Nina point of view
Em algum ponto da noite a música alta demais da boate começou a me incomodar, mas não aguentei mais e saí dali.
Não percebo as lágrimas nos meus olhos até elas descerem pelas minhas bochechas. Esfreguei a palma da minha mão com força na bochecha e nos olhos. Foda-se se vai borrar. Minha mente estava.... estava doendo. Muito.
Shawn não saia da minha cabeça. Para onde ele foi?
Suspiro aliviada quando piso na calçada, onde o barulho era menor. Fungo, olhando em volta na esperança que Shawn surgisse em algum lugar, mas tudo que vi foi a rua vazia.
Uma brisa fraca bateu em meu rosto, e fecho os olhos, tentando controlar a respiração.
Mas a voz sarcástica de Shawn me vem em mente, falando algo que não me preocupei em entender.
Cadê você?
Bufo alto, começando a andar rápido. Não estou com celular, então só me resta voltar a pé.
Caminho pela calçada vazia, ainda escutando a música alta da festa, agora muito mais baixa e abafada, o que me alivia, pelo menos um pouco.
Sinto meu coração apertar quando o barulho alto de uma moto invade a rua logo atrás de mim, e olho rápido na esperança de ver Shawn, mas não.
O homem alto e gordo freou assim que chegou ao meu lado, e antes que eu corresse, puxou meu braço com brutalidade na direção dele.
- Me solta! - falo alto, e grito quando minha perna encosta na discarga quente da moto, formando uma ardência aguda.
Mas que não chegava nem perto do medo.
- Calada aí, garotinha. - fala com voz grossa, coberta de malícia que me causou medo e pavor.
Muito pavor.
Tento me soltar novamente, agora já chorando, mas ele pega meu outro braço e me joga com uma força absurda no chão.
Grito novamente de dor quando sinto meu corpo cair sobre meu braço no calçamento da calçada, e tento correr.
Não adianta, o homem já estava em cima de mim.
Sua mão grande segura meu queixo com força, me obrigando a olhá-lo. Minha visão estava turva, e eu não conseguia falar com sua mão prensando meu queixo e bochechas.
- O que tá fazendo sozinha nesse bairro? É bastante perigoso... - rosnou, aproximando sua boca nojenta no meu pescoço, logo mordendo com força.
Tento gritar, mas sua mão continua lá.
Que seja um pesadelo e logo eu acorde, pelo amor de Deus.
A dor na minha perna e no meu braço, que estava completamente ralado só aumentava, e meu coração a qualquer momento poderia explodir.
Fecho os olhos com força, chorando, enquanto o homem cheirava meu cabelo e prendia minhas pernas com as suas, me causando tremores nem de longe bons.
Eu estava tremendo.
Como eu vou sair daqui? É isso?
Eu vou ser abusada? Morta?
Choro desesperadamente, tentando me soltar, mas sequer consigo mover meu corpo.
- SOLTA ELA, PORRA! - arregalo os olhos quando ouço a voz dele.
Agora eu estava alucinando?
Grito de susto quando o corpo do homem caí ao meu lado, e com uma rapidez e agilidade desconhecida por mim, pulo, me levantando.
Arregalo os olhos marejados ao ver Shawn em cima do homem, o socando de um jeito que poderia matá-lo se durasse mais um pouco.
Sinto braços me puxarem, e noto Nash me abraçando com força.
- Me tira daqui, por favor. - imploro, com a voz rouca de tanto forçar minha garganta a gritar, ou de chorar, eu não sei.
Olho novamente para Shawn, e o medo toma conta de mim novamente quando vejo o rosto do homem completamente molhado de sangue.
Medo de algo acontecer com Shawn, por minha culpa.
- Solta ele, você vai ser preso! - falo alto, tossindo logo em seguida.
- Ela tá certa! - Nash fala.
- Eu vou matar ele! - Shawn rosna alto, completamente transtornado, parando de socar o homem, que já estava apagado, para começar a enforcá-lo.
Noto que havia lágrimas em seu rosto. Ele estava chorando.
Shawn estava chorando de ódio.
Nash me solta rápido, e corremos até Shawn.
- Para, por favor! - choro.
Isso está mesmo acontecendo?
Nash puxa as mãos do amigo com força, e o empurra no chão.
- Vamos embora daqui, Shawn! A polícia vai chegar.
Nash levanta Shawn, que me encara por alguns segundos, de um jeito que eu nunca vou conseguir decifrar.
Só sei que doeu ainda mais.
- Precisamos levar você para o médico. - ele fala baixo, quebrando o silêncio.
Olho para meu braço completamente ralado e dolorido, logo depois para minha perna que estava vermelha, com uma dor insuportável.
Mas eu só queria que isso acabasse logo.
- Eu não quero. Quero voltar para Princeton. - digo com voz mais chorosa do que planejei, querendo me bater por isso.
Shawn olha mais uma vez para o homem, mordendo o lábio inferior com força, antes de chutá-lo.
O homem, mesmo que desmaiado, geme de dor, e eu não sei se fico aliviada ou desesperada com o fato de ele ainda estar vivo.
Só sei que queria correr para os braços de Tori ou Luiza.
Ou não.
O que elas vão pensar quando me verem assim?
- Vamos sair daqui. - Nash fala.
Shawn vem até mim, me abraçando apertado.
E aí tudo oficialmente desaba, e a ficha cai.
Eu quase fui abusada.
Shawn me salvou.
Shawn me protegeu.
- Me desculpa. - ele fala baixo no meu ouvido, e eu nego com a cabeça rápido, enquanto chorava.
- Shawn... - me solto de seus braços, olhando em seu rosto suado - Você me salvou.
Shawn abaixa a cabeça, rindo fraco enquanto negava com a cabeça, claramente nervoso. Meu coração, desde o momento em que o homem me pegou, só agora pôde voltar a bater normalmente.
Achei que nunca mais o veria assim desde o acampamento.
- Gente, isso tudo é lindo, mas a polícia está vindo.
Saio do transe em que estava quando ouço a voz desesperada de Nash, e logo vejo uma viatura vindo até nós.
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