História Human Universe (Steven Universe) - Fugindo da rotina

Faz muito tempo que estou namorando Lazuli, era sempre bom acordar de manhã ao lado dela. Claro que nem tudo era uma maravilha, as vezes ela me expulsava do MEU QUARTO, sim o quarto era meu e ainda tinha que dormir no sofá. Por mais temperamental que ela fosse, ainda a amava, e sei que ela sente o mesmo.

Eu já comecei a administrar algumas partes da empresa, acabei nem fazendo faculdade, bom.. meio que fui expulsa por dar uma lição de moral no professor, aquele cara não sabia de nada. Isso não foi o pior dos problemas, ando tão estressada, fico com setenta por cento dos afazeres da empresa, minha namorada fica com os projetos, meu pai na vagabundagem com aquela médica. Os inscritos do meu canal precisavam de vídeos também e eu ainda tinha que concertar o ar condicionado, além de arrumar a fechadura da porta do banheiro, rangia tanto.

Todas essas tarefas me deixavam esgotada. O pior de tudo era que as vezes bancávamos uma de herois, vestindo fantasias toscas e ajudando pessoas. Foi a primeira coisa que abri mão, não poderia ajudar as Crystal Gens, era sempre tão atarefada. Ainda me lembro de cada experiência que eu fazia com meu DNA e da Lazuli, gostaria muito de entender como funcionavam nossos poderes.

A cidade cresceu bastante, Ruby e Sapphire estão empregadas e moram sozinhas, Amber tem um apartamento e parece que a Morgana tem o dela, nunca entendi por que não moram juntas se são um casal, porém não questiono a Morgana, ela é um tanto esquisita, muitas vezes me assusta.

É uma pena que a casa da Amethyst pegou fogo, não a vejo a bastante tempo. Acredito que foi sorte, pois ela e Pearl brigaram feio e nem queriam mais se ver.. bom.. agora literalmente elas não se vêem há muito tempo.

Imaginei que quando ficasse mais velha meus peitos ficariam maiores, mas não ocorreu. Cresceram bem pouco, continuo parecendo nem ter. Pra ser sincera, talvez seja melhor assim, já que sempre tive uma aparência um tanto andrógena. Por um lado, era bom sair na rua de mãos dadas com minha namorada e ninguém julgar, por outro, queria mostrar quem eu era de verdade e lutar contra o preconceito. Talvez fosse melhor deixar tudo como está.

Um apito muito irritante me fez despertar. Acordei assustada, meus olhos vibravam, tentava focar minha visão, porém estava sem óculos. Estiquei minha mão e a armação veio direto até ela. Coloquei o óculos saltando do sofá. Desliguei o despertador do celular, era mais um dia de trabalho.

Estiquei meu corpo indo até a cozinha, vou preparar o café da manhã favorito de Lazuli, aí ela começa a me abraçar e pedir desculpas, como sempre faz. Sempre acontecia isso quando brigávamos. Meu cabelo loiro estava tão arrepiado, ao ver meu reflexo na panela me senti um sayajin.

-Gostei do penteado.- riu a doce voz de minha amada.

-E eu gostei do...- fiquei boquiaberta, ela estava completamente nua.

Por mais que já tivesse me acostumado a ver ela assim, bom, de manhã cedo.. do nada ela aparecer pelada.. bem isso me deixou constrangida. Meu rosto ficou rubro, foquei na panela tentando não olhar.

-Pery, você não muda mesmo né?- riu. -Desculpa por ontem, estava tão animada e você cansada.. fiquei tão brava. Devia se dar uma folguinha.- resmungou.

-Tenho muitas tarefas, meu pai não aparece em casa a dias, muito menos na empresa. Ele só fica na casa da médica. Sobra tudo pra mim.- bufei.

-Meu bem, está muito tensa, precisa relaxar.- levou as mãos até meus ombros, massageando os mesmos. -Você que manda na porra toda, ninguém vai ligar se você atrasar um pouco só para dar um jeito nos hormônios da sua namorada.- sussurrou em meu ouvido e o mordeu.

-Uma proposta tentadora, mas tenho taaaaanto relatórios.. é complicado querida.. queria muito poder te dar a atenção que deseja.- me virei para ela e puxei sua cabeça, beijando a testa.

-Sempre me deixando de lado.- cruzou os braços com aquela cara emburrada dela.

-Zuli, estou sem tempo, já disse. Fim de semana podemos fazer o que quiser.- servi a mesa com a comida recém-feita.

-Disse isso semana passada mas... estava tão cansada que ficou DORMINDO.. dormindo Pery.. faz meses que não transamos.. e pior ainda.. nem me beijar direito você beija.. é só uns selinhos e palavrinhas bonitas.. porra.. preciso de atenção...- negou com a cabeça, com certeza estava se segurando para não gritar comigo.

-Entendo como se sente... vou tentar organizar minha rotina querida, aí podemos ter um tempo a sós...-

-A sós? Poupe-me Pery, sempre vai ter uma desculpa depois. Você disse a mesma coisa semana passada.- me interrompeu.

-Só está brava por que não transamos né? Não dá a mínima se estou quase explodindo de tantas tarefas...- geralmente eu ficava em silêncio para não gerar brigas, porém estava tão estressada que acabei dizendo. -Só se importa com você, nem liga pra como eu me sinto.- bufei.

-Pery.. não vai dormir comigo por um bom tempo.. faça o que quiser...- saiu pisando fundo e subindo as escadas.

-Ótimo, assim tenho paz.- expulsa do meu quarto? Só podia ser sacanagem.

Ainda furiosa bati na porta, acredito que ela já sabia pois jogou minhas roupas pela fresta da porta. Nem agradeci, só peguei aquilo e fui ao banheiro me arrumar. Mais um longo e cansativo dia de trabalho me esperava. Administrar a empresa do meu pai era mais difícil do que eu pensava.

Talvez precise de um psicólogo. Eu estava surtando. Na verdade.. só queria falar com alguém que me ouvisse. Acho que conhecia alguém perfeito, uma antiga amiga, que conhecia mais de mim do que eu mesma. Mandei uma mensagem para ela, iriamos marcar um dia para nos encontrar. Enquanto isso, apenas vou exercer minha função. Pelo menos a empresa estava ótima nos negócios.

Desde que eu assumi a empresa cresceu oitenta por cento e expandimos alguns mercados. Vendemos remédios e cosméticos também. Nossas pesquisas estavam ótimas, principalmente sobre plantas medicinais. Acho que eu precisava descobrir uma planta pra tirar o estresse.

Decidi ir caminhando para o serviço, não demorava muito, já que abrimos outro prédio perto de casa. A caminho encontrei Pearl, ela carregava um ramalhete de flores, estava saltitante e sorridente, um garotinho de cabelos cacheados e gordinho acompanhava ela, junto com uma moça morena, de cabelo afro, óculos escuros e bem alta. Espera.. era Garnet, Ruby e Sapphire casaram e eu nem sabia? Ao olhar as mãos dela eu vi duas alianças no dedo do meio, fico imaginando a reação dos pais delas.

-Oi Peridot.- o garotinho acenou pra mim.

-Steven, quanto tempo.- sorri, ele me abraçou. -Você cresceu bastante.-

-Fiquei macio.- ele segurou a barriga gorducha dele, era tão fofo.

-Toma cuidado, macio demais faz mal.-

-Eu sei. Estamos indo levar flores pra minha mãe.- disse o garoto sorridente.

-Mas ela não está...?- fiquei um tanto confusa.

-Oh Rose.. era tão jovem. Vamos apenas trocar as flores Peri.- disse Pearl se colocando entre o Steven e eu.

Fazia bastante tempo que não a via, continuava igual, se achando e ainda com seu amor tolo pela Rose, mesmo que estivesse morta. Me sentia menos estranha com meu corpo quando observava o quanto ela era magra e mal tinha corpo, assim como eu, só que ela era beeem mais magra. Acho que meus seios eram maiores que os dela ainda.

-Prazer em revê-la.- disse Garnet mexendo no óculos.

-Vocês se casaram, que ótimo.- apesar de achar aquilo esquisito demais e não apoiar tal tipo de casamento, eu apenas fingi que fiquei feliz por elas.

-Eu sei que não gostou.-

-Err.. bom.. tenho que ir.- caminhei rápido me afastando delas.

-Tchau.- pude ouvir Steven dizendo ao longe.

Olhando por cima do ombro vi ele acenando pra mim, Pearl segurava a mão dele e o puxava, com certeza apressava o garoto. Já a Garnet, o jeito quietão dela me incomodava, era tão misteriosa, alta, seu corpo bem forte e voltoso. Se não soubesse do que ela fosse feita, talvez acharia ela bonita.

Me direcionei ao prédio, cumprimentando a recepcionista logo de início. Andei pela empresa observando se estava tudo em ordem, cumprimentava os funcionários, porém certa pessoa não saía da minha cabeça. Fui até a sala dela, peguei uma folha branca e anotei com uma caneta.

“Desculpe por hoje, apenas gostaria de lembrar que te amo muito.”

Ao ver os relatórios apenas me assustava com a quantidade de trabalho que eu tinha. Além de analisar pedidos de acordo com os funcionários que alegavam ganhar pouco. Se bem que eu pagava melhor que outras empresas no mercado.  

Meu celular começou a vibrar. Peguei o mesmo olhando as mensagens. Era tanta coisa, nem deu vontade de ler. Uma delas era de minha amada. Parei para ler, nem que fosse só passar os olhos.  

“Adiantei alguns relatórios pra você. Adoraria que viesse pra casa cedo. Só quero ficar deitada fazendo carinho em você e saber que sua atenção é minha. Não fique com vergonha, não estou a fim de transar.”  

Cocei meus olhos lendo novamente. Realmente li certo. Alguns relatórios foram adiantados? Tive que pesquisar no sistema. Era verdade, tinha tempo para analisar algumas amostras da pesquisa. Vesti o jaleco e corri para o laboratório.   

Já era noite, consegui terminar tudo mais cedo. Eu sempre era a primeira a chegar e a última a sair. Assim que tranquei a empresa coloquei as mãos nos bolsos da calça. Olhava a movimentação de pessoas, cada uma parecia apenas querer chegar em casa, assim como eu. Finalmente abri o portão de casa.  

Ouvi um miado manhoso, logo meu novo bebê, o Pumpkin. Era um gato laranja e manhoso, bem gordinho, sempre queria carinho e fazia barulho pra visitas, acho que ele não gostava que ninguém viesse nos visitar. Só pra constar, ele odeia meu pai, nunca entendi por quê. 

Peguei o manhoso no colo, ele ronrona enquanto acariciei os pelos dele. Entrei em casa, estava escuro fui até a cozinha pois vi uma iluminação lá. Ao chegar fiquei boquiaberta com a cena.  

A mesa estava posta. Velas acesas ao redor de uma caixa com pizza quentinha. Era simples, mas adorei aquilo. Um sorriso surgiu em meus lábios. Passei a língua sobre meu piercing, aquele que tenho no lábio inferior.  

Lazuli estava sentada em um lado da mesa, me olhando com um sorriso. Coloquei Pumpkin no chão e sentei em frente à ela.  

-Vamos jantar?- perguntou colocando uma fatia de pizza em meu prato. 

-Vai me deixar dormir no me quarto hoje?- ergui uma sobrancelha desconfiada 

-Talvez.- levou um pequeno pedaço de pizza em minha boca.  

-Talvez?- bocejo aproveitando para pegar o pedaço.  

-Hurum.- pegou outro pedaço.  

Observava os cabelos azuis dela. Meu penteado já havia mudado tantas vezes, agora ele estava curto atrás enquanto minha franja caia um pouco para cada lado, como ela dizia, o cabelo de um príncipe encantado. Se bem que meus olhos verdes e cabelos loiros eram bê atraentes. Ela sempre preferiu manter o mesmo corte, com uma franja, as laterais com ponta e atrás mais curto.  

Não demorou marca ambas terminarmos de comer a pizza. Eu levando a boca dela e ela a minha. Lavei toda a louça e ela secou. Só então que abracei ela.  

-Desculpa estar tão ausente. Vou organizar meus horários e encaixar você em um deles.- meu rosto se ergueu para olhar o dela. 

-Eu entendo, espero que cumpra dessa vez.- beijou minha testa. 

-Prometo.- sorri ficando na ponta dos pés para beijá-la.  

Nossos lábios foram acariciado com extremo carinho, como senti falta daquilo. Não parei de suspirar por um segundo, enquanto o beijo durou. Estava tão cansada, meus olhos pesavam, apenas pude separar. 

-Se importa se eu for dormir?- perguntei. 

-Não.- virou o rosto, acho que ficou chateada. 

Segurei a mão dela e caminhei até meu quarto. Ela me acompanhou. Deixei ela no local pegando as roupas para ir até o banheiro e tomar um banho. Minha amada entrou junto comigo e acabamos lavando uma a outra, sem malícia. As vezes tomávamos banho juntas, bom geralmente depois de transar. Mas hoje era um dia atípico.  

Nos vestimos e voltamos ao quarto. Deitei na cama encostando a cabeça ao ombro dela. Senti meu corpo ser erguido, onde fui colocada em cima da namorada. Nem me importei, apenas sorri sentindo ela acariciar meus cabelos enquanto o sono me pegava. Acredito que ela tirou meu óculos, porém não quis abrir os olhos para confirmar.