História Human Universe (Steven Universe) - Garoto dos sonhos

Cantarolava enquanto fazia uma trança em meu cabelo. Sempre adorei cantar. A pouco tempo Pery me convidou para uma festa fantasia em sua casa. Claro que não recusei, ainda mais que eu iria encontrar aquele cara fofo que a Amber me apresentou. Só esperava que ele fosse sempre assim e não apenas para me conquistar. O que deixou meus nervos a flor da pele foi o fato de Sky não responder nenhuma mensagem minha, fazia já um tempo. Sabia que ela não gostava de visitar o pai, ela sempre desabafava comigo. Dessa vez estava com um mal pressentimento, como se algo estivesse errado. Algo que não está certo. Espera.. acho que eu disse duas frase que inversamente dizem a mesma coisa. Hmn.. não sei bem, geralmente SJ que me corrigia.

Comecei a rir sozinha, minha irmã, Amy, vai me levar de carro. Só assim pra minha mãe me deixar ir. Ela era modelo e bem chatinha com certas coisas, ainda mais com meu porte físico. Nunca fui magra, sempre fui fã de comer, assim como Amethyst, nosso físico era quase igual. Coxas e braços grossos, seios volumosos e uma leve barriga pra não dizer que éramos superdotadas.

-Carneeee.- gritava minha irmã enquanto abriu a porta do quarto. Ela dormiu aqui em casa, estava deprimida por causa de um encontro, jogamos vídeo-game a noite toda.

-Hey Amy, está me deixando com fome.- estava apenas de roupas íntimas, me sentia bem a vontade com ela ali, mas acredito que ela não muito.

-Err.. devia se vestir.- virou o rosto.

-Sei que consegue se controlar Amy.. ou teria transado com a Pearl no shopping.- comecei a rir, mas ela não.

-E-eu não devia ter lhe contado.- se encolheu.

-Foda-se isso. Vamos pra festa da Pery.- disse animada.

-Acho que não vou.- revirei os olhos.

-Vai sim. Se a Pearl for, vamos poder investigar ela, deve ter acontecido alguma coisa. Já falamos disso.- cruzei os braços.

-Só se eu desenhar um bigode em você.- pegou um lápis de olho na cômoda e começou a rir.

-Tá certo, mas não forte.- alegre ela fez sua travessura. Depois que me olhei no espelho, cheguei a chorar de rir. Era uma comédia nós duas juntas.

-Sua expressão foi a melhor.- falou com dificuldade entre risos.

-Melhor mesmo foi você segurando a risada, parecia que ia explodir.- as risadas ficavam cada vez mais alta, minha barriga doía tanto.

-Meninas por favor, estou no telefone.- minha mãe disse em um tom cortante, enquanto abriu a porta.

-D-desculpe.- Amy segurou o riso pra falar.

-Pare com essas traquinagens minha filha, está bem velha pra isso.- negou com a cabeça.

-C-certo...- “engoli” o riso, estava com vontade de gargalhar, mas não queria levar uma bronca.

-Não iam pra uma festa? Se arrumem logo, daqui a pouco meu convidado chega.- disse baixo.

-Mãe.. vai jantar com ele novamente?- cruzei os braços.

-Seu pai ainda merece um pingo de atenção, por mais pilantra que ele seja.- bufou.

-Papai vem aqui?- Amy se virou.

-Seu pai vem aqui quase todo dia. Por que?- a expressão dela pareceu confusa.

-Nada não.- Ame abaixou a cabeça, já havia entendido, ela gostava do pai, mas ele não dava a mínima pra ela, assim como pra mim. Ele só queria saber da mamãe.

-Silêncio meninas.- disse fechando a porta.

Pus a mão sobre o ombro de Amy, a mesma me abraçou. Ficamos um tempo assim, até ela se dar conta que eu estava seminua e separou o abraço, virando o rosto para o lado.

-Melhor começar a vestir a fantasia. Espero que a Pery que tenha feito a comida, adoro a comida dela.- comecei a rir, nunca provei a comida de Pery, mas adorava comer.

Fui deixada sozinha para me arrumar. Já sabia exatamente o que iria vestir, só não me decidi que parte colocar primeiro. Vesti uma roupa justa inicialmente, era uma roupa de ninja. Cobri minha boca e coloquei uma faixa no cabelo, acompanhando o cumprimento da trança. Quase que esqueci de mencionar, tirei aquele bigode feito por minha irmã. Passei um pouco de maquiagem aos olhos a mostra, confesso que meus olhos cor de mel eram bem chamativos. Usava luvas cujo as pontas dos dedos ficavam aparentes. Botas nos pés, um colete e um tipo de cinto onde escondi shuriken de plástico. Em minhas costas havia duas pequenas katanas de madeira. Me sentia uma legítima ninja. Já que eu treinava algumas artes maciais.

Saindo do meu quarto, fui ao encontro de Amy, ela estava no quarto ao lado, para hóspedes, geralmente SJ dormiria lá. Ao chegar no quarto dela, vi a mesma vestida de ninja também, porém ela usava um óculos e sua roupa tinha detalhes roxos. O cabelo estava preso em rabo de cavalo e uma franja fica na frente de um dos olhos. Ela segurava uma chicote, que o escondia em suas costas quando me via.

-Vai de ninja também?- reclamei

-Pensamos igual.- ela começou a rir.

Pelo menos a roupa dela era diferente, era um pouco mais aberta, como se estivesse com alguns rasgos de batalha, ela fez questão de avermelhar a pele pra parecer sangue. E ela não escondia o rosto, apenas usava um cachecol a altura do queixo, talvez se ela olhar pra baixo não aparece seu rosto.

-Onde conseguiu katanas?- foi atrás de mim para ver.

-Err.. eu fiz, só peguei madeira e...- tentei explicar.

-Entendi.- me interrompeu desinteressada. -Vamos? Estou faminta.- o chicote nas mãos dela havia estranhamente desaparecido.

-Estamos indo mãe.- disse alto antes de sair de casa.

Amethyst dirigiu até a mansão, era tão grande, sempre a via de longe. Quem dera ter uma casa assim um dia. Minha mãe gosta de casas simples, diz que é espaço demais, é ruim pra limpar. De verdade, eu adoro espaço.

Alguns seguranças pediram nossas identidades, para confirmar se estávamos na lista. Porém, deixamos os documentos em casa, somos duas tontas, nem celular trouxemos. Os caras não queriam nos deixar passar. Ame decidiu estacionar o carro lá perto e tentar entrar escondido. Não aprovei nada, pois tentamos pular o muro e levamos um baita choque. Depois os seguranças vieram nos abordar.

-Vou chamar a polícia se não forem embora, suas penetras.- disse o cara enorme.

-Por favor.. me deixa entrar, estou com tanta fome.- reclamou minha irmã.

-Somos amiga da Pery, só estamos sem documentos, nos deixe entrar por favor.- tentei fazer drama com ela.

-De jeito algum.- cruzou os braços.

-O que está acontecendo?- uma voz se aproximou.

-Nada senhor. Só estava expulsando essas penetras.- estufou o peito.

-Penetras? São Amy e sua irmã. Estão na lista.- a roupa dela era de uma época antiga, com aqueles shorts com as penas que pareciam duas bolas e a mesma coisa para as mangas. Embaixo ela usava uma calça branca e sapatos pontudos. Ela usava um tipo de chapéu, parecia uma boina, mas tinha uma pena, ela ficou tão fofinha... ou ele.. sempre me confundia perante o gênero de Pery.

-Me desculpe, é que elas estão sem documentos.- tentou se explicar.

-Bem a sua cara Ame. Entrem.- fez sinal com a mão para segui-los.

-Pery, essa roupa engraçada é de que?- ela fez a pergunta que eu estava super a fim de fazer.

-Bardo.- disse contente.

-O que é bardo?- perguntei.

-Uma pessoa que tocava harpa e cantava, alguns faziam poesias.- nos entreolhamos e nos seguramos pra não rir.

-E sua harpa?- perguntou Ame tentando não rir.

-Deixei em cima da mesa, fiquei com medo de arrebentar alguma corda. Deu muito trabalho fazer.- suspirou.

-Err... tá... vou comer..- minha irmã puxou meu braço e correu para a mesa.

-Mas nem expliquei como fiz ela... e a decoração...- reclamou.

-Depois você conta..- disse alto -Escapamos.- sussurrou pra mim.

-Que delícia.- disse olhando os potinhos de gelatina, adorava gelatina, aquilo me lembrava muito a SJ, já fizemos competição de quem comia mais e aquele buraco sem fundo ganhou.

-O que foi?- Ame me viu observando os potinhos pensativas.

-É que.. não estou acostumada a sair sem a Sky, é estranho sabe? Ela é tipo uma irmã. Ou.. saio com algum garoto.. nunca saí com uma irmã de sangue.- suspirei.

-Sou sua irmã e está aqui. Agora aproveite.- pegou um potinho com gelatina verde, imaginei ela me dando, mas foi logo comendo e rindo com minha expressão. -Pega um, não seja tímida.- pegou outro para si, em certas questões ela era muito diferente da SJ.

-Ame.. um rapaz vai me encontrar aqui hoje, sabe.. ele é sempre fofo.. acha que eu devia chamar ele pra sair novamente.- peguei um potinho e fiquei olhando a gelatina mexer.

-Olha, faça o que achar melhor.- sorriu, sei que ela fazia o melhor que podia, mas precisava de alguma opinião construtiva, talvez sendo positiva ou negativa. Caramba, eu devia relaxar a cabeça, mesmo que estivesse bem preocupada e confusa.

-Saca só.- minha irmã colocou várias gelatinas na boca e sorriu, os dentes estavam coloridos.

Não me contive, comecei a rir. Acho que não estava com vontade de comer gelatina, então peguei um prato e alguns salgadinhos. Quando ela falou em jantar, imaginei comida... espera.. em outra mesa havia macarrão, sopa, minha nossa, quanta comida. Tentei chamar Ame pra comer lasanha, mas ela preferiu o bolo. Então fui comer sozinha.

Enquanto me servia, vi Amber com um prato repleto de comida, mas como ela comia. A morena ainda olhava atravessado pra uma ruiva, cujo estava comendo em uma bandeja, a garota comia muito, nem sei como cabia tanto no estômago de uma pessoa. Amber se aproximou de mim, estava vestida de princesa, um lindo vestido, coroa, luvas e um penteado de dar inveja.

-Olá Carnelian. Conhece aquela puta ali?- apontou para a garota ruiva, a mesma estava comento um frango assado inteiro. Ela estava com a pele pintada com listras, um short com um pouco de armadura e uma camisa, cujo a barriga dela aparecia, estava muito parecida com a personagem de um jogo feito pela Morgana.. espera... aquela ao lado dela era Morgana?

Morgana vestia uma gloriosa túnica de mago, em uma das mãos um cajado. Seus piercings do rosto pareciam runas, ficou tão foda. Adorei o cabelo dela, estava branco com as pontas avermelhadas. O cajado de madeira parecia uma mão segurando uma bola de cristal.

-Não conheço.- falei distraída. -Mas vou conhecer.- ignorei a, agora irritada, princesa e fui ao encontro da maga. -Tem lugar pra mais um?- perguntei, ao perceber o aceno positivo de Morgana pude me sentar.

-Curti sua roupa.- disse a ruiva de boca cheia.

-Gwen, o que eu disse sobre falar de boca cheia?- Morgana franziu a testa.

-Desculpe.- engoliu antes de dizer.

-Podem fazer um favor pra mim?- pediu a platinada olhando séria nos meus olhos, como sempre.

-Podem? Só tem eu aqui.- estranhei a pergunta.

-SJ não está contigo?-

-Não somos grudadas.- dessa vez fui grossa, assim como ela era comigo. Isso apenas fez ela erguer uma sobrancelha.

-Tanto faz. Apenas quero que pegue meu videogame na casa da Amber. Lhe ofereço uma grana.-

-Grana? Hmn.. pode ser. Só se me deixar jogar na sua casa quando quiser.- claro que queria sair na vantagem.

-Nem vem.- revirou os olhos.

-Então vai buscar.- franzi a testa.

-Podemos negociar..-

-Agora não quero mais, me desculpe.- me levantei.

-Pago duzentos.-

-Não quero.- bufei, acho que ela ficou furiosa, mas sua expressão não mudou, então foi difícil de entender. O melhor foi a amiga dela rindo.

Tantas pessoas que eu não conhecia. Muitas delas conversavam, eu apenas fiquei comendo e observando. Queria ver como estava Lazuli, era a aniversariante. Ao longe vi uma garota com um vestido da era medieval, cabelos azuis e pés descalços, parecia uma bela aldeã, adorei aquele lindo vestido. Pery tocava aquela tal harpa, não quis me aproximar, estragar o clima era chato.

A festa era ao ar livre, por mais que fosse noite, estava tudo bem iluminado, inclusive as estrelas brilhavam como nunca. Estavam tão belas. Me apoiei no corrimão que dividia a calçada da grama, era um corrimão de cimento, todo detalhado, próximo a mim havia uma árvore enfeitada com alguns piscas amarelos e arredondados. Estava tudo lindo.

Olhei para a água da piscina pensativa. Havia algumas pessoas caminhando perto dela. Reconheci uma garota morena, acho que era amiga da Amethyst, os cabelos afro. Era baixinha. Vestia um delicado vestido, parecia envergonhada, os cabelos bem arrumados, apesar dos cachos serem predominantes. A garota ao lado dela, cujo estavam de mãos dadas, tem cabelos maiores e em um tom azul gelo. Esta vestia um short e uma camisa esportiva, na testa havia uma faixa amarrada, junto com os cabelos em rabo de cavalo. Por algum motivo a de vestido parecia envergonhada, enquanto a outra apenas ria.

Estava sentindo falta da banda agora, era piada pra todo canto, sempre teria alguém pra não me fazer sentir só, principalmente SJ. Anos como melhores amigas resultaram na melhor amizade, conhecemos tão bem uma a outra. Me entente melhor que minha mãe, sempre me deixando pra cima, assim como faço com ela. Sabe.. as vezes ela tem umas crises de identidade, começa a se ofender e se achar inútil. Ela nunca quis ir a um psicólogo, portanto ajudo no que posso. Tudo parecia tão tranquilo, a noite seria longa.

Ouvi a voz de Amber me chamando. De imediato me virei, vendo que a mesma estava com seu amigo, cujo me apresentou a um tempo atrás. Educadamente ele me cumprimentou. Estava vestido de homem das cavernas, com uma “tanguinha” e um taco de madeira na mão. A barba dele estava na cara que era falsa, mas aquele corpo, bom.. estava beeem em forma.

-Agora me ajudem a procurar meu príncipe.- reclamou Amber

-Relaxa cara, vamos ajudar.- disse o garoto.

-Como ele é Amber? Tem uns dez caras vestidos de príncipe.- disse indo ao encontro deles.

-Alto, magro... hmn... não sei bem descrever.. não o vi de fantasia.. ele deve ter o tamanho da Jasper.. - pareceu pensativa.

-Se encontramos lhe avisamos.- disse o rapaz colocando a mão em minha costas, e guiando até onde estava apoiada anteriormente.

-Acho que isso soou um pouco grosseiro.- franzi a testa e tirei a mão dele do local.

-Me desculpe flor. As vezes ela é um pouco irritante sabe.- deu de ombros e olhou para a piscina.

-Verdade.- olhei para baixo, apoiando os cotovelos no corrimão.

-Sabe por que vim assim?- o rapaz parecia confiante.

-Não faço ideia.- respondi baixo.

-Queria te impressionar. Olha só esse corpinho.- ergueu as sobrancelhas sorridente, arghh nem se achava.

-Já vi.- revirei os olhos.

-E então?-

-Sei lá.. quer que eu diga o que?- ainda não entendi o que ele queria com aquilo.

-Me elogiar, chamar de gato, sensual, do que quiser minha flor.- franzi a testa, era educado mas se achava o gostosão.

-Só se dizer meu nome.- ergui as sobrancelhas.

-Acha que não sei Carmem? Sou bom com memórias.- franzi a testa.

-Carnelian.-

-O que é isso?- pareceu confuso.

-Meu nome.- cruzei os braços.

-Bahh.. eu acho que vou no banheiro.- saiu caminhando rápido.

-Idiota.- revirei os olhos e permaneci ali, talvez ainda acreditaria que ele irá voltar.

Fiquei ali por quase quarenta minutos, não tava nem a fim de sair. Ouvia muitas risadas, os garçons já começaram a distribuir comida e bebidas. Olhei para trás, apenas por curiosidade, vi várias poltronas, pessoas conversando, Pery estava em cima da mesa fazendo algum tipo de mímica, muita gente ria. Ela parecia uma macaco. Devia estar bêbada.. ou era doida assim mesmo. Até pensei em me juntar a eles, porém não tive coragem.

-Que bad.- sussurrei para mim e tornei a me encostar no corrimão.

-Aceita uma bebida pra alegrar?- uma voz disse vinda de meu lado, nem fiz questão de olhar.

-Obrigado, mas não beb..- a pessoa colocou o copo próximo a mim, era suco de uva. Até cheirei pra ter certeza que não era vinho. -Obrigado.-

-Devia se...- tossiu. -Juntar aos outros.-

-Por que acha?- voltei meu olhar para o ser. Era um rapaz muito belo, estava apoiado com os cotovelos no corrimão, os cabelos platinados estão penteados para trás, ele usava uma armadura toda de metal, devia ter dado um trabalho fazer. Nas costas parecia ter uma espada. Ainda havia um capacete apoiado ao corrimão, acho que ele o retirou. O cara é bem alto, seu por físico era indefinido, devido a armadura.

-Hmn... é divertido.- sorriu.

-Então vá.- tornei a olhar para a piscina.

-Já fui. Apenas acho que precisa de um companhia.- bebeu o restante do líquido em seu copo.

-Está enganado. Quero ficar sozinha. Se veio para dar em cima de mim, melhor sumir.- franzi a testa e olhei para o cara.

-Que foda...- os olhos dele brilhavam.

-WHAT?- agora buguei.

-Seu colete, cinto com acessórios, caramba, essa fantasia ficou muito foda. Adorei o detalhe com as katanas atrás das costas, são de verdade?- a mudança de assunto dele era estranha, mas pelo menos não ficou de gracinha comigo.

-Nem.- retirei a katana das costas, mostrando que era feita de madeira, apenas pintei o cabo.

-Você se supera, cara isso é lindo. Diz que foi você que fez.- comecei a rir.

-Foi sim. Por que quer que eu diga que fiz?-

-Oras.. pra eu não me iludir e ficar elogiando o trabalho de outra pessoa.- dessa vez rimos juntos, ele começou a tossir.

-Está bem?- tentei dar uns tapinhas nas costas dele, mas o mesmo pulou para trás, sem me deixar tocá-lo.

-Estou ruim da garganta, minha voz tá meio esquisita.- pegou seu capacete e o colocou.

-Melhoras pra você. E essa armadura? Você que fez?-

-Se eu te disser que fiz em um dia vai achar que sou o Flash.- comecei a rir e ele não ficou de fora. -O que é aquilo?- ficou sério e apontou para um pequeno arbusto, estava distante em uma parte menos iluminada.

-Não vi nada.- foquei os olhos, alguma coisa parecia se mexer. -Acho que tem alguma coisa ali.-

Em um salto ele pulou por cima da proteção e foi em direção ao local. Não ia ficar para trás, também fiquei curiosa.

-Eita porra.- ouvi os murmúrios dele antes de sair correndo e esbarrar em mim, ambos caímos no chão.

-Arghh tudo bem.- ele levou a mão ao estômago.

-Ahh.. está, só corre.-

-O que tem ali?- me levantei para olhar, mas me arrependo de ter feito isso.

Um ser esquisito nos olhava torto. Ele tem uns braços grandes, penas curtas, dentes que saíam pra fora da boca, pareciam bem afiados. A pele dele é toda vermelha, os cabelos prateados eram longos, a criatura urrou alto, mas com a música acho que ninguém ouviu.

-Mas que porra é isso?- me virava para correr, porém tropecei, a essa altura o garoto já havia passado de mim, ele era rápido. -Me ajuda.- gritei, foi quando recebi um soco bem forte nas costas, foi tão dolorido.

-Aguentaaaa.- o garoto correu em direção ao bicho e saltou, flexionando uma das pernas e esticando a outra, acertando bem ao nariz dele essa magnífica voadora.

-Boa.- Me levantei. O mais impressionante foi que o ser segurava o pé dele, o deixando de cabeça para baixo, deveria agir.

Não poderia usar minhas habilidades. Então peguei as katanas das costas e acertei ambas ao estômago do ser, que urrou derrubando o rapaz, por sua vez se virou ao ar e caiu em pé.

-Caramba, vai ser tenso acabar com ele.- disse vendo que aqueles golpes mal fizeram efeito no bicho.

-Acabar com ele?- o rapaz pareceu um pouco assustado.

-Sou karateka, não fujo de uma boa briga.- sorri

-Não vou te deixar na mão.- correu em direção do ser, segurando um dos joelhos do mesmo.

A criatura devia ser uns cinquenta centímetros mais alta que ele. Mas mesmo assim ele foi capaz de erguer uma das pernas, o bicho saltou mas caiu em cima dele, pensei vê-lo esmagado, mas o mesmo conseguiu segurá-lo, que força.

-Joga ele na cerca elétrica.- apontei para a cerca.

Assim ele fez arremessando, com um pouco de dificuldade, aquele grandalhão que tremeu ao tocar na cerca. O rapaz olhou ao redor, pegou uma estátua de pedra, cujo a mesma segura uma lança. Rapidamente a levantou e colocou embaixo do ser. Sua velocidade era impressionante. O monstro se libertou da cerca e caiu certeiramente com o pescoço na lança. Sangue se espalhou pelo quintal, mas nada nos atingiu.

-Ual. Você tem habilidades pelo visto.- o rapaz estava ao meu lado cansado, até apoiou as mãos nos joelhos e tossia.

-Talvez.. mas estou cansado.-disse com dificuldade.

-Vamos beber algo e avisar a Pery?- o mesmo acenou com a cabeça de maneira positiva.

Chamei Pery em particular, para poder explicar o que aconteceu. Assutada ela correu para ver o ocorrido no local indicado, isso era muito estranho. Por sorte não precisei usar minhas habilidades. O que mais estranhei era o cara esquisito, ainda estava arfante e tossia constantemente.

-Tudo bem?- perguntei oferecendo um copo de água gelada a ele, cujo estava sentado em uma mesa vazia.

-Sim.. só é.. argh..- tentou segurar o copo com a mão esquerda, mas a mesma tremia e ele mal conseguiu levantar o mesmo. Portanto pegou com a mão direita.

-O que houve com sua mão esquerda?-

-Eu.. argh..- tossiu, a voz dele começou a falhar um pouco.- percebi ele levar a mão esquerda até a barriga.

-Vai vomitar?- perguntei.

O mesmo negou com a cabeça.

-É só enjoo?- insisti.

Ele apenas bebeu a água, sem confirmar. Decidi então pegar algumas coisas para comer. Porém o garçom foi mais rápido, nem precisei levantar, já tínhamos a mesa cheia. Então ambos começamos a comer, pedi pro garçom trazer muita gelatina. Por sorte ele parou de tossir e arfar, porém estava bem quieto, aquilo era estranho.

-A comida está boa não é?- tentei puxar assunto quando terminamos de comer.

Ele apenas acenou de maneira positiva com a cabeça.

-Sua voz está ruim?- perguntei e ele confirmou. -Lamento.- abaixei a cabeça, foi onde o mesmo usou a mão para erguer meu queixo e pude vê-lo negar com a cabeça.

-N... ã...- tentou falar, acabei rindo.

-Não se esforce tanto. Devia descansar.- o mesmo suspirou. -Bom.. ia perguntar seu nome, mas agora não é boa hora.- foi a vez dele de abaixar a cabeça. -Vamos nos encontrar novamente?- perguntei.

O rapaz apenas me olhou, mas não confirmou, muito menos negou.

-Você é estranho. Gostei.- levantei. -Acho que vou procurar minha irmã, estou com sono, devia ir embora.-

Se levantou e me acompanhou.

-Muita gentileza de sua parte.- sorriu.

Não consegui encontrar Amy, onde ela estava metida? Se soubesse iria para casa sozinha, mas não dava. Cansada de procurar voltei ao corrimão me apoiando nele. O rapaz fez o mesmo. Ele apontava para o céu, onde uma estrela cadente passava.

-Quer fazer um pedido?- olhei-o, porém negou com a cabeça, foi minha vez de desejar.

Pensei no que queria. Por mais idiota que fosse, apenas pedi para ser bem cuidada. Confesso que as vezes sou um pouco ingênua e não percebo a maldade nas pessoas, até que acabava me ferrando para isso. SJ era meus olhos, sabia detectar o mal a quilômetros, só queria que ela estivesse bem agora.

Em um salto sentei em cima do corrimão, balançava meus pés olhando algumas gotas de chuva, cujo pingaram na piscina.

-Tomar banho de chuva deve ser bom.- olhei para o rapaz, estava quase da minha altura agora, ainda mais por estar um pouco abaixado para apoiar os cotovelos no corrimão.

Ele negou com a cabeça e fingiu espirrar, de imediato eu ri. Consegui entender o que ele dizia.

-Você é uma figura. Acha que nos veríamos novamente?- ele acenou de maneira positiva com a cabeça. -Vamos marcar um dia?- o mesmo apontou para o céu, não entendi bem o que quis dizer, mas acho que era algo pensativo.

Dessa vez não questionei. Ficamos olhando a água cair, sorte que estávamos embaixo da borda do telhado. Pery pensou em tudo mesmo, até colocou pequenas barracas, daquelas que só tem o teto, para que ninguém se molhe em caso de chuva.

Apoiei distraidamente a cabeça ao ombro dele, estava tão repleta de pensamentos. A página da banda estava cada vez mais popular, talvez um dia poderia ser um cantora de sucesso, junto com a banda. Talvez eu tivesse um futuro brilhante. Mesmo que minha mãe não reconheça isso. Levei a mão a boca para bocejar, só agora que notei, havia retirado a máscara para comer e não coloquei.

-Estou cansada.- bocejei e virei o rosto para ele, o mesmo estava levemente corado, não sei se era pelo fato de eu estar encostada nele ou o olhando. -Está tão coradinho.- ri.

O mesmo retirou o capacete, ajeitou o cabelo, pelo visto tinha um topete estiloso. A expressão que ele fez, aquele sorriso torto e misterioso, era tão envolvente. Ainda mais aquele rosto corado. Só agora que entendi por que ele tirou o capacete, seu cabelo esta úmido, vulgo suado. Mas ele está bem cheiroso até.

Envolvida por aqueles olhos brilhantes, aproximei meu rosto ao dele. Levei a mão por trás da nuca do mesmo e o puxei para mim. Nosso lábios se tocaram, ele parecia congelado, era como se nunca tivesse beijado ou não acreditava no que acontecia. Nos primeiros segundos ele mal se moveu, mas depois. Senti seus quentes lábios deslizando sobre os meus. Aquele beijo, sem dúvida fez meu coração acelerar. Ele estava sendo tão carinhoso, até no beijo, inclusive usou a destra para acariciar meu rosto. Sei que é clichê mas eu adoro.

-Carnelian?- a voz de minha irmã fez o beijo ser cessado.

-Err.. oi.- o rosto do rapaz estava tão vermelho que parecia um pimentão.

-Pery disse que você estava me procurando.-

-Ahhh bem... eu preciso ir, já passou do horário que minha mãe me permite ficar fora.- suspirei, com certeza levaria bronca.

-Quem é ele?- perguntou Amy o olhando de cima a baixo.

-Vamos.- empurrei ela, o rapaz me acompanhou com os olhos, ainda com uma expressão incrédula. -Espero lhe ver novamente.- pisquei para ele, cujo estava boquiaberto me olhando sair.

Aquela noite foi bem marcante pra mim. Normalmente os beijos que eu dava ou recebia, eram repleto de interesse, ou sentia como se fosse uma de muitas. Mas acho que aquele beijo, era como se fosse um primeiro amor, uma paixão a primeira vista. Era algo confuso de se explicar, mas acho.. que rolou certo sentimento, esperava que fosse apenas passageiro. Talvez pudesse sonhar com isso ou.. simplesmente esquecer o que houve. De uma coisa era certa, iria descobrir o nome dele, nem que para isso tenha que namorar um hacker.