Robin acordou antes do costume, e por mais que a maioria das pessoas de Nova York estivem aproveitando seu final de semana e acordando tarde, era possível se escutar gritos e carros passando na rua diante de seu prédio. Passou as mãos no rosto tentando dispensar a sensação de embrulho no estômago, olhou para a penumbra do quarto pensando : " Vamos lá, você tem que fazer isso, não pode simplesmente sentir medo e se desesperar como uma garotinha, você é uma mulher forte".
Ligou o abajur ao lado da cama, iluminando pouco mais do que os raios de sol que conseguiam atravessar a cortina, o estômago retorcendo-se de náusea. Embora o quarto estivesse gelado ela suava, podia sentir uma gota de suor escorrendo entre os seios, a camiseta de Vancouver que usava para dormir estava grudada ao corpo. Era hora de encarar a realidade.
Retirou o pacote da pequena gaveta da cômoda ao lado da cama, o pegou abrindo a porta com calma para ter certeza de que Ted não estaria na sala, caminhou descalça em passos silenciosos tentando fazer o menos barulho possível fechou a porta atrás de si a trancando. Abriu a caixa, rasgou o pacote de plástico e tirou a vareta de teste. Na noite anterior ela lera as instruções tantas vezes que já as tinha de memória, respirou fundo.
Finalmente sentou-se no vaso, segurando a vareta entre as coxas e urinando, a colocou sobre o balcão e se sentou no chão enquanto roía a unha impacientemente, espere dois minutos, era o que dizia a instrução, malditos dois minutos que pareciam não passar, o estômago embrulhou novamente e ela engatinhou rapidamente em direção ao vaso o abraçando enquanto esvaziava todo conteúdo que tinha em seu estômago, se sentia tão esgotada que continuou ajoelhada no chão, cabeça apoiada na parede mais próxima enquanto respirava fundo, olhou para o relógio de pulso, sentindo o coração acelerar à medida que que passavam os dois minutos. Nunca fora covarde, sempre odiara essa sensação e ali estava ela, com medo. Se apoiou no vaso levantando com calma, andou em direção ao balcão pegando a vareta entre os dedos, não precisava ler as instruções para saber o que queria dizer aquela linha vermelha.
Não se lembrava de ter voltado do banheiro, quando deu por si estava sentada na cama, a vareta de teste no colo. Céus por quê vermelho? Essa era uma cor que sempre indicava perigo, alerta. Agora bastava olhar para aquilo para sentir-se nauseada. Pensou estar preparada para o resultado mas não estava, suas pernas ficaram dormentes por estar sentada muito tempo na mesma posição, mas ela não queria se mover, até seu cérebro parecia ter congelado, todo pensamento imobilizado pelo choque e pela indecisão. Ela não conseguia imaginar o que fazer a seguir.
O primeiro impulso que lhe veio a cabeça era infantil e irracional. Quero minha mãe. Tinha 31 anos e era independente, mudara de país por conta própria para procurar novas oportunidades, não tinha medo de nada, manuseava uma arma com maestria. E lá estava ela, subitamente ansiando pelos braços da mãe que não via a anos.
Secou rapidamente uma lágrima que caia em silêncio, não ia desabar, ela era Robin Scherbatsky, tinha de encarar essa situação de frente, se levantou com calma, as pernas reclamando de dor, escondeu a vareta de teste entre as roupas, o toque do celular a assustou, o pegou atendendo no quarto toque.
- Alô.
- Estava dormindo? Me desculpa - a voz animada e culpada de Lily soou.
- Já estava acordada, aconteceu algo?
- Não, queria saber se podia vim mais cedo e me ajudar com a ceia de Ação de Graças.
- Claro, vou apenas me arrumar.
- Ótimo, até logo.
Encerrou a chamada e se sentou novamente na cama, não teria como adiar, iria vê-lo no jantar e até lá teria de pensar em como contar a verdade para ele.
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