História How To Love a Little Girl - 5

Aria entrou na escola. O Campus ainda estava meio vazio por culpa do horário. Ela tinha passado em uma lanchonete para tomar café e depois seguiu rumo para aquele inferno, porque apesar de tudo, ela realmente precisava ir até a biblioteca estudar para a prova de álgebra que teria no segundo horário.

Os acontecimentos com Horan ainda rondavam sua cabeça, mas ela tentava distancia-los e não pensar no assunto. Sua oferta era tentadora, mas ela não sabia se trabalhar como babá por um tempo daria certo. Tinha acabado de começar o último ano, precisava se focar nos estudos e se Liam descobrisse que ela frequentava a casa do seu antigo companheiro de banda... Ela morreria, sem brincadeira.

Ficou estudando na biblioteca da escola até que o relógio marcasse cinco minutos antes do primeiro sinal. Aria se levantou e foi para a sala de história onde continuaria provavelmente a aula sobre a Revolução Francesa, e aquilo, de alguma maneira, a fazia se sentir relaxada. Amava história. Seria, com certeza, seu ponto alto do dia.

Quando entrou na sala, deu de cara com Chris sentada em uma das carteiras, com a cabeça baixa, provavelmente caída em um sono profundo. Ela até iria chamar a amiga, mas outra coisa lhe fez mudar seu rumo, fazendo-a se direcionar para o fundo da sala. Kyle e seu grupinho do bonde dos horrores riam feito porcas, provavelmente tirando sarro de alguma foto do instagram de alguma pessoa inocente e feliz.

Aria abriu a mochila, tirando a cueca boxer roxa de lá de dentro e tacando na cabeça da morena chata.

- Mas o que...? – Kyle tirou a cueca da cabeça, olhando para Aria enojada – O que é isso?!

- Seu favor. – respondeu como se fosse óbvio.

Kyle demorou alguns segundos para compreender.

- Como quer que eu acredite que essa cueca é realmente de Niall Horan? – ela arqueou a sobrancelha.

- Pode ver em qualquer fotinho em que a calça dele está lá em baixo! Tem uma com essa cueca roxa. – sorriu vitoriosa para ela.

- Como quer que eu acredite que você não comprou em alguma loja?

- Olha aqui, querida, eu até discutiria os motivos para você acreditar em mim, mas eu fiz o que você pediu, agora cumpra com a sua parte do acordo.

Ela sorriu amarguradamente para Aria.

- Preciso de provas antes.

- E queria que eu fizesse o quê? Tivesse tirado uma selfie com o travesseiro dele? Larga de ser idiota, Kyle. Estou falando a verdade e ponto final.

- Pena que não acredito. Você é tão esperta, Payne, pena que dessa vez foi meio burra. – ela riu, obrigando suas capangas do mal a fazerem o mesmo.

O sinal tocou no segundo seguinte.

- Só vou cumprir com meu trato, quando tiver provas de que você está falando a verdade. – Kyle a fuzilou com o olhar – Venha falar comigo quando souber me convencer que isso aqui é de Niall Horan. – ela devolveu a cueca.

O professor entrou na sala.

- Bom dia. Vamos todos sentando para começarmos a aula.

Aria apertou a mão com força entorno de sua bolsa e agarrou a cueca, enfiando na mochila aberta. Sua vontade no momento era de socar a cara de Kyle até aquele nariz perfeito, e com chances de ser falso, ficasse totalmente detonado.

- Srta. Payne, sente-se, por favor.

E sem falar mais nada, Aria foi até sua carteira. Sentia tanta raiva de Kyle que nem a Revolução Francesa acalmara seus hormônios.

△ △ △

Na hora do almoço, a mesa perto da porta era preenchida por Aria, Christina, Mia e um grupo de nerds do primeiro ano que conversavam 24h por dia sobre como gostariam de ter a barba de Gandalf do filme Senhor dos Anéis. Eles eram um pouco estranhos, mas Aria preferia mil vezes sentar numa mesa com aqueles rapazes do que com qualquer outra pessoa irritante daquela escola.

- Você não tocou na comida. – disse Chris, encarando o prato intacto de Aria – Vai comer esse tofu?

- Não pode desperdiçar comida assim. – disse Mia.

Mia tinha cabelos loiros longos e completamente enrolados. Olhos azuis claros e lábios completamente finos. Ela era praticamente uma deusa grega, linda da cabeça aos pés. Mas apesar de tudo isso, Mia era a pessoa mais doce, engraçada e gentil que Aria já conheceu em toda sua vida.

- Não estou com fome, pode pegar. – Aria empurrou a bandeja para a amiga.

Mia pegou o bolinho em cima do prato e começou a devora-lo em silêncio.

- Querida, você tá guardando muito rancor nesse seu coração. Deixa Kyle para lá. Você se importa muito com ela, não precisa disso tudo.

- Ela me irrita profundamente!!! Queria tanto poder enfiar aquela cabeça em uma privada e dar descarga...

- Que tal você jogar toda essa raiva na privada e aí sim dar descarga? – Chris começou a devorar a salada do prato de Aria.

- Eu invadi a casa de Niall Horan e roubei a cueca dele! – Aria não havia falado nada sobre a suposta filha do irlandês, mesmo que Chris e Mia fossem suas melhores amigas, ela disse que guardaria o segredo e era fiel a suas promessas. – Pulei em uma piscina gelada, tudo para conseguir roubar uma peça de roupa em que ele usa para guardar as partes íntimas dele! – fez cara de nojo.

- Engraçado você fazer essa cara. Não era essa mesma Aria Payne que era simplesmente apaixonada por certo irlandês quando era mais nova? – Mia arqueou a sobrancelha.

- Exatamente. Era, do verbo não sou mais. Isso diz muito coisa, certo? Não sei o que deu em mim para gostar dele. Eu o via pelo menos uma vez por ano e ele nem se quer conversava comigo direito. Nossa maior conversa foi quando mandei uma mensagem de texto do Liam e quem começou a responder foi, estranhamente, o Horan.

- O coração prega peças. Mesmo assim espero que não sinta mesmo mais nada por ele... Não gosto daquele cara. – Chris falou em um tom sério.

- Somos duas. – sorriu para ela.

Chris sorriu de volta e seus olhos desviaram levemente para de trás da amiga.

- E falando no coração pegar peças... – ela deixou a frase no ar e Aria se virou a tempo de ver Tyler se aproximar.

- Hey! – ele sorriu ao lhe ver – Que saudades!

Tyler a beijou, tirando a mochila do ombro e se sentando ao seu lado. Christina fez uma cara de nojo, mas Aria decidiu ignorar e apreciar a companhia do namorado.

- Eu também estou! – ela o abraçou – Não vi sua ligação ontem, eu acabei dormindo a tarde toda.

Tyler também não precisava saber que ela tinha invadido a casa de Niall Horan.

- Sem problemas. – ele deu de ombros – Quer sair mais tarde? Queria ir a um restaurante novo que abriu na esquina da minha casa.

- Claro. – Aria sorriu. Seria muito bom passar um tempo com Tyler, fazia um tempo que eles não saíam. – Passo na minha casa pra me trocar e depois vou para a sua, pode ser?

- Combinado. – ele beijou a testa da namorada, encostando sua cabeça na dela.

- Vocês me fazem sentir diabética. – Christina fez outra cara de nojo – Tão grude-grude. Parece até que você nasceu da barriga dele e não da sua mãe.

- Você tem raiva que ela namora e você não, Chris. – Mia finalmente se pronunciou.

- Cala a boca, Mia. – Christina revirou os olhos, fazendo uma careta emburrada.

Mia levantou as mãos em rendição.

- Só estou dizendo a verdade.

Aria riu e no segundo seguinte sentiu eu celular vibrar ao lado de sua mão. Ela olhou para a tela e uma mensagem havia acabado de chegar. Era de um número desconhecido, mas quando a garota leu o que estava escrito, todas suas duvidas de quem seria se foram.

“Preciso da sua ajuda. AGORA! Acho que o bebê quer ir ao banheiro.”

Ela revirou os olhos e bloqueou a tela. Valia mesmo a pena trabalhar para aquele idiota sem limites?

- Quem era? – perguntou Tyler.

- Ah... Era o Liam, queria saber se eu estava bem. – respondeu, dando de ombros – Vim mais cedo para a escola e não nos vimos hoje de manhã.

- Entendi. – Tyler concordou, desviando os olhos para um dos nerds enquanto Aria sorria fracamente. Ainda bem que ela era boa mentirosa.

△ △ △

Aria entrou em sua casa pela porta da garagem, já que havia chegado com o carro. Ela suspirou, jogou suas coisas em cima da mesa da cozinha e pegou uma garrafa de água na geladeira. Abriu a garrafa enquanto ia para a sala e levou um susto enorme ao ver Liam jogado no sofá, encarando o teto como um morto. Suas mãos estavam sobre o peito e uma música da Celine Dion tocava no rádio posto no canto da sala.

- Liam? – Aria o chamou – O que está fazendo aqui? Não deveria estar na gravadora? – ela perguntou, se jogando na poltrona ao lado do sofá.

- Já chegou? – ele perguntou, um pouco atordoado – Que horas são?

- Umas três e meia... Você tá legal? – ela deu um gole em sua água – Parece meio pra baixo.

Liam suspirou pesadamente. Ele se espreguiçou e sentou no sofá, apoiando os braços no joelho. Foi só então que Aria reparou em umas quatro latinhas de cerveja jogadas no tapete.

- Você bebeu? – disse ela, preocupada – Liam, o que você tem? E nem me responda que tomou essas cervejas por calor, porque está fazendo uns 8° lá fora.

- Aria... – Liam usou aquele tom de voz sério. Aria ficou tensa – A gravadora está falindo.

- Fa o quê? – ela franziu a sobrancelha – Como assim falindo? Pensei que os negócios estavam indo bem...

- Mas não estão. E já faz um tempo. – ele massageou a têmpora – Eu investi toda a minha grana naquilo, Aria. Se ela fechar, não teremos mais nada para nos sustentar.

- Mais nada? Liam! Você era bilionário, esqueceu? Vai me dizer que gastou toda a grana que tinha?

- Qual a parte do investi tudo na droga da gravadora você não entendeu? – ele respondeu, mais grosso que o necessário – Estamos apertados de renda. Isso quer dizer que nada de compras, nada de gastar mais do que devemos, nada de abusar.

- Então trate de por isso na sua cabeça, não na minha. Você que comprou cervejas, não eu. – Aria se levantou, ainda tensa – Como pode ter sido tão burro e não ter guardado nada do seu dinheiro, Liam?

- Você não sabe nada sobre dinheiro, Aria. É apenas uma criança.

Aria riu ironicamente.

- Criança? Pelo amor de Deus, Liam. Tenho 17 anos. Não sou um bebê! Sei tanto quanto você, até mais se bobiar.

- Aria, não vamos discutir.

- Não vamos? Você acaba de me falar que estamos praticamente sem dinheiro e quer que eu fique sentada, concordando?

- Quero que você pare de jogar na minha cara que eu errei! – Liam se levantou também, elevando o tom de voz – Sei que deveria ter deixado um dinheiro guardado, sei muito bem disso, mas quando a gravadora parecia estar indo bem, investi o restante que tinha para deixa-la ainda melhor... E agora está tudo indo por água a baixo.

Aria sentiu um leve sentimento de culpa atingi-la.

- Podemos dar um jeito. Vamos vender os carros. Pode arranjar mais clientes, converse com amigos antigos, arranje talentos na rua...

- Não tem mais jeito, Aria! Não tem! – Liam se sentou novamente. Ele passou a mão nos cabelos, sinal de que estava completamente triste – Me deixe sozinho, por favor.

Aria permaneceu calada, observando o irmão sofrer internamente. Ela sabia que aquilo era importante para ele. Depois que a One Direction fora ao fim, ele não queria ficar parado, vivendo de tudo o que havia ganhado, o suficiente para viver toda sua vida sem precisar se preocupar. Como queria continuar fazendo aquilo que amava, a música, ele abriu uma gravadora, tentando realizar sonhos de pessoas que eram como ele há tempos. Só que tudo estava indo de mal a pior. Ele não quis contar essa parte para Aria, mas o verdadeiro motivo de estar perdendo a gravadora, era seu sócio, um antigo amigo de colegial, que tinha dado um golpe nele... E agora, Liam iria perder a gravadora, e seu dinheiro, para o cara que pensou que poderia confiar.

- Eu... Eu vou dar uma volta. – falou Aria, voltando automaticamente para a cozinha e pegando a chave do carro que havia largado em cima da mesa.

Entrou na garagem mais uma vez e entrou Audi-A4, dando a partida e indo em direção a casa de Horan mais uma vez naquele dia. Ela não sabia se ele realmente estaria lá, mas tinha tomado uma decisão e esperava que Horan concordasse com suas exigências.

Parou de frente para aquele grande portão e como se o porteiro já tivesse guardado a placa do carro, deixou que ela entrasse na mansão. Aria estacionou o carro de frente para a porta de entrada e subiu os degraus para poder tocar a campainha. Para a sua surpresa, Niall atendeu a porta com a maior cara de desespero.

- Não tinha um shoot para ir? – ela implicou, cruzando os braços.

Niall estava com os cabelos em pé, como se alguém tivesse os bagunçando. Diferente de mais cedo, seu rosto não estava mais com cara de quem iria matar alguém, talvez ele gostaria de socar, mas não matar. Estava usando uma calça de moletom cinza e se encontrava sem camisa. Parecia que tinha acabado de acordar.

- Se veio aqui só para me encher a paciência, é bom ir embora. – ele revirou os olhos – Te mandei mensagem a tarde toda. Custava responder?

- Só respondo mensagens de quem eu gosto. – ela sorriu amarelo para ele – E vim aqui porque aceito sua... Oferta de emprego.

Niall arqueou a sobrancelha. Ele cruzou os braços e fitou os olhos castanhos da garota.

- Aceita? – ele perguntou, só para se certificar que escutara certo.

- Aceito. Só que tenho uma condição. Em vez de pagar minha faculdade... – Aria engoliu em seco – Você vai me dar um salário.

- Um salário?

Aria fez algumas contas mentalmente. Sua casa, onde morava com Liam, era grande, as contas  geralmente vinham medianas nos preços. Se somarmos todas as contas, mais as idas ao mercado, mais a conta de seu celular e um dinheirinho a mais para bens de consumo, ela precisaria, mais ou menos, de uns cinco mil por mês ou mais.

- Sim. Cinco mil e quinhentos por mês.

- Nossa. – Niall arregalou os olhos – Por acaso você anda devendo pra algum traficante? Se formou em um curso de babá em Harvard?

- Aceita ou não?

- Você sabe que o teste de DNA demora cerca de trinta a quarenta dias para sair, não sabe? Você iria ganhar apenas um salário. Depois que descobrissem que não sou pai dela, eu te demitiria de qualquer jeito.

Isso é verdade, pensou Aria.

- Então me dê esse valor por semana.

Niall riu.

- Tá louca que eu vou pagar cinco mil por semana? Sua faculdade custaria no máximo 7 mil libras no primeiro semestre.

- Ué, pensei que você pagaria todos os anos da minha faculdade. – Aria travou o maxilar.

- Claro que eu não pagaria quatro anos do seu cursinho idiota. Ao contrário de você, eu não sou um retardado.

- Então você mentiu para mim?

Aria já estava prestes a ir embora dali, mas o fato de que seu irmão precisava daquele dinheiro piscava em sua mente como um alerta.

- Olha. Esquece! – ela respirou fundo – Vai me pagar isso ou eu não te ajudo.

- Nada fechado.

Droga! Ela precisava do dinheiro.

- Aé? Bem, então boa sorte em encontrar outra pessoa para cuidar da sua filha. Além do mais, essa é uma ótima história para contar pros jornais, não acha, Horan? – Aria usou seu tom irônico, limpando as unhas enquanto falava.

Niall ficou ereto.

- Você não faria isso.

- Quer pagar pra ver? – ela arqueou a sobrancelha.

Niall sentiu o sangue ferver de ódio. Ele era tão bom quanto ele.

- Tá. – ele respondeu – Negócio fechado, está contratada.

- Quando começo? – Aria abriu um sorriso vitorioso.

Horan, por sua vez, abriu um sorriso maligno.

- Agora mesmo.