História How bad I am? - Capítulo I

Lembre-se, nós não somos bons, não somos boas pessoas... Ou melhor, não somos bons anjos.

Acordei ofegante e me sentei na cama às pressas. Estava com a respiração completamente descompassada, olhei para a janela vendo os primeiros raios de sol do dia entrando pela abertura, enquanto coloquei uma de minhas mãos em meu peito tentando controlar a respiração.

— Sook? — Escutei meu pai me chamando, e logo em seguida duas batidinhas na porta, sinal de que ele entraria.

E assim fez, vi o mesmo abrir a porta e assim que me viu abriu um sorriso fraco, porém sincero.

— É seu primeiro dia de aula, se apresse, sim? — Disse calmo.

Apenas balancei a cabeça em sinal de aprovação, e sorri fraco como resposta, vendo o mesmo fechar a porta após sair. Fiquei um tempo encarando a parede, me lembrando de meu sonho.

— Já está na hora de parar com esses pesadelos... — Murmurei para mim mesma, balançando a cabeça em negação.

Não é possível que uma garota de 18 anos ainda tenha tantos pesadelos com monstros todos os dias, isso não está certo.

Olhei para minha parede, onde deixo um quadro para pendurar alguns de meus desenhos. Um dos desenhos dali é da criatura na qual tenho pesadelos. Ela é como uma fumaça preta, possuem braços finos, como o de uma pessoa que é quase puro osso, olhos completamente brancos e boca enorme com sorriso psicopata. Um dos meus desenhos favoritos é um em que um anjo de asas negras contra outro em uma floresta, parecida com a que tem afastada da cidade.

Fiquei olhando o desenho, até que saí de pensamentos e fui tomar um banho. Separei a roupa e a coloquei em cima da cama, saí de meu quarto e fui para o banheiro, que fica no mesmo corredor. Me despi e tomei meu banho calmamente, não estou com pressa para ir a escola. Assim que acabei meu banho, me sequei, coloquei o uniforme que estava em cima da cama e fiz uma maquiagem leve.

Desci as escadas e vi meu pai sentado a mesa. O mesmo estava tomando seu café enquanto lia seu jornal, ri soprado ao vê-lo, e o mesmo direcionou seu olhar em minha direção.

— Quem ainda lê jornais logo de manhã? — Falei indo em sua direção.

— E quem vai tão bonita para a Escola? — Sorriu e eu fiz o mesmo, lhe dando um pequeno selar na bochecha, enquanto sem que ele percebesse, tirasse a xícara de café de suas mãos. — Me devolva sua ladrazinha.

— Nah... — Sorri e me sentei de frente para o mesmo. — O que diz esse seu jornal?

— Ele diz que nós precisamos sair mais vezes, e que você tem que voltar a tomar aquele remédio. — Ele disse enquanto colocava sobre a mesa o jornal de antes, me olhando.

— Sério? Parece mais coisa que o senhor quer.

— Filha, colabore comigo. Pensa que eu não sei que você ainda tem pesadelos? — Falou sério. — Pensa que eu não sei que você não está mais tomando o remédio que eu te dei? Vamos lá Sook, você é mais inteligente que isso.

— Eu não sei pra que tenho que tomar aquelas porcarias! O senhor sabe muito bem que eu odeio remédios!

— Deixe de infantilidade, pelo amor de Deus!

— Quer saber? Eu já vou indo. Tenha um bom dia, Dong. — Falei me levantando da cadeira e pegando uma maçã que havia em cima da mesa.

— Sook! — Me chamou mas eu ignorei, levantando a mão como um sinal de despedida.

Peguei a mochila que estava em cima do sofá e o celular, o colocando no bolso junto aos meus fones. Saí de casa e fechei a porta, bufando em seguida. Escutei um barulho estranho na rua, e andei em direção a calçada, era barulho de moto.

Vi um homem passar empinando uma moto azul e preta em uma velocidade absurda, e fiquei olhando até o mesmo sair do meu campo de visão, completamente perplexa. Eu queria ter coragem de fazer essas coisas.

Comecei a caminhar em direção em direção a escola, é uma longa caminhada, por volta de meia hora, então coloquei os fones e fui caminhando enquanto escutava uma das playlists que havia criado.

Assim que fui chegando perto da escola, fui vendo mais pessoas com o mesmo uniforme que o meu, alguns grupos de amigos começavam a aparecer. Quando cheguei em frente a escola, vi 5 motos paradas em frente ao portão, e varias pessoas passando em frente, olhando para as motocicletas e seus donos.

Continuei andando, sem dar atenção aos donos das motos, afinal, isso eles já tem de sobra. Caminhei até dentro da escola, e fui para o pátio principal para ver em qual sala eu vou ficar esse ano. Olhei para a folha na parede, e procurei meu nome.

Sala 2-A. Graças a Deus, pelo menos irei ficar com os alunos inteligentes, quase saí dessa escola no ano passado por ter ficado na sala B, junto a aquelas pessoas.

Comecei a ver se havia algum nome em comum da sala do ano passado, algumas garotas e algo do tipo, nada demais.

Park Jimin, Kim Taehyung e Jeon Jungkook.

Mas que merda, é um combo de desgraça pra cima de mim, só pode ser. Eu estudei com eles no ano passado, são alunos estranhos demais, estão quietos ou botando medo nos outros com sua estranheza. E a garotas tem fetiches por eles, então mais da metade das garotas gosta desse grupo, e os meninos apenas os invejam. Parece coisa de filme.

Revirei meus olhos e assim que fui me virar, me choquei contra um corpo, e olhei para a pessoa, vendo que era uma garota, Mi-Cha. Ela é tipo... O capeta no inferno e ela na terra, deu pra entender? Ela é o diabo em forma de garota.

— Continua avoada, garota? — Ela disse sorrindo ladino.

— E você continua achando que é tudo isso, não é Mi-Cha? Tsc, tsc... — Falei e devolvi com um sorriso.

— Continua abusada demais para o meu gosto. Quer que eu me vingue de você como fiz no ano passado? — Sorriu.

— Mi-Cha, você ainda acha que tem poder sobre mim? Você não consegue nem se controlar, garota. — Sorri e a mesma tirou seu sorriso da cara. Missão completa.

Desviei da mesma e caminhei em direção a minha sala. Não deve ter ninguém lá ainda, provavelmente todos foram para a quadra ver a cerimônia de abertura, então quem sabe não posso deitar e dormir um pouco.

Subi as escadas e vi a sala com a porta meio aberta, franzi o cenho, isso era um tanto estranho. Caminhei em direção a sala e abri a porta mais um pouco, o suficiente para que eu pudesse passar. Assim que fui entrar, escutei vozes e olhei para o fundo da sala.

— Calem a boca. — Escutei e olhei para o grupo de garotos me encarando.

Suspirei e entrei na sala, encostando a porta minimamente e caminhando em direção a janela. Quero garantir meu lugar.

— Essa sala está ocupada. — Escutei um dos garotos falar e parei de andar no mesmo momento. — Melhor ir para a cerimônia de abertura.

Olhei para o grupo, vendo Taehyung, Min Yoongi, Jungkook, Kim Namjoon e Park Jimin. Provavelmente quem falou foi Jeon Jungkook. Min Yoongi e Namjoon nem caíram na mesma sala, por que estão aqui?

Fiquei olhando um tempo para eles por um tempo e todos me encaravam. Todos sem expressão, isso é um tanto assustador.

— Me desculpe, não sabia. — Falo e saio da sala, sem dar tempo para que me dissessem qualquer outra coisa.

Eles dão medo em todos. Até os professores tem medo deles, ninguém  contraria ou briga com um deles.

Suspirei e fechei a porta assim que saí, e caminhei pelo corredor, até que tropecei em algo, mas não caí. Olhei para trás e vi Mi-Cha. Revirei os olhos e a encarei.

— Qual é garota, vê se cresce. — Falei.

— Crescer ainda mais? Pra que? As pessoas já me vêem primeiro que você, se eu crescer mais você não seria nem vista. — Sorriu.

— É que vadia costuma a ser mais fácil de ser achada mesmo... Não é? — Sorri de volta.

Seu sorriso desapareceu e ela levantou a mão, como se fosse me dar um tapa. Eu fechei meus olhos com força, e esperei o atrito de sua mão contra minha pele, mas não foi isso que aconteceu.

Abri meus olhos e bi seu pulso sendo segurado. Kim Taehyung?

— T-Tae? — Ela disse tão surpresa quanto eu.

Ele a soltou e olhou para nós duas com desprezo.

— Vocês são tão crianças que me dão a impressão de que estou no fundamental novamente. — Disse curto e grosso.

— TaeTae, foi ela quem me provocou, por que a ajudou? — Ela disse envolvendo seus braços em um dos braços de Taehyung, que a olhou.

— O que pensa que está fazendo? — Ele disse a olhando. — Não toque em mim.

— Qual é Tae... — Ela sorriu para ele. — Já te toquei bem mais do que isso...

— Você já tocou todos, não quer dizer que eu queira suas mãos imundas em mim.

Eu ri baixo e ela o soltou, incrédula com a frase do mais velho.

O mesmo apenas deu meia volta e voltou para a sala. Eu a olhei e desviei de si, caminhando em direção a saída do prédio, para ir a quadra. Assim que cheguei, vi todos os outros alunos. Entre eles vi um conhecido meu.

— Jung! — Chamei.

O mais velho se virou para mim, e seus amigos me olharam também. O mesmo sorriu e fez sinal para que me aproximasse. Corri até ele e sorri.

— Que saudade de você! — Ele disse e me abraçou.

— Também fiquei. — Retribui o abraço e logo depois nos separamos.

— Essa é a Sook, minha amiga. Sook, esses são os meus colegas do handebol. — Falou me apresentando aos meninos.

— Prazer em conhecê-los. — Me curvei rapidamente.

— Jung, ela é só sua amiga mesmo? — Um dos garotos perguntou e todos sorriram.

— Do que estão falando? É claro, ela é como uma irmã pra mim. — Ele disse.

— Então não tem problema a gente se divertir com ela, certo? — Ele riu.

Meu sorriso se fechou, e eu olhei para Jung, desconfortável.

— Ei! — Jung o repreendeu. — O que pensa que está falando, cara?

Eu olhei para baixo, constrangida

— Ele tem razão, sua irmã aí é bonita. — Outro disse olhando para meus seios.

— Ei. — Falei e olhei para o garoto que acabara de dizer tais palavras. — Não fale como se eu não estivesse aqui.

— “Ei’? Não acha que nos deve um pouco mais de respeito? — O outro disse.

— Não. — Disse simples. — Eu respeito quem me respeita. Diferente de como estão acostumados, não é pelo motivo de que são mais velhos que eu irei tratá-los com mais respeito ou não. A idade pra mim não significa nada.

Jung sorriu. Ele sabe que sei me virar sozinha.

— Vou indo, Jung. Falo com você quando estiver com seres humanos mais evoluídos. — Disse e caminhei para a fila de minha sala.

Bufei e parei em último lugar das meninas. O diretor estava falando as regras que todos nós já sabemos, e eu ia analisando a quadra com meus olhos. Olhava o teto, as paredes, arquibancadas... Até que meus olhos pararam em encontro com os olhos de uma pessoa.

Park Jimin.

Franzi o cenho e o encarei por poucos segundos, até que desviei o olhar por instinto. Droga! Odeio quando faço isso. Eu não tenho nada contra ele e o grupo dele, só não tenho nada a favor também. São todos bonitos, isso não vou negar, mas as garotas atrás deles são ridículas. Qual é, correr atrás de quem te trata como um objeto?

O diretor continuava seu discurso, até que dispensou todos com sua última frase de incentivo

— Estudem muito, estão quase saindo deste colégio e muitos já trabalham, então para que tenham uma boa vida, é necessário esforço. — Sorriu. — Um bom ano letivo a todos. Dispensados.

Automaticamente todos começaram a conversar e caminhar para suas salas.

— Vamos matar essa aula? — Escuto a voz familiar e me viro.

— Está louco, Jung? Você está no ultimo ano, e é o primeiro dia de aula! Aish, se esforce esse ano. — retruquei.

Ele sorriu e balançou a cabeça negativamente.

— Continua sendo a minha mãe. — Murmurou. — Quer sair comigo hoje a noite, “mãe”?

— Sou muito responsável pra você. Isso seria incesto.

— Aish, falando sério!

— Não vai dar, vou ficar com meu pai hoje. — Menti.

— Ok, bom, boa aula. — Ele disse e nos despedimos.

Corri para a minha sala, entrando a tempo com o professor já preparando as coisas para a aula. Todos já tinham escolhido seus lugares, tinha apenas uma carteira vazia no fundo, e me sentei ali.

— Vamos começar. — O professor disse analisando os alunos, e provavelmente, onde cada um se localizava. — Vou mudá-los de lugar agora.

Todos reclamaram em reprovação.

Olhei para o lado de vi Park Jimin, Jeon Jungkook e Kim Taehyung juntos no fundo. Os professores nunca os mudam de lugar por medo. Muitos acham que eles fazem parte de uma gangue ou coisa do tipo, mas ninguém fala nada.

O professor foi fazendo mudanças, até que seu olhar caiu sobre mim, e em seguida, em Park Jimin.

Nem fodendo.

— Sook e Park Jimin, na primeira carteira. — Disse e todos ficaram em silêncio.

Olhei para Park, e o mesmo me olhou de volta.

— Não. — O mesmo disse e olhou para o professor. — Vou continuar no meu lugar.

— Aluno Park, é uma ordem. — O professor disse.

O professor é novo. Por isso o mudou de lugar.

— E o que eu disse anula sua ordem.

Todos ficaram em silêncio.

— Senhor Park, o senhor... — O professor foi cortado por Taehyung, que se levantou bruscamente da carteira.

Taehyung estava sem expressão, e caminhou em passos lentos na direção do professor, que ficou realmente assustado. Taehyung se aproximou no mesmo, o encarando a centímetros de distância, o fazendo desvias o olhar e claramente tremer.

Taehyung pegou uma caneta na mesa que estava atrás do professor e sorriu de forma cínica.

— Esqueci a minha, vou pegar a sua emprestada. — Falou e voltou para o seu lugar sorrindo, assim como Jeon e Park.

O clima ficou pesado, então o professor começou a aula.

O dia foi tediante, Jung ficou com os amigos idiotas, e nada de novo aconteceu. Assim que o sinal da última aula bateu, saí e fui em direção a uma loja de conveniências ali perto, já estava escuro.

Assim que entrei na loja, vi os dois amigos de Jung, e um deles me viu. Engoli seco e ele apontou pra mim, falando com o outro, que me olhou.

Saí da loja as pressas, e senti meu braço ser puxado. Me virei e vi os dois, um deles me segurando.

— Solta. — Falei firme.

— Você ainda vai dar uma de durona?— Sorriu. — A gente sabe que está só se fazendo de difícil... Não precisa fingir, ok?

— Me fazer de difícil? Esquece, pra babacas como você eu dó dou um chute na bunda. — Disse.

— É uma vadia mesmo. Está louca pra transar conosco e ainda nos trata assim? — O outro disse.

Meu braço foi apertado com mais força e eu cerrei pouco meus olhos por conta da dor.

— AISH, JÁ MANDEI ME SOLTAR! — Berrei.

— Se berrar mais uma vez, leva uma surra, está entendendo? — Disse me puxando para um beco, ao lado da loja.

Me debati e berrei com força mais uma vez. Levei um tapa estalado em meu rosto. Senti o local arder e ambos rirem.

— Soltem. — Escutei uma voz baixa e olhei para frente, vendo uma silhueta.

Os garotos se viraram e olharam na direção da pessoa que havia falado.

— Saia daqui se não quiser apanhar, filho da puta. — Um dos garotos disse e começou a caminhar da direção da pessoa.

Estava escuro, não consegui identificar quem era.

Nada foi dito, então o que caminhou na direção da pessoa desconhecida, virou-lhe um soco, mas em vão, já que o desconhecido desviou.

— Você poderia ter evitado isso. — O desconhecido disse.

Em um movimento rápido, o garoto levou um soco no rosto, cambaleando para o lado.

— VOCÊ AÍ! — O que me segurava correu na direção no mesmo e tentou dar-lhe um soco, mas novamente em vão. O que havia sido atingido chutou as costas do desconhecido, o fazendo cambalear para frente e levar um soco do que antes me segurava.

Um silêncio se estabeleceu, e então eu vi dois pontos vermelhos.

Dois olhos vermelhos.

O desconhecido pegou o que antes me segurava pelo pescoço, e o colocou contra a parede, o levantando do chão. O garoto começou a perder o ar e eu não conseguia fazer nada, estava em choque com a situação. O outro partiu para cima do desconhecido, mas com a mão livre, o mesmo acertou-lhe um soco em cheio, o fazendo cair no chão.

O que estava se debatendo por falta de ar começou a parar aos poucos.

— V- Vai acabar matando ele! — Exclamei. — Solte-o!

O desconhecido o soltou e olhou em minha direção. Eu vi seus olhos mudarem do vermelho para o castanho em poucos segundos.

— S-Seus olhos... — Falei.

O desconhecido caminhou em direção a saída do beco, e saiu virando a esquerda.

— ESPERA! — Gritei e corri em direção ao mesmo, mas assim que virei, vi a rua completamente vazia. — Você... Tem os olhos dos meus pesadelos.