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História Hurricane - How it ended


Escrita por: plstommy

Notas do Autor


Pra fechar com chave de ouro, é claro que eu tinha que não consegui acordar as 4:16 da manhã pra postar no minuto do aniversário iayfsgkjlasgkasjhs
Mas depois de exatamente dois anos de enrolação e mais de cento e setenta mil palavras, finalmente Hurricane chegou ao fim.
Eu sei que minhas notas geralmente são textos bíblicos, e por ser o último capítulo vocês já devem imaginar que esse vai ter o texto bíblico mãe, então vou deixando meu ♥obrigada por tudo♥ resumido aqui em cima
De qualquer forma, boa leitura! Espero não ter cagado as coisas ♡♡♡♡

Capítulo 50 - How it ended


 Mia

Mais uma entrevista numa das maiores rádios de Nova York. Apesar de já estar nesse meio há anos, ainda não havia me cansado da rotina — mesmo que às vezes ela incluísse responder as mesmas perguntas milhares de vezes por semana. Mas, de qualquer forma, participações em programas de rádio e TV foram as opções mais viáveis que a editora achou para promover meu novo livro; pelo menos por enquanto.

— Mia, você está ouvindo? — a radialista perguntou mais uma vez, e só então me voltei pra ela. Mesmo com vinte e quatro anos eu ainda tinha a concentração de uma criança de oito, e sempre acabava focando nos painéis coloridos e indo pra outro universo ao invés de prestar atenção no que realmente deveria.

— Me desculpe, estou um pouco aérea hoje — sorri envergonhada, fazendo o resto da equipe rir.

— Sem problemas, sem problemas! — ela respondeu, correndo os olhos mais uma vez para o exemplar do meu livro que segurava — Bem, mas como íamos dizendo, seu livro está sendo um sucesso! Você pode nos falar mais sobre ele? É uma continuação da história que você lançou verão passado ou segue outro rumo completamente diferente?

— Não, na verdade esse daqui não tem muito a ver com o outro. Quero dizer, ele também é um livro infanto-juvenil, mas não tem os mesmos personagens ou cenários… quem gostou do outro provavelmente também gostará desse, mas é sim bem diferente. Posso dizer que um pouco mais bobo que o outro, até.

— Ah, bobo não! Muitos jovens e até mesmo adultos se identificam com ele, está fazendo um sucesso imenso!

— Sim, eu não quis dizer bobo de um jeito ruim! — apressei em me retratar, rindo; já imaginava os tabloides trabalhando com manchetes do tipo “Mia Ferreira admite que seus livros são péssimos”,então devia me explicar — É que, depois de ter largado a universidade, eu a escrevi sem nenhuma pretensão de sucesso, então não esperava isso tudo… Mas acho que é exatamente por isso que as pessoas se identificam, justamente porque mesmo sendo uma história de fantasia, não tem muita complexidade. Não é nada que vá inovar a literatura, mas é um bom passatempo.

— Ah sim, perfeito! — ela concordou aliviada, me olhando curiosa em seguida — Você é tão humilde, isso não é tão comum vindo de artistas tão jovens e bem sucedidos. — elogiou, me fazendo agradecer e sorrir ainda mais — Quero dizer, a 99 Reckless ainda é muito famosa mesmo inativa, e você com apenas vinte e quatro anos já está na lista dos mais vendidos do New York Times pela segunda vez! — comentou abismada e eu ri — Isso é realmente incrível!

— Obrigada! Foi bom você citar a 99 Reckless, porque eu não teria feito nada disso sem as meninas. Elas me apoiam muito.

— A amizade de vocês é linda, de verdade. Deve ser bem estranho pra você divulgar um trabalho solo, não é?

— Sim, eu me sinto tão sozinha! — coloquei a mão sobre o peito sofridamente, fazendo-a rir — Até que agora, depois das promoções do primeiro livro, eu estou um pouco mais acostumada, mas no começo foi terrível! Elas fazem muito barulho o tempo todo, então tudo sempre parecia silencioso demais. Sinto falta das palhaçadas delas durante a turnê…

— E por falar em turnê, pra quando fica o retorno da banda?

— Aí você me pegou! — eu ri, girando a já velha pulseira de miçangas coloridas ao redor do meu pulso; nós cinco estávamos focadas em curtir nossos projetos pessoais, por isso ainda nem havíamos pensado no retorno — Ainda não conversamos sobre isso. Eu estou trabalhando com os livros, Charli está cuidando do seu bebê, Lily tem sua marca em L.A e Emily e Hanna estão descansando… É complicado.

— Entendo, entendo. Uma pena para os fãs que sentem saudades da 99, mas independente disso, desejamos sucesso pra você sempre! — ela sorriu segurando uma de minhas mãos carinhosamente e eu sorri de volta. — Bem pessoal, essa foi Mia Ferreira! Muito obrigado Mia, espero poder te ver em breve. 

— O prazer foi todo meu! Quem sabe não volto com as meninas na próxima vez? — brinquei e ela riu, logo encerrando de vez a entrevista. Não demorou muito e chamou o novo single da Rhianna, me dispensando de vez.

 

 

 

— Norman como o Norman Bates? — perguntei à última garotinha da fila de autógrafos, que assentiu freneticamente com os olhos grandes e cheios de vida; eu inspirei esclarecida e então fiz uma dedicatória bem caprichada na primeira página de seu exemplar — Prontinho, aqui está!

— Obrigada, Mia! Eu te amo!

— Ah, não diga uma coisa dessas! — eu ri, bestificada com o quanto as fãs eram fofas; nunca me acostumaria — Eu que agradeço a você. Tenha uma boa leitura, espero que goste!

Ela concordou e saiu dali saltitando, indo encontrar com as amigas que a esperavam em outra seção da livraria. Assim que o recinto se esvaziou, deixando só o pessoal da equipe, vi Colin vindo até à mesa onde eu massageava minha mão. Eu estava aliviada e triste com o fim do evento.

— Como você ainda consegue ser simpática mesmo depois de ter dado uns quatrocentos autógrafos? — ele riu, parando o que eu estava fazendo para segurar minha mão direita e estalando alguns ossos.

Que alívio.

— Você sabe, é só mais um autógrafo pra mim, mas é o único dela. Não custa nada fingir que esse calo no meu dedo médio não existe. — dei de ombros, mostrando-o dedo jocosamente.

— Há Há. Uma autora de ouro, de fato. — soou impressionado, largando minha mão para pegar sua mochila, que estava encostada em algum lugar — Vamos pra casa agora?

— Por favor! — pedi e fui atrás das minhas coisas também, me despedindo de todos e agradecendo pelo dia de trabalho.  

Vesti um moletom com capuz e acompanhei Colin até sua pré-histórica caminhonete, me desfazendo da roupa quente assim que fechamos a porta. Procurei meu celular quando ele deu partida, e logo que desbloqueei a tela vi uma mensagem nova de Charli. O conteúdo era uma foto de Joey — o bebê mais fofo do mundo — sorrindo horrores vestido com um macacão do Scooby Doo.

“Joe-Doo passando por suas mensagens. Se você não mexer esse traseiro e vier visitar seu sobrinho hoje, vai ficar amaldiçoada pra sempre”

Sorri automaticamente ao ver aquela carinha gorducha e banguela, nem cogitando a possibilidade de dizer não. A legenda me fez rir mais ainda, até porque aquela maldição fodida era a cara da Charlotte.

— Col, você pode me deixar na Charli? — perguntei, bloqueando o celular depois de avisar que estava indo — Não vou pra casa agora, descobri que preciso visitar o Joey se não quiser ser amaldiçoada pra sempre.

— Ser amaldiçoada me parece uma ótima opção. — ele deu de ombros, rindo em seguida — Claro que deixo, sem problemas.

O agradeci com um beijo na bochecha enquanto ligava o rádio, e ele fez um retorno para me deixar na Charli.

Às vezes o destino faz coisas engraçadas com nossas vidas, e uma delas foi ter colocado Colin de volta no meu caminho depois de três anos sem saber dele. Só descobri que ele estava de volta a Nova York quando o chefe da editora que ia publicar meu primeiro livro me apresentou a equipe: e lá estava um rosto familiar entre os demais. Desde então retomamos contato e começamos a trabalhar juntos — tanto nos meus livros quanto na livraria da família dele, na qual eu me tornei sócia — e nossa amizade reascendeu ali. Mesmo não morando mais no mesmo prédio que eu, ficamos cada vez mais próximos nos últimos dois anos. Ele já era praticamente da família, e eu sentia que podia contar com ele pra tudo. 

— Chegamos — estacionou em frente ao enorme prédio, despertando-me dos meus devaneios com um estalar de dedos — Incrível como você não perde essa mania nunca.

— Não enche — eu ri, pegando minha bolsa e casaco e saltando pra fora — Valeu pela carona, Col. Já tá escurecendo, então vai direto pra casa! — impliquei, vendo-o rolar os olhos e dar partida. Acenei com um braço e depois entrei no prédio.

Eram cerca de cinco da tarde e o clima começava a esfriar lá fora, mas toda a sensação gelada foi bloqueada quando adentrei a recepção do prédio dos Foltz — sim, Foltz, porque Charli insistiu tanto em seu sobrenome que acabou invertendo os papéis com Mason. O porteiro já me conhecia como uma das tias do pequeno Joseph, então foi fácil subir. No andar certo, procurei o apartamento n° 102 e apertei a campainha, sendo surpreendentemente atendida por uma Hanna feliz.

— AH! — ela gritou quando me viu, assustando até o último nervo do meu sistema — MIA!

— Jesus, que susto! — ri enquanto era esmagada por ela — Eu estava com tantas saudades!

— Eu também! Você veio rápido, achei que já fosse o Mason chegando do trabalho.

— E por que ele não teria a chave da própria casa? — questionei, mas ela só deu de ombros.

— Não sei.

Doidinha.

O apartamento de Charli era tão luxuoso e grande quanto o próprio prédio, mas ela havia dado um jeito de deixá-lo mais a sua cara com pôsteres de bandas antigas e outros acessórios hipsters. Entretanto, naquele momento a sala de estar se encontrava uma bagunça de brinquedos e roupas para todos os lados. Quando uma camisa social branca que estava perto do corredor começou a se mover em nossa direção, eu quase achei que ela tinha ficado ali por tanto tempo que acabou criando vida, provando a teoria da geração espontânea. Mas, assim que duas mãozinhas gorduchas saíram das laterais, comecei a rir e corri até Joey. Tirei a camisa de cima da criança e ele também riu, achando aquilo super divertido.

— Ah, meu bebê! Que mãe desnaturada você tem, deixando você se embrenhar nessa bagunça por aí! — o peguei no colo enquanto ele ria, indo logo com as mãozinhas para as minhas orelhas afim de brincar com meus brincos de argolinha; ele tinha acabado de aprender a puxar tudo que não devia — Ai! Não pode puxar o brinco da tia, Joey-Doo.

— Ele tá te agredindo porque você falou mal de mim. — Charli saiu de um dos quartos vestindo uma camiseta surrada do Guns n’ Roses, pegando tudo que encontrava pela frente e enfiando num cesto de plástico enorme. Parou a alguns centímetros de mim e roubou a atenção de Joey, apertando-lhe o narizinho. — Meu bebê sabe defender a mãe dele.

Eu revirei os olhos e Hanna riu, enquanto Joey apenas resmungava nos encarando e tentando entender o que acontecia ali.

Sentei-me ao chão para brincar com ele, e enquanto balançava um chocalho colorido de um lado pro outro, conversa com as meninas. Hanna dizia o quanto estava feliz finalmente fazendo a ioga que tanto desejava, e Charli reclamava a todo momento do trabalho que dava cuidar de uma criança, sem deixar de ressaltar o quanto era bom ao mesmo tempo. Conversamos sobre amigos perdidos, coisas do nosso passado, presente, e do que poderia acontecer no futuro. Tudo estava digno de uma season finale de Malhação, até eu sentir um cheiro desagradável.

— Hanna, acho que Joey acabou de te dar um presente — exclamei estendendo o bebê pra ela, que logo torceu o nariz.

— Na verdade, — pegou o pequeno das minhas mãos, levando-o até Charli — esse é da mamãe. Não é mamãe?

Charli cheirou a fralda de Joe e rolou os olhos.

— Vocês. Não prestam nem pra me ajduar.

Nós rimos e fomos atrás dela e do bebê, aproveitando para vê-la dando banho na criança e se molhando toda, e depois vestindo-o no quarto. Parecíamos dois pintinhos perdidos andando atrás da galinha, mas era engraçado ver a figura de Charli como mãe. Por mais que eu não tivesse muito tempo, também gostava de apreciar tudo que podia com Joe. Até então ele era o mais perto do que eu poderia considerar como um filho, e estar presente em cada estágio da vida dele era tudo pra mim — sobretudo após as últimas notícias que havia recebido do meu médico.

Depois de muito, Charli finalmente conseguiu fazer o pequeno dormir. Mason chegou e pouco depois foi preparar o jantar, enquanto Hanna e eu continuamos a observar Charli colocar algumas coisas do quarto do casal no lugar. Meu cansaço começava a falar mais alto e eu estava quase avisando que ia embora quando o convite veio:

— Mia, por que não fica pra jantar? Hanna vai dormir aqui, e acabei de mandar uma mensagem para Emily e Lily e elas estão livres hoje.

— Lil está na cidade? E Mason não vai se sentir excluído com você e Hanna dando uma festa do pijama no quarto de hóspedes?

— Sim e não. Ele sabe que no fundo eu ainda tenho quinze anos. — Charli respondeu — E Mia, não foge do assunto. Fica, por favor! Mason vai fazer pudim de chocolate.

— Tentador, mas preciso ir pra casa tomar um banho. — disse e Hanna soltou um muxoxo — Estou exausta, de verdade. Além de que nem tenho outra roupa aqui.

— Ah Mila, qual é! Você pode vestir um dos meus vestidos de antes da gravidez. Talvez fique um pouco curto, afinal você é uma girafa, mas nada demais — disse, me jogando uma calça jeans em forma de protesto quando fiz uma careta — Por favooooor!

— Tá, tá, tudo bem! — concordei, sendo vencida pelo cansaço — Emily vai trazer Izzie também? Estou com saudades dela.

— Acho que sim, você sabe como as duas não se desgrudam mais. — Hanna riu, com certeza se lembrando dos momentos do casal — Quem diria que elas ficariam juntas por causa daquela briga…

— Quem diria é que elas continuariam juntas depois de cinco anos. — Charli comentou, sendo reprovada por Hanna através do olhar — Que foi? Primeiro você terminou com o Mike, depois a Mia com o Luke. Não achei que nenhum outro relacionamento entre nossos amigos fosse durar.

Sabia que Charli havia dito aquilo despretensiosamente, mas não podia negar que a menção a um passado onde eu e Luke estivemos juntos era dolorosa. Pelo silêncio que fizemos no quarto depois dela ter dito aquilo, pude ter certeza que o que eu senti ficou escrito na minha testa. Respirei fundo e as encarei.

— Gente, tá tudo bem, o nome do Luke não é um tabu. Já faz cinco anos, e eu ainda sou amiga dele e dos meninos, vocês sabem. Não é como se eu o evitasse.

— Se com “amiga dele e dos meninos” você quer dizer “amiga do Michael e do Ash”, realmente. — Hanna implicou e eu revirei os olhos — Mia, você não precisa fingir que não se incomoda em falar dele, é normal se incomodar.

— Eu realmente não me incomodo. — dei de ombros — É só que… É complicado. O que eu sinto é complicado.

Charli guardou mais algumas roupas em seu closet, e permanecemos em silêncio. Depois de terminar ela fechou a porta, cansada, e se jogou na cama conosco. Pegou seu celular e o desbloqueou aleatoriamente.

— Vocês sabiam que os meninos também estão na cidade? — ela perguntou como quem não quer nada.

— Não. — Hanna respondeu primeiro — Você sabia, Mia?

— Sim, Mike me disse — falei, sentindo meu estômago revirar; Hanna e Charli me encararam inquisidoramente, como se soubessem que eu tinha algo a esconder, até que por fim resolvi soltar: — Droga. Não sei por que, mas eu estava esperando que Luke aparecesse na sessão de autógrafos hoje. Li na internet que ele terminou com a namorada, então achei que talvez… Merda. Realmente não sei por que criei essas falsas esperanças, sou uma idiota.

Mesmo do tamanho de um amendoim, meu coração fazia um ótimo trabalho batendo como louco dentro de mim naquele momento. Recebi de peito aberto o olhar de pena de Hanna, porque era exatamente aquilo que eu também estava sentindo de mim mesma no momento. Nunca devia ter deixado Luke ir naquela noite, nem devia ter achado que ele voltaria. Merecia mesmo isso por ser tão estúpida.

— Pra ser sincera, eu nunca entendi o término de vocês. Foi tão do nada, vocês sempre foram loucos um pelo outro e sem mais nem menos, puff…! — Charli franziu as sobrancelhas, logo erguendo a mão quando abri a boca e ameacei contestar — Não precisa tentar explicar, você é louca! Só queria desabafar isso, fiquei entalada por cinco anos.

— Sou obrigada a concordar com a Charli. Mas, não sei, talvez justamente por se amarem demais esperei que vocês voltassem alguns meses depois. Nunca pensei que demoraria tanto. 

— Sabe, Mia — Charli começou, lentamente deixando de me encarar nos olhos — Ele não foi até sua sessão de autógrafos, mas talvez apareça aqui essa noite.

Hanna e eu franzimos a sobrancelha numa sincronia digna de medalha olímpica, enquanto Charli se afundou mais e mais no colchão.

— Charli, o que você quer dizer com isso? Você…

— …Chamou os meninos pra jantar aqui também? — ela mesma completou com um sorriso sem graça — Talvez…

— Charli! — Hanna repreendeu, rapidamente se virando pra mim — Mia, você vai ficar mesmo assim, não é?

— Sim, não se preocupa — assenti com a mente um pouco enevoada — Como disse, ainda sou amiga dos meninos. Talvez seja uma boa hora pra voltar a falar com Calum.

— Isso aí — Charli concordou, se levantando preguiçosamente da cama — Então agora as porquinhas poderiam por favor ir tomar banho, porque daqui a pouco nossos amigos chegam — mandou, procurando uma toalha e roupas íntimas novas dentro de sua gaveta; parece que o espírito de mãe estava realmente tomando conta dela — Mia vai primeiro por que é a mais fedida.

Eu a xinguei enquanto pegava as coisas que ela me estendia, e então fui para o banheiro de visitas. Tomei um banho bem relaxante, deixando que a água quente levasse embora boa parte do estresse do dia, além das impurezas. Charli havia separado um vestido preto pra mim que eu não me lembrava de tê-la visto usando, e que ficou um pouco mais apertado do que deveria ser. Eu havia emagrecido muito nos últimos anos, então aquele vestido devia ser realmente minúsculo. Todavia, estava bom até demais pra uma roupa emprestada. Sai do banheiro e ajeitei meu cabelo, recusando todas as ofertas de Hanna de ser maquiada por ela. Era só um jantar entre amigos, afinal. Eu estava cansada e não havia pra que tanta produção.

— Sabe, o jeito como você consegue ficar bonita até com a roupa de outra pessoa é patético. — Charli me olhou com uma careta, tombando a cabeça pra um lado — Você deveria ficar com esse vestido pra sempre.

— Obrigada, eu acho. Ele vai ficar lindo com minhas botas.

— Não, pelo amor de Deus! — Lily surgiu na porta do quarto, quase me matando do coração pela segunda vez no dia; eu e as meninas nos entreolhamos, assustadas, e ela riu — Mason disse que vocês estavam aqui — respondeu nossa pergunta silenciosa de como ela havia brotado ali — E alguém arranja um salto pra essa menina!

— Meu número é maior que o da Charli, e não to afim de ter calos nos pés também. — avisei, já terminando de calçar as botas; Lily só fez balançar a cabeça em negação, se sentindo, agora que era dona de sua própria marca de roupas e acessórios, num direito ainda maior de abominar nosso estilo — Desculpa.

Finalmente prontas, deixamos o quarto antes que ele ficasse cheio demais e fomos pra sala. Emily chegou um pouco depois de Lily, trazendo Izzie consigo, e o apartamento começou a ficar agitado. As duas ficavam de mãos dadas praticamente o tempo todo, e apesar de serem muito fofas, não escapavam na nossa implicância. Quando contaram que finalmente estavam morando juntas, nós quase demos um troço.

No fim Lily e eu nos juntamos para ajudar Mason com os preparativos finais — que consistiam em tirar as pizzas que ele havia feito do forno e arrumar a mesa — e mesmo da cozinha nos divertimos muito. Joey acabou acordando assim que terminamos, e antes de começarmos, fui pegar o menino que chorava sem parar em seu quartinho.

— Ei, brilho do sol — o peguei com os bracinhos estendidos e um beicinho manhoso, levando-o pra fora do berço — Acordou na hora certa. Que maravilha, não? Brincar o dia inteiro, dormir e depois acordar na hora do rango…

Ele sorriu pra mim por alguma razão, e ganhou um beijinhos na bochecha gorducha. Com Joe no colo, fui para a sala onde todos se encontravam. O coro de vozes esganiçadas em razão da fofura do bebê foi tão alto, que quase não ouvimos a campainha.

Felizmente, as atenções ficaram dividas entre a criança no meu colo e a porta. E, é claro, também entre a minha pessoa. Charli, Hanna e eu sabíamos que eram os meninos, e por isso elas me olharam e perguntaram se eu queria passar o Joey pra elas, por alguma razão. Neguei e o apertei mais contra mim, aproveitando para ser a adulta que era e usá-lo como proteção para meus sentimentos.

Michael foi o primeiro a entrar, fervoroso como sempre. Há uns dois anos ele havia dado uma pausa no lance de pintar o cabelo, por isso estava completamente loiro. Ele e Ashton eram os que haviam mantido o laço conosco mais fortemente, ainda mais considerando que Clifford virou uma espécie de melhor amigo do Mason depois do casamento, devido a interesses mútuos por videogames. Ashton veio em seguida, cumprimentando todos nós. Ganhei um beijo na bochecha e algumas palavras alegres dos dois, e depois vi Calum entrar. Não nos falávamos há muito tempo, e ele estava visivelmente sem jeito perto de mim. Sorri largo, transmitindo a saudade e alegria que eu estava sentindo por vê-lo de novo, e ele logo foi se abrindo.

O abracei de lado, por conta de Joey, e ele sorriu fazendo graça pro pequeno. Só quando ele foi cumprimentar Emily, vi que a porta já estava fechada e mias ninguém havia entrado com ele.

— Luke não vem? — Charli quis saber, me olhando relance. Todos também tentaram olhar discretamente pra mim assim que foram se lembrando do motivo praquele desconforto, e eu me esforcei para não demonstrar que estava murchando por dentro.

— Ele, bem, ele teve um problema e… — Ashton começou, se enrolando um pouco.

— Não, ele não vem — Calum concluiu.

Hanna me encarou com o mesmo olhar penoso de mais cedo, e eu forcei um sorriso.

— Ele não deixou de vir por causa da Mia, não é? — Lily perguntou, levando um tapa de Emily — Ai! O que foi? Todo mundo queria saber isso mesmo.

— Não, não, definitivamente não foi por isso — Michael se apressou em dizer.

— Então vamos jantar? — Mason encerrou o assunto e todos concordaram. O agradeci com um sorriso e seguimos até a cozinha, onde deliciosas pizzas de calabresa e queijo nos esperavam.

Charli colocou Joe numa daquelas cadeirinhas de alimentação para que ele participasse do jantar com seus resmungos monossilábicos, e eu me sentei entre Mike e Izzie. Conforme todos foram se servindo o cheiro da pizza ficava cada vez mais forte, e meu estômago implorava por uma fatia. Como eu não tinha parado desde que acordei, mal tive tempo de sentir fome. Mas agora, diante de uma maravilha daquelas, estava quase louca.

— Pelo amor de Deus, alguém da um pedaço de pizza pra essa menina antes que ela ataque um de nós — Michael pediu quando viu que eu acabaria sendo a última a conseguir comer, e Ashton rapidamente me serviu — Você estava salivando. Que nojo.

Eu mal esperei o prato tocar a mesa e mordi um pedaço, agradecendo mentalmente a Charli por ter se casado com um homem tão bom na cozinha.

— Desculpa — pedi de boca cheia, deslizando aos poucos pela cadeira devido tanta felicidade — Hoje o dia foi cheio e comi no máximo uns biscoitos. Essa pizza era tudo que eu precisava agora.

— Então deve ser por isso que você tá parecendo uma franguinha — Izzie implicou, cutucando meu braço — Isso tá puro osso.

Estava ocupada demais comendo, então limitei minha resposta a um abano de mão desconexo. Joey riu e bateu palmas, inquieto na cadeira, mastigando com seus cotoquinhos de dente alguma coisa da sopa que Mason ocasionalmente levava a sua boca.

— Eu acho que ele também quer — Ashton se referiu ao pequeno, indo com um pedacinho de massa em direção a boca de Joey, que esperava ansiosamente — Charli, eu posso…?

— Não! — a loira interrompeu desferindo um tapa sobre a mão de Ash, como se aquela lasquinha de pizza botasse a existência do seu filho em perigo — Isso tá super gorduroso, não pode dar pro bebê.

Ashton assentiu assustado, massageando a mão atingida com certo receio. Joe fechou a cara num bico emburrado.

— Jesus, garota! A maternidade te pegou de jeito — disse Lily com uma expressão engraçada, fazendo todos rirem; Charli apenas rolou os olhos.

— Isso não é nada — Mason arriscou sua vida para comentar — Vocês têm que ver como ela fica quando eu jogo ele pro alto. Já tive a vida ameaçada várias vezes, e isso porque Joey se diverte. Não é garotão?

— Deus tenha piedade dessa criança — Calum resmungou baixinho, só sendo ouvido por mim, que apenas observava tudo enquanto ia pra segunda fatia de pizza.

Meu silêncio não durou muito, já que comecei a tagarelar assim que me dei por satisfeita. Por mais que eu gostasse de observar meus amigos juntos daquele jeito, participar era ainda melhor. Dentre muitas risadas e histórias, acabamos indo parar num ponto obrigatório de qualquer conversa depois que se torna adulto: relembrar os velhos tempos. Como o pudim de chocolate foi uma mentira sem vergonha e descarada de Charli para nos atrair até aqui, fomos para a sala depois algumas taças de vinho — rindo e falando mais alto do que nunca.

— Um momento que eu nunca esquecerei é de Mia dizendo que pegaria qualquer um de nós, sem saber que escutávamos tudo atrás dela — Mike fez questão de trazer à tona, me fazendo rir escorada na cadeira.

— Isso foi na noite em que nós conhecemos, não foi? — Cal perguntou, rindo com os olhos fechados.

— Foi sim. E vocês nem pra me avisarem! — descontei minha raiva em Hanna, que a minha frente foi atingida por uma almofada; havíamos amadurecido muito, como se pode notar — Também foi nesse dia que vocês foram embora da boate sem mim e Charli fez o favor de desligar o telefone da minha cara! — completei, vendo a própria segurar Joey na frente do rosto como forma de proteção.

Golpe baixo.

— Incrível como a Mia sempre acaba nessas situações. Vocês se lembram do London Eye? — Emily comentou já entre risos.

— Nem fala!

— O que foi aquele vídeo? Ela claramente estava se borrando! — Ash gargalhou, me levando consigo.

— Esse vídeo só não é melhor que vocês dançando Justin Bieber naquele karaokê. — Hanna lembrou, fazendo as risadas dos meninos cessarem na hora.

— Baby, baby, baby, ooh! Baby baby, baby, no! — Charli começou a cantarolar por implicância, me fazendo explodir numa risada besta.

— Nem teve tanta graça — Ash deu de ombros incomodado, passando a olhar ao redor da sala em busca de uma mudança de assunto — Mia, você tem notícias da Bethany?

Ah, Bethany. Como eu sentia falta dela. Havia um abismo de diferença entre ela e a nova vizinha, e infelizmente era pra pior.

— A última vez que ela entrou em contato comigo, disse que estava em Melbourne. Não sei porque, vocês sabem como ela é, acabou não dizendo nada com nada — sorri — Mas isso já tem meses, então não sei por onde ela anda.

— Ainda tem uma queda pela doidinha, Ash? — Lily zombou, fazendo-o ficar sem graça.

— Ela não é doidinha, só vive um pouco nas nuvens — defendeu, fazendo Calum e Mike rir — E eu perguntei apenas por perguntar.

— Sabe, eu sinto saudades de todos juntos. Até mesmo de Beth, que conviveu pouco tempo com a gente. — Hanna comentou nostálgica.

— Eu também sinto. Se ela e o Luke estivessem aqui, seria uma verdadeira reunião da turma. — Emily completou.

Não concordei, mas apesar de tudo também queria que os dois estivessem ali. Talvez só nos cumprimentássemos rapidamente como da última vez em que nos vimos, e ficasse por isso mesmo. Izzie cutucou a namorada, como se lembrando-a de que mencionar Luke Hemmings era proibido na minha presença, e eu bufei. Já estava cansada daquilo.

— Izzie, tudo bem. Eu não fico tão mal assim a ponto de vocês não poderem falar do Luke mais. Já superei. — afirmei, mesmo que a parte sobre ter superado não fosse 100% verdade. Mas, de qualquer forma, eu estava vivendo sem ele não estava? Não era como se minha vida fosse destinada a remoer o passado.

— Você tá pegando o Colin, não tá? — Lily pulou do sofá, quase voando em mim procurando uma resposta — Eu sabia! Estava só esperando você falar que tinha superado pra arrancar isso!

— Lily, não! Credo, eu não pegando ele não, eu hein! Só porque eu disse que superei não significa que tô ficando com outra pessoa.

— Então vai dizer que você não pegou ninguém nesses últimos cinco anos? — foi a vez de Charli botar lenha na fogueira. Elas sabiam me encher.

— Peguei, é claro que sim. Mas não estou pegando no momento.

— Então você confessa que já ficou com o Colin no passado?

— Mike, o que? — balancei a cabeça indignada, fazendo Mason e Calum rir — Quer saber? Sim, eu já fiquei com ele, uns dois anos atrás, e foi a única vez. Satisfeitos? Não aconteceu mais nada depois disso.

— Nossa, não precisava de tantos detalhes… — Lily mexeu nos cabelos um tanto saturada, como se não tivesse extorquido aquilo de mim — Pelo menos ele é bonitão.

Eu ri, sem outra alternativa melhor, e um bocejo me interrompeu.

— Eu vou pra casa antes que vocês me estressem mais. — avisei, me levantando do sofá.

Charli se levantou junto comigo, com Joe agarrado a sua camisa, e me olhou de sobrancelhas franzidas.

— Ah Mia, não vai agora. Ainda é cedo.

— Não pra quem acordou às seis da manhã. — rebati, olhando as horas no visor do meu celular e vendo que já passava das onze — Eu estou realmente exausta, Char.

— Tem certeza de que não quer ficar por aqui hoje?

— Tenho. Até queria, mas não posso. Se ficar sei que não consigo acordar antes de meio-dia. — disse e ela foi obrigada a concordar — De qualquer forma, talvez eu volte aqui no final de semana. Posso passar a tarde com o Joey.

— Eu adoraria te ter como babá! Preciso mesmo de um tempo pra mim… — me entregou a criança rapidamente, que provavelmente não dormiria tão cedo com todo aquele frenesi na sala — Segura ele um pouquinho, vou no quarto buscar sua bolsa.

— Obrigada. — agradeci, começando a brincar com o garoto. Eu amava como ele ria de qualquer coisinha, até mesmo de um sopro sobre seu narizinho. Podia ficar horas admirando cada pedacinho dele, não me cansaria nunca. Realmente amava aquela criança. Amava o suficiente pra usar mais diminutivos do que deveria.

— Aqui está. — Charli me entregou a bolsa e meu moletom, esticando os braços pra Joey novamente — Vem aqui, Joey-Doo.

— Bem, isso é um adeus, por agora. — me dirigi a todos os presentes da sala, acenando dramaticamente — Foi bom ver vocês, amigos.

— Você não está pretendendo pular da Ponte do Brooklyn, está?

— Não, engraçadinha — dei outra almofadada em Hanna, que soltou um grunhido — Mas, considerando que hoje é uma terça-feira e são quase meia-noite, talvez eu nem mesmo chegue em casa. Então, melhor me despedir.

— Ah, Mia, nem pensei nisso. Quer uma carona até em casa? — Charli perguntou preocupada, mas logo neguei.

— Não precisa, eu vou de metrô. Tem uma estação aqui perto, e felizmente o caminho depois da outra estação até minha casa é seguro.

— Eu vou com você até a estação. A que é perto daqui. — Mike se ofereceu, e antes que eu negasse já havia vestido sua jaqueta novamente — Me deixa fazer isso, Camomila. Se você for esquartejada e jogada numa vala, preciso saber que ao menos tentei.

— Isso que é Amizade — Cal debochou rindo.

— Tudo bem então, mas vamos logo. — empurrei Mike em direção a porta, acenando coletivamente para o resto de nossos amigos e fazendo um Hi-Five com Ashton, que estava ao meu alcance — Foi bom ver vocês!

Eles concordaram e acenaram pra mim, Emily me jogando um beijo no ar e Izzie uma piscadinha.

— Adeus, Mia!

Michael e eu pegamos o elevador e rapidamente chegamos ao térreo, passando pelo porteiro que quase cochilava em seu posto de trabalho. Vesti meu moletom por conta do frio,  deixando de fazer um atentado à moda para matá-la para todo o sempre. Seguimos pela esquerda e logo começamos a conversar.

— Então… Como está Sidney? — perguntei, arrancando uma risadinha dele.

— Ensolarada. Como está Nova York?

— Hm, um pouco nublada como pode ver — apontei para o céu acima de nós e ele começou a rir — Não sei como vocês ainda tiveram a coragem de aceitar vir pra cá depois de tantos meses na estrada. Eu ia querer voar pra minha casa e não sair por um bom tempo.

— E eu queria, um pouco. — ele fez uma careta, talvez pensando em sua casa — Mas temos alguns assuntos pra resolver aqui, então é melhor fazer tudo de uma vez.

— Uau, uma atitude responsável — fingi surpresa e ele me imitou com voz fina, irritado;

Eu ri ele passou o braço pelos meus ombros.

— E aí Sra. Responsável, como vai seu livro?

— Vai bem. Tá fazendo mais sucesso do que deveria, então tenho que me segurar pra não acordar todos os dias, olhar no espelho e dizer “cara, você é a nova J.K Rowling” — brinquei, obviamente exagerando — Quando você vai ler, uh? Te mandei um exemplar de presente há um mês atrás.

— Quando adaptarem pra uma série, desenho ou anime, quem sabe eu dê uma chance… — deu de ombros e eu me soltei do sei abraço, rindo. Nós andamos mais um pouco, e finalmente avistamos a estação. Se eu não me enganava o próximo trem pra Lower East Side passava em uns quinze minutos, então ainda teríamos tempo pra conversar. — Luke estava lendo seu livro outro dia.

O encarei, sorrindo um pouco surpresa.

— Sério? Não consigo imaginar ele lendo aquilo. Nenhum de vocês, na verdade, só falei pra implicar.

— Eu também não imagino, ele com certeza leu só porque é seu — foi sincero; eu não disse nada, e com mais alguns passos chegamos a estação. Estava praticamente vazia — Qual é a de vocês? Já se passaram cinco anos, Mia! Vão ficar nisso até quando?

— Mike, esquece. Eu ainda tinha esperanças, mas depois de hoje… Não vamos voltar. É melhor deixar isso pra lá.

— Eu não entendo vocês, sério. Claramente ainda há amor aí.

— Mike, qual é cara… Ele até já namorou outras garotas depois de mim.

— É, e terminou com elas porque nenhuma fez ele te esquecer! — respondeu um pouco exaltado; Clifford ficou de frente pra mim e segurou meus ombros, me chacoalhando de um jeito engraçado — Miaaaa! Acorda, Mia! — continuou me balançando, acabando por arrancar uma risada minha, logo num momento tão sério como aquele — Por que você não vai atrás dele?

— Eu não posso, Mike. Não posso fazer isso com ele.

— Por que não? Seria um favor pra ele! Pra ele, pra você e pra toda humanidade! Não vê que vocês dois juntos é o que falta para restaurar o equilíbrio do universo?

— Porque eu quis terminar, e não posso simplesmente querer que ele volte quando me der na telha — respirei fundo — Nós conversamos no dia seguinte ao casamento, quando ele foi buscar as coisas lá em casa. Fizemos nossos próprios termos, Mike, então não é tão simples assim. Eu quis que ele fosse livre pra escolher ficar com alguém diferente, ou então voltar pra mim depois de tentar.

— Bem, mas ele já tentou e…

— E não voltou. — o interrompi, completando sua frase. — Esquece isso, Mike. Vou ficar bem.

Eu sorri, afim de assegura-lo, e ele apenas rolou os olhos e me abraçou. Um minuto depois escutamos o barulho do trem, dei um último abraço em Mike e embarquei.

Por sorte, consegui me manter acordada durante o caminho. Infelizmente, as custas das coisas que Michael havia me dito, que não saíam da minha cabeça. Não podia negar que já havia pensado em ir atrás de Luke milhares de vezes, mas o que poderia fazer? Atravessar um oceano pra chegar até e encontra-lo feliz sem mim? Não teria coragem de confessar que sentia saudades e possivelmente bagunçar seus sentimentos, e acabaria como uma Rosie Dunne da vida, voltando pro meu país com o rabinho entre as pernas e o coração dividido em centenas de pedacinhos diferentes.

Mal acreditei quando finalmente cheguei em casa. A primeira coisa que fiz foi tirar as botas que usava, sentindo um alívio imenso. Não queria ficar no silêncio naquela noite, então liguei o rádio num volume suficiente para que a música se estendesse até a cozinha — onde fui pegar uma cerveja —, mas que não extrapolasse as regras do prédio.

Me deitei no sofá do jeito mais confortável que consegui, como se meu corpo não ficasse naquela posição há milênios. Tomei alguns goles de cerveja assim mesmo, ciente de que corria o risco de morrer engasgada, mas com preguiça demais para me sentar. Sequer havia trocado de roupa, ficando com o vestido de Charli mesmo. Ali, pouco depois, dormi sem nem perceber.

Acordei com fortes batidas na porta, um tanto atordoada e com cerveja espalhada pelo chão.

— Que merda — murmurei em direção a bagunça, me repreendendo por ser tão burra — Já vou! — gritei, soando mais alto que a música desconhecida que tocava e criando forças para me levantar.

Andei até a porta prendendo o cabelo, já imaginando quem estaria batendo ali. Era uma da manhã e meu som estava ligado, então com certeza a vizinha que agora ocupava a casa da Bethany se incomodaria com aquilo (mesmo que ninguém mais o fizesse). 

Quando abri a porta, não deu outra: lá estava Lucy, em todos seus trinta e poucos anos de amargura, com seu roupão cor-de-rosa, me encarando com a expressão semelhante a de alguém que vivia em constante tensão pré-menstrual.

— Pois não? — minha voz estava sonolenta e a preguiça estampada em cada poro.

— Ah, querida, eu só queria saber se você estava em casa ou se tinha saído e deixado o som ligado sem querer — ela tentou ser simpática; falsa — Sabe, nem todo mundo consegui dormir com barulho, então eu agradeceria se você abaixasse um pouco o volume.

— Tudo bem. — respondi irritada, uma vez que o som não incomodava nem ali na porta — Só não sei como você vai fazer com o barulho lá de baixo. Sabe, estamos em Nova York. O trânsito também não vai parar durante a noite só porque algumas pessoas precisam dormir.

Lucy fez uma careta por um instante, mas depois fingiu que interpretou o que eu disse como brincadeira e deu uma risadinha. Eu também ri, da forma mais cínica que pude, e ela se despediu, indo pra sua casa. Fechei a porta e mostrei dedo do meio num acesso de estresse, desejando mais do que nunca que ela se mudasse dali.

— Mulherzinha chata — reclamei, passando pela bagunça de cerveja que havia feito e indo buscar produtos de limpeza na cozinha — “Nem todo mundo consegue dormir com barulho” — remedei — Não vou abaixar droga nenhuma, idiota!

Se fosse qualquer outra pessoa me pedindo aquilo, eu teria feito sem pensar duas vezes. Mas ela era implicante, gostava de me irritar, e isso tudo só porque se achava, por alguma razão, no direito de julgar meu estilo de vida como errado e profano. Eu podia sentir isso no olhar dela toda vez que via, e isso só me fazia querer distância.

Limpei a sujeira do chão ainda irritada, imaginando que a superfície de madeira fosse a cara de Lucy e aproveitando pra esfregar com bastante força. O relógio da cozinha já marcava duas e quinze da manhã, e por causa daquela chata eu não sabia se conseguiria voltar a dormir tão cedo.

Deitei-me mais uma vez no sofá, sem abaixar nem um pouquinho que fosse do volume, e cinco minutos depois a campainha voltou a tocar, seguido de batidas na porta. Cogitei seriamente não atender, pois estava compenetrada curtindo uma dobradinha de The Killers que a rádio tocava. Mas, como as batidas continuaram, me vi rumo a porta mais uma vez. Contudo, ao ver quem era através do olho mágico optei por fingir que não tinha escutado.

Lá estava Lucy mais uma vez, provavelmente ainda disposta a reclamar do meu som. Eu temi que, caso saísse, terminaria a noite na delegacia acusada de homicídio doloso. Voltei para o sofá ignorando-a, e o fiz até as batidas pararem. Sorri feliz quando deduzi que ela tinha desistido, completamente satisfeita por ter ganhado aquela batalha.

Naquela altura da noite já sentia fome outra vez, e dei graças a Deus por só ter compromissos na parte da tarde, assim poderia repor o sono perdido de manhã. Fiz um sanduíche com um pouco de quase tudo que tinha dentro da minha geladeira, e me sentei a mesa da cozinha para comer. Acabei abrindo outra cerveja quando terminei — já que o chão havia bebido a primeira praticamente sozinho — e voltei pra sala destinada a desligar o som e subir para o meu quarto. 

Entretanto, quando meu indicador estava há dois centímetros do botão principal, batidas na porta tornaram a se fazer presente. Aquilo foi a gota d’água pra mim, o momento eu definitivamente decidi falar algumas verdades praquela' mulher, ressaltando o fato dela sempre arrastar móveis no meio da madrugada e eu nunca falar nada. Deixei minha garrafa na mesa de centro e saí bufando a caminho da entrada.

— Escuta aqui minha filha, você já me falou pra abaixar o som, então se eu ainda não abaixei é melhor desistir, uh? — já comecei antes mesmo de abrir a porta, puxando a maçaneta com força e sem nem tomar fôlego — Por que você não va…

Minha boca ficou entreaberta por alguns segundos, e nenhum mísero som conseguiu sair de lá. Toda minha raiva, meu discurso de ódio, exatamente tudo que passava pela minha cabeça sumiu em questão de segundos quando vi Luke a porta. Ele estava finalmente ali, como eu tinha imaginado tantas vezes, com os cabelos meio bagunçados e as íris azuis que sempre me liam de cima embaixo. Parecia mais cansado do que nunca, até mesmo exausto, eu arriscaria. Mas sorriu quando me viu. E enquanto minhas pernas viravam gelatina, eu sorri também.

Luke veio até mim e envolveu minhas costas — que estavam a mostra pelo vestido — com os braços, me puxando para um abraço silencioso. Suas mãos geladas na minha pele quente me fizeram despertar, e eu retribuí o gesto por cima de sua jaqueta. Também não ousei dizer nada enquanto nos mantínhamos naquilo, com medo do interromper o momento com alguma bobagem.

Ele estava mesmo ali, no meio da madrugada. Eram seus olhos, seu cheiro e seu abraço. Quando quebramos o contato eu dei um passo pra trás, completamente idiota, quase rodando em torno de mim mesma.

Foi preciso um minuto de frieza pra evitar o gaguejo na hora de falar.

— Você parece de ressaca.

Luke riu e balançou a cabeça negativamente, talvez como se esperasse que eu dissesse outra coisa.

— Eu achei que seria mais fácil te ver com ajuda de algumas bebidas. — admitiu, dando de ombros — Acabei quase entrando num coma alcoólico e ficando apagado o dia inteiro. Acontece.

— Entendi — assenti, tentando não sorrir com tamanha idiotice — Quer uma cerveja?

— Claro, por que não?

Sorri e então fui até a geladeira buscar outra garrafa, voltando com ela pra sala em questão de instantes. Nós sentamos lado a lado no sofá e bebemos em silêncio, apenas ouvindo atentamente as músicas que o rádio tocava. Me perguntei por um breve momento se Luke estaria mais calmo que eu, mas logo lembrei de quem se tratava e vi uma de suas pernas balançando num ritmo frenético.

— Então — comecei, trazendo sua atenção pra mim — como você está?

— Eu não sei. — disse incerto; estava sendo sincero, apesar de tudo — E você?

— Bem, eu acho. Alguns dias também meio ‘não sei’. Acho que depende.

Luke bebeu mais um gole, e então deixou sua garrafa na mesinha. Se virou pra mim e respirou a maior quantidade de ar que pôde.

— Me desculpe por não ter vindo antes. Antes, no caso, duas semanas depois de terminarmos. Não sei como deixei aquilo virar cinco anos.

— Não fale como se você fosse o culpado — eu ri para tranquiliza-lo.

— Mas eu já deveria ter voltado antes. Só… Só não sabia se nosso acordo ainda tava de pé. Não sabia se você queria que eu voltasse.

— E agora sabe? — quis saber e ele deu de ombros, me fazendo entender tudo — Michael, não foi?

Fofoqueiro de uma figa.

Ele riu e eu também, e imitando-o coloquei minha garrafa de lado.

— Você realmente não namorou ninguém nesse tempo? — quis saber, já mais confortável com a minha presença. Neguei com a cabeça, um braço apoiado no encosto do sofá.

— Mas ainda bem que você sim. Eu não suportava a ideia de você perder a oportunidade de ficar uma garota incrível por aí por minha causa. — gesticulei com as mãos e ele riu.

— Se te tranquiliza, eu literalmente agarrei muitas oportunidades. — falou na cara dura, só arrancando mais risos de mim; quando parei o encarei, vendo seus olhos brilharem — Mas nenhuma foi como você, Mia. Se era uma prova baseada em experiências que você queria, aí está.

Ele me olhou sério, quase me desafiando a exigir mais alguma coisa. Luke sabia que não levaria um fora, estava seguro disso porque Michael com certeza havia lhe contado o que eu havia dito no metrô. E isso lhe fazia ter o mesmo olhar de quando flertava comigo antes de namorarmos, antes de sequer termos transado pela primeira vez.

— Então o que fazemos agora? — arqueei as sobrancelhas, vendo-o se aproximar pouco a pouco de mim.

— Algo que não fazíamos há muito tempo — respondeu, acabando com a distância e me beijando.

Honestamente, qualquer coisa que eu use para tentar descrever tudo que senti naquele momento será em vão. Mas sabe a licença poética pra dizer que cada vez é melhor que a anterior? Definitivamente se aplicaria ali.

— Eu senti tanto a sua falta. — eu ri de nervosismo, passando a mão pelo seu rosto, observando que já não tinha piercing nenhum no seu lábio inferior.  

— Eu também — Luke me puxou pro seu colo, me beijando novamente enquanto me sentava de frente pra ele — E acredite se quiser, mas eu não deixei de amar por um dia sequer. Mesmo querendo, não consegui.

— Eu também — concordei e voltei a beijá-lo — Se eu fizer algo assim de novo, faça até uma apresentação no PowerPoint se for preciso, mas por favor, me mostre o quão ridícula eu estou sendo.

Luke sorriu e concordou, me abraçando mais uma vez e beijando minha testa.

— Não vai acontecer de novo — acariciou meu cabelo — Somos adultos agora.

— Sim, com certeza adultos não fazem besteira. Deve ser por isso que você quase entrou em coma alcoólico, não é? — ironizei e ele me soltou, quase me fazendo cair do sofá — Luke! — eu gargalhei enquanto ele me puxou de volta pra cima, me descabelando ainda mais, fazendo mil ideias percorrem meu cérebro — A gente podia se casar — sugeri de frente pra ele, tirando algumas mexas de cabelo do rosto — Se você quiser, é claro.

Ele me olhou desconfiado.

— Você tá falando sério?

Assenti com a cabeça, tentando conter uma risada quando vi sua animação.

— Se você quiser me dar um fora agora só pra se vingar, pra mim tá tudo bem. — eu ri; Luke ainda processava a informação, um tanto abismado.

— Não, eu quero me casar com você! É claro que quero — riu mais uma vez, segurando meu rosto com as duas mãos e me beijando de novo — Isso tá muito fácil. É alguma pegadinha?

— Não tem nenhuma pegadinha, idiota. Nós podemos nos casar, você vem morar aqui ou podemos encontrar algum outro lugar. Nova York ou Sidney, não sei.

— Você enlouqueceu. — ele concluiu — Mas acho tudo uma ótima ideia. Podemos ter um cachorro também, e talvez alguns filhos.

— Seria perfeito — admiti, murchando um pouco em seu colo. Luke percebeu que algo naquela frase havia me entristecido, e levantou meu queixo para olha-lo — Luke, tem essa coisa que eu preciso te falar.

— O que é? Você não quer ter filhos? Mia, é só um plano hipotético, não quer dizer que…

— Não, não é que eu não — o interrompi — É que eu não posso. — contei e senti meus olhos lacrimejarem; depois que Charli teve Joey meu amor por crianças aumentou, então a notícia foi recebida com mais tristeza que o esperado — Eu descobri há pouco tempo quando fui ao médico, é uma longa história… — adiantei ao ver sua expressão confusa — Mas, resumindo, tem algum problema por aqui —a apontei para a região do meu útero — que não tem cura. 

Ele me olhou por alguns instantes, provavelmente tentando absorver a situação. Eu sempre ficava chateada falando nesse assunto, principalmente na parte em que as pessoas diziam “eu sinto muito”. Era geralmente aí que eu chorava, como chorei contando por telefone pra minha mãe e Aline.

— Vamos ficar só com os cachorros então. — foi o que Luke disse depois, simplista o suficiente pra me confortar como ninguém havia feito antes. — Definitivamente não vou te amar menos por causa disso.

 

 

Passei mais um tempo com Luke, nós dois apertados no sofá, contando segredos que guardamos um do outro em todos esses anos de má comunicação e fazendo planos para futuro. Planos agora que eram certos, porque no fundo eu sabia que já havíamos perdido tempo demais separados. Eu enfim estava disposta a ficar o resto da minha vida com aquele australiano romântico e estranho, e enfim sabia de verdade o que era amar com reciprocidade.

— Ah, eu já ia me esquecendo — Luke pegou sua jaqueta, que agora estava no chão, e começou a procurar algo lá — Eu nunca tive a chance de te enviar mais cartas depois da que você me deu... Escrevi esta hoje antes de vir pra cá, está pequena, mas espero que goste.

— Ah não! — resmunguei, quando segundos de busca depois ele tirou um papel dobrado e amassado de um dos bolsos — Quando eu penso naquela carta sinto tanta vergonha…

— Não deveria, é tão fofinha — ele tirou sarro de mim, colocando a sua carta no meu colo e apertando minhas bochechas de modo chistoso.

— Por isso mesmo. Mia Ferreira não é fofa, esqueceu? — dei um peteleco em sua cabeça e peguei a carta, pronta abri-la quando Luke segurou a minha mão — Luke, se decida. É pra ler ou não?

— É, mas espere até estar sozinha, pelo menos. Se você chorar agora não vou saber o que fazer.

Revirei os olhos e a coloquei na mesinha de centro.

— Tudo bem, poeta dissimulado. Fica pra mais tarde.

Ele me agradeceu com um beijo, e sem delongas voltamos a conversar sobre outras coisas triviais.

Nem me dei conta de que estava com sono, e só notei que havia dormido quando senti meu corpo despertar na manhã seguinte. Considerando a posição em que eu e Luke estávamos, teríamos torcicolo por provavelmente uns cinco dias. Me perguntei porque o idiota não saiu dali e foi pelo menos para o outro sofá, mas imaginei que talvez ele apenas não quisesse me acordar e parei com os pensamentos pejorativos.

Me levantei em busca de saber que horas eram, e ao ver que já passavam das dez da manhã, seria impossível dormir mais um pouco. No entanto, eu estava de bom humor — as poucas horas de sono e o corpo pesado não eram nada se comparadas a minha felicidade.

Queria tirar o vestido de Charli, mas a fome combinada a mania de limpeza falaram mais alto que o conforto. Decidi ajeitar a sala e fazer um café da manhã reforçado antes de sair para outra tarde de autógrafos, e também antes de acordar Luke. Comecei juntando as garrafas de cerveja da noite anterior, levando um tempo para lembrar que aquele papelzinho dobrado no meio delas era uma carta. Levei as garrafas a cozinha e as deixei na bancada, e então voltei pra ver o que estava escrito.

Lendo aquilo, foi impossível segurar a risada ou conter o calor que tudo relacionado a ele me trazia. Luke Hemmings, definitivamente, sempre será o amor da minha vida.

“Cara Mia,

Depois de todo esse tempo, você continua um furacão.”

Fim


Notas Finais


Não sei como explicar como eu to me sentindo escolhendo a opção de "Sim, essa História está concluída". Não sei como começar a agradecer cada visualizaçãozinha, cada favorito, cada comentário, cada leitor fantasma que passou por aqui e resolveu gastar seu tempo com isso. Definitivamente, não sei como colocar em palavras o que Hurricane significa pra mim.
Chegar ao fim dessa fanfic tá sendo uma verdadeira conquista, e eu não poderia estar mais feliz e triste ao mesmo tempo. Tudo começou de um jeito tão despretensioso... Eu nem sabia mexer aqui direito (inclusive desculpa todo mundo que deixei no vácuo nos primeiros capítulos, eu entrava em desespero e ficava lkjhgfearussocorrojesus), só queria escrever uma história que eu fosse gostar de ler, já que na época não tinha achado nada do tipo por aqui. Comecei colocando um pouquinho de mim na Mia, dos meus amigos nos personagens, e quando vi já tinha se tornado uma coisa mais séria.
200 favoritos? Quem me conhece na vida real sabe que eu sou a pessoa mais flopada do universo inteiro, então essa história provavelmente é uma das coisas mais bem sucedidas da minha vida. Além dos sorrisos que cada comentário bota no meu rosto, Hurricane também me deu a chance de aprender coisas novas — como por exemplo o uso das palavras 'em cima' e 'Nova Iorque' (que eu continuei usando errado mesmo depois já aprender, já que a mistura de inglês com português é mais bonitinho hasgakjsghaks). Novos amigos então, nem se fala. Graças a essa história eu tive o prazer de conhecer pessoas maravilhosas, algumas que eu posso até realmente chamar de amigas. No fim Hurricane não é só minha, já que tem pedacinho de um monte de gente aqui. Seja numa revisão, num encorajamento pra escrever, numa ideia ou até num amorzinho gostoso (risos dudao), cada contribuição dessa me ajudou a terminar a história de Femmings. Obrigada Gê e Duda, Geo, Mari, Bia, Lara, Amy, Carol, Celle, Paulinha e todas as meninas do grupo (até as mesmo as sumidas) por tudo. Vocês sabem o que é tudo, né não? E tem mais gente por aí também que merece agradecimento, mas eu já to tão chorosa escrevendo isso que não to conseguindo raciocinar direito mais. Só obrigada, obrigada, obrigada! Todo mundo, obrigada por tudo. Se não fossem vocês, Hurricane não teria literalmente mudado minha vida. Eu não teria as amigas que tenho, o apoio, e provavelmente meu medo de receber críticas seria muito maior. Obrigada mesmo. Se eu não desisti, foi por causa de vocês.
Por último, eu queria pedir desculpa por todos os enrolamentos e atrasos, que são os responsáveis pelo aniversário de dois anos de fanfic hoje. Eu já quis largar isso aqui muitas vezes, e saber que se não fosse by popular demand Hurricane poderia tá ás teias de aranha igual Broken Records me entristece demais. Espero terminar ela um dia também, espero que mesmo com muitos atrasos um dia May também tenha um fim, coitada. Acontece que dois anos não é pouca coisa, e assim como esse final não é nenhum dos que eu tinha planejado quando comecei essa história de madrugada, eu também não sou a mesma. Acreditem se quiser, mas já sou quase adulta legalmente. E isso significa que eu tenho que ter amadurecido enquanto escrevia Hurrica, que minhas responsabilidades cresceram e os problemas também. Vai juntando uma coisa a outra, um probleminha aqui, uma preguiça ali, redações quase todos os dias na escola que sugam sua alma e puf: tá pronto um atraso de seis meses numa atualização de capítulo que só precisa de um finalzinho pra ser postado.
Enfim, espero que vocês entendam que isso tudo culminou pros meus atrasos e qualidade da fanfic, já que mesmo amando cada pedacinho de Hurricane a ponto de ser FANGIRL DE PERSONAGEM FICTICIA NO TUMBLR!!!!, eu talvez não tenha conseguido fazer o final que vocês mereciam.
De qualquer forma, obrigada de novo. Principalmente se você aguentou ler essa nota inteira depois de mais de 8.000 palavras (aí é obrigada + uma pinga com mel e coxinha).
Resumindo: foi maravilhoso. Se tudo der certo eu continuo Broken Records, ou talvez vocês me vejam por aí com alguma coisa nova. Mas, por enquanto, isso é um adeus.
Espero que não esqueçam de Hurricane, como eu nunca vou esquecer ♡


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