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História House Of Wolves - Um Estranho No Ninho


Escrita por: WantedKilljoy21

Notas do Autor


GENTEEEEEEEEEEEEE!!!!

Nem acredito que tô aqui hoje. Sério, cês não tem ideia. Capítulo escrito em dois dias, porque se não postasse hoje, só ia conseguir postar no final da semana que vem!!! E como eu disse que tentaria postar nessa semana ainda, aqui estou eu. Bem, antes de tudo, eu tenho algumas considerações a fazer. Vamos lá:
- Esse capítulo ficou um MONSTROOOOOO. 14 mil palavras. Eu não planejava isso.
- Eu pensei em dividir o capítulo em dois, mas como esse é o último antes de voltarmos ao presente, tive medo de represálias.
- GENTE, ESSE É O ÚLTIMO CAPÍTULO DO FLASHBACK!!!! NEM CRIDITOOOO!!!!
- Por ser imenso, MUITA coisa acontece nesse capítulo. E muito coisa importante. Ou seja, ele não é grande só pra encher linguiça.
- Será um capítulo intenso.

Bem acho que é isso. O resto falamos lá embaixo!!

Como diria Hannah Baker: Acomodem-se, peguem um lanche e se preparem pra essa jornada!!

BOA LEITURA!!!!

Capítulo 9 - Um Estranho No Ninho


Fanfic / Fanfiction House Of Wolves - Um Estranho No Ninho

Dois meses e três semanas. Por dois meses e três semanas, Gerard e Frank viveram uma verdadeira lua de mel. A rotina dos dois era precisa. Frank chegava quinze minutos antes do seu horário, checava a agenda do dia, organizava seus papeis e verificava seus e-mails. Ás 9h da manhã, Gerard passava direto pela porta da sala do RP, cumprimentava seus assessores e entrava em seu gabinete. Vinte minutos após a chegada do senador, Frank seguia para o gabinete e os dois faziam uma reunião à portas fechadas por quarenta minutos, onde apenas dez minutos eram usados para tratar de trabalho. O dia seguia normalmente, e então, após deixarem o Capitólio, os dois se encontravam em algum flat bem distante de lá.

Durante esses dois meses e três semanas, os dois só se dedicaram a se conhecer. Aprender as manias um do outro, seus gostos, seus costumes, suas histórias. E principalmente, eles só se preocuparam em se apaixonar ainda mais. Todos os dias, quando seus olhares se cruzavam no mesmo horário, parecia que o coração batia ainda mais forte. Por dois meses e três semanas, os dois viveram em uma bolha. Mas, mais cedo ou mais tarde, essa bolha precisava estourar e a realidade bateria à porta.

A quarta-feira tinha tudo pra ser mais um dia normal. Frank e Gerard encerraram uma reunião com o Conselho de Ética do Senado, sobre alguma denúncias de corrupção por parte de um segmento do Partido Democrático em Los Angeles. Como o dia foi corrido, os dois mal puderam ter um minuto juntos, então combinaram um jantar em um restaurante perto de Maryland e depois passariam a noite em um hotel pelas redondezas.

Os dois caminharam lado a lado até Frank chegar à sua sala, então Gerard seguiu para seu gabinete. Antes de entrar na sala, Gerard deu mais uma olhada pra trás, na esperança de cruzar o olhar com Frank mais uma vez, mas ao invés disso, ele viu Sally Heigl, assessora dos Recursos Humanos, entrar na sala do RP de maneira eufórica e intempestiva. Gerard começou a fazer o caminho de volta, para ver o que estava acontecendo, mas foi interceptado por June, com a confirmação da agenda de compromissos do político pelos próximos dias. Restou a Gerard apenas a curiosidade.

Frank mal havia sentado em sua cadeira, quando Sally entrou pela porta de maneira esfuziante. Animada, a mulher batia palmas e soltava gritinhos, enquanto o RP a olhava, confuso.

- O que tá acontecendo?

- Ah, meu Deus, Frank! Seu namorado é um sonho. - ela declara, vibrante.

- Meu namorado?

Frank sempre foi muito discreto em sua vida profissional, por isso que seu relacionamento com Brad só se tornou público no trabalho quando ele solicitou um crachá, para que o namorado pudesse ter livre acesso ao Capitólio. Mas ele nunca dava detalhes de seu relacionamento, e foi por esse motivo que ele não comunicou a ninguém seu término. O que faz a afirmação de Sally ser ainda mais confusa.

- Você ainda não viu, né? Eles entregaram por engano no RH, e como você estava em reunião, eu esperei você sair. Vem! Vem ver o que você ganhou. - ela diz, puxando o rapaz pela mão. Gerard pega de relance, Sally arrastar Frank pelos corredores do Capitólio.

Chegando no RH, Frank vê uma pequena comoção de mulheres ao redor da mesa de Sally. Parecendo um bando de adolescentes deslumbradas, as mulheres suspiravam e soltavam sons melosos, como se estivessem na presença do mais lindo e fofo dos bebês. Ainda sem tempo de tentar decifrar o que estava acontecendo, Frank foi guiado no meio da pequena multidão, até de deparar com uma enorme cesta de vime, ornada com um belo arranjo de flores. Dentro da cesta há uma garrafa de champagne, duas taças de cristal, uma garrafa de vinho, uma caixa de bombons, uma embalagens de morangos frescos, biscoitos finos, e mais uma imensidade de guloseimas finas.

Preso no arranjo de flores há um envelope branco, com "Para Frank" escrito em uma bela caligrafia. O coração de Frank dispara. Ele sabe que esse presente só pode ter vindo de uma pessoa. Respirando fundo e tentando parecer o mais normal possível, Frank pega o envelope e o abre, encontrando um bilhete com os seguintes dizeres:

"Na primeira vez que eu te vi, já imaginei minha vida inteira com você. Uma casa com cerca branca, filhos correndo pelo quintal, cachorros e tudo mais que a vida tivesse para nos oferecer. Hoje, meu mundo começa e termina em você, exatamente do jeito que tem que ser.

Feliz 10 anos juntos! E que os próximos 10 sejam ainda melhores que os primeiros.

Eu te amo mais do que tudo.

Para sempre seu,

Bradley Redford."

Um nós se forma na garganta de Frank e suas mãos tremem inevitavelmente. Hoje seria seu aniversário de namoro com Brad. Dez anos juntos. Um soluço involuntário surge em sua garganta e seus olhos se enchem de lágrimas. Durante os últimos dois meses, Frank não se permitiu pensar em nada que não fosse seu amor por Gerard. E agora, a realidade e as consequências de sua decisão chegaram e o atingiram como um soco na boca do estômago. Ele encara o cartão em suas mãos apenas sentindo as lágrimas rolarem, enquanto as mulheres em volta especulam e romantizam a situação.

- Meu Deus, que lindo!!! O Clint nunca faria isso pra mim. E olha que estamos juntos há 22 anos.

- Desde a primeira vez que eu coloquei os olhos nele, já soube que era um príncipe.

- Frank, eu acho que ele vai te pedir em casamento hoje.

- Ah, com certeza vai. Depois de uma declaração dessa, ele vai pedir em casamento, com certeza. 

- Quem vai pedir quem em casamento? - a voz alta e forte de Gerard acaba com o burburinho na hora. Todas paralisam, como se fossem crianças pegas no flagra durante alguma traquinagem.

Parado na porta da sala do RH, Gerard vê o grupo de mulheres cercando Frank, mas o rapaz parece imóvel. Conforme adentra na sala, o senador vai abrindo caminho entre as mulheres, até chegar no RP, que continua paralisado, com o cartão de Brad em suas mãos. Ao ver o presente e a postura de Frank, Gerard logo entende a situação. Sua boca amarga na hora e seu coração se comprime. Ele sabe que precisa manter a compostura, mas tudo que ele mais queria nesse momento era fazer uma cena típica de adolescente ciumento.

Engolindo seco, ele se estica até conseguir ler o que está escrito no cartão preso às mãos trêmulas de Frank, e ao fazê-lo, se arrepende no mesmo momento.

- 10 anos... hoje. - ele fala, tentando manter a firmeza em sua voz.

- Não é romântico, senador? Ah, como o Frank tem sorte. - diz Sally.

- A Gloria está apostando que o Frank será pedido em casamento hoje. - diz outra mulher, que Gerard nem faz questão de se virar e saber quem é. Todos escutam um pigarrear e as atenções se voltam para Frank novamente, que parece ter recuperado a capacidade de se mexer.

- Eu... - ele pigarreia de novo. - Eu vou levar isso pra minha sala. Obrigado por receber por mim, Sally.

- Quer ajuda? - pergunta Gerard, tentando parecer casual.

- Não, senador, obrigado. - ele diz, pegando o pesado presente nos braços e seguindo para sua sala a passos firmes e apressados, deixando pra trás um bando de mulheres deslumbradas e um Gerard inseguro e confuso.

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Assim que chega em sua sala, Frank deposita o presente sobre sua mesa e desaba em sua cadeira. Seu coração está acelerado e angustiado ao mesmo tempo. Ele não sabe o que fazer. Na verdade, ele sabe, mas não tem coragem suficiente pra isso. Há mais de dois meses que ele e Brad não se falam e entrar em contato com o ex hoje, especialmente hoje, será doloroso demais. Mas Frank precisa saber o porquê desse presente. Sacando seu celular, ele se prepara para ligar, quando o telefone de sua mesa toca.

Esperando ouvir a voz de Gerard, ele se surpreende quando descobre que é June do outro lado da linha.

- Oi, Sr. Iero. O Senador Way está pedindo que o senhor dê um pulo na sala dele.

- Okay. Diga ao senador que eu preciso encerrar uma ligação e que irei atendê-lo logo em seguida. Obrigado, June. - ele desliga, sem nem dar tempo da secretária de Gerard responder.

Respirando fundo, ele procura o nome de Brad na agenda e aperta o botão verde. Com Brad em Londres há dois meses, existe uma grande chance do telefone estar desligado ou ter mudado, mas quando a voz do advogado surge do outro lado da linha, os questionamentos de Frank logo vão por terra.

- Frank? - a voz de Brad é urgente e preocupada. - Tudo bem? Você está bem?

- Ah, oi! - ouvir a voz de Brad faz o coração de Frank doer um pouco. - Sim, tá tudo bem sim. Não se preocupe.

- É que a gente não se fala há um tempo, e de repente você liga, especialmente hoje.

- Pois é! Me desculpe, me desculpe mesmo ligar pra você, especialmente hoje.

- Frank, você pode me ligar sempre. E hoje? Apesar de tudo, hoje ainda é um dia especial pra mim. Sempre vai ser.

- Então, é por isso mesmo que eu liguei. Eu acabei de receber um presente seu, e...

- Ah, meu Deus! Me desculpa. Eu tinha comprado essa cesta há um tempo e esqueci de cancelar depois que, bem, você sabe.

- Tudo bem. Eu imaginei que fosse isso mesmo, só queria me certificar.

- Me desculpa se eu te coloquei em alguma situação...

- Não! Tá tudo bem, não se preocupe com isso. - diz Frank, então há um silêncio constrangedor entre os dois. Frank não sabe o que dizer ao homem cujo coração ele partiu. Então é Brad quem quebra o gelo.

- E você, está bem?

- Sim, tudo bem. E você? Como estão as coisas em Londres?

- Corridas. Frias. Chuvosas... Solitárias. Mas fora isso, tá tudo bem. O trabalho é ótimo. Estou aprendendo muito.

- Que bom, fico muito feliz por você.

- Obrigado. - há um pequeno silêncio, então Brad faz a pergunta que está entalada há quase três meses. - Você e o... vocês dois estão juntos?

- Brad...

- Tudo bem, Frank. Você pode me dizer. O que de pior pode acontecer?

- Sim. Nós estamos juntos. - outro silêncio, e o coração de Frank se comprime.

- Você está feliz?

- Nós estamos bem. - não há necessidade de entrar em detalhes e causar mais mágoa entre os dois.

- Eu só espero que você esteja bem.

- Eu estou. E você também. Eu quero muito que você fique bem. De verdade.

- Eu sei. Eu vou ficar. Bem, eu tenho que ir.

- É, eu também.

- Foi muito bom ouvir sua voz, Frank. Especialmente hoje. Se cuida.

- Você também.

- Tchau.

- Tchau.

Colocando o celular de volta na mesa, Frank recosta em sua cadeira e se permite deixar suas emoções tomarem conta. As lágrimas rolam por seu rosto livremente. Seu coração dói. Sua cabeça roda. Uma angústia toma conta de seu peito, como se o primeiro contato com Brad fosse apenas o começo da avalanche que o mundo real será a partir de agora.

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Frank não sabe por quanto tempo permaneceu em seu mundinho, até que batidas na porta o despertam para a realidade. Esfregando o rosto, para limpar os resquícios das lágrimas, ele se ajeita na cadeira e recupera a compostura.

- Pode entrar. - ele diz, e para sua surpresa, é Gerard quem aparece na porta.

- Oi. - diz o senador, e é como se o peso do mundo fosse tirado das costas de Frank imediatamente.

- Oi. - ele responde, com um suspiro aliviado.

- Eu pedi à June que te pedisse para ir à minha sala, mas como você demorou, eu fiquei preocupado. Posso entrar? - ele pergunta, em um tom sereno.

- Claro! Entra, por favor. - pede Frank.

Gerard, então, entra na sala e tranca a porta atrás de si. Para se certificar de que os dois não seriam interrompidos, de antemão, ele já avisou à secretária de que faria uma reunião à portas fechadas na sala do RP. Então os dois terão seu merecido momento de privacidade. Apressando o passo em direção a Frank, Gerard o ergue da cadeira com facilidade, envolvendo-o em seus braços. Ao sentir o toque de Gerard, Frank sente o corpo amolecer. Ele se aconchega no peito do senador, permitindo que os aromas de Gerard acalmem seu coração e sua alma.

- Me desculpe. - diz Frank, em uma voz baixa e sofrida, o que faz Gerard o envolver ainda mais em seus braços.

- Shhhh, se acalma. - diz Gerard, com uma mão nas costas do rapaz, e a outra acariciando seus cabelos. - Só se acalma. Eu posso sentir o seu coração disparado. Você precisa se acalmar.

Após acompanhar a respiração tranquila de Gerard por alguns minutos, Frank, enfim, consegue se tranquilizar. Sentando o RP de volta na cadeira, Gerard se ajoelha na frente dele e espera Frank se sentir seguro o suficiente para falar. Respirando fundo, Frank olha nos olhos de Gerard.

- Eu acabei de falar com o Brad.

- Eu imagino que tenha a ver com o presente.

- Sim. Hoje nós faríamos 10 anos de namoro. Ele disse que comprou o presente há um tempo e esqueceu de cancelar depois que terminamos.

- Imaginei. E como foi falar com ele depois de todo esse tempo?

- Horrível. Me fez sentir a pior pessoa do mundo.

- Por quê?

- Porque não é justo. Porque ele está sofrendo, enquanto eu estou feliz. Porque desde aquele dia no seu gabinete, desde que nos beijamos pela primeira vez, o mundo tem sido só nós dois. A gente não parou pra olhar ao redor, pra pensar nas consequências das nossas decisões, pra enxergar a realidade. Em quem a gente estava magoando com isso. Porque eu estava fazendo planos de casamento com ele num dia, e no outro nós estávamos terminando, porque eu estava apaixonado por você. Porque ele estava largando tudo que construiu aqui e indo pra outro país, enquanto eu estava indo pra cama com você. Porque hoje eu faria 10 anos de namoro com ele, e só me lembrei disso porque vi o presente. - as lágrimas voltam a rolar pelo rosto de Frank.

- Você se arrepende? Se arrepende de nós, de ter se apaixonado por mim?

- Não! Eu não me arrependo de nada. Eu faria tudo de novo. E é isso que está me matando. Porque eu te amo tanto que o que eu sinto por você me transformou em uma pessoa egoísta.

- Para! Não faça isso. Não tente se diminuir ou se martirizar. Você pode não acreditar ou não entender agora, mas o que você fez foi muito nobre. Antes de haver qualquer coisa entre nós dois, antes de saber se nossos sentimentos eram recíprocos, você terminou com ele. Você foi leal a ele e ao que vocês tiveram. Você não manchou a história de vocês. Ele está sofrendo porque é normal. Se os papéis estivessem trocados, você estaria sofrendo. Qualquer um que termina uma relação de tanto tempo precisa de um período de luto, e ele está vivendo o dele. Você não pode parar a sua vida por causa disso, e nem achar que não merece o que estamos vivendo por causa disso. Sim, você tem razão quando diz que nós mergulhamos no nosso mundinho e não pensamos em mais nada, mas nós merecíamos isso. Aquele era o nosso momento. E se aquilo foi egoísmo, eu não me importo de ter sido egoísta. Eu queria você só pra mim. Mas você também tem razão quando diz que precisamos parar por um segundo e olhar em volta, ver as consequências da nossa decisão de ficarmos juntos. E nós vamos fazer. Vamos fazer isso juntos. Por que eu te amo, e você me ama, e nós dois podemos enfrentar tudo o que vier pela frente. Desde que estejamos juntos. - ele diz, tomando o rosto de Frank entre as mãos. - Me promete que você não vai mais se ferir por estar feliz. Você merece ser feliz! Nós merecemos ser felizes! Me promete, okay?

- Okay.

- E o Brad vai reconstruir a vida dele. Não hoje, não amanhã, mas um dia ele vai voltar a ser feliz. Você não pode se responsabilizar por isso. Você não pode achar que ele não vai sobreviver sem você. Isso é uma carga muito pesada de se carregar. Não deixe ele fazer isso com você e, principalmente, não faça isso com você mesmo. Estamos combinados?

- Estamos.

- Agora, por favor, não chore mais. - ele pede, limpando com os polegares as lágrimas que ainda caem. - Machuca meu coração ver você chorar.

- Me desculpa. É que foi um choque de realidade forte demais. Eu não estava esperando.

- Eu sei. - diz Gerard, dando um beijo doce e leve nos lábios de Frank. - Eu te amo demais. Você sabe disso, né?

- Sei sim. - ele sorri e retribui o beijo. - Eu também te amo. E eu não quero que você ache que...

- Eu não acho. Eu sei o que você sente por mim e sei o quanto te dói pensar em magoar alguém importante pra você. Esse é um dos motivos que me fazem te amar ainda mais.

- Obrigado. - ele diz, e os dois tocam as testas por alguns segundos.

- Escuta, eu acho que você devia ir pra casa. - diz Gerard, pegando Frank de surpresa.

- O quê? Não! Eu não preciso ir pra casa. Eu tô bem.

- Eu acho que isso foi demais pra você, te pegou de surpresa, te desestabilizou. Eu acho que você devia descansar o resto do dia.

- Isso é ridículo. Eu tô bem. Além do mais, eu tenho um monte de relatório pra fazer.

- Nada que você não possa fazer em casa. A June me mostrou a agenda, nós não temos mais nenhuma reunião hoje. Você ia passar o resto do dia preso nessa sala de qualquer jeito. Vá pra casa, descanse, você mesmo disse que nós precisamos assimilar a realidade.

- Mas e você?

- Eu tenho uma vídeo conferência chata e longa com o governador de Nebraska, e assim que acabar, eu pretendo correr daqui o mais rápido possível.

- Eu não sei.

- Nós estamos bem, Frank. Eu só estou preocupado com você. Eu prometo que te ligo quando chegar em casa. Eu não consigo mais dormir sem ouvir a sua voz, você sabe disso.

- Tudo bem mesmo se eu for?

- Eu insisto. Quero que você descanse.

- Okay. Eu vou arrumar alguns relatórios pra levar e vou pra casa.

- Ótimo. Nós nos falamos a noite, tá bom?

- Tá bom.

- Eu te amo.

- Eu também te amo. - e com isso, Gerard dá um último beijo em Frank, destranca a porta e segue para seu gabinete.

Mesmo a contra gosto, Frank reúne seus relatórios em sua pasta e se prepara pra partir. Já na porta, ele olha pra trás e contempla o presente. Ele hesita por alguns segundos, mas pega o presente e resolve levá-lo pra casa.

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Trancado em seu gabinete, é a vez de Gerard deixar o corpo cair sobre a cadeira. Esfregando o rosto e correndo as mãos pelos cabelos, ele pensa nas palavras de Frank, em como eles não se permitiram pensar em como seriam as coisas dali por diante. O presente de Brad foi apenas uma amostra grátis do que está por vir, um lembrete de que as coisas não serão mais como antes. Demorou, mas a bolha estourou e o que vem a seguir não parece ser tão doce.

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Por volta das 17h, Frank chegou em casa carregando sua pasta em uma mão e o presente de Brad em outra. Da sala de jantar, onde analisava algumas fotos em cima da mesa, JJ se surpreendeu ao ver o amigo em casa tão cedo.

- Ei, o que você tá fazendo em casa? Tá tudo bem? - ela pergunta, abandonando suas fotos e seguindo para conferir o amigo.

- Tá tudo bem, sim. Só um dia meio louco. - ele diz, colocando o presente de Brad sobre a bancada da cozinha.

- E você resolveu comemorar comprando uma cesta de itens finos? - ela pergunta, analisando a cesta.

- Não, isso foi um presente do Brad. Hoje comemoraríamos 10 anos juntos. - ele conta, tirando a gravata e o paletó.

- E ele mandou isso pra você de Londres?

- Não, ele encomendou há um tempo e esqueceu de cancelar.

- Você falou com ele?

- Falei. Eu tive que ligar pra saber o que significava isso.

- E como foi?

- A conversa em si foi tranquila. Constrangedora, mas tranquila. Terrível foi depois que a ficha caiu. Ouvir a voz dele me fez pensar em tudo que eu causei a ele. Em como eu joguei fora os nossos planos e me joguei nos braços de outro homem. Eu acabei tendo uma pequena crise e descontei algumas coisas no Gerard.

- Caramba, Frankie! Vem, senta aqui, me conta isso direito. - ela diz, guiando o amigo até o sofá. - Vocês dois brigaram?

- Não chegamos a brigar, mas a ligação do Brad mexeu comigo, me deixou mal, me sentindo uma pessoa ruim, e eu acabei falando algumas coisas pro Gerard.

- Como o quê, por exemplo?

- Que nós fomos egoístas, que não pensamos em ninguém nesses últimos dois meses, que não pensamos nas consequências e em quem a gente pode ter magoado nesse processo. Que fugimos da realidade.

- E ele?

- Ele me acalmou. Disse que eu não tenho que carregar a responsabilidade de fazer o Brad feliz. Ele concordou comigo que nós nos isolamos e que precisamos acertar algumas coisas. E no final, tudo se resolveu. Mas ele achou melhor eu vir pra casa mais cedo, pra me acalmar.

- Ele está certo, você sabe disso, não é? Essa era uma das minhas maiores questões com o Brad, essa necessidade que ele tinha de colocar me você a razão da felicidade dele. É um fardo muito pesado você ser a razão da vida de alguém. Sem aquela determinada pessoa, você não vive. Você limita a sua vida e a dela. E ele fazia isso com você. Ele construiu a vida toda dele ao seu redor, e quando acabou, ficou essa sensação de que você falhou com ele.

- Eu sei, JJ, mas...

- Não, me escuta. O Brad é uma ótima pessoa. Eu aposto que ele não fazia isso de propósito, mas isso era ruim pra ele e pra você. Relacionamentos acabam todos os dias e as pessoas continuam vivendo. Ele vai continuar vivendo. Você não pode se impedir ou se culpar por estar feliz por causa disso.

- É, eu sei. Vai ser difícil tirar esse peso das costas, mas eu sei que preciso tentar.

- Precisa mesmo. E um grande passo seria contar logo pros seus pais.

- O que?

- Você não quer tornar tudo real? O primeiro passo é contar pros seus pais. Já tem quase três meses, Frankie. Se você tá preocupado com o Brad, imagina como seus pais vão reagir se descobrirem por outra pessoa?

- E o que eu vou falar pros meus pais? "Ei, pai, mãe, eu terminei meu namoro de 10 anos pra virar amante de um cara casado."? Tá louca, JJ? Eu não posso contar pra eles.

- É, essa não é a melhor das frases. Mas que tal "Pai, mãe, eu estou apaixonado por um cara que também está apaixonado por mim, existem algumas dificuldades, mas nós decidimos tentar e ficar juntos porque nos amamos"? Seus pais te amam mais que tudo na vida, Frankie, e a única coisa que eles querem é que você seja feliz. Você sabe disso.

- JJ, se meus pais...

- Dê um voto de confiança pra eles. - ela diz, e Frank sabe que a amiga tem razão.

Sua família é a coisa mais importante de sua vida. A aprovação ou desaprovação deles é algo que afeta demais a vida de Frank, mas manter um segredo desse é muito mais sério. Então, ainda sentindo seu coração palpitar, ele saca seu celular e liga para o telefone da casa dos mais. Não demora muito para que a voz de Harry surja do outro lado da linha.

- Alô!

- Oi, pai.

- Oi, meu filho! Tudo bem?

- Tudo. E por aí, como estão as coisas?

- Tudo na mesma, mas tudo bem, graças a Deus!

- Que bom! Escuta, pai, minha mãe está por perto?

- Está no quintal, quer falar com ela?

- Na verdade, eu quero falar com os dois. Você pode chamá-la, por favor?

- Claro, filho. Só um minuto. - diz Harry, deixando a linha muda. Frank balança as pernas, nervosamente, enquanto espera os pais retornarem, tudo sob o olhar atento de JJ.

- Oi, meu filhote lindo! Que surpresa boa esse telefonema no meu da semana. - a voz alegre de Christine traz um sorriso ao rosto do rapaz.

- Oi, mãe. Tudo bem?

- Muito melhor agora, falando com meu amor. E você, filho, tudo bem? Seu pai disse que você queria falar com a gente.

- Sim, quero sim. Mãe, será que você pode colocar o telefone no viva-voz, assim vocês dois podem me ouvir?

- Claro! Só um segundo. - pede Christine e logo o som do outro lado da linha muda, indicando que a ligação agora está no viva-voz. - Pronto, meu amor, está no viva-voz, pode falar.

- Mãe, pai, eu preciso contar uma coisa pra vocês. - ele diz, buscando a mão de JJ e a segurando firme.

- Frank, está tudo bem com você, meu filho? - pergunta Harry.

- Tem alguma coisa errada com você, amor?

- Não se preocupem, eu estou bem. Não é sobre isso que eu quero falar. Bem, não vou mais enrolar. - ele respira fundo. - Existe um motivo para Brad e eu termos terminado. Nós não brigamos, não foi a viagem dele, nem nenhum conflito de interesse. Nós terminamos porque eu me apaixonei por outra pessoa. Eu já achava que amava essa pessoa há um tempo, mas então a certeza veio e eu não pude mais continuar meu relacionamento com o Brad. Não era justo comigo e não era justo com ele. Então nós terminamos.

- Uau. - Harry é o primeiro a se manifestar. - Apesar de difícil, você fez o certo meu filho. O Brad é um ótimo cara e te ama muito. Ele não merecia qualquer tipo de traição. Estou orgulhoso da sua postura.

- Obrigado, pai, mas eu ainda não terminei. Eu terminei com o Brad e alguns dias depois eu comecei a sair com essa pessoa. Nós estamos realmente apaixonados, ele é um homem maravilhoso, mas...

- Quem é, Frank? - pergunta Christine, fazendo Frank prender a respiração.

- É o Gerard.

- Gerard, o senador? O Senador Way? - e é Harry novamente quem se manifesta primeiro.

- Sim.

- Frank, ele não é...

- Casado? Sim, ele é casado. Pai, mãe, eu sinto muito! Eu sinto muito mesmo decepcionar vocês. Eu sei que vocês devem estar muito desapontados comigo, pensando o pior de mim.

- Ei, Frank? Frank? Cale-se, tá bom? - dessa vez a voz é de Christine. Frank engole o choro e se cala imediatamente. - Nós não vamos mentir e dizer que achamos isso a coisa mais natural do mundo e que estamos muito felizes com isso. Mas você é nosso filho, nós te amamos e queremos sua felicidade. Mesmo que a gente não concorde sempre com as suas decisões, nosso amor por você nunca vai mudar.

- Sua mãe está certa. Esse não é o melhor dos mundos pra nós, mas você é nosso filho adorado e te amamos incondicionalmente.

Frank e JJ se olham, em choque. Não era essa a reação que Frank esperava. Ele não esperava gritos e insultos, mas esperava que os pais lhe dessem um sermão e dissessem o quanto estavam desapontados com o filho. Mas Harry e Christine Iero são, sem dúvida, os melhores pais que uma pessoa pode querer e por mais que não estejam felizes com a decisão do filho, eles nunca o fariam se sentir menos amado por isso.

- Obrigado. Significa demais pra mim.

- Meu filho, eu só te peço uma coisa. - diz Christine.

- Claro, mãe.

- Tenha prudência. Avalie a situação. E se preserve. Eu não quero que você se magoe, tá bom?

- Pode deixar, mãe. - ele diz, sentindo que um peso foi tirado de seu peito. - Eu preciso desligar, tenho um monte de relatórios pra fazer. Nos falamos depois?

- Sempre que você quiser, meu amor. Se cuida, tá bom?

- Pode deixar! Eu amo vocês.

- Nós amamos você também. E você também, maluquete! - diz Christine, sabendo que JJ estava ao lado do amigo.

- Também amo vocês.

- Tchau!

- Tchau. - e Frank encerra a ligação.

- Bem, isso foi... inesperado. - diz JJ.

- Pois é,

- Viu? Você estava se corroendo a toa. Agora é menos um item na sua lista de problemas.

- Mas essa lista ainda tá longe de acabar. - ele bufa, exausto.

- Um passo de cada vez, Frank. Um passo de cada vez. - diz a jovem, levantando-se do sofá e dando um beijo no topo da cabeça do amigo.

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Já passa das 23h quando Frank termina o último relatório. JJ está apagada no sofá da sala, enquanto mais um episódio de Breaking Bad rola na televisão. Ela sempre faz isso, diz que vai fazer maratona de uma série, mas dorme no terceiro episódio. Da mesa de jantar, Frank observa a amiga e sorri. Ele se espreguiça e se prepara para levantar e guiá-la pro quarto, quando seu celular toca.

Apesar do dia louco, confuso e estressante, ver o nome de Gerard surgir no visor faz um sorriso brotar no rosto de Frank. Rapidamente ele atende a ligação.

- Oi. - ele diz, com a voz doce.

- Oi pra você também. - a voz de Gerard é igualmente doce. - Está se sentindo melhor?

- Bastante. Acho que eu estava precisando mesmo do resto do dia de folga.

- Viu só? Eu já te conheço.

- Conhece mesmo. - Frank sorri. - E como foi a vídeo conferência?

- Não, eu não quero falar de trabalho agora. Quero falar só de você. Da gente. Quero saber se você tá sentindo melhor de verdade.

- De verdade? Eu acho que a gente ainda precisa conversar sobre como as coisas serão daqui pra frente. Sobre como vamos ficar e qual será o nosso futuro, afinal, existem barreiras entre nós que não poderemos derrubar.

- É, eu sei.

- Mas eu te amo e estou disposto a enfrentar o que vier, desde que seja do seu lado.

- Eu também te amo, Frank. Eu te amo como eu nunca achei que fosse possível amar alguém. E eu sei que eu tenho impedimentos que vão dificultar a nossa vida juntos, mas agora que eu sei o que é ter você em meus braços, eu não consigo mais imaginar um mundo sem você.

- Eu também não.

- Ótimo!

- Eu tenho que te contar uma coisa.

- O que foi?

- Eu contei sobre a gente pros meus pais?

- Nossa! É sério? E como foi?

- Eles ficaram bem chocados. O fato de você ser casado não contou muitos pontos a nosso favor, mas foi melhor do que eu esperava. Eles falaram que me amam e que mesmo que questionem as minhas opções, sempre estarão do meu lado e me apoiarão.

- Seus pais são realmente pessoas incríveis.

- Eles são mesmo. Minha mãe só se preocupa em eu me magoar. Ela me pediu prudência.

- Eu morro antes de te magoar. Você sabe disso, não é?

- Não vamos falar desse negócio de você morrer, tá bom? - diz Frank, em tom de brincadeira, mas Gerard permanece sério.

- Frank, me diz que você sabe que eu jamais te magoaria?

- Eu sei disso. Não se preocupe. E eu também nunca faria nada pra te magoar.

- Então estamos nos entendendo. Podemos riscar isso da nossa lista. - ele diz, e Frank ri, lembrando do papo com JJ mais cedo.

- Sim, menos um item na nossa lista.

- Vai ser difícil dormir sem você hoje, estou ficando mal acostumado.

- Então somos dois.

- Então vou tratar de dormir logo, pra chegar logo amanhã. Assim eu posso te ver.

- Mal posso esperar.

- Boa noite pra você, meu príncipe. Até amanhã.

- Boa noite pra você também. - diz Frank, com um sorriso bobo no rosto. - Até amanhã.

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Duas semanas se passaram desde o incidente do presente de aniversário de namoro e as coisas se estabilizaram para o casal. Apesar de Brad ainda ser mencionado por uma funcionária ou outra, Frank não se deixou mais abalar por isso. Seguindo o conselho de JJ, ele se permitiu abraçar seu romance com Gerard, sem se martirizar com possibilidades criadas em sua imaginação.

Nos últimos 15 dias, Gerard não foi nada além de um verdadeiro príncipe com Frank. Aliás "príncipe" parece ter se tornado o apelido carinhoso oficial do RP. Sempre que estão sozinhos, Gerard o chama de "meu príncipe", fazendo Frank ruborizar como um jovem virginal. Gerard é carinhoso, delicado, atencioso, e extremamente cuidadoso com Frank. Sempre de olho em seu bem estar e se certificando que o rapaz está feliz e confortável.

A falta de terem um lugar só para os dois incomoda bastante, especialmente a Gerard, que quando não está com seu amor, precisa voltar pra casa e para Bethany. Falando na esposa, a relação dos dois, que já não era das melhores, anda ainda pior. Os dois mal se falam dentro de casa, e quando se falam, é pra trocar palavras ríspidas e ironias.

Bethany mal sente a falta de Gerard em casa, pois passa a maior parte de seu tempo com Cole, mas a ausência de Gerard em casa está começando a acender um alerta na cabeça da mulher.

- Ele está com alguém. - diz a mulher, colocando o vestido, enquanto Cole permanece deitado na cama de seu apartamento.

- Como você sabe?

- Porque ele está diferente. Está mais leve, mais disposto, mais corado.

- Mais feliz, você quer dizer.

- É, isso, ele parece feliz.

- Então deixa ele. Isso é bom pra gente. Se ele tá feliz, não fica de olho em você.

- Meu bem, ele não ficaria de olho em mim nem se eu passasse pelada na frente dele. - ela diz, em tom de deboche.

- Se você diz.

- Eu preciso saber quem é.

- Pra quê? O que vai mudar pra você? A não ser que ele esteja com uma mulher, nada vai mudar pra você. Como você mesma disse, ele nunca vai sair do armário.

- Como assim, pra quê? Eu preciso ter um trunfo. Uma carta na manga. Se ele arrumou um amante, um gigolô, seja lá o que for, eu preciso saber quem é.

- E o que você ganha com isso?

- Vantagem, meu bem. O Gerard tem apenas uma única função na vida, fazer de mim a Primeira Dama dos Estados Unidos. Se em algum momento ele tentar desviar desse fato, eu preciso de algo pra colocá-lo na linha de novo.

- Você já parou pra pensar o que ele vai fazer quando descobrir que você tem um amante?

- Nada. Ele não vai fazer nada, porque se ele tentar, eu ligo aos prantos pra Fox News, contando que meu amado marido é um homossexual pervertido. Nosso casamento é um contrato, ele faz a parte dele, que é virar presidente, e eu faço a minha.

- E qual é a sua parte?

- Ser uma bela esposa troféu! - ela diz, fazendo uma pose. - Agora você vai ficar aí deitado, ou vai me ajudar com esse zíper? - ela pergunta, virando de costas e mostrando as costas nuas no vestido aberto.

- Depende. - ele pergunta, levantando da cama e caminhando em direção à mulher. - Você quer ajuda pra abrir ou fechar?

Bethany sorri com malícia. Cole pega a mulher no colo e a joga na cama novamente. Segundo depois o vestido está no chão.

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Depois de um dia inteiro de muitos compromissos e reuniões estressantes, Gerard e Frank contam os minutos para irem embora e se encontrarem no flat em Maryland. Conferindo os últimos detalhes da palestra que um dos assessores dará na Georgetown University, Gerard faz a última reunião do dia com Frank, Cole, Brandon Cannon, que dará a palestra, e mais três assessores.

Após quarenta minutos de reunião, os homens encerram o assunto e começam as despedidas. Em meio a um aperto de mão em Brandon, Gerard é surpreendido quando a porta de seu gabinete se abre, revelando Bethany.

- Oi, meu amor! Ah, me desculpe, eu não sabia que vocês estavam em reunião.

- Nós já encerramos, Sra. Way, não se preocupe. - responde um dos assessores.

- Estávamos discutindo alguns detalhes da palestra que o Sr. Cannon dará amanhã na Georgetown. - diz outro assessor.

- Uau, que empolgante. - ela finge interesse, despertando a simpatia dos homens, enquanto Gerard permanece impassível à sua presença.

Já Frank tenta ao máximo disfarçar seu desconforto. Essa é a primeira vez que ele vê Bethany desde que seu romance com Gerard começou. Forçando um sorriso, Frank tenta parecer casual na presença da esposa do senador, mas a cada minuto que ela passa na sala, sua angústia aumenta. Sentindo a aflição de Frank e realmente incomodado com a interrupção da mulher, Gerard interrompe o bate papo casual.

- Bethany, o que você está fazendo aqui? Achei que você tivesse um evento de caridade hoje.

- E tenho. Mas uma esposa não pode interromper seu caminho pra ver ser marido amado? Eu estava com saudades, você anda trabalhando tanto, fazendo tantas horas extras, e eu ando tão focada nos meus projetos sociais, que a gente mal se vê em casa.

- Tem sido um período corrido mesmo. - ele disfarçar a irritação.

- Mas eu não estou reclamando, não. Longe de mim. Por mais que eu sinta uma saudade absurda, eu sei o quanto seu trabalho é importante e o quanto o povo precisa de você.

- Obrigado por ser tão compreensiva. - ele entra no teatro dela.

- Bem, vou deixar vocês trabalharem e vou correr pro meu evento. Só vim mesmo matar a saudade do meu marido. - ela diz, e então põe a mão na nuca de Gerard e o puxa para um beijo exageradamente gráfico.

Enquanto os outros assessores disfarçam e desviam os olharem, Frank parece congelado no lugar. Seus olhos não conseguem se desviar da cena. Seu estômago revira, seus braços adormecem e sua cabeça gira. Ao mesmo tempo, seus pés e pernas parecem concreto, tornando impossível que ele se mova do lugar. Ele parece tão hipnotizado que não percebe o olhar de Cole sobre ele.

Após uma olhada rápida ao redor da sala, os olhos do assessor de imprensa pousam sobre Frank e Cole tem a confirmação de quem é o amante de Gerard. Ele dá um leve sorriso de canto de boca e então desvia o olhar, como os outros assessores.

Após alguns segundos, Bethany separa o beijo, afastando-se de Gerard, deixando o marido em choque. O senador mal pode acreditar no que acabou de acontecer. Bethany sorri, se aproxima de Gerard de novo e limpa a mancha de batom que ficou em sua boca, antes de se virar para os outros presentes na sala.

- Boa noite, senhores. - ela diz, girando sobre os calcanhares e saindo da sala rebolativa.

- Acho que encerramos aqui então, não é? - diz Cole, juntando seus papeis rapidamente.

- Acho que sim. - confirma Brandon, já abrindo a porta e dando passagem para os outros assessores.

- Qualquer dúvida ou problema, nos ligue. - diz Cole, saindo por último, deixando apenas Frank e Gerard na sala.

Assim que a porta se fecha, Gerard ergue os olhos na direção de Frank e pode ver claramente o coração do rapaz se partindo.

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Com seus papeis debaixo do braço, Cole corre pelos corredores do Capitólio até chegar ao elevador. A viagem até a garagem parece mais lenta que o normal. Quando as portas se abrem, ele corre em direção ao Mercedes S-Class parado há poucos metros de distância.

Assim que se aproxima, o vidro traseiro se abaixa, revelando Bethany.

- É o Iero. - diz Cole. - O amante do Gerard é o Frank Iero.

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Gerard se apressa em direção a Frank, tomando o rosto do rapaz em suas mãos.

- Frank? Frank, olha pra mim! - ele pede, mas o RP parece em estado catatônico. - Por favor, meu príncipe, olha pra mim.

Gerard beija Frank na testa e nas maças do rosto, mesmo que sua vontade seja beijar-lhe nos lábios, mas após o beijo de Bethany, Gerard sente que não seria certo beijar Frank com os mesmos lábios que tocaram os da mulher.

- Frank? - ele chama de novo, até que Frank respira fundo e olha ao redor, nervoso.

- Eu acho... eu acho que vou vomitar. - ele diz, se livrando das mãos de Gerard e afrouxando o nó da gravata e caindo sentado no sofá. Gerard age rápido, pegando uma lata de lixo e ajoelhando ao lado do rapaz.

Abaixando a cabeça, Frank cobre o rosto e tenta controlar a respiração, sob os olhares atentos e aflitos de Gerard. Após alguns minutos, Frank sente que a ameaça de vomitar já passou, assim como a tontura e a sensação de mal estar. Mas a sensação de que seu coração foi arrancado de seu peito continuar. Erguendo os olhos, ele encontra o olhar angustiado de Gerard.

- Nós precisamos conversar. Por favor, Frank.

- Gerard, eu não sei se consigo agora.

- Por favor. Vamos conversar! Mas não aqui. Vamos pro flat. Nós precisamos conversar. E lá a gente tem privacidade. Por favor!

- Eu não sei.

- Frank, nós precisamos. Por favor, vamos pro flat! Me promete que vamos nos encontrar no flat. Por favor! - ele pede, segurando as mãos de Frank, que respira fundo.

- Okay. Tudo bem.

- Nós saímos agora e nos encontramos lá.

- Nós precisamos de uns minutos de diferença.

- Eu não me importo! Agora. Vamos agora! Eu vou seguindo o seu carro. Não me importo.

- Okay, okay! Nós vamos nos encontrar no flat, mas não vamos dar margem pra erros. Eu vou agora. E nós nos encontramos lá em uma hora. - diz Frank, levantando do sofá.

- Você vai estar lá, não vai? Você me promete que vai estar lá?

- Eu prometo. - ele diz, mas Gerard o puxa pra perto e toma seu rosto nas mãos novamente.

Sentindo a respiração errática e a urgência nos olhos do senador, Frank cobre as mãos de Gerard com as suas e encosta sua testa na dele.

- Eu prometo.

Com bastante dificuldade, Gerard baixa as mãos e deixa Frank livre para partir. O RP sai pela porta, deixando pra trás um Gerard atormentado. Ele precisa esperar dez minutos antes de sair. Os dez minutos mais longos da sua vida.

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Gerard mal conseguiu sentar parado dentro do carro durante os cinquenta minutos de trajeto do Capitólio até o flat Double Tree, em Maryland. Assim que Robert para o carro na porta da entrada, Gerard mal espera o veículo parar totalmente e já parte em direção aos elevadores. Por ter alugado o apartamento por temporada, Gerard e Frank já têm as chaves e, com isso, livre acesso ao apartamento.

Ele aperta repetidamente o botão do elevador, como se isso fizesse o objeto chegar mais rápido. Após o que pareceu ser uma eternidade, o elevador finalmente chegou. Sem esperar, Gerard entra e aperta o botão do 6º andar. Como um leão enjaulado, ele anda de um lado ao outro da caixa de metal. Frank prometeu que viria. Ele precisa vê-lo, saber como ele está, se explicar. E mais importante, ele precisa ter Frank em seus braços.

O elevador para no 6º andar e as portas de abrem. O coração de Gerard palpita. Ele se apressa até a porta do apartamento. Suas mãos tremem ao encaixar a chave na fechadura. A porta se abre e seu coração pula uma batida. Frank está lá, sentado no sofá, a cabeça abaixada, apoiada nas mãos, como no gabinete. Gerard não pode ver seu rosto, mas ele sabe que há tristeza nele.

Lentamente, Gerard se aproxima e se ajoelha na frente de Frank. Ele tenta tocar a mão do namorado, mas Frank recua e Gerard sente seu coração apertar.

- Me desculpe. - diz Gerard, baixinho.

- Pelo quê? Por beijar a sua esposa? Você não precisa se desculpar por isso. - Frank tenta ser irônico, mas sua voz está embargada.

- Não faz isso. - Gerard pede e tenta tocar em Frank novamente, mas o rapaz levanta de súbito.

- Nós voltamos à estaca zero, Gerard. - diz Frank, esfregando o rosto com as mãos. - Nós passamos duas semanas maravilhosas, achamos que estava tudo bem de novo, que a vida tinha voltado aos eixos, mas estávamos errados. Errados de novo!

- Errados por quê? Por nos amarmos? Nós não fizemos nada de errado.

- Você está traindo a sua esposa.

- Você não consegue ver que ela fez isso de propósito? Pra provocar! Eu mal a vi em três meses, e quando a vi, nós trocamos meia dúzia de palavras. E hoje, do nada, ela aparece daquele jeito e me beija? Eu nem consigo lembrar qual foi a última fez que nós nos beijamos. Ela fez aquilo de propósito!

- E daí? Não importa quais foram as intenções dela. Ela é sua esposa e tem o direito de te beijar a hora que ela quiser.

- Frank, ela não é minha esposa! O fato de eu ser casado com a Bethany não faz dela minha esposa.

- Mas faz de mim seu amante! - ele rebate, com os olhos marejados. - Faz de mim o cara que tem ver aquela mulher te beijar na minha frente e engolir o meu coração, fingindo que nada está acontecendo, porque eu não tenho o direito de me revoltar!

- Sim, você tem! Você tem todo o direito.

- Não, eu não tenho porque eu não pensei nas consequências quando eu me apaixonei por você. Eu não pensei no que isso ia acarretar pra gente. No que ia significar pro nosso futuro. No que seríamos um pro outro.

- Por favor, não vamos voltar praquela discussão de novo. - Gerara esfrega o rosto. - Praquele papo de que a gente não pensou em ninguém. Não vamos entrar nesse mérito de novo. Você é o homem que eu amo, e eu sou o homem que você ama. Era só nisso que nós tínhamos que pensar.

- E isso está funcionando muito bem pra gente, não é mesmo? Vamos continuar assim, sem pensar nas consequências, sem pensar nos outros. Sem pensar na Bethany, sem pensar no Brad! Deu muito certo até agora.

- Você acha que eu não penso no Brad? Você acha que eu não penso nele todos os dias? Se você acha isso, você não tem noção do quanto está errado. - ele diz, surpreendendo Frank.

- Eu não entendo. - ele diz, e é a vez dos olhos de Gerard marejarem.

- Você acha que eu não penso em vocês dois e no que vocês tiveram? Que não me doeu ver aquele maldito presente, ler aquele maldito cartão? Saber que ele podia te oferecer o mundo e eu não? Você acha que não parte o meu coração ter que trancar a porta da só pra poder te dar um abraço, enquanto ele podia entrar na sua sala e te trazer flores e deixar todo mundo suspirando? Você acha que eu não penso que um dia você vai perceber que a vida comigo não tem futuro e voltar pra ele na mesma hora? Você acha que eu não penso nisso todos os minutos do meu dia?

- Isso não faz o menor sentido!

- Não? Você mesmo disse que um dia antes de vocês terminarem, vocês estavam falando em casamento e em filhos.

- Mas isso é diferente.

- Diferente por quê?

- Porque eu terminei com o Brad! Você continua casado com a Bethany.

- Você pode ter terminado, ele pode estar morando em outro país, mas ele sempre será uma lembrança de tudo que eu queria poder ter com você e não posso. Nunca, em um milhão de anos, a Bethany vai significar pra mim o que o Brad significou pra você, e ainda significa. Doeu em você vê-la me beijando? Eu sei que doeu. Doeria em mim também. Mas dói muito mais em mim saber que eu nunca poderei fazer planos de ter uma casa com cerca branca com você. Que nós nunca poderemos ter filhos juntos. Que o que eu tenho pra te oferecer é só o meu amor e que talvez isso não seja o suficiente pra você. - ele declara, enquanto as lágrimas rolam por seu rosto.

Em pé, de frente um pro outro, Gerard e Frank se encaram, incapazes de se moverem. O único som ouvido é o respirar oscilante e o fungar causado pelo choro de ambos. Por que tem que ser tão difícil? E por que a necessidade de pensar tanto nos outros, se no fim, quem acaba se ferindo com isso são apenas eles dois?

Gerard é o primeiro a sair do lugar. Ainda com lágrimas nos olhos, ele caminha até o canto da sala e encosta em uma das paredes. Tampando o rosto com as mãos, ele deixa o corpo deslizar até o chão, e então traz os joelhos até o peito. A dor dilacera seu peito ao pensar que esse pode ser o fim. Ele não está pronto pra perder seu amor, mas também sabe que não pode forçar Frank a uma situação difícil pra ele.

Mãos trêmulas e geladas tocam em seus braços, fazendo Gerard levantar a cabeça. Um par de olhos vermelhos e inchados encontram olhos vermelhos em inchados. Frank se aproxima mais e encosta a testa na testa de Gerard.

- É o suficiente pra mim. - ele sussurra.

- Não deveria ser. - Gerard responde. - Você não deveria se contentar com isso. Não é isso que você merece.

- Eu mereço estar com um homem que me ama e a quem eu amo loucamente. E é isso que eu tenho, é isso que eu quero.

- Eu não posso te dar mais do que isso, Frank?

- Eu não preciso de mais. Eu juro. Eu não quero mais. Eu só quero você. Chega! Chega de pensar nos outros, nas consequências, nas possibilidades. Vamos pensar em nós. Somente em nós. Vamos ser felizes do jeito que a gente pode e do jeito que a gente merece.

- Mas e... - Gerard começa, mas Frank o interrompe.

- Shhhh, não importa. Nada mais importa. Só nós dois. Eu e você. Vamos fazer dar certo. Okay?

- Okay. - e com isso, Gerard puxa Frank para um beijo apaixonado.

As roupas são arrancadas do corpo como folhas de papel. O beijo é urgente, apaixonado, ininterrupto. Levantando-se do chão, Gerard ergue Frank, fazendo o rapaz cruzar as pernas ao redor de sua cintura. Tateando o ambiente, Gerard encontra a cama e se deixa cair, com Frank sobre ele, perfeitamente encaixado em seu colo. Não há antecipação ou preparação. O ato é selvagem, visceral e animalesco. Eles precisam. Eles não estão apenas fazendo amor, estão extravazando todas suas frustrações, suas dores, suas dúvidas e inseguranças. Os movimentos são fortes e intensos. Eles não desviam o olhar um do outro. Seus corpos transpiram e os músculos começam a sentir os primeiros sinais de exaustão. Mais alguns movimentos e os dois sentem o ápice se aproximando. Suas respirações oscilam e o coração dispara. Gerard é o primeiro a se desmanchar dentro de Frank, mas o rapaz o segue logo depois, deixando o rastro de seu prazer sobre o abdômen de Gerard e desabando em seguida sobre o corpo do mais velho. Ainda unidos, Gerard puxa Frank mais pra perto, prendendo em um abraço forte e observando o rapaz ser engolido pela exaustão. Gerard observa Frank dormir por alguns minutos, mas logo sente a escuridão se aproximando. Não demora muito e os dois mergulham na terra do sono dos justos.

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Quando Frank abre os olhos novamente, a cama está vazia. Ele ainda está nu, apenas com o fino lençol cobrindo metade de seu corpo. Ele ergue o corpo e olha em volta, à procura de Gerard, mas não há sinal do senador. Frank sabe que Gerard não o abandonaria no flat, então ele deve estar em algum lugar. O rapaz se prepara para se levantar, quando a porta do apartamento se abre, revelando um Gerard sorridente, empurrando um carrinho de refeição, com dois pratos cobertos por uma redoma de metal, um balde de gelo com uma garrafa de vinho dentro e duas taças.

Assim que vê Frank, o sorriso de Gerard aumenta ainda mais.

- Eu achei que você ainda fosse estar dormindo quando eu chegasse.

- Eu acordei nesse minuto. Estava levantando pra ir te procurar.

- Então pode ficar quietinho aí. Eu trouxe o nosso jantar. - ele diz, se aproximando com o carrinho e o estacionando ao lado da cama. Ele contorna o objeto e dá um beijo doce e delicado nos lábios de Frank.

Contornando a cama, ele se senta de frente pro rapaz, puxa o carrinho mais pra perto e retira os domes de cima dos pratos, revelando as refeições.

- Eu pedi Bife Wellington com legumes salteados pra mim, e um Penne com molho pesto e tomates cereja grelhados pra você. O vinho é um Baron de Lirondeau Rouge, tinto e que harmoniza muito bem tanto com carnes vermelhas, quanto com pasta.

- Uau, você sabe mesmo impressionar um cara.

- Eu quero passar o resto da vida tentando impressionar você, se você quiser.

- É claro que eu quero. - Frank diz, se inclinando e beijando Gerard nos lábios.

- Está com fome?

- Muita!

- Então vamos comer.

Após vestir uma camisa e se acomodar melhor na cama, Frank começa sua refeição, enquanto Gerard serve as taças de vinho. Sem dúvida alguma a cozinha do Double Tree é uma das melhores de Maryland e sempre surpreende o casal com pratos deliciosos. Enquanto saboreiam suas refeições, os dois dividem uma sensação de leveza e segurança. Algumas trocas de olhares e sorrisos são feitas, o que deixar o clima ainda mais agradável e romântico.

Frank está degustando sua taça de vinho, quando a expressão de Gerard muda ligeiramente. Ele olha para o rapaz com o olhar sério e objetivo, chamando a atenção de Frank.

- O que foi? - ele pergunta, enquanto pousa a taça de vinho sobre a mesa.

- Eu quero conhecer os seus pais. - a declaração deixa Frank em ligeiro choque.

- O quê?

- Eu quero conhecer os seus pais. - ele repete, de forma casual.

- Por quê?

- Porque parece importante pra sua família. Porque você disse que seus pais quiseram conhecer o Brad quando vocês começaram a namorar.

- É, mas aquilo foi diferente.

- Diferente por quê?

- Porque eu tinha 18 anos, era um moleque, o Brad foi meu primeiro namorado sério. Você não precisa fazer isso, Gerard.

- Eu sei que não, mas eu quero. Eu sei que seus pais estão preocupados em como você vai ficar no meio dessa situação e eu quero mostrar pra eles o quanto eu te amo, o quanto você é importante pra mim e que, apensar das dificuldades, minha prioridade é te amar e te fazer feliz. - ele diz, arrancando um sorriso de Frank.

- É, você sabe mesmo como impressionar um cara.

- Então você tudo bem pra você?

- Tudo bem. Eu vou ligar pra eles amanhã e marcar um final de semana. Nós podemos ir num sábado e voltar no domingo, pode ser?

- Perfeito. - e com isso, os dois voltam às suas refeições.

O que começou como uma noite de tormenta, terminou com uma agradável brisa de verão, daquelas que só trazem bons ventos.

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Uma semana depois e Frank está uma pilha de nervos, andando em círculos no meio da sala de sua casa. Ele limpa as mãos suadas na calça, mas eles insistem em continuar a transpirar. Em menos de uma hora, ele, Gerard e JJ pegarão um avião rumo à Nova Jersey, para um final de semana, no mínimo constrangedor, com os Ieros.

Sentada na bancada da cozinha, JJ observa o nervosismo de Frank e se sente dividida entre acalmar o amigo e achar graça da situação. Ela mesmo está um pouco nervosa, afinal de contas, depois desse tempo todo, ela finalmente será apresentada ao famoso Senador Gerard Arthur Way, ou apenas Gee, como Frank o costuma chamar, quando ninguém está vendo.

Dando mais um gole em sua cerveja, JJ parece ter chegado ao limite quando Frank dá mais uma volta na sua frente.

- Chega! Eu você para e se acalma, ou eu vou te sedar, colocar numa camisa de força, amordaçar e você vai chegar em casa igual o Hannibal Lecter. Você escolhe. - ela diz, colocando a long neck sobre a bancada, pulando no chão e seguindo até o amigo, que parece longe de se acalmar.

- Você tem noção de tudo que pode dar errado, JJ?

- Sim, eu tenho. Eu conheço os seus pais e eu sei que essa não é a melhor das situações. Mas você tá levando pra casa o homem que você ama, e que te ama, não o homem que te jurou de morte. Então sossega um pouco.

- Eu sei que eu preciso me acalmar, mas eu não consigo.

- Você vai acabar explodindo sua pressão, ganhando um infarto ou um AVC, e aí sim, transformando esse final de semana num verdadeiro inferno. Então se acalma. - ela diz, um pouco mais firme, fazendo Frank parar, olhar pra ela e, enfim, soltar o ar que ele nem sabia que estava prendendo.

Tentando relaxar, ele se senta em um dos bancos da bancada da cozinha e dá um gole na cerveja de JJ. Quase que na mesma hora, o celular vibra, deixando o rapaz em estado de alerta novamente. Antes que ele possa alcançar o aparelho, JJ toma o celular e confere a mensagem.

- O Uber chegou. Já podemos ir. - ela diz, então toma a cerveja da mão dele, dá um último gole e joga no lixo, antes de pegar sua mochila e seguir para a porta. Frank respira fundo, pega sua mochila e segue a amiga.

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Assim como foi na viagem a Chicago, o Uber seguiu diretamente para a área privativa do Aeroporto Ronald Reagan, onde o avião particular espera os dois. Assim que desse do Uber, Frank avista a SUV e o novo segurança de Gerard, o que indica que o senador já chegou. Puxando JJ pela mão, ele se apressa para dentro a aeronave, onde encontra Gerard aguardando pelos dois.

- Achei que vocês não viessem mais. - diz Gerard, com um sorriso de canto de boca.

- Confesso que eu estou um pouco mais nervoso do que deveria, mas eu não perderia a oportunidade de passar um final de semana inteiro com você. - diz Frank, passando os braços ao redor do pescoço de Gerard e lhe dando um beijo apaixonado.

- Com licença, tem pessoas presentes ficando constrangidas aqui. - diz JJ, fazendo Frank romper o beijo e sorri.

- Gerard, essa é a minha amiga de infância, minha cara metade, a famosa Julia Jaden Parker, ou JJ, como ela prefere ser chamada. JJ, esse é Gerard Way.

- Ou só Gerard, como eu prefiro ser chamado. - ele diz, estendendo a mão para a garota. JJ aperta a mão do homem.

- É um prazer finalmente te conhecer, Gerard.

- O prazer é todo meu. Eu ouvi muitas histórias interessantes a seu respeito.

- Todas verdades. - ela diz, rindo.

- Eu não duvidei nem por um segundo. - ele ri também. - Bem, vamos nos sentar. O comandante me informou a pouco que já estamos prontos pra decolar em alguns minutos.

Com isso, Gerard acomoda Frank em um poltrona e senta ao seu lado, enquanto JJ senta na poltrona oposta ao corredor. Minutos depois o comandante anunciou que o avião levantaria voo em alguns segundos. Enquanto a aeronave taxia na pista, Gerard toma a mão de Frank e a beija. Sentindo o nervosismo do rapaz, ele sussurra em seu ouvido.

- Vai dar tudo certo. Eu te amo. - ele diz. Frank encosta a cabeça no ombro de Gerard e sussurra também.

- Eu também te amo.

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Um pouco mais de uma hora depois, o avião particular pousou na área privativa do Aeroporto de Newark. Como já tinha sido previamente organizado por Robert, uma SUV aguardava o trio no hangar. Após um desembarque rápido, pois as bagagens se resumiam à bolsas de mão, os três embarcaram no carro em direção a Bellevue.

Gerard não desviou a atenção um só minuto de Frank durante o trajeto até à casa dos Iero. Tentando sempre acalmá-lo, ou ao menos diminuir seu nervosismo, Gerard o encheu de carinho, beijando-lhe os nós dos dedos, ou acariciando seus cabelos, passando a ponta do nariz em sua orelha, ou simplesmente sussurrando palavras de carinho e encorajamento em seu ouvido. O gesto não passou desapercebido por JJ, que se viu sorrindo involuntariamente.

O nervosismo de Frank era tão grande, que ele mal viu o trajeto passar, e quando se deu conta, o carro já estava estacionando na estrada da casa de seus pais. Seu coração subiu até a garganta e suas mãos gelaram. Chegou a hora da verdade.

JJ foi a primeira a saltar do carro. Ela caminhou alguns passos e olhou pra trás, ao notar que nem Frank nem Gerard a seguiram.

- Frank, você sabe que eles não mordem, não é? Para de bobeira, vem logo! - ela diz, refazendo seu caminho até a porta da casa.

Dentro do carro, Gerard segura as mãos de Frank e olha dentro de seus olhos.

- Nós não precisamos fazer isso, se você não quiser. Se você não estiver pronto, eu posso ir embora. Não tem problema nenhum.

- Não! - ele diz, rapidamente. - Eu não quero que você vá embora. Eu quero que você entre, que os conheça. Quero que eles vejam o quanto você é maravilhoso.

- Frank, se isso não acontecer...

- Não. Eu não quero pensar nessa possibilidade. Eles vão te amar, assim como eu amo. - ele diz, e Gerard pode sentir o quanto isso é importante para o rapaz.

- Okay. Então vamos? Deixar seus pais esperando não vai causar uma boa impressão. - Gerard sorri, dando um beijo na ponta do nariz de Frank.

Os dois, enfim, saltam do carro e encontram JJ na porta da casa, aguardando por eles. Frank justa as mãos e estala os dedos, antes de tocar a campainha. Alguns segundos depois a porta se abre, revelando uma Christine sorridente e ligeiramente confusa.

- Ah, eu vi a movimentação e imaginei que fossem vocês. Só não entendi porque você tocou a campainha. Você nunca toca a campainha. - ela diz, com um sorriso no rosto.

- Porque ele tá à beira de um ataque de nervos. - diz JJ, deixando Frank mortificado e Gerard ligeiramente envergonhado também. - Oi, Mama!

- Oi, minha flor! - ela diz, dando um forte abraço em JJ, que segue pra dentro da casa, sem cerimônias, deixando Frank e Gerard para encararem Christine sozinhos.

- Então, Frankie, você vai nos apresentar? - pergunta a mulher.

- Ah, claro! Me desculpe. Mãe, esse é Gerard Way. Gerard, essa é minha mãe, Christine Iero.

- É um prazer finalmente conhecê-la, Sra. Iero. - ele diz, estendendo a mão para a mulher. Sem hesitar, Christine toma a mão de Gerard num aperto firme.

- Muito prazer, Gerard. Você não se importa que eu o chame de Gerard, não é?

- Não, por favor, de maneira alguma. Me chame de Gerard sim.

- Bem, Gerard, seja bem vindo à nossa casa. Não é nada muito grandioso, mas é um lar com muito carinho e acolhimento.

- Obrigado pela hospitalidade. Eu trouxe um buquê de flores para a senhora, mas só agora me dei conta de que esqueci no avião. Por favor, me perdoe a indelicadeza.

- Não se preocupe com isso. E você não precisava me trazer nada. - ela sorri, e então se vira para o filho. - Você vai abraçar a sua mãe ou não?

- Me desculpe, mãe. Acho que estou meio avoado hoje. - ele diz, se aconchegando no abraço da mãe. - Tudo bem?

- Sempre melhor quando eu tenho meu bebê comigo. - ela diz, dando um beijo em cada bochecha do rapaz. - Eu estava com saudades de você.

- Eu também estava com saudades. Cadê o meu pai?

- Bem, aqui. - diz Harry, se aproximando. - Eu já sei por experiência, que sua mãe precisa de uns cinco a dez minutos pra te sufocar, antes de deixar qualquer um se aproximar.

- Não é sufocar, é amor de mãe. Você não é mãe, Harry, não entende.

- Mas eu sou pai. Tem metade meu aí no garoto, então eu devia ter algum tipo de direito. - brinca Harry enquanto puxa Frank para um abraço.

A interação de Frank com os pais deixa Gerard quase que hipnotizado. Nunca, em toda a sua vida, ele achou que isso podia existir. E isso o faz perceber o quanto é importante para Frank que dê tudo certo essa noite.

- Gerard. - a voz de Frank o tira de seu transe. - Esse é meu pai, Harrison Iero.

- É um prazer imenso, Sr. Iero.

- O prazer é meu, rapaz. Bem vindo, por favor, entre. - diz Harry, guiando Gerard até a sala, sendo seguido por Frank e Christine.

Assim que chegam ao cômodo, Frank abre um enorme sorriso ao ver o avô sentado no sofá.

- Oi, vô! Que bom que o senhor veio.

- E perder a grande noite? De jeito nenhum. - diz o senhor, fazendo Gerard travar um pouco. - Pelas bochechas vermelhas, imagino que esse deva ser o Gerard. Não precisa ficar com vergonha não, meu filho. Aqui é uma casa de italianos, nos falamos alto, somos exagerados, mas somos inofensivos, na maioria das vezes. - ele diz, arrancando uma gargalhada de todos e aliviando o clima.

- Gerard, esse é Jack Iero, meu avô, meu melhor amigo e meu herói.

- Eu sinto que já lhe conheço, Sr. Iero. Frank só tem belas histórias a seu respeito.

- Esse garoto é meu orgulho, rapaz. Minha vida e meu coração. Acredite, eu também só tenho belas histórias sobre ele. - diz o senhor, deixando Frank emocionado e Gerard comovido. - Bem, mas nos conte um pouco mais sobre você. Afinal, foi pra isso que você veio, não é? Sente-se! Aceita um drinque? Frank, vá buscar uma cerveja pro rapaz. Eu já estive no lugar dele, e acredite, ele precisa de uma cerveja.

Enquanto Gerard, Harry, Jack e JJ se reúnem no sofá, Frank e Christine seguem até à cozinha. Frank vai até a geladeira, buscar cerveja para o pessoal da sala e Christine segue direto para suas panelas. Conhecendo sua mãe como ninguém, Frank coloca as cervejas sobre a bancada e se aproxima da mulher.

- Tá tudo bem, mãe?

- Sim, meu amor. Tá tudo ótimo. Por que pergunta?

- Porque eu conheço você e sei que esse comportamento passivo não tem a ver com você. O que está acontecendo?

- Não está acontecendo não, docinho. Eu só estou concentrada no jantar.

- Tem certeza que não tem nada te incomodando?

- Absoluta. Vá lá pra sala, leve a cerveja do pessoal, se divirta. Quando o jantar estiver pronto, eu aviso.

- Não quer ajuda aqui na cozinha?

- Não, meu bem, obrigada. Pode ir. - ela sorri e beija o filho na bochecha.

Mesmo sem acreditar em uma palavra do que a mãe disse, Frank pega as cervejas e faz seu caminho em direção à sala.

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Depois de duas horas de bate papo e muitas histórias, Christine avisa que o jantar está servido. Como era de se esperar em uma casa de italianos a grande mesa da sala de jantar está repleta de vários tipos de pratos. O cheio de comida caseira é inebriante e abre o apetite do grupo imediatamente. Com todos ocupando seus lugares à mesa, a dança de pratos começa. Travessas passando de um lado ao outro da mesa com massas, carnes, saladas, pães e mais uma infinidade de coisas.

Mesmo durante o jantar, o bate papo continua. Harry, JJ e Gerard parece terem se entrosado perfeitamente, descobrindo gostos similares por literatura, arte, viagens e esportes. Já o avô de Frank foi conquistado no momento em que Gerard mencionou seu gosto musical e sua vasta coleção de discos de vinil de jazz. Os dois passaram precisamente meia hora apenas conversando sobre Miles Davis e Ella Fitzgerald.

Durante o jantar, Frank parecia nas nuvens. Como se o peso do mundo tivesse sido retirado de seus ombros. Ver sua família interagir e aceitar Gerard dessa maneira trouxe um alívio inominável ao rapaz. E Gerard, quando não estava ocupado comendo, estava constantemente segurando a mão de Frank. Passando o polegar sobre os nós dos dedos do rapaz. Os dois trocaram olhares e sorrisos durante toda a refeição. E o sorriso bobo e apaixonado insistiu em não deixar o rosto de Frank.

Após o jantar, Harry guiou todos de volta à sala, onde ele prometeu mostrar uma gravação do Superbowl de 2001, quando o New York Giants perdeu de lavada para o time de Baltimore, mas que segundo Harry, um dos touchdowns do Giants foi anulado injustamente. Mesmo tendo visto esse vídeo centenas de vezes, Frank e JJ seguiram Harry, enquanto Jack pediu licença para usar o toalete.

Na cozinha, Christine termina de guardar os restos de comida, quando é surpreendida pela voz de Gerard.

- Com licença, Sr. Iero. Eu posso ajudar em alguma coisa?

- Oh, não, querido. Eu já estou quase acabando. E se não me engano, sua presença está sendo aguardada na sala de TV. - ela diz, com um sorriso, mas Gerard sente que há algo que não encaixa naquele cenário.

- Sra. Iero, eu posso lhe fazer uma pergunta?

- Claro.

- Minha presença aqui a ofendeu de alguma maneira? - ele pergunta, chamando a atenção da mulher.

Sabendo que esse momento seria inevitável, Christine interrompe sua tarefa e direciona toda sua atenção a Gerard. Durante todo o jantar, Christine não tirou os olhos do casal. Nenhuma troca de olhar ou carinho passou desapercebido pela mulher. Não resta dúvidas no coração de Christine de que Frank está total e irremediavelmente apaixonado por Gerard.

Aproximando-se do homem, Christine junta as mãos diante do peito.

- Eu estou sendo absolutamente honesta com você quando digo que não, sua presença na minha casa não me ofendeu em momento algum. Você foi muito gentil comigo, meu marido e meu sogro. É inegável que há um sentimento muito forte entre você e o Frank. Mas eu também serei honesta quando eu digo que isso me preocupa e me tira o sono. Eu não entrarei no mérito de que não criei meu filho para se envolver com um homem casado, até porque eu não sei qual sua relação com sua esposa e o porquê de você ter se permitido se apaixonar por outra pessoa. O que me preocupa é chance do meu filho se ferir nessa história. O que me assusta é não saber se ele será uma prioridade na sua vida. O que me apavora é meu filho colocar o coração dele nesse relacionamento e vê-lo despedaçado.

- Sra. Iero, eu entendo as suas preocupações.

- Gerard, com todo o respeito, você não entende. Não entende simplesmente porque você não tem filhos. A dor do meu filho dói três vezes em mim. Me entenda, eu não duvido que você ame o Frank. Sinceramente, eu acredito que você o ame. Eu só não sei se só amor será o bastante. Eu tenho medo do que o meu filho irá enfrentar pra estar com você, e eu sei que ele está disposto a enfrentar tudo para estar com você.

- Eu sei que a senhora não acredita agora, e seria muita pretensão minha querer que a senhora acredite. Mas eu amo o seu filho com tudo que eu tenho dentro de mim. Nós sabemos as dificuldades que vamos enfrentar, sabemos as limitações que teremos. Mas eu sempre estarei pronto para protegê-lo e eu prefiro levar outro tiro a ver o Frank sofrendo por mim.

- Essas são belas palavras, Gerard. E belíssimas intenções. E eu espero, de verdade, que elas sejam verdadeiras. Pela felicidade do meu filho. E pela sua também. Porque eu sei que o Frank te faz feliz. Então eu torço para que vocês dois permaneçam felizes e juntos.

- Eu também, Sra. Iero. Eu também.

- Bem, é melhor você voltar para a sala, antes que o Harry venha te buscar, porque querendo ou não, você vai assistir aquele vídeo. - ela diz, sorrindo. Gerard pede licença e deixa a cozinha.

Seguindo em direção à sala, Gerard vê uma porta que dá para o jardim. Precisando de um pouco de ar, ele abre a porta, mas logo dá de cara com Jack sentado em um banco e escondendo um charuto aceso. Sabendo do histórico de pressão alta da família, Gerard presume que o avô de Frank se escondeu para fumar.

- Bem, rapaz, acho que você me pegou no flagra.

- Eu não tenho certeza do que devo fazer com essa informação.

- Bem, você pode entrar aqui e transformar isso no nosso pequeno segredo, ou você pode ir na sala e contar pra todo mundo. Mas a história nos diz que ninguém gosta de um dedo-duro. - diz o idoso, fazendo Gerard rir.

- Bem, acho que não tenho muita escolha. - ele diz, entrando no jardim, e fechando a porta atrás de si. Jack indica o lugar vazio no banco e Gerard se senta ao lado do avô de Frank.

- Aceita um charuto?

- Não, obrigado. Eu larguei qualquer tipo de cigarro assim que me formei na faculdade.

- Você fez bem. Isso... - ele diz, indicando o charuto aceso. - Faz mal pra saúde.

- O senhor também deveria tentar parar. O Frank me contou sobre a condição de saúde de vocês. Fumantes fazem parte do grupo de risco.

- Ah, eu já parei e voltei tantas vezes. Além do mais, eu tenho 87 anos, já passei do prazo de validade. Estou fazendo hora extra, como dizem. - brinca o senhor.

- Não diga isso, Sr. Iero. O senhor ainda tem muito o que viver.

- Bem, já que nós vamos guardar esse segredo, acho que você pode me chamar de Jack, nada de senhor. Eu já tenho 87, Sr. Iero me faz sentir com 130 anos. - ele diz, e os dois riem. - Eu posso me dar ao luxo de um charuto ou outro de vez em quando. Eu vivi tudo que tinha pra viver. Casei com o amor da minha vida. Tive um filho maravilhoso, que me deu meu maior presente. - os olhos de Jack marejam ao falar sobre Frank. - Nada pode ser melhor do que isso.

- Aposto que o Frank ainda quer viver muitas coisas com você.

- Eu estarei ao lado daquele garoto pra sempre. Nesse plano ou no outro. Ele é especial demais.

- Ele é mesmo. - diz Gerard, sorrindo involuntariamente.

- E é por isso que ela é uma leoa. - ele diz, fazendo Gerard o olhá-lo. - Sabe, minha nora é boa em muitas coisas, Gerard. Muitas coisas. Ela é uma boa esposa, uma boa professora, uma boa dona de casa, uma boa nora. Mas o que ela fez de melhor na vida foi ser mãe. Ela se esforçou, trabalhou, se dedicou e deu tudo de si para que esse menino crescesse bem e saudável. Ela praticamente enlouqueceu quando nós quase o perdemos. É por isso que ela fará de tudo para que ele seja feliz. Tudo.

- Eu gostaria que ela acreditasse em mim quando eu digo que também farei de tudo para que ele seja feliz.

- Sabe uma coisa curiosa sobre as mães, Gerard?

- O que?

- O caminho mais rápido para chegar ao coração delas é através dos filhos. É infalível. - diz o senhor, apagando o charuto e guardando o resto dentro de uma pequena caixa, dentro do bolso da calça. Ele se levanta e dá um leve tapa nas costas de Gerard, sair do jardim, deixando Gerard com seus pensamentos.

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De fato Harry mostrou, não uma, não duas, não três, mas quatro vezes o replay do suposto lance maldoso contra seu time favorito da NFL. O papo se estendeu até depois da meia noite, quando Christine determinou que já era hora de dormir, para o alívio de Frank e JJ, que já não aguentavam mais a conversa de Harry.

Sem surpresa alguma, Christine determinou que Gerard dormisse no quarto de JJ, enquanto a garota dividiria o quarto com o amigo, assim como faziam na infância. Sabendo que não adiantaria argumentar com a mãe, Frank deu um beijo de boa noite em Gerard e seguiu para seu quarto, enquanto o homem se acomodou no outro quarto.

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Por volta das 4 da manhã, os olhos de Gerard abriram involuntariamente. Ele insistiu por mais 20 minutos mas, apesar da cama confortável, Gerard percebeu que não conseguiria voltar a dormir. Olhando em volta, ele percebeu que não havia nada que pudesse entretê-lo por, pelo menos, mais duas horas, até o sol raiar. Então ele resolveu ir até à cozinha beber um copo de água, quem sabe isso o ajudaria a voltar a dormir.

Deixando o quarto de JJ, ele viu todas que todas as portas dos outros quartos estavam fechadas, indicando que todos na casa continuavam a dormir. Então, silenciosamente, ele fez seu caminho até a sala. No entanto, ao chegar no meio das escadas, Gerard notou a luz da sala acesa. Imaginando que poderia ser Jack fumando novamente, Gerard seguiu até o cômodo, mas, para sua surpresa, foi Frank quem ele encontrou.

Recostado no sofá e com os pés sobre a mesa de centro, o rapaz permanece com um braço cobrindo o rosto, mas não parece estar dormindo. Mesmo assim Gerard se aproxima com cautela.

- Ei. - ele diz, baixinho, chamando a atenção de Frank, que logo remove o braço que lhe cobria o rosto.

- Oi. - ele responde, surpreso. - O que você tá fazendo acordado?

- Eu ia te fazer a mesma pergunta.

- Eu acordei com uma dor de cabeça dos infernos. - ele diz, e só então Gerard nota a bolsa de medicamentos de Frank sobre a mesa. Seu coração dispara e imediatamente ele fica em estado de alerta.

- Você tá bem? Está com a pressão alta? - ele pergunta, aflito, sentando-se ao lado do rapaz.

- Não, eu já verifiquei. Tá um pouquinho alta, mas é o meu 'alta normal'.

- Mas e a dor de cabeça?

- Ás vezes não tem relação com a pressão. Ás vezes uma dor de cabeça é só uma dor de cabeça. - Frank força um sorriso.

- E você já tomou alguma coisa?

- Tomei um analgésico. Estou esperando fazer efeito.

- Você quer que eu chame seus pais? Não seria melhor ir num pronto-socorro?

- Gerard, eu sou hipertenso, não sou feito de cristal. É só uma dor de cabeça. É sério!

- Okay, se você está dizendo. - Gerard respira fundo, tentando se tranquilizar. - Pelo menos eu posso ficar aqui com você? - ele pergunta, fazendo Frank sorrir.

- Eu não estava esperando que você fosse a lugar algum.

- Vem cá, deixa eu cuidar de você direitinho. - diz Gerard, se ajeitando no sofá e acomodando Frank em seu peito. - Posso tentar uma coisa?

- Pode.

- Minha vó fazia isso comigo, quando eu ficava doente. - ele diz, colocando os polegares nas têmporas de Frank e massageado-as.

- Uau, isso é bom.

- Shhhh, não fala. Só relaxa, tá bem. Eu estou bem aqui com você e não vou a lugar nenhum. Só relaxa. - ele diz, e então começa a murmurar uma canção no ouvido do rapaz.

Os dois permanecem aninhados, num momento de carinho e cuidado, e nem percebem a presença de Christine na entrada da sala. A movimentação no andar de baixo acordou a mulher que se surpreendeu ao chegar na sala e encontrar os dois aconchegados. Ver Gerard cuidar de Frank com tanto carinho, faz o coração da mulher se aquecer e ela sorri para a cena, sem mesmo perceber. Sem fazer barulho, Christine faz seu caminho de volta para seu quarto.

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O domingo foi muito mais leve e divertido que o dia anterior. Para surpresa de Gerard, Christine se mostrou muito mais receptiva, dividindo tarefas com ele e, até mesmo, contando algumas histórias sobre a infância de Frank, para verdadeiro horror do rapaz.

O final da tarde chegou e a hora de partir também. A pedidos de Harry, JJ resolveu ficar mais alguns dias, para ajudar na livraria. Então com suas bolsas já dentro do carro, Frank e Gerard se despediram dos Iero.

- Muito obrigado pelo final de semana, Sr. e Sra. Iero. Eu nunca me senti tão bem acolhido em uma casa como me senti aqui.

- Saiba que você será sempre muito bem vindo, Gerard.

- Obrigado, Sr. Iero! E não se esqueça de avisar a próxima vez que for a Washington, assim poderemos ir a um jogo.

- Pode deixar, eu aviso sim! Até a próxima! - os dois homens se despedem com um forte aperto de mão. Gerard aproveita que Frank está se despedindo do pai, para se despedir de Christine.

- Muito obrigado pelo hospitalidade, Sra. Iero. - ele diz, de maneira formal, mas se surpreende ao receber um abraço da mulher.

- Eu adoraria poder te conhecer mais, Gerard. Então não demora a voltar, okay? - ela diz, e Gerard percebe o grande passo que deu em sua relação com a mulher. As palavras de Jack lhe vêm à cabeça.

- Eu voltarei assim que possível. E prometo não esquecer as flores no avião da próxima vez. - ele diz, fazendo-a rir.

- Eu vou cobrar. - ela diz, colocando a mão de forma carinhosa no rosto do homem, partindo para abraçar e se despedir do filho em seguida.

- Onde estão a JJ e o seu avô? Eu queria me despedir deles. - diz Gerard.

- Está na hora do jogo de buraco no Centro Comunitário. O Jack não perde uma partida. Além do mais, ele não gosta de se despedir do Frank. - diz Harry.

- E a JJ?

- No Centro Comunitário, junto com ele. Quem você acha que ajuda o meu avô a roubar as cartas? - diz Frank, arrancando uma gargalhada de Gerard.

- Bem, melhor irmos, o carro está nos esperando. Mais uma vez obrigado por tudo.

- Até a próxima. E liguem quando chegarem!

- Pode deixar! Eu amo vocês!

- Amamos você também! - e com isso, os dois embarcam no carro, rumo ao aeroporto.

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Assim como foi a viagem de ida, a da volta também é tranquila. Com um pouco mais de uma hora de voo, o avião particular pousa no Aeroporto Ronald Reagan, onde Robert aguarda ao lado da SUV. Ao sacar o celular para pedir o Uber pra casa, Frank se espanta quando Gerard diz que os dois seguirão juntos na SUV. E assim eles embarcam no carro e parte tráfego a dentro.

Trocando alguns carinhos no banco de trás, Frank se distrai com o caminho e é pego de surpresa ao olhar pela janela e ver uma paisagem completamente diferente da esperada.

- Esse não é o caminho da minha casa. Pra onde estamos indo?

- Não posso falar. É uma surpresa.

- Gerard Way, o que você está aprontando?

- Eu só te peço um pouco mais de paciência. Você confia em mim?

- É claro que eu confio. - ele diz, recebendo um beijo nos lábios.

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Há mais ou menos uma hora de distância do centro de Washington, o carro faz uma curva, pegando uma estreita estrada da cascalho. O veículo anda por mais alguns metros até parar em frente à uma enorme casa com fachada de madeira e estilo rústico colonial. Gerard abre a porta do carro e oferece a mão para Frank.

Mesmo confuso, o rapaz desce do carro e encara a fachada da casa. Ela é absolutamente linda. Parece uma daquelas casas rústicas de revista. Olhando ao redor, Frank só vê vegetação e um lago, um pouco à frente. Não há ninguém num raio de quilômetros dali. A única coisa que se ouve são cantos dos pássaros, folhas dançando ao vento e as águas batendo nas pedras na beira do lago.

Frank está absolutamente confuso com a situação.

- Gerard, o que estamos fazendo aqui?

- Semana passada, eu disse que não podia te oferecer mais do que algumas noites num flat e uma encenação em troca de alguns minutos com você dentro do trabalho. Eu estava errado.

- Gerard, eu disse que era suficiente pra mim, desde que eu estivesse com você.

- Sim, você disse, e isso não é justo. E não é o bastante. - ele diz, e então tira um chaveiro do bolso. - Mas isso já é um começo.

- O que é isso?

- É a chave da nossa casa.

- O que?

- Aqui nós poderemos ser quem quisermos, pelo tempo que quisermos. Sem flats com nomes fictícios, sem portas trancadas, sem desculpas. - ele diz, deixando Frank atônito. - Eu sei que ainda não é o ideal, que ainda não podemos ter tudo que merecemos, mas se você aceitar, nós podemos começar por aqui. Podemos ter esse lugar só nosso. O que você acha? Está disposto a ter um cantinho só pra gente?

- Um cantinho não. - diz Frank, se jogando sobre Gerard e beijando-o de forma apaixonada. - Um Refúgio.


Notas Finais


ACABOU A CONTAGEM REGRESSIVA!!! ACABARAM-SE OS FLASHBACKS!!!!! PRÓXIMO CAPÍTULO JÁ VOLTAMOS AO PRESENTE. JÁ TEREMOS GRAVIDEZ E O INÍCIO DE MUUUUUUITO DRAMA.

Desculpem o capslock, mas esse capítulo foi uma maratona pra mim. Tenho quase certeza que tocou o tema de Carruagens de Fogo quando eu acabei de escrever. Mas enfim, bola pra frente!!!

Como vocês viram, muita coisa aconteceu nesse capítulo. Então aguardo a opinião de vocês sobre isso.

Bem, é isso!!! Já no próximo teremos o início da jornada do Baby Iero Way!

UM MEGA BEIJOS PARA TODOS, UM ÓTIMO FINAL DE SEMANA E FERIADO!!! A gente se vê em breve, e eu prometo que vai ser em breve mesmo.


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