito? - ela provoca, deixando Frank desconcertado.

- Não! Eu não disse isso. Eu só disse... eu quis dizer que... - Frank se enrola e é a vez de JJ rir.

- Tudo bem, Frankie. Ele é muito bonito. Só um louco não concordaria.

- Okay! - ele respira fundo. - Ele é muito bonito mesmo. Mas isso não significa nada. Ele é hétero e casado.

- Eu sei. Ele é hétero e casado... até que se prove o contrário.

- JJ!

- O que? Eu não disse nenhuma mentira. - ela diz, do outro lado da linha. Frank está prestes a responder, quando ouve batidas na porta.

Com o telefone apoiado entre a orelha e o ombro, Frank segue para abrir a porta e se surpreende ao ver Gerard parado no corredor. O senador veste um elegante smoking, mas sustenta a gravata borboleta desfeita ao redor do pescoço.

- Se... senador. Oi! Em que posso ajudar? - ele gagueja, nervoso, com a presença inesperada.

- Ele está aí? No seu quarto? O que ele tá fazendo? O que ele quer? - pergunta JJ, na expectativa.

- Estou atrapalhando, Sr. Iero? Me desculpe, eu posso... - Gerard faz menção de ir embora, mas Frank o impede.

- Não, está tudo bem. O que o senhor precisa?

- Isso é idiotice, eu me sinto meio estúpido por isso. - diz Gerard, sorrindo de forma constrangida. - Mas eu... eu preciso de ajuda com a minha gravata.

- Uhhhh, pra colocar ou pra tirar? - provoca JJ.

- Claro, claro! Por favor, entre. - diz Frank, abrindo passagem para o senador entrar em seu quarto. - Eu te ligo depois, tá bom?

- É bom você ligar mesmo, Iero. Eu quero todos os detalhes. - ela diz, e Frank pode sentir o rosto esquentar.

- Okay. Te amo, tchau!

- Te amo também. Tchauzinho. - ela diz, encerrando a ligação. Ao se virar, ele encontra o senador o observando.

- Desculpe, não queria atrapalhar a ligação do seu namorado.

- Ah, não era o Brad, era a minha amiga, JJ. - diz Frank, e Gerard precisa se esforçar para não sorrir.

- Oh. Bem, você pode... - ele diz, apontando para a gravata.

- Ah, claro.

Frank se aproxima de Gerard e se sente arrebatado por um aroma amadeirado intenso. Ele pisca algumas vezes e pigarreia, tentando se esforçar na tarefa de dar o nó na gravata do senador. Enquanto Frank tenta manter a compostura, Gerard parece ter perdido a batalha. A aproximação do corpo de Frank do seu faz o coração do homem disparar. Suas mãos transpiram e gelam ao mesmo tempo. Ele firma os pés no chão, lutando contra o desejo de dar mais um passo pra frente e colar seu corpo com o do rapaz.

São os dois minutos mais longos da vida de Gerard, até Frank se afastar e abrir um sorriso ao olhá-lo.

- Prontinho. - ele diz, mas Gerard mal presta atenção. Ele aprece hipnotizado pelo sorriso do rapaz. É preciso alguns segundos para ele volte à realidade.

- Ah, sim. Claro. Muito obrigado! Eu sou uma negação com gravata borboleta. Me peça para fazer qualquer nó em uma gravata convencional, mas não me peça pra fazer um nó numa borboleta. Mais uma vez me desculpe por te incomodar com isso.

- Não se preocupe, faz parte da minha função. - Frank sorri.

- Bem, eu estou pronto. Só preciso pegar minha carteira e celular no quarto.

- Eu também estou pronto. Vou fazer o nó da minha gravata e avisar o carro que estamos descendo.

- Certo, eu o aguardo no elevador em dez minutos.

- Combinado.

Menos de dez minutos depois os dois homens estavam no elevador, indo em direção à recepção do hotel.

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Frank acordou no dia seguinte não se sentindo no seu melhor, provavelmente por conta da comida extremamente salgada servida no jantar oferecido pelo prefeito. Bastaram algumas garfadas para Frank perceber que não poderia terminar sua refeição sem colocar sua saúde em risco. O prato abandonado antes da metade não passou desapercebido por Gerard, que passou o resto da noite observando Frank como uma águia, e ao sentir que o RP não estava se sentido bem, avisou ao anfitrião do evento que precisaria encerrar a noite mais cedo.

Mesmo se sentindo um pouco constrangido com a preocupação do senador, Frank agradeceu o cuidado, mas recusou uma parada no pronto socorro, afirmando que possuía tudo que precisava em sua mala. Assim que chegaram ao hotel, Frank se apressou em aferir sua pressão e não estranhou quando o aparelho acusou uma pressão arterial de 14 por 9. Apesar de alto, esse não é um número que cause grandes preocupações no rapaz. Dois comprimidos, bastante água e uma boa noite de descanso são o suficiente para manter as coisas sob controle.

No dia seguinte, apesar de estar se sentindo melhor, Frank ainda não parecia 100%, mas isso não o impediria de cumprir seus deveres. Por isso, ás 10h em ponto, ele já estava no saguão do hotel, esperando Gerard chegar.

A primeira coisa que Gerard notou, ao encontrar Frank no saguão do hotel, foi a expressão de cansaço no rosto do rapaz, fazendo um alerta soar imediatamente em sua mente, mas Frank garantiu que já estava tudo sob controle e que ele só precisava de mais algumas horas para que seu organismo voltasse ao normal. E de fato, durante o decorrer da manhã, Frank pareceu recuperar o vigor e a energia, fazendo a preocupação de Gerard se dissipar.

Logo pela manhã a dupla compareceu à inauguração de um centro esportivo comunitário, onde Gerard pôde conversar com alguns jovens e ouvir sugestões do que mais pode ser feito para melhorar a qualidade de vida das comunidades menos favorecidas. Gerard e Frank até arriscaram alguns lances de futebol e basquete, arrancando gargalhadas das crianças. Apesar da performance pouco inspirada, o senador deixou o local com um grande sorriso no rosto.

O segundo compromisso do dia foi uma reunião com o Governador Rauner e seu assessores, onde foram discutidos assuntos como projetos de lei para segurança e saúde, investimentos em educação e melhorias nos transportes. Gerard apresentou sua proposta para questões como mudanças climáticas e direitos civis e recebeu total apoio do governador e seus aliados. A reunião terminou com um saldo positivo, o que contribuiu para manter o clima para o coquetel que acontecerá na casa de Bruce Rauner no final do dia.

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O coquetel oferecido pelo governador foi mais agradável do que Frank poderia imaginar. O RP foi apresentado a alguns artistas e personalidades do estado de Illinois e acabou por se entreter em papo animado que durou algumas horas. Por volta de meia noite, Gerard decidiu que era hora de levantar acampamento e a dupla de despediu de Rauner e sua família, agradecendo pelo ótimo evento.

No carro, a caminho do hotel, Frank foi surpreendido pela voz animada do senador.

- Você está muito cansado, Sr. Iero?

- Estou cansando, mas não muito. Por que?

- Eu não acho que vou conseguir dormir agora. Apesar de cansativo, hoje foi um dia muito produtivo e isso me deixou animado.

- É verdade. Parece um daqueles dias raros, em que tudo dá certo.

- Eu tive a mesma impressão. Tudo deu certo mesmo. A inauguração da quadra foi incrível e a reunião com o governador saiu muito melhor do que eu poderia sequer imaginar. Eu estou muito satisfeito com isso.

- Isso é apenas um reflexo do seu trabalho, senador. O senhor é o grande responsável pelo nível de aprovação dos seus projetos. Os políticos olham pro senhor e veem o futuro. - Frank diz, fazendo Gerard sorrir.

- Obrigado, Sr. Iero. - ele encara Frank por alguns segundos. - Eu estou com um pouco de fome. O que o senhor acha de pararmos em algum lugar pra comer.?

- Ótima ideia.

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Após uma rápida pesquisa, Frank acha um ótimo restaurante há poucos metros do hotel. O Armand's Victory Tap é um charmoso restaurante especializado em comida mediterrânea com um clima, ao mesmo tempo, sofisticado e acolhedor. Assim que se acomodam na mesa, eles são atendidos por um garçom.

- Boa noite, senhores. Sejam bem vindos ao Armand's Victory Tap. Meu nome é Peter e eu serei seu garçom por hoje. Posso lhes oferecer o cardápio?

- Boa noite, Peter. Aceitamos o cardápio sim, obrigado. - diz Gerard, logo recebendo um belo cardápio de couro em suas mãos.

- Humm, parece tudo muito apetitoso. - diz Frank, conferindo as opções.

- Peter, você nos recomenda algo?

- Eu recomendo nossos camarões salteados com azeite de trufas, acompanhados de arroz selvagem e molho de redução de mariscos e vinho xerez.

- Parece delicioso. Eu vou aceitar. E o senhor, Sr. Iero?

- Eu vou querer a salada de antepasto com molho de limão siciliano e queijo feta.

- Excelente escolha, senhores. E para beber?

- O senhor me acompanha em um vinho, Sr. Iero? -pergunta Gerard.

- Sim. Um vinho branco vai combinar perfeitamente com a refeição.

- Concordo plenamente. Peter, por favor, nos traga uma garrafa de Chateau Sancerre, safra de 2010, por gentileza. - diz Gerard, devolvendo o cardápio.

- É pra já. Com licença. - diz o garçom, seguindo para providenciar os pedidos, deixando os dois sozinhos. Eles se encaram, em silêncio, por alguns segundos, até que Gerard quebra o gelo.

- Está se sentindo melhor?

- Estou sim, obrigado por perguntar.

- Foi a comida de ontem, não é? Eu também senti que estava muito salgada.

- Pois é. Mas eu também dei mole. Devia ter pedido uma segunda opção na hora. Ainda insisti um pouco, para não fazer desfeita, mas não deu. Confesso que dei graças a Deus quando o senhor resolveu ir embora mais cedo.

Eles pausam a conversa por um instante, quando o garçom chega trazendo a garrafa de vinho. Após experimentar e aprovar o vinho, Gerard retoma o assunto com uma proposta.

- Posso te pedir uma coisa?

- Claro, senador.

- Que tal, quando não estivermos em nenhum compromisso oficial, nós nos tratássemos pelo primeiro nome. Eu sei que nossos trabalhos exigem essa formalidade, mas agora estamos só nós dois, eu me sentiria melhor se pudesse chamá-lo de Frank e não de Sr. Iero.

- Oh. - Frank é pego de surpresa pelo pedido de Gerard e sente seu coração pular uma batida.

- Mas se isso for deixá-lo desconfortável...

- Não, não... - ele se apressa. - Está tudo bem. Nós podemos... podemos nos tratar pelo primeiro nome.

- Sério?

- Sério.

- Então eu posso te chamar de Frank? - ele pergunta, com certo humor na voz.

- Sim, o senhor... - Frank começa, mas Gerard o interrompe.

- E você promete me chamar de Gerard? - ele pergunta. Frank respira fundo e sorri.

- Sim. Eu prometo que vou chamá-lo de Gerard.

- Então estamos combinados.

- Combinados.

- Bem, já que quebramos esse gelo, você se incomoda de eu fizer algumas perguntas pessoais? Eu gostaria de saber mais sobre você. - diz Gerard, e Frank quase engasga com sua bebida. Ele pigarreia, recuperando a compostura.

- Não me incomodo, não. Pode perguntar.

- Você toma muitos remédios.

- Isso não foi bem uma pergunta. - diz Frank, fazendo Gerard sorrir.

- Verdade, não foi. São todos remédios pra controlar sua pressão?

- Nem todos. Eu tomo vasodilatadores e betabloqueadores para a pressão e inibidores de enzimas para insuficiência renal crônica.

- Crônica? - Gerard mostra-se preocupado.

- Minha hipertensão comprometeu os meus rins. Mas apesar da palavra crônica assustar, esse não é o tipo mais perigoso de insuficiência renal. Eles chamam de crônica porque é uma condição constante, eu vou precisar tomar remédios pelo resto da vida para que não evolua para um quadro de insuficiência aguda ou de falência renal.

- Entendo. - diz Gerard, consternado. - Tem algo que eu possa fazer, pra deixar as coisas mais confortáveis pra você?

- Obrigado pela preocupação, mas com o passar do tempo eu aprendi a manter as coisas sob controle. Aquele incidente de uns meses atrás foi algo fora do normal. Não vai se repetir.

- Eu te falei na época e falo de novo, o importante era a sua saúde. Eu só fiquei nervoso por não saber o que fazer para ajudar. Agora eu sei.

- Sério? - pergunta Frank, surpreso.

- Sério. Eu andei pesquisando. Não que eu queira que você passe mal de novo, Deus me livre, mas se isso acontecer, eu já sei como agir.

- É muito gentil da sua parte. - Frank sorri.

- Eu confesso que fiz isso por certo egoísmo também. Eu não estou disposto a perdê-lo tão cedo. - diz Gerard, e Frank sente o rosto esquentar. - Mas vamos falar de coisas mais leves. A amiga com quem você falava ontem, é a mesma que chegou de viagem há uns dois meses? - ele pergunta, e Frank sorri involuntariamente.

- Ela mesma. Julia. Mas nós a chamamos de JJ.

- Vocês são muito próximos?

- Ela é praticamente minha irmã. Nós somos amigos desde os quatro anos, crescemos juntos. Meus pais a consideram filha, e ela até chama meus pais de mama e papa. Inclusive minha mãe está uma fera porque ela já está aqui há dois meses e ainda não foi pra casa. - ele diz, rindo, fazendo Gerard sorrir.

Uma nova pausa é feita quando o garçom retorna trazendo os pratos. A comida está realmente deliciosa. Entre uma garfada e outra, o papo continua.

- Ela está morando com você?

- Ela se divide entre o apartamento dela e a minha casa. Eu gostaria que ela ficasse o tempo todo comigo, mas digamos que ela e o Brad não são melhores amigos. - diz Frank, mas Gerard prefere ignorar a menção do namorado do RP.

- Então ela vai para Nova Jersey em breve?

- Ela deve ter ido hoje. Amanhã começa um festival de jazz em Bellevue, e ela quer ir com o meu avô. Ele adora jazz. JJ e eu costumávamos ouvir jazz com ele todo domingo, depois do almoço. Virou uma tradição familiar. Todo domingo nós colocávamos a mesa do almoço pra minha mãe, depois passávamos uma hora ouvindo jazz com o meu avô e, no final da tarde, ajudávamos o meu pai a fazer o inventário semanal da livraria.

- Você tem uma base familiar incrível, Frank. Todas as vezes que você fala da sua família, seus olhos brilham.

- Eles são tudo pra mim, não sei o que eu faria sem eles. Há alguns anos, nós tivemos um susto com o meu avô. Ele teve um infarto e ficou internado quase um mês. Foi os piores dias da minha vida. Meu avô é meu herói, o melhor homem que eu conheço. Ele ajudou a me criar e a me tornar o homem que eu sou hoje.

- Ele deve ser um homem incrível mesmo.

- Ele é. Oitenta e sete anos e ainda é ativo, super lúcido, independente e cheio de energia. Meu pai fica louco com ele. Ele está tentando convencê-lo a ir morar com meus pais, mas ele não quer. Eu entendo. Ele mora na mesma casa há sessenta anos. Ele se casou com a minha avó, teve filhos com ela, criou os netos, tudo naquela casa. Todas as lembranças da minha avó estão naquela casa.

- Ele não quer deixar as memórias dela pra trás. Isso é muito bonito.

- Pois é. Ele é um romântico incorrigível, como todo bom italiano. - diz Frank, dando um gole de seu vinho, e Gerard se sente incapaz de retirar os olhos do rapaz. Ele precisa se policiar para não encará-lo. Mais da metade da garrafa de vinho já se foi, dando a Gerard uma dose extra de coragem.

- Eu adoraria poder conhecer sua família um dia. Eles parecem ser pessoas acolhedoras. Seria legal conhecer esse tipo de relação. - diz Gerard, e Frank sente uma ponta de melancolia na voz do senador.

- Você sente muita falta da sua mãe, não é?

- Muita. E não é só isso. Eu cresci sentindo falta de me sentir aceito. Eu sinto que nunca pude ser eu mesmo, nunca pude ser livre. Eu vivo uma mentira há tanto tempo, que ás vezes penso se não seria mais fácil aceitar e tentar transformá-la em verdade. - o desabafo de Gerard deixa Frank em choque. - É solitário e cansativo tentar viver uma vida que não é sua.

- Eu posso imaginar. Mas você não é solitário. Você tem sua esposa. - diz Frank, e a expressão de Gerard se entristece ainda mais.

- Bethany é parte da mentira que é a minha vida. Eu tentei, por muitos anos, me apaixonar por ela. Teria sido muito mais fácil. Mas eu não pude. Ela se tornou uma amiga, mas hoje nós somos dois estranhos que dividem o mesmo teto.

O coração de Frank martela contra seu peito. Ele nunca poderia imagina que terminaria o dia ouvindo uma confissão tão séria assim de Gerard. Provavelmente nem o senador poderia prever que o dia tomaria esse curso. Mas Gerard parece estar guardando essa angústia há muito tempo, então Frank será o ouvinte e ombro amigo.

- E a sua madrasta?

- Ela é ótima, um doce de pessoa, e foi grande responsável por deixa minha infância e adolescência menos excruciante. Mas ela tem seus próprios problemas. Ela precisa lidar com meu pai, o que já é uma carga pesada e difícil demais.

- Ele é realmente um homem bem difícil, não é? - ele pergunta, e Gerard sorri amargamente.

- "Difícil" não começa nem a descrevê-lo. Cada vez que eu passo mais de uma hora com ele, me lembro o porquê de ter saído daquela casa na primeira oportunidade que tive.

- Eu sinto muito.

- Posso fazer uma confissão?

- Claro.

- Da última vez em que estive na Califórnia, quando eu te liguei no meio da noite... eu menti.

- Sobre o quê?

- Eu disse que estava no hotel na hora em que te liguei, mas na verdade, eu já estava na casa do meu pai. Estava muito complicado. Os comentários maldosos dele, as críticas, ele estava particularmente intragável naquele dia. Eu me senti sufocado, como se as paredes estivessem se fechando ao meu redor. Eu precisava de ar, precisava me acalmar.

- Então você me ligou? - Frank pergunta, surpreso.

- Eu não consigo explicar, mas sua voz me acalma. Você é muito sereno e leve, e ás vezes, quando eu estou com você, eu tenho a sensação de que a vida poderia ser muito mais fácil do que é agora. Eu nunca conheci ninguém como você. - ele diz, deixando Frank sem palavras.

- Eu... - a voz de Frank falha e ele precisa pigarrear.

- Escute, me desculpe. Eu não deveria ter dito isso. Eu passei dos limites. - Gerard se sente envergonhado.

- Não! Por favor, não se desculpe. Estou feliz que tenha confiado em mim para desabafar. Espero que continue me vendo como um amigo. - ele diz, e Gerard força um sorriso.

- Obrigado, Frank. Com licença, eu preciso ir ao toilet. - diz o senador, se levantando da mesa.

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No banheiro, Gerard joga uma água no rosto e encara seu reflexo no espelho. Seu rosto traz uma palidez fora do normal, o que contrasta com a vermelhidão em seus olhos. Suspirando, ele confessa pra si mesmo:

- Eu queria voltar a vê-lo apenas como um amigo.

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Os dois dias seguintes passaram como um borrão. A quantidade de compromissos oficiais foi tanta, que Gerard e Frank mal chegavam ao hotel e já seguiam para seus quartos, para capotar na cama. Gerard agradeceu a agenda lotada, assim mal pôde ter tempo de pensar nas confissões feitas a Frank, e a si mesmo. Com o laço entre os dois um pouco mais estreito, a convivência torno-se ainda melhor. Nos poucos momentos em que ficaram sozinhos, Gerard fez questão de manter o clima leve e agradável, conversando sobre coisas triviais. Ele se surpreendeu ao descobrir que Frank tem gostos muito parecidos com os seus.

No final da tarde do quarto dia, os dois embarcaram de volta pra casa. Exausto pela verdadeira maratona que foi a viagem, Frank logo adormeceu, deixando Gerard livre para observá-lo. Entregue ao sono, Frank parece ser ainda mais jovem. Um calor reconfortante se faz presente em seu peito e Gerard sente que pode passar horas assim, apenas velando seu sono.

Ás 18h o avião particular pousa no aeroporto de Washington. Os dois homens desembarcam e seguem para seus respectivos carros. Enquanto seu motorista guarda a bagagem no porta-malas, Gerard segue para falar com Frank, que se prepara para entrar no Uber.

- Frank, obrigado pela viagem. Acho que não tenho uma viagem oficial tão agradável assim há anos.

- Eu também gostei bastante da viagem. Foi bastante produtiva.

- Mais produtiva do que eu poderia imaginar. Bem, nos vemos segunda-feira.

- Segunda, sem falta. Um bom final de semana pra você.

- Pra você também. - Gerard sorri.

Ele observa o RP entrar no carro e seguir para a saída do aeroporto, e só então volta para seu carro.

- Direto pra casa, senhor? - pergunta o motorista.

- Pra casa, sim, Caleb. Mas não precisa ser direto, eu não estou com pressa. Na verdade, se você puder dar uma volta pela cidade, seria ótimo. Eu quero ver a paisagem.

- Sim, senhor.

O carro segue pelas ruas movimentadas de Washington. Pessoas indo e vindo, preocupadas apenas com sua própria vida. Motoristas ansiosos, gastando suas buzinas. Motoqueiros cortando o trânsito. Barulho de obra aumentando ainda mais o barulho do ambiente. Mas para Gerard, não há cenário mais lindo. Ele observa a paisagem e sorri, com olhos de um colecionador de arte diante uma obra-prima. Com olhos de um amante da natureza diante um animal exótico. Com olhos de observador do céu diante de uma estrela recém descoberta.

Com olhos de um homem irremediavelmente apaixonado diante uma nova vida.


Notas Finais


Agora vai, minha gente!!! \o/

Gerard se expôs e confessou estar apaixonado (pelo menos pro espelho)! <3 <3 <3 <3

Contagem regressiva para o presente: 3 capítulos

Espero que tenham gostado!

BEIJOSSSSSSSSSSSSSSSS


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