História Hurricane - Capítulo Único

"O que você está esperando?"

Ele estava sob minha cama, amordaçado e preso. Ele suava e me olhava com medo, pavor. Seu corpo tremia violentamente.

A janela aberta deixava entrar o ar gelado e alguns flocos de neve que enfeitavam o cabelo vermelho de Taiko e o quarto em si.

A sua feição me divertia. A cada passo que eu dava, era um grito abafado que ele soltava, seus olhos se arregalavam, seu corpo chacoalhava. Ao ver tais "reflexos" meu sorriso abria, suas reações eram um show para mim e eu estava aproveitando cada segundo.

-Taiko-kun... Você vai gritar mais? - perguntei passando meus dedos em seu abdômen sentindo sua pele fria.

Seu corpo reagiu a meu toque, se contorceu como se eu fosse uma raposa e ele uma galinha corajosa que se aventurou demais pela noite silenciosa..

-Taiko-kun...

Uma rajada de vento violenta invadiu o quarto balançando as cortinas, enfeitando o chão com mais flocos brancos.

Os pelos de meu corpos se arrepiaram, e ao longe soou uma sirene avisando que um tornado se aproximava.

Eu estava perdido em meus pensamentos imundos...

Quando as lágrimas começaram a cair pelo rosto de meu pequeno... Eu não senti nada...

O vento aumentava e a sirene soava repetidamente. E eu me sentia confuso.

-Taiko...

As rajadas de vento estavam tão fortes que que produziam um som agudo. As lágrimas de meu amado não cessavam, e eu não conseguia fazer nada.

-...

Minha voz não podia ser mais ouvida e o tornado se aproximava.

Resolvi por mim soltar Taiko que quando se viu livre correu até a porta de meu quarto. Eu nada sentia ao ver ele se afastar...

-Eunho! - escuto meu nome na voz que antes me dava prazer.

Eu não o queria mais... Eu não sentia mais nada por ele...

O vento estava cortante, mas eu não me movia da janela ainda aberta. A tempestade estava tão bela, o céu escuro, as nuvens se movendo mais rápido que o normal, as telhas voando, galhos e até mesmo árvores pairando como se fossem papel.

-Precisamos ir!

Ao sentir aquela mão quente e macia em meu pulso... Eu me lembrei o que estava fazendo antes de me perder na beleza aterrorizante.

Taiko estava preso a mim, por escolha...

-Vamos!

Ele começou a me puxar, mas eu não podia ir. Eu pensei que ignorando as ações impulsivas do menor, ele iria atrás de abrigo... Mas aquele que antes estava querendo fugir de mim, agora estava pondo sua vida em risco... Por mim.

Não consegui conter uma gargalhada. Sua face confusa e seus cabelos ao vento... Mesmo não mais sentido nada pelo ser a minha frente, toquei-lhe uma ultima vez.

-Vamos embora! - disse choroso.

Eu sabia por que aquilo estava acontecendo.

O tornado estava bem próximo, já era possível sentir a estrutura da casa tremer. O vento estava golpeando nossos corpos sem dó e tudo que conseguiamos fazer... Era olha um ao outro.

-Porque ainda está aqui meu pequeno? - perguntei mesmo sabendo que ele não iria me ouvir em meio ao barulho do vento.

Era como se estivéssemos em um campo, o sol brilhando, os pássaros cantando. Como se a tempestade fosse apenas um quadro descansando em uma parede emocional.

E no último momento, eu quase vi o esperado acontecer, mas sua sentença fora carregada pelo tornado... Assim como nossas almas.