História How To Love a Little Girl - 39

Niall avistou a porta se fechar com angústia entalada na garganta. Ele olhou para a porta, depois olhou para Cece e sem pensar direito, acabou entregando Haley para sua falsa namorada, indo para a mesma direção que Aria havia seguido antes de sair de casa. Apressado, Niall abriu a porta, sentindo o vento cortante em seu rosto, e avisou Aria indo em direção ao seu carro estacionado, os passos pesados como pedras.

- Aria! – ele gritou, descendo os degraus e correndo em direção a ela. – Aria! Espere!

Segundos depois, ele já estava próximo o bastante para tocar na mão dela e puxá-la para perto de si. A proximidade dos dois fez o corpo de Niall se arrepiar da cabeça aos pés.

- Quer me soltar, por favor? – falou ela, a voz dura, porém triste. – Só quero fazer o que você quer que eu faça.

- Eu quero que me escute. – falou ele.

- Pensei que quisesse que eu fosse para casa. – disse Aria, obrigando Niall a sentir uma pontada no coração graças à grosseria em seu tom de voz. – Me solta, Horan.

- Aria, eu não ia passar a noite com aquela garota, se é o que está pensando. – falou Niall.

Aria levantou os olhos, indignada. Um suspiro ainda mais indignado saiu de sua boca junto com uma fumacinha branca de ar gélido que sumiu com a batida do vento em seu rosto pálido.

- Vocês iam fazer o que, então? Jogar banco imobiliário? – falou ela – De todas as explicações que você poderia me dar, essa é a pior! – Aria voltou a se afastar, obrigando Niall a segui-la instantaneamente.

- Não! Estou falando a verdade... Não estamos juntos! Aria... Aria... Aria! Quer parar de ser teimosa e me escutar?! – Aria continuou andando, parando quando chegou perto do carro para abrir a porta. – A Cece e eu somos amigos! Estamos fingido sair... É uma jogada de marketing! Aria... Que droga! Quer me escutar?

Aria abriu a porta do carro, prestes a entrar em seu automóvel quentinho, quando se surpreendeu com Niall agarrando-a novamente. Dessa vez, ele a girou pela cintura e fixou suas costas na lateral do carro, prendendo-a com seu próprio peso.

- O que está fazendo? – perguntou ela, tentando não perder a postura séria, mas era um pouco difícil com a pouca distância entre os dois – Não vai me soltar?

- Só solto quando decidir acreditar em mim.

Aria respirou fundo, controlando o temperamento.

- Olha, Horan, se não tem nada entre os dois, por que está aqui tentando me dar explicações? – perguntou ela, fixando o olhar naqueles olhos azuis – Quer saber? Você nem precisa me dar explicações! – seu tom ficou repentinamente mais calmo e um sorriso fraco apareceu em seu rosto – Você mesmo disse que não temos nada, lembra? Não preciso de explicações.

- Aria...

- Me deixa em paz!

- Não, não e não! – ele negou com a cabeça – Olhe, me escute, Cece eu estamos fingindo sair! Não é de verdade, ok?                 Aria, eu não ia passar a noite com a Cece! Posso pedir para ela dar explicações! Chamo ela aqui e agora...

- Eu não quero! – respondeu Aria, empurrando Niall delicadamente para trás – Eu só quero ir embora, por favor.

- Não vou deixar você ir embora achando que fiz algo errado. Acredite em mim...

- Então por que me queria fora de casa? Por que me expulsou tão rapidamente? Olha... Eu não preciso saber. É sua vida, não minha! – Niall abriu a boca responder, mas Aria não o deixou falar uma palavra se quer – Olha. Tchau. Vou embora... – ela abriu a porta do carro, desviando novamente das mãos de Niall. – Tenha uma ótima noite.

- Aria, por favor, não quero que pense que eu...

- Não. Não temos nada... Não quero mais explicações. – ela olhou para baixo, mordendo os lábios de uma maneira nervosa – Absolutamente nada. Não sentimos nada um pelo outro além de uma afinidade amigável, não é?

Niall sentiu ainda mais dor no peito. Ele sabia muito bem que ela apenas reproduzia trechos que ele mesmo havia falado. Coisas que ele havia dito para esconder os próprios sentimentos de si mesmo.

- É o que você acha? – perguntou ele, obrigando-a a olhá-lo – Não sente nada por mim além de uma afinidade amigável, Aria? Olhe nos meus olhos e diga a verdade.

Aqueles olhos a sufocaram. Como negar àquela pergunta diante a situação em que se encontrava? Como podia estar com vontade de beijá-lo depois de ter sido praticamente usada como um objeto? Aria engoliu em seco. Estava extremamente irritada. O sangue corria rápido pelas suas veias, aquecendo seu corpo. Não sabia quem era aquela menina, não sabia o que ela estava fazendo ali, mas no momento em que a viu, sabendo que Niall queria expulsá-la para trazer a outra... Estranhamente, naquele momento, o choro subiu pela sua garganta e ela precisou sair antes de desmoronar.

Aquele era o verdadeiro Niall Horan: galinha e insensível.

- Não. – ela respondeu, fitando-o intensamente nos olhos – Não sinto nada por você, Niall. – concluiu, forçando-se a abrir um sorrisinho – Posso ir agora?

Niall sentiu o corpo ficar tenso com aquelas palavras. Foi como se o vento frio tivesse penetrado em suas veias e subisse por todo seu corpo. Ela parecia ter sido extremamente sincera em suas palavras, tão sincera, que, estranhamente, doeu. Então, num instante, a dor foi substituída por raiva. Raiva de si mesmo por ter se preocupado com ela sem precisar e raiva dela por dizer aquilo da maneira mais fácil possível. Era verdade, eles não eram namorados, não tinham nada. Ele não pertencia a ela e visse versa. Por que se preocupar em ter uma namorada falsa? Por que se preocupar em trazê-la para sua casa? Ele não entrava em relacionamentos e já tinha deixado aquilo bem claro antes. Ela achava que ele só tinha ela para sobreviver? Achava que Niall Horan vivia só com uma mulher?

- Quer saber? – falou Niall – Pode ir embora. Faça logo isso e me deixe em paz. Eu não preciso da sua permissão para nada. Tudo o que temos é uma afinidade amigável um pelo outro. – continuou – Não sei nem por que acho que devo explicações a uma babá. É bom que saiba mesmo que só fiquei com você por diversão. Seja lá o que tivemos até agora... Não preciso mais disso. Está demitida.

Aria pareceu chocada com as palavras que vieram de uma vez, mais do que Niall esperava que ela ficasse. Como se tivesse sido atingida por uma bala, ela se afastou.

Niall observou-a entrar no carro, batendo a porta com força na cara dele. O motor foi ligado e Aria acelerou para o portão, dirigindo-se para as ruas o mais rápido possível. Niall xingou um palavrão, chutando uma pedrinha redonda no caminho, que foi parar do outro lado do jardim, aterrissando em uma moita cheia de flores brancas. Um miado alto veio da mesma direção e um gato preto saiu do meio das flores, correndo para o outro lado, assustado.

- Até um gato idiota foge de mim! – murmurou ele, irritado da cabeça aos pés.

Aria entrou em sua casa, sentindo o calor de um lar abraçá-la como uma coberta.  Ela respirou fundo, tirando a mochila das costas e largando-a no chão, como geralmente fazia antes de Liam gritar com ela por largar tudo jogado pela casa. Seu peito ardia, assim como seus olhos, que estavam prestes a soltar lágrimas idiotas, que Aria não sabia por que tinham que aparecer. Ela era forte. Não choraria por um garoto que a tratava como uma nada, que era grosso, que dizia coisas fofas e depois mostrava-se completamente bipolar. Como pode ser tão idiota a ponto de acreditar que Niall só ficaria com ela? Claro que não! Deveria simplesmente saber que ele ficava intensamente com outras garotas, sem nem pensar em Aria. Ela que foi a idiota ali, não ele. Niall havia avisado, disse que não eram namorados e que tinham apenas uma amizade colorida.

- Droga de irlandês metido – ela chutou a porta com força. Seu pé doeu, mas nem isso a fez parar com os outros chutes – e loiro e idiota e rude e... Argh!

- Aria?

Aria virou-se rapidamente ao ouvir seu nome. Diante dela, na sala, estava Liam sentado no sofá com cartas de baralho na mão. No entanto, o que deixou a garota sem reação, foi o restante dos componentes da One Direction – menos Niall, por motivos óbvios – sentados em círculo em volta da mesa de centro, todos igualmente com baralhos na mão.

- Liam... Meninos. – ela os cumprimentou com a cabeça – Eu... Hm... Por acaso vocês viram...? – ela apontou para a porta, dando a entender que falava dos chutes e xingamentos.

- Qual parte? A que você entrou, ficou encarando o nada ou chutou a porta enquanto a xingava de irlandês loiro? – falou Harry, a sobrancelha erguida em questionamento.

- Ok, não precisam dizer mais nada. – disse ela, respirando fundo e colocando a franja atrás da orelha – Eu... Vou... Vou dormir. Divirtam-se. – sorriu forçadamente, virando-se para ir em direção a escadaria que a levaria para um lugar seguro e sem meninos para incomodá-la durante aquele momento.

- Aria... – a voz de seu irmão se destacou novamente dentre o silêncio – Está tudo bem?

Ela se virou lentamente, vendo que Liam estava de pé e sem as cartas na mão, visivelmente preocupado com ela. Aria tentou concordar, passando um ar de seriedade, mas ao se lembrar de Niall obrigando-a a sair da casa para trazer outra mulher para dentro... As palavras ditas por ele, tudo aquilo fez seu coração virar cacos de vidro. Como se não pudesse suportar mais, ela negou com a cabeça, respondendo a pergunta dele e sentindo as próprias lágrimas descendo pelas bochechas enquanto um soluço ralava em sua garganta.

Liam correu até ela, abraçando-a no instante seguinte, acomodando a irmã no próprio ombro, tentando reconforta-la por qualquer que fosse o motivo que a fizera chegar em casa naquela situação. Aria o abraçou de volta, deixando que as lágrimas molhassem a camiseta do irmão sem se importar muito com as consequências.

Cece estava com Haley no sofá quando Niall passou pela porta. Ela se levantou rapidamente, encarando-o com uma expressão alegre, que sumiu no instante em que ela pode ver a decepção no seu olhar.

- Niall? Está tudo bem? A... A garota... Ela...?

- Foi embora. – respondeu ele, a voz meio arrasada.

Cece mordeu os lábios, buscando palavras reconfortantes para serem ditas naquele momento.

- Não fique assim. – disse ela – Sei que tudo dará certo.

- Não, Cece, nada vai dar certo. – resmungou Niall – Nada precisa dar certo entre nós, porque existe um nós, se é que me entende.

- Mas... Pensei que gostasse dela, estava com medo que ela ficasse chateada com seu falso namoro. – Cece apontou para si mesma enquanto balançava Haley em seu colo.

- Pensou errado. Eu pensei errado. Não sei o que tinha na cabeça por pensar algo estúpido como tudo isso. – ele bufou, indo até a garota para pegar Haley – Eu vou levar minha sobrinha para o quarto e... Vou dormir também. Pode... pode... Pode ficar aqui na sala, se quiser.

Cece concordou, sem dizer mais nada, achou que seria melhor assim. Niall parecia irritado demais para dizer qualquer coisa. Ela o observou entrar no elevador e desaparecer quando as portas se fecharam. Cece se jogou no sofá, respirando fundo naquele momento. Quanto mais conhecia Niall, mais curiosa ficava em relação a ela. Lembrava de ter visto um programa da Ellen, onde Niall havia falado que o bebê com que aparecera em algumas fotos, era sua afilhada. Então, por que ali, quando ela perguntou no bebê, ele respondeu que era sua sobrinha?

Bom, seja lá o que fosse, não era da sua conta.

Cece pegou o controle jogado no sofá e ligou a televisão, se encostando no sofá antes de focar seus olhos no programa de comédia que passava em um canal qualquer.