História Hurricane Jimin - Convite

Fico mais um pouco nesse balanço enferrujado e tudo o que passa na minha cabeça é no "encontro" que vou ter com SeokJin. Me pergunto se não fiquei parecendo atirada demais, dando meu número logo de cara pra ele. Mas na hora, fiquei tão surpresa com o convite, que nem soube como reagir.

Me balanço devagar no meio desse parquinho enferrujado, olho para cima e vejo as estrelas brilharem. Espera aí... Estrelas? Dou um pulo e olho o relógio em meu pulso. Já são quase nove horas, está mais do que tarde. Pego minha mochila que havia deixado no chão e saio correndo do parquinho.

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As ruas estão desertas. Não vejo ninguém a um bom tempo. Maldita hora em que fui me esquecer de voltar pra casa. E tudo por que? Porque resolvi ficar alternando meus pensamentos entre SeokJin e Park Jimin. Na moral, qual é o meu problema?

Apesar de estar me xingando mentalmente, sinto um medo tomar conta de mim. Nenhuma alma viva cruza o meu caminho, as ruas desse bairro são mal iluminadas e toda hora tenho a sensação de estar sendo seguida.

Começo a andar um pouco mais rápido. Viro em uma rua estreita, semelhante à um beco, com apenas um poste emitindo uma luz fraca. Pensamentos ruins cruzam minha cabeça. Eu poderia ser morta ou sei lá mais o que nessa rua.

Os jornais que meu pai sempre lê sentado à mesa na hora do café da manhã me ensinaram que vira e mexe garotas são assassinadas ou estrupadas nesse tipo de rua durante esse horário. E mesmo assim, cá estou eu, numa rua deserta e escura, correndo o risco de ser a próxima vítima de um louco qualquer. 

Me desvio de algumas caixas de papelão que estão jogadas no chão, sentindo um cheiro insuportável de lixo. Aigoo... Onde diabos eu fui me meter? A luz do poste pisca e a sensação de estar sendo seguida toma conta de mim novamente. Ando mais depressa ainda e ouço alguns passos. Tem alguém me seguindo.

Paro e olho para trás. Sob a luz fraca do poste, vejo a figura de um garoto alto, com o uniforme da escola.Não consigo enxergar seu rosto mas penso logo que poderia ser um aproveitador ou um assassino. Ele se aproxima a passos lentos e começo a entrar em pânico. Sem pensar muito, começo a correr.

Corro o mais rápido que posso, sem olhar para trás. Não tenho noção de para onde estou indo, mas qualquer lugar longe daquele maníaco está bom para mim. Entro numa rua mas paro logo de cara. É um beco sem saída. Meu Deus... O que faço agora? Não posso correr o risco de voltar, ele pode ter corrido atrás de mim.

Vou até o fim do beco, perto do muro. Há algumas caixas e latas de lixo empilhadas e me escondo atrás delas. Minha respiração está acelerada e tenho medo de que o barulho do meu coração batendo esteja alto demais. Fico assim por alguns minutos que parecem horas e quando penso que tudo está bem, que finalmente posso sair, ouço passos novamente.

Fecho os olhos, como se não enxergar fosse ajudar em alguma coisa. Essa pessoa se aproxima devagar e rezo a todos os santos para que ele não me encontre. Porém, a pessoa continua vindo em minha direção até estar na minha frente. É o meu fim, penso, com certeza é o meu fim. Vou morrer e se eu não morrer, com certeza vai acontecer algo muito ruim comigo. 

- Hey, você está bem?

Abro os olhos lentamente ao reconhecer a voz dele. Olho para seu rosto, que tem uma expressão preocupada. Percebo o quão ridícula estou, tremendo e agachada entre pilhas de lixos às dez horas da noite. Me levanto devagar.

-N-Namjoon, é você? - pergunto, ao mesmo tempo aliviada e surpresa por ser alguém que eu conheço.

- Sim, sou eu. - ele responde, intrigado. - Quem achou que fosse?

- Eu achei que... Achei que você... - digo, confusa. - Deixa pra lá. 

- Você achou que eu fosse um assassino, não é? - ele ri.

- Não fala assim! - digo, nervosa mas sinto minhas bochechas queimarem. - Eu morri de susto. Por que não me chamou quando me viu?

- Me desculpe. - diz Namjoon, sério novamente. - Quando eu fui te chamar, você saiu correndo e eu apenas te segui. Mas se você estava com tanto medo assim, por que ficou até tarde na rua?

- Eu me esqueci das horas. - digo, olhando pro chão. Suspiro. - É melhor eu voltar pra casa agora.

- Quer que eu te acompanhe? - Namjoon surgere e eu olho para ele, desconfiada. - O que foi? Não sou um assassino, juro. - ele ri de novo.

- Bom...melhor do que voltar sozinha.

Namjoon sorri para mim, fazendo suas covinhas aparecerem e começamos a caminhar.

- Então, onde você mora? - pergunta ele.

- Perto da escola. - respondo e ele me olha intrigado. - O que foi?

- Você estava indo na direção errada. - ele segura o riso ao ver minha cara. - Sabe, Eunjung... Você fica fofa quando está nervosa.

Paro de caminhar e olho para Namjoon, que para também. - Você não vem? - pergunta ele e recomeçamos a andar.

Caminhos em silêncio e às vezes eu flagrava Namjoon me olhando de soslaio, o que estranhei mas ignorei. Chegamos na rua da minha casa e paramos. Namjoon se encosta no poste e fica olhando para ela. Quando percebe que eu o encaro, sorri para mim e envergonhada demais, desvio.

- Então... - digo, ainda vermelha. - Obrigada por me acompanhar, Namjoon. - dou um sorriso para ele.

- Não há de quê. - ele diz, dando outro sorriso fofo. - Vê se não anda por aí tarde da noite, é perigoso.

Coro com a preocupação dele. Namjoon e eu não somos próximos, nunca trocamos uma palavra além de oi e tchau mas percebo que ele é uma boa pessoa e pode ser um bom amigo. Ficamos um tempo olhando um para o outro, até que ele coloca a mão no bolso e tira de lá um pedaço de papel.

- Eunjung... - Namjoon começa e fica timido de repente. - Sei que a gente não se conhece nem nada mas... Eu sei que você é uma pessoa legal. Então é... - ele bagunça os cabelos. - Algumas pessoas lá da sala estão querendo ir numa festa nesse final de semana e eu pensei em te chamar pra ir comig- com a gente. O que você acha?

Outro convite pra sair? O que está acontecendo? Sei que ele disse que irão outras pessoas mas não deixei de reparar que ele ía dizer "comigo" ao invés de "com a gente". Penso um pouco na situação. Festas e lugares cheios e movimentados não são o meu forte mas não custa tentar. E já que ele disse que algumas pessoas da sala vão estar lá, pode ser que eu veja o Jimin...

- Tudo bem. - digo. - Eu vou. Quando vai ser?

- Neste sábado, às sete horas. - Namjoon responde e me entrega o papel. - Aqui tem o endereço.

- Tudo bem...Nos vemos lá então. - dou um sorriso, que é retribuído por ele. - Eu preciso entrar agora. Até mais, Namjoon.

Me afasto dele e atravesso a rua. Antes de entrar olho para ele, que acena e eu dou um tchauzinho de volta. Entro para dentro de casa e vou o mais rápido possível para meu quarto.

Hoje foi um dia muito, muito louco. Coisas que não aconteciam comigo a anos aconteceram, e não só uma vez, mas sim duas vezes seguidas. Eu devia desconfiar dessa minha "sorte" toda, mas e daí? A única coisa que penso agora é que quero ver o Jimin amanhã.