História Human Universe (Steven Universe) - O outro lado

Essa noite foi muito conturbada. A meses não durmo direito. Mais precisamente, após minha separação.. apesar de estar um pouco com raiva da Morgana, por me fazer sentir abandonada.. o jeito que terminou... aquilo foi tão desagradável. Mas o que eu faço? Agi feito uma tola, alimentando minha incerteza e insegurança. Eu podia ter feito tudo melhor... mas não consigo... eu sou orgulhosa... não sei usar as palavras.

Quase todas as noites tenho aquele sonho maldito. Estava eu nos bastidores, apoiada ao balcão perto da água e chateada. Precisava tomar coragem para encontrá-la no local combinado. Talvez dar um bolo nela não fizesse mal... já que ela me deu tantos...

Minha namorada precisava de tempo, sabia que ela era complicada. Ela não era de ficar muito perto.. as vezes sumia, mal nos víamos.. mas ainda sim sentia amor por ela. Eu devia ter ido ao encontro que marcamos, mas não tinha coragem de mostrar como estava deprimida... ela tinha tantos problemas... os meus não eram relevantes... como essa cena me assombra.

“Amethyst, aquela grandona, veio falar comigo.

-Por que uma mulher tão linda está chateada?- perguntou com um sorriso.

-Eu gosto muito alguém.. mas essa pessoa.. bom... meio que é meu total oposto.. ela prefere ficar um pouco longe e na dela.. e eu.. bom.. preciso de atenção...- derrubei umas lágrimas.

-Não chores. Sabe que se precisar de consolo, adoraria ajudá-la.- levou a mão em meu rosto, onde havia o rastro das lágrimas.

-Eu espero por ela.. nosso tempo juntas... é tão...- mais lágrimas caíram, fechei meus olhos e senti algo quente, eram os lábios dela me tocando. Ela ainda colocou a mão por baixo do meu vestido, me sentia aliviada e ao mesmo tempo.. tão mal... mas por quê?

Assim que ouvi a voz da Morgana, meu coração gelou. Separei nossos corpos bruscamente. Tentei esconder o rosto na maior para secar as lágrimas, não gostava de mostrar que estava chorando. Quando ela mostrou a aliança, me toquei que a Amethyst deve ter conseguido tirar ela.. que ideia idiota de ter deixado ela 'ver como fica'.

-Mo, eu posso explicar.- me aproximei um pouco dela.

Ainda não acredito que aquela grandona estúpida fingiu não saber que eu namorava. Pois eu falava da Morgana o tempo todo.. mas espera.. eu falava pra ela ou pra outra? Não me lembro.

As palavras dela eram frias e me atingiam como facadas, doía tanto. Sabia que traí sua confiança.. mas.. como conseguia reagir com essa dor? Ficando com raiva.. eu sou mesmo estúpida.

Esfreguei na cara dela todas as vezes que ela me deixou esperando. Igual uma trouxa, ela não tem noção do quanto chorei por isso. Agora ela vem falar que eu menti.. sério.. não me orgulhava de ser filha daquela mulher... mas preferi fingir ter um passado triste.. talvez fizesse ela me entender.. mas não.. pra ela sou só a patricinha.

Já que ela me chamou de patricinha, chamei ela de gótica sofrência, pois não entendo.. ela parecia nunca conseguir ver o lado bom nas coisas... bom.. ou tinha dificuldades com isso. Mas acho que toquei em sua ferida.. mesmo sem intenção.”

-Amber. É sua vez.- uma dócil voz me tirou daquele horrível flashback.

Acompanhei uma jovem de cabelos platinados e um nariz grande, estava com uma roupa branca, nem reparei muito nela. A mesma abriu a porta do consultório, onde entrei e sentei em um sofá confortável. Em minha frente aquela mesma imagem, uma mulher vestida de branco, com uma aparência poderosa, o cabelo da mesma cor da roupa, seus olhos negros me focavam, sua expressão séria me trazia lembranças.. de certa trevosa.

-Como estão os pesadelos Amber?- perguntou a mulher.

-Toda noite... eu não consigo.. me culpo sempre por ter sido tão estúpida.. acho que poderia tudo ter sido melhor.- levei as mãos ao rosto.

-Sua mãe perguntou de você, tem certeza que não quer conversar com ela?- perguntou.

-Achei que estivéssemos falando sobre meus pesadelos.- franzi a testa e olhei para a mesma.

-Que seja. Bom.. não precisa se culpar por nada disso. Sabe muito bem que pode ir lá, conversar com ela e explicar tudo.- a voz dela era calma.

-Eu não consigo... ela não me ouve... agindo como uma idiota a fiz sentir nojo de mim...- lágrimas escorreram de meu rosto.

“Você me dá nojo. Essas palavras... elas não saíam da minha mente. Estava tomada pelo ódio e xinguei ela... a pior coisa que fiz. Ambas trocamos xingamentos. Em descontrole tentei acertar um soco nela. Foi aí que notei o quão idiota eu fui. Não consegui me conter, ou falar, eu simplesmente travei. Estava sem expressão, em lágrimas.

Meu corpo estava trêmulo, não o controlava bem.. eu queria correr atrás dela. Pedir desculpas. Mas simplesmente não conseguia me mexer... eu era uma covarde...”

-..Eu sou uma covarde.. não fiz nada.- as lágrimas se intensificaram cada vez mais.

-Olha.. nem sempre reagimos como devemos. Entendo que isso te abale, mas não é tarde de mais ainda, o passado já foi, pode reconstruir tudo entre vocês.- falou com firmeza.

-Eu briguei com uma amiga dela em uma festa.... eu dei em cima dessa amiga quando foi no meu apartamento... propositalmente agi como uma idiota... pela primeira vez ouvi aquela mulher rindo.. ela ria de mim... de eu levar um fora... de me achar irresistível.. e depois... ela beijou minha bochecha ironicamente.. ela deve estar lá... sozinha com aquela ruiva.. e-eu... acho que nunca serei perdoada.. - minhas lágrimas ficaram mais fortes.

-Já conversamos sobre isso Amber. Até ontem você me disse que iria conversar com ela. Disse que ia tentar. Ao menos você está se esforçando por isso?- perguntou.

-Mandei mensagens, liguei.. mas ela me disse que não vai ser trouxa novamente e mandou eu esquecê-la e ficar com minhas peguetes.. mas cara... eu só estava afogando as mágoas... queria me sentir bem novamente.. mas.. acho que... isso aumentou meu peso.- coloquei as mãos no rosto.

-Vamos mudar sua abordagem então. Bom.. ela deve sair de casa para comprar comida, ou trabalhar.. tente conversar, ser gentil. Mesmo que de início ela seja fria, peça desculpas, ela deve entender o seu lado, se tem essas habilidades que falou.- esticou a mão com uma caixa de lenços de papel.

-Vou tentar... e-eu... não tenho mais esperanças.. sabe... eu devia superar.. mas não consigo.. nossa conexão.. parece tão.. tão.. forte... não entendo por que.- peguei um lenço e sequei o rosto.

-Você não é uma gem, é um experimento falho, consegue conduzir e fortalecer habilidades psíquicas, foi feita para proteger e fortalecer vários tipos de telepatas.- meus olhos se fixaram a ela.

-Como sabe tanto sobre isso?- franzi a testa.

-Ora bem.. eu financiei as pesquisas. Sou uma de vocês querida. Acha que o nome Mari W.D. Significa o que? White Diamond, claro. Sou uma delas.. mas.. assim como Blue, desistimos de tentar ter a cura para todos os problemas de saúde, isso tinha muitos efeitos colaterais.- comentou.

-Espera.. então essas experiências.. foram feitas pra salvar nossas vidas?- perguntei.

-Exato. Muitos tinham doenças graves, incuráveis, sua mãe tem um problema de coagulação. Se ela sangrar morre. Literalmente. Você é um milagre... ela achou que estava curada.. mas você nasceu e puxou todas as habilidades regenerativa do âmbar que ela tinha.. ela estava a ponto de morrer.. mas conseguimos alongar um pouco sua vida.. ela ainda busca a cura.. está morrendo, as células dela estão se destruindo aos poucos...- comentou.

-Por que está me contando isso?- ainda estranhava aquilo.

-Por que você pode ajudá-la. Tem o mesmo sangue. Talvez seu DNA diga o que pode ser usado pra mudar ao dela e ajudá-la.. aliás.. esse tempo presa... ela ficou doente.. está precisando renovar o sangue do corpo.. ou pior.. de um pouco de sangue.. mas é difícil achar o mesmo tipo. Amber, sua mãe está morrendo e você é a cura.- engoli em seco, percebia a expressão preocupada no olhar da mulher.

-E-eu não sei o que pensar...- suspirei.

-Pegue.. fale com ela.- me deu um papel com um número.

-Acha que irei confiar? Aprendi a nunca confiar em vocês.- franzi a testa.

-Acredite, não tem como prender você. Assim como pode solidificar seus braços com âmbar, também pode lançar âmbar líquido.. e isso pode derreter mais que lava. Seu âmbar não é simples, é muito, muito diferente do encontrado na natureza.- aquele olhar inexpressivo dela me deixava intrigada.

-Irei pensar. Muito obrigado pela ajuda.- me levantei, apertei sua mão e saí do consultório, seguindo pelo elevador até sair do prédio.

Olhava as pessoas passando na rua. Estavam conversando, pareciam felizes. Meu rosto voltou para o papel em minha mão cujo dizia “Yellow Diamond” e tinha um número. Não sabia se devia ligar, não sabia se ela falava a verdade. Mas sem dúvidas.. queria testar o limite dos meus poderes. Coloquei o papel dobrado ao bolso da minha calça jeans. Simplesmente.. as coisas estavam acontecendo tão depressa... eu não sabia que rumo tomar.. muito menos o que fazer.. estava sozinha nessa, não poderia contar pra ninguém.

De longe eu vi a Morgana, ela estava tomando sorvete, mesmo com um frio desses. O vento soprava meu cachecol amarelo para trás, assim como meu longo cabelo. Aquela mulher de cabelo rosa, estava tão séria, parecia perturbada. Vez ou outra ela leva a mão a cabeça, sabia que ela estava intrigada com algo, não queria me aproximar, só olhava ela de longe, do outro lado da rua. Sorvete mantinha a mente perturbada dela calma.

Por alguns segundos o rosto dela se virou em minha direção. A mesma me olhou fixamente, sem expressão. Assim como eu também estava. O rosto dela virou para o sorvete de morango, cujo ela pegou mais um pouco e comeu. Saí andando daquele lugar, talvez mais rápido do que devia. Não queria me encontrar com ela novamente.. não estava pronta para conversar... com certeza agiria de maneira estúpida novamente.. qual é o meu problema?