História How To Love a Little Girl - 33

Aria estava fazendo a janta quando o interfone disparou pela casa. Zeus latiu alto e a garota precisou sair da cozinha e ir em direção à porta, clicando no botão e ouvindo o porteiro dizer que era o cara que arrumaria o sistema de som na sala de música. Lembrando-se das instruções de Niall, ela disse que ele poderia entrar e correu novamente para a cozinha para pegar Haley no colo, não poderia deixa-la sozinha quando levasse o cara para a sala de som.

A campainha foi tocada alguns segundos depois. Aria pegou a chave e destrancou a porta, abrindo-a e se deparando com o técnico. Bom, isso seria até comum e normal se o homem parado em sua porta não fosse ninguém mais ninguém menos do que Dean, o cara gato e simpático que havia conhecido no dia em que foi fazer o teste em Nova York.

- Dean...? – ela arqueou a sobrancelha, não sabendo o que esperar dele naquele momento – Você... É técnico?

- Oi, Aria! – ele parecia surpreso em vê-la, mas nem tanto quanto ela – Bom te ver! – ele sorriu – E, bem, mais ou menos, sou bom na área de tecnologia e meu pai tem uma empresa... Ajudo ele quando os funcionários estão sobrecarregados

- Bom... Isso é ótimo. – Aria sorriu e Haley ficou encarando Dean como se ele fosse uma fada-unicórnio – Ah, essa é a Haley e... Quer saber, entra, primeiro de tudo, depois teremos as apresentações.

- É uma boa ideia. – Dean sorriu, entrando na casa depois de dizer “Com licença!”. – Uau. – ele olhou em volta, reparando na beleza que era aquela casa – Uma casa e tanto, hein?

- Nem me fale. – Aria riu – É linda, não?

Dean passou os olhos pelos móveis, até chegar ao rosto suavizado de Aria. Ele deu um risinho fraco e respondeu com um sorrisinho de lado:

- Nem me fale.

Aria tentou mostrar que não havia percebido que tinha sido uma cantada, mesmo sendo meio idiota. Até Haley tinha sacado que o que tinha acontecido. Dean não iria tomar aquela atitude. Não. Eram amigos, nada mais.

- Então... Vou te mostrar onde é a sala de música. – disse Aria, que de resposta, recebeu uma risada de Haley – E a Haley vai conosco.

...

- Niall. A entrevista foi ótima! – disse Biff no momento em que Niall saiu do palco – A apresentação também. Esse CD vai bombar, eu te garanto.

- Espero que seja verdade. – Niall riu, pegando uma garrafinha d’água que tinham acabado de oferecer a ele – Estamos divulgando isso demais para que não me renda grana. – bebeu um gole da água.

Um segurança apareceu e avisou Niall que precisavam sair e que o carro já os aguardava. Niall concordou e começou a andar em direção a saída, sendo seguido por Biff e sua faladeira.

- Calma, temos tudo sobre controle. – sorriu Biff – O CD já foi bem divulgado, a data já foi revelada, os fãs estão guardando moedinhas no cofrinho... – ele continuou falando, seguindo Niall enquanto algumas pessoas apareciam para tirar os aparelhos de suas roupas – Amanhã teremos a reunião com sua nova affair, a Cece D’lavrò, para que você chegue ao auge e venda milhares de CDs daqui algumas semanas.

Niall demorou alguns segundos para entender o que Biff tinha dito e parou de andar assim que sua cabeça processou informações.

- Meu novo affair? – ele perguntou, um pouco confuso.

- Sim. – Biff respondeu naturalmente – Lembra o contrato que assinou no começo do ano? Das reuniões que tivemos... Você que escolheu Cece para ser sua namorada quando o CD saísse...

Não. Não! Niall não se lembrava de nenhuma dessas reuniões ou qualquer coisa relacionada a modelo francesa Cece D’lavrò. Provavelmente, deveria estar muito bêbado naqueles momentos para concordar com uma falsa namorada. Nem lembrava da palavra “namorada” em alguma reunião. Nem de contratos. Na verdade, não se lembrava de nenhuma reunião.

Falsa namorada significava “namorar”. E o que automaticamente mexeu com a cabeça de Niall, foi Aria. Não que eles estivessem namorando, até porque ele se recusava a sentir qualquer outra coisa por ela. Relacionamentos não faziam mais parte de sua vida. Muito menos um falso.

Será que Aria ficaria chateada? Não! Não podia pensar nisso! Mas... É lógico que ela ficaria chateada. Ela perguntou mais cedo o que ambos eram um do outro! Claro que ela estava envolvida e, o pior de tudo, e que Niall também começava a estar, totalmente contra sua vontade.

- Horan! – Biff o encarou bravo – Não me diga que esqueceu do nosso trato? É jogo de marketing, lembra? Isso fará com que o nome dela caía na boca do povo, assim como o seu. Ambos terão divulgação e ambos sairão ganhando.

- Eu não me esqueci... – mentira – e eu sei o que é um jogo de marketing!

- Então por que está com essa cara de bosta, Horan? – Biff bufou – Vamos logo, precisamos ir. – ele saiu andando e Niall demorou alguns segundos para voltar a segui-lo.

- Biff... – ele foi até o empresário, segurando em seu ombro enquanto o mesmo ainda andava – E se eu meio já estiver em um outro affair... Não podemos utiliza-lo como estratégia?

- Ela é Cece D’Lavrò? – Biff nem o olhou.

- Er... Não.

- Então não. Termine seja lá o que você tem e esteja amanhã cedo no estúdio. Vamos ter a reunião e você já fará o novo comercial daquela loja que te falei.

- Mas, Biff, eu...

- Sem mais. Anda, Niall! Vamos logo, temos que sair daqui antes que encha de fãs lá fora.

...

- Você quer beber alguma coisa? – perguntou Aria a Dean assim que todos desceram para o primeiro andar novamente – Deve ter te cansado todo aquele equipamento lá em cima.

- Eu aceito uma água. – disse ele, seguindo-a para a cozinha.

Aria deixou Haley sobre o cadeirão e pegou uma garrafa d´água enquanto Dean se sentava à mesa de frente para ela. Aria pegou um copo e serviu a água do colega, entregando em suas mãos para que ele pudesse beber.

- Então... – Aria sentou de frente para ele – Como vão as coisas?

Dean deu um gole em sua água e riu.

- Vão ótimas. – ele sorriu, pousando o copo sobre a mesa – Sabe, quando me falaram que iria arrumar a casa de Niall Horan, torci para que te encontrasse.

- Ah, mesmo? – ela sorriu, batendo os dedos na mesa – Sei que sou muito legal. Todos querem ser meus amigos. – riu, vendo Dean fazer o mesmo.

- De fato. – ele virou os olhos – Me diverti muito aquele dia. E espero não ter causado problemas para você e ele.

- Com “ele” você quer dizer o Niall? – Aria apoiou a mão na bochecha – Estamos bem, não aconteceu nada.

- Que bom. Fiquei com medo que pudesse ter acabado com o namoro de vocês. – disse Dean, tomando o resto de sua água fresca e refrescante.

Aria sentiu seu coração se partir ao falar as palavras seguintes.

- Não... Não estamos namorando. – sorriu fraco, olhando para os próprios dedos balançando bela mesa – Sou apenas a babá que cuida da... sobrinha dele... Nada demais.

Dean observou o momento em que Aria forçou um sorriso e começou a mexer na orelha como se nada tivesse acontecido. Ele suspirou antes de abrir a boca para falar algumas palavras, mas fora subitamente interrompido pela porta que vinha da garagem sendo aberta ao lado da geladeira. Niall apareceu na cozinha, assoviando uma música antiga da década de oitenta. Ele se virou, encarando as duas pessoas sentadas a sua frente e parando de assoviar imediatamente.

Ele ficou ereto e sua expressão fechou mais do que o normal.

- Niall! – Dean se levantou em sinal de respeito – Bom vê-lo novamente.

- O que ele tá fazendo na minha casa? – perguntou Niall a Aria.

- Ele é o cara que veio arrumar sua sala de música. – respondeu Aria, o mais indiferente possível, mas para falar a verdade, sentiu uma aflição na barriga ao estar na presença de Niall.

- Já arrumou a minha sala? – perguntou Niall.

- Sim. – respondeu simpaticamente Dean.

- Então já pode ir embora. Eu mesmo te acompanho à saída. – Niall sorriu “amigavelmente” e fez um sinal para que Dean o seguisse até a sala.

- Bom... Hm... Tchau, Aria. Foi incrível te ver. Posso te ligar um dia desses? – perguntou Dean, dando passos lentos para trás enquanto se despedia da colega.

- Claro. – Aria sorriu, acenando com a cabeça enquanto Dean se afastava.

- Vamos logo, não tenho a noite toda! – reclamou Niall.

Dean, então, se virou e, tanto ele, quanto Niall, sumiram do campo de visão de Aria, indo para a sala. A garota suspirou. Como poderia explicar os milhares de sentimentos que circularam por seu corpo ao encarar Niall, ali, parado, passando o olhar indignado entre ela e Dean. Por que sentia isso? Por que toda essa aflição simplesmente não vazava? Aquilo não podia estar acontecendo... Não com ela! Não em relação a ele!

- O que eu faço, meu Deus! – suspirou, abaixando a cabeça e quase gritando de nervoso.

- Tá passando bem? – Niall brotou na porta da cozinha. Aria olhou para cima, encontrando aqueles olhos azuis preocupados.

- Estou. Estou. – ela passou a mão no cabelo, tentando se recompor de sua recaída emocional – Estou ótima. E não estou nem um pouco a fim de ouvir você falando o quanto odeia o Dean! Não tenho culpa se ele trabalha para o lugar que contratou. Nem me encha o saco com isso! – ela se levantou – E vou levar Haley para dormir antes de ir para casa.

- Eu vou com você. – disse Niall, fazendo a maior força do mundo para não falar da droga do cocô ambulante Dean.

- Não. – Aria se virou para ele, negando – Não vai. Fica aí quieto e não precisa fazer nada. Vou fazer apenas meu trabalho.

- Aria... – Niall segurou se braço antes que ela fosse até a bebê, que já dormia sentada – Sei que está chateada, mas...

- Eu não estou chateada. – ela se soltou dele, pegando Haley no colo e indo para a sala.

- Sim. Está. – Niall veio atrás, parando ao lado de Aria, que já esperava o elevador descer para que ela subisse com Haley – E não quero que fique assim.

- Eu não estou de nenhum jeito! – resmungou ela, ficando irritada com a implicância de Niall – Por que esse elevador não vem? – bufou – Quer saber? Vou de escada.

Dito e feito, Aria deu meia volta e foi para as escadarias que levavam para o segundo andar. Mas como se não bastasse estar revoltada e Niall continuar perseguindo seus rastros, Haley começou a chorar, como se dissesse que estava tão revoltada quanto Aria.

A garota levou a bebê para seu quarto, tentando acalmá-la como sempre fazia e Niall apareceu ali segundos depois.

- Põe ela no berço. – disse ele.

- Não. Estou tentando acalmá-la.

- Põe ela no berço. – disse ele novamente.

- Mas...

- Põe! – ele falou mais uma vez, convicto enquanto saia do quarto rapidamente.

Aria ficou confusa, mas fazendo logo o que ele dissera, deixou Haley sobre o berço, esperando que Niall voltasse em um segundo com seu violão na mão. Ele vestiu o instrumento sobre o ombro e chegou perto do berço, lançando um olhar calmo à Haley antes de dedilhar acordes suaves e delicados no violão. Ele começou a cantar baixinho, uma música que Aria não reconheceu, mas que preferiu ficar quieta e deixar fazer o que ele bem entendia.

Aquela voz melodiosa foi ecoando no ouvido das duas garotas presentes, deixando-as completamente hipnotizadas. Haley foi parando de chorar e depois suas pálpebras foram ficando pesadas até que se fechassem por completo e ela adormecesse sobre a voz doce e calma do próprio pai. Aria, por sua vez, começou a xingar ainda mais Niall, por ser tão bonito e tão hipnotizando com apenas um violão na mão. A cada nota diferente, cada verso cantado, ela sentia o corpo amolecer. E olha que a canção nem era dedicada a ela.

Onde fui me meter? Onde fui me meter?

Ele cantava com tanta paixão. Era tão fofo que sufocava a garganta de Aria... a maneira que seus olhinhos brilhavam ao cantar, ao tocar. Era incrível para ela, vê-lo daquela maneira.

Todos aqueles sentimentos voltaram para seu estomago. Era quase dolorido de tão intenso.

Niall parou de cantar, sorrindo ao tocar a nota final de seu violão. Ele cobriu o corpinho de Haley com uma coberta e tirou o violão dos ombros, encostando-o na parede perto do berço. No momento em que ele olhou para cima, fitando Aria, o pobre coração da garota disparou. Mas foi tão intensamente, que ela percebeu e sabia que não teria mais volta. Estava se apaixonando por Niall a cada dia, cada vez mais, sem ele fazer esforço algum... Estava se apaixonando por aqueles azuis intensos. Por aquele tom grosso e rude. Por aquele cara enigmático. E não tinha um caminho de volta.

Estava completamente ferrada.