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História Hunter - HIATO - Renascimento do sangue


Escrita por: OldHunter

Notas do Autor


Tomara que alguém leia isso....

Capítulo 2 - Renascimento do sangue


Hunter


Capítulo 2 -> Renascimento do Sangue



Era noite, os cidadãos da vila estavam preocupados, principalmente Matthew. A situação de Helena não era boa, e mesmo com o elixir de Heide ela não melhorava. Mas não era só isso oque o preocupava.


Matthew estava na cabana encostado na parede, Helena dormia em uma das camas, assim como Adrien. Ele percebeu que Helena estava abrindo os olhos então puxou uma cadeira e se sentou próximo à cama. 


  - Consegue falar? - Perguntou Matthew.


  - Hu…haa… - Helena se esforçava para falar.


  - Tome o seu tempo, creio que daqui a pouco poderá falar. 


Silenciosamente Adrien despertava, sua cabeça doía e seu corpo não se mexia. Espiando com seus olhos ele viu Matthew e Helena, Matthew puxou o mesmo frasco com o líquido vermelho e ofereceu para Helena. 


  - Tome, está tudo bem agora. - Disse Matthew.


Helena pegou o frasco e bebeu de maneira descuidada tudo de uma vez, o líquido carmesim escorria pelos seus lábios até o seu pescoço, que estava enrolado por uma faixa que cobria seu ferimento. 


Alguns segundos depois ela retirou a faixa de seu pescoço e surpreendentemente a ferida havia sumido, ela fez o mesmo com a faixa em seu braço, que também estava sem nenhuma ferida.


  - Está se sentindo melhor? - Perguntou Matthew.


  - Sim, essa porcaria doeu muito. - Respondeu Helena.


  - Eu preciso que me conte o que aconteceu... - Disse Matthew.

  

Helena estava com uma expressão depressiva, como se ela não aceitasse algo que fez.


  - Tudo estava indo bem, mas eu… eu… eu fui encurralada no meio da floresta, tinham muito mais deles do que normalmente. Eu consegui me livrar de alguns até que eles me acertaram. Minha selvageria estava alta demais então eu tive que fugir, foi aí que me acertaram… Me desculpe por desaponta-lo Matthew, se ao menos Damien estivesse aqui. - Disse Helena.


  - Você não precisa se entristecer por que falhou, a sua vida, a de todos vocês, é o que mais importa. Além do mais, você é bem mais útil viva do que morta. É um alívio ver você bem. - Disse Matthew.


Helena se emocionou com as palavras confortantes de Matthew, ele era sua grande inspiração e o motivo pelo qual ela tomou esse caminho. Matthew tinha o dom para confortar as pessoas. 


Helena olhou ao redor e estranhou algo


  - Quem é aquele garoto? - Perguntou Helena apontando para Adrien.


  - O nome dele é Adrien, ele estava muito ferido então acolhemos ele, você provavelmente não viu, ele salvou Gina hoje mais cedo.


  - Você pretende torná-lo um caçador?


  - Se eu pretendo? Sim, porém não o obrigarei a fazer nada contra sua vontade. Mas, algo realmente estranho aconteceu naquele momento.


  - Hã? 


  - Ele tinha um brilho nos olhos, uma sede de sangue que só um caçador teria, ele pode já ter tido um experiência com isso no passado.


  - Então você está insinuando que ele é…


  - Sim, mas não podemos nos precipitar. 


  - Por que não pergunta para ele? 


  - Seria inútil, ele aparenta ter perdido suas memórias. 


  - Mas Matthew, se você não o obrigará a se tornar um caçador, como que vai recuperar os suprimentos que os pesadelos roubaram?


  - Eles roubaram os suprimentos?! - Disse Matthew espantado.


  - S-Sim… Você não reparou que a carroça estava vazia?! 


  - Mas que droga!


  - Se for o caso eu irei com você.


  - Não Helena, você não pode.


  - Mas por quê?


  - Porque você já teve o suficiente, e o dia nem passou, ninguém aguenta tanto tempo.


  - Droga… você tem razão…


  - O que faremos agora?


Adrien estava escutando a conversa, ele entendeu que sua ajuda era necessária, mas ele mesmo não tinha certeza do que podia fazer. Mesmo descobrindo o quão fácil era tirar uma vida, ele ainda temia, temia que atrapalhasse os outros. De qualquer maneira o a urgência não conhece o medo, e Adrien tomou coragem e se levantou da cama.


  - Eu escutei o que disseram… Eu confesso que não entendi muito bem, mas estou disposto a ajudar. - Disse Adrien.


  - Pera aí, como você escuta uma conversa e confessa assim garoto?! - Helena perguntou irritada.


  - Muito bom, se você escutou, eu posso ser claro e direto. Você sabe lutar Adrien? - Perguntou Matthew.


  - Eu não tenho certeza, mas, no momento que eu ataquei aquela "coisa", eu senti como se pudesse tudo… Pode soar meio estranho, mas aquele ódio me fez sentir nostalgia, como se aquilo me conectasse ao meu passado. - Disse Adrien.


  - O que aconteceu com você não foi um simples ataque de fúria, nós chamamos de selvageria. - Disse Matthew.


  - Selvageria?


  - Quando pessoas como eu e Helena tomamos isso. - Matthew puxou um frasco com um líquido vermelho. - Nós sucumbimos aos nossos sentidos mais primordiais e nos mergulhamos na batalha. Além disso, ele nos cura, mas é algo que te explicarei depois. Eu acredito que o que você sentiu naquele momento seja efeito disso, mas como você teve contato é um mistério.


  - Eu não quero parecer rude, mas porque confia em mim?


Matthew parou por um momento. 


  - Eu sou um completo estranho com antecedentes duvidosos, por que confia em mim? - Perguntou Adrien.


  - Hmpf. Por que eu não confiaria? Você ajudou uma pessoa naquele momento, esse altruísmo é admirável para mim. Desde que você seja assim, eu nunca duvidarei de suas intenções. - Disse Matthew.


Adrien sentiu inspiração naquelas palavras, ele teve um sentimento de segurança inexplicável. Matthew era uma pessoa muito gentil e cuidadosa, era praticamente impossível alguém o conhecer e o odiar. 


  - Você quer me ajudar, então eu devo te ajudar a me ajudar, vista uma camisa e venha comigo. - Disse Matthew.


  - Certo! - Disse Adrien.


Matthew pegou uma vela e acendeu um lampião que estava em cima de um criado-mudo e se dirigiu para a porta. Adrien pegou a camisa que estava dobrada do lado de sua cama e saiu junto de Matthew.


  - Voltaremos em breve… - Disse Matthew. - Descanse um pouco Helena.


  - Até mais… - Disse Helena.


Matthew fechou a porta e começou a caminhar pela vila, guiando Adrien. Era um lugar simples, haviam muitas cabanas e a essa hora não havia nenhuma pessoa fora delas. 


  - Pode parecer pequeno, mas temos uma fazenda mais adiante e tem um lago próximo também. - Disse Matthew enquanto andava.

 

Os dois andaram até chegar em uma área que parecia ser fora dos limites da vila. A falta de iluminação só reforçava essa ideia. Eles continuaram até chegar em um caminho onde deviam se esgueirar para passar.


  - Eu espero do fundo do meu coração que a minha teoria esteja certa. - Disse Matthew enquanto andava pelo caminho.


  - Teoria? E se der errado? - Disse Adrien arfando.


  - Ah… você… não precisa se preocupar com isso, vai ficar tudo bem!


O caminho retorcido parava no que pareciam ser às raízes de uma árvore gigante. 


  - É aqui. - Disse Matthew puxando uma chave com um formato estranho do bolso.


Ele passou a mão pelas raízes, procurando algo, até que enfiou a chave em um pequeno buraco no meio de muitos. Ele virou a chave e um barulho saiu da porta. Ele então a pressionou e puxou, a abrindo, era uma porta secreta. 


  - Me siga. - Disse Matthew.


O caminho era uma longa escadaria apertada que descia até um ponto que não dava para observar. Os dois desceram até que chegaram no fim da escadaria, que dava para uma sala bem pequena. Matthew foi primeiro e Adrien ainda descia algumas escadas, ele conseguiu escutar a voz de Matthew:


  - Está tudo pronto? 


  - Sim, tem certeza que vai da certo? - Falava uma voz misteriosa.


Adrien chegou até o fim e entrou na sala. Ela havia as mesmas decorações de penas e, dessa vez, ossos de animais que haviam na cabana onde acordou, mas estes estavam pendurados no teto de uma maneira macabra. Haviam velas em todo lugar e no meio da sala havia uma mesa de operações e alguns bancos. Havia uma pessoa lá, era Heide, o que ela estava fazendo ali?


  - Olá Adrien. Vejo que aceitou se juntar à nós. - Disse Heide.


  - Não fale dessa maneira assustadora Heide. Acontece que eu não expliquei muito bem como isso funciona. - Disse Matthew.


  - Ah! Perdão, deixe-me explicar o que está acontecendo.


Em meio aquelas palavras ele notou um detalhe bizarro, que ele não havia notado quando entrou na sala. Perto da mesa e no fim da sala havia um altar, com alguns objetos indescritíveis, mas o que mais atraía atenção era um cadáver, mais precisamente um esqueleto, só havia o torso e o crânio, e no meio do torço um coração, ainda batendo. 


  - Parece que você percebeu antes que eu falasse. - Disse Heide. - Esse é o Caçador.


  - Caçador? - Adrien estava confuso.


  - É um conto, bem antigo, sobre o Rei e o Caçador, mas você não tem tempo para ouvir a história toda, então contarei brevemente. Eles foram abençoados pelos deuses para nos proteger dos pesadelos, eles podiam fazer exércitos iguais a eles, mas o Caçador abandonou o Rei pela sua ganância, deixando apenas alguns caçadores como ele restantes. Ele se exilou dentro dessa árvore lendária, que muitos dizem ser a ponte para o outro mundo, e aqui ficou, na esperança de que os outros caçadores o achassem e o entendessem. 


  - Como você pode perceber, eles o acharam, e essa vila foi formada, agora nós somos o legado do Caçador. - Disse Matthew.


  - Mas como vão me transformar em um? - Perguntou Adrien.


  - Por meio de uma transfusão de sangue, se eu estiver certo, você ainda não é um e isso pode dar certo.


  - E se por acaso eu já for um?

  

  - Nós não podemos esperar que isso aconteça, já que essa transfusão só pode ser feita uma vez na vida.


  - Espera! E como acha que isso vai me fazer te ajudar?


  - Você mesmo disse, você havia se conectado com seu passado durante a selvageria, e eu espero que no passado você saiba lutar. 


  - Isso é muito vago! 


  - Não se preocupe Adrien, Matthew nunca errou suas teorias. - Disse Heide. - Agora deite-se sobre a mesa. 


Adrien deitou, sua perna estava tremendo, ele estava nervoso e com medo. Será que aquilo daria certo? 


  - Antes de prosseguir você deve fazer um juramento. - Disse Heide preparando os instrumentos.


  - T - Tudo bem… - Adrien engoliu seco.


  - Você promete que abraçará essa causa e seguirá o código do Caçador até o fim?


  - Prometo. 


  - Você promete se afogar nas sombras em busca da verdade? 


  - Prometo.


  - Então receba o sangue, submeta às impurezas… e abrace a verdade! 


Heide apertou uma corda em volta do braço esquerdo de Adrien e aplicou um tubo com uma agulha que bombeou seu sangue para fora em um vidro.


  - Este é seu sangue puro, sua antiga vida. - Disse Heide. - Agora receba o seu renascimento. 


Ela pegou uma bacia cheia de sangue que estava debaixo do coração do cadáver do Caçador e despejou um pouco no tubo. Ela inseriu a agulha na veia de Adrien e bombeou o sangue do Caçador para dentro.



Heide prendeu as mãos e os pés de Adrien na mesa e se afastou. O sangue do Caçador começou a queimar nas veias de Adrien, fazendo ele se contorcer e gritar de dor. Entre a imensa dor, imagens passaram pela sua cabeça, nelas haviam um homem, escrevendo uma carta e bebendo algo de uma taça, logo depois este mesmo homem em uma carruagem com a mão na cabeça, ele virava o rosto mas estava embaçado, então empurrava alguém para fora. 


A dor parou junto com as visões, os olhos de Adrien estavam brilhando vermelho, seu corpo parou de se contorcer. Heide tirou as fivelas que prendiam seus membros e Adrien se levantou. Suas mãos tremiam e o sangue em suas veias estava visível e brilhando.


  - O que você sentiu? - Perguntou Matthew.


  - Dor, muita dor, mas eu vi imagens, nelas haviam um homem escrevendo uma carta, e depois… ele estava numa carruagem… e ele me empurrava… - Disse Adrien.


  - Entendo, isso deve ser uma pista para descobrimos seu passado. Agora eu quero saber, o que sente de diferente? 


Adrien sentiu que sua visão estava mais detalhada, ele conseguia ver de longe pequenos insetos e larvas que estavam na árvore com máximo detalhamento, além de não parecer está tão escuro. Ele também conseguia escutar o som do vento fora da árvore, das folhas sendo levadas, dos insetos andando. Cheiros que ele nunca havia percebido também vieram até ele. 


  - Meu olfato, minha visão, minha audição… estão melhores... Era para isso acontecer? - Disse Adrien.


  - Sim, tudo ocorreu bem com a transfusão. - Disse Matthew. - Agora devemos ir atrás dos suprimentos roubados.

 

  - Espera… o que aconteceria se falhasse? 


  - Na melhor das hipóteses você ficaria extremamente doente, e na pior… morreria. 


  - Então foram esses os riscos que eu assumi…

  

  - Não é hora de pensar nisso, nós devemos voltar para a vila e te equipar, Heide virá conosco, vamos!


Eles saíram da árvore e voltaram até a vila, dentro da ferraria que havia lá tinham várias armas e um baú. Matthew abriu o baú e tirou uma roupa preta, era um sobretudo com detalhes e placas de couro no ombro esquerdo e nos punhos. Ele puxou a roupa e tirou também uma calça preta e duas caneleiras de couro, e também haviam botas negras de couro. 


  - Vista. - Disse Matthew entregando as roupas. - Vista uma outra camisa e ponha isso por baixo. 


Matthew entregou um colete de prata para Adrien. Ele também pegou uma espada, adagas e cordas. 


  - Tomara que você saiba lutar mesmo. - Disse ele enquanto vestia roupas iguais aquela. 


Matthew colocou um chapéu que era pontudo e curvado para frente, na sua lateral havia uma pena presa. 


  - Você quer levar algo como amuleto de boa sorte? Eu sempre boto esse chapéu para trazer a vitória. - Disse Matthew.


Adrien olhou ao redor e viu uma espécie de tecido cinza brilhante como a neve. Ele pegou e enrolou em seu pescoço. 


  - Esse vai ser meu amuleto. - Disse Adrien.

 

  - Um cachecol? Tudo bem então, vamos andando. - Disse Matthew.


Matthew entregou a espada, adaga e corda para Adrien e os dois saíram dalí em direção aos estábulos. 


  - Você sabe montar em um cavalo? - Perguntou Matthew.

  

  - Eu não me lembro se sim, mas não deve ser difícil. - Disse Adrien. 


Matthew botou celas em dois cavalos e montou em um, Adrien também o fez com facilidade. Eles cavalgaram até a entrada e Matthew chamou um dos homens que estavam na torre. Eles então suspenderam o portão e os dois saíram. 


  - Me siga, o caminho pode ser bem difícil pela frente. - Disse Matthew.


Os dois saíram em direção a floresta, arriscando suas vidas nos perigos da noite, que demorava a passar.


                                      ………….


A noite estava agitada na capital, burgueses indo a festas enquanto os pobres ainda trabalhavam. A iluminação bela do lugar exaltava o luxo da vida daqueles que tinham poder. Longe dali, atravessando as paredes do luxoso e bem protegido castelo, um homem usando roupas nobres caminhava pelos corredores iluminados. Ele abriu uma enorme porta e chegou em um salão enorme com vários móveis dourados e pinturas. No fim do salão um trono de ouro, com um homem alto com longos cabelos negros e usando uma túnica vermelha com detalhes feitos de pele de lobo sentado. Era Julius, o rei de Astera. Ele andou até ele e se curvou. 


  - Meu rei. - Disse o homem 


  - Fale o que deseja. - Disse Julius. 


  - Draco foi investigar a floresta, ele achou algo, interessante…

  

  - Seja direto. 


  - Ele encontrou suprimentos, que, disse ele, ele recuperou de uma carruagem na floresta. 


  - Ele identificou quem estava na carruagem.

  

  - Ele não me especificou, vossa alteza.

  

  - Diga-o que ele não deve se preocupar com meros ladrões...

 

  - E se for um caçador?


Julius parou por um momento.


  - Por que acha isso? - Ele disse.


  - Pois sabemos bem que mesmo na pobreza os cidadãos da capital são felizes. Só alguém de fora poderia ter feito isso. - Disse o homem.


  - Humpf… Interessante… Diga-o para preparar uma emboscada, se foi mesmo um deles que roubou, provavelmente voltará para recuperá-los.


  - Entendido. 


  - E convoque o resto dos súditos para um banquete.

 

  - Assim tão subitamente?


  - E por que não? Devemos celebrar a prosperidade desse reino… e as grandes conquistas que virão…


  - Certo, vossa alteza.


O homem saiu pela porta. Julius olhou pelas exorbitantes janelas do salão. A lua cheia pairava sobre as pequenas luzes da gigantesca capital. Ele soltou um sorriso sombrio do canto do seu rosto.


  - Essa noite está cheia de surpresas… 



Será que Adrien e Matthew encontrariam com o seu destino na floresta? 



Continua…




  



Notas Finais


Espero que tenham gostado


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