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História Hurt - Amante Artificial


Escrita por: BubbleTeaPark

Notas do Autor


OLÁ PESSOAL

Mil, mil desculpas a minha demora, de verdade <3
Eu estive ocupada com o curso e também com um conto que tive que escrever pra um concurso, por isso a demora
MAAAS aqui estou eu com o novo capítulo pra vcs quentinho <3

Esse capítulo tem MTA interação KaiSoo, mais que os outros capítulos
Então aproveitem :3

Boa leitura ^^

Capítulo 12 - Amante Artificial


Fanfic / Fanfiction Hurt - Amante Artificial

Eu sei que não é certo 

Mas continuo tentando te encontrar 

Eu sei que isso não é para ser 

Mas eu não quero desistir 

Artificial Love - EXO

 

 

 

 

Talvez Kyungsoo realmente tivesse seus motivos quando dizia que não gostava de dividir a cama com ninguém, ás vezes não era apenas frescura de sua parte. Talvez era apenas porque ele não parava de se mexer, porque gostava de espaço por isso, e porque também precisava de espaço para os seus travesseiros. 

Dormir sem estar envolvido com vários ou abraçado com algum era estranho. 

Foi por isso que quando acordou novamente, estava de novo agarrado em Jongin, mas dessa vez na coxa do moreno. 

- O que eu estou fazendo aqui embaixo? - murmurou, se afastando do corpo do amigo e se sentando para esfregar os olhos. 

- Você não consegue ficar quieto nem mesmo quando dorme. - respondeu o Kim. 

Kyungsoo o encarou, vendo-o deitado enquanto desenhava alguma coisa. O Do foi até ele para observar, e viu um desenho dele mesmo agarrado na coxa de Jongin. 

- Porque desenhou isso? - perguntou, o encarando. 

- Porque eu não tinha nada para fazer... E estava bem fofo. - sorriu. 

- Não estava. - fechou a cara, se afastando. - Como esta se sentindo agora? 

- Bem melhor, acho que o remédio ajudou bastante. 

- Ótimo. - suspirou. - A gente ficou a tarde toda nessa cama, vendo televisão e dormindo. Eu preciso sair um pouco, senão vou ficar louco. Vou aproveitar para pegar meus travesseiros no quarto, porque não quero mais ficar me agarrando em você quando for dormir. 

- Eu não me importo. - sorriu. - Na verdade, é seu inconsciente mostrando o que você quer. 

Kyungsoo riu forçado e depois fechou a cara, fazendo o Kim rir de verdade, e se levantou da cama, atravessando o quarto até chegar na porta.  

Porém, quando girou a maçaneta, percebeu que estava trancada. 

- Jongin? - o chamou. - Posso saber porque a porta esta trancada? 

O Kim se levantou da cama e se aproximou, tentando abrir também, o que obviamente não deu certo. Ele olhou ao redor, vendo se a chave estava em algum lugar, mas lembrava muito bem que sempre a deixava na fechadura da porta e que não estava mais lá. 

- Não sei. - disse por fim. 

- Você fez isso, não é? 

- Eu juro que não. 

- Então porque esta tão calmo?  

- Porque eu ficaria nervoso? Estou no meu quarto... - deu de ombros, assim que o celular em sua mão vibrou, ele havia o pego para ver as horas mas acabou recebendo uma mensagem. Desbloqueou e leu. - Ah, ChanYeol veio aqui, certo? 

- Sim. 

- Ele que trancou. - mostrou o celular para o Do ler a mensagem também. 

- "Só vou destrancar quando sentir vontade"? O que ele pensa que esta fazendo?  

- Mais uma brincadeira idiota, é o que parece. - falou ao mesmo tempo que em se afastava, colocando seu celular de volta no lugar. 

- Você armou tudo isso com ele, não é? 

- Porque acha que eu tenho a ver com isso? 

- Ainda esta muito calmo para alguém que esta trancado. 

- Eu não pretendo ir para nenhum lugar mesmo. - deu de ombros de novo, sorrindo. - Você pretende? Vai perder a aposta.  

- A aposta é continuar com você, mas não precisamos ficar no mesmo quarto o dia todo, a casa é enorme, sabia? - suspirou frustrado. - Poderíamos ir na piscina, na sala de jogos.  

- Você nunca nem usou a sala de jogos. - sorriu. - Seria melhor ter ficado trancado lá. 

- Eu gostaria de pelo menos pegar meus travesseiros para poder dormir sem te agarrar.  

- Você pode me agarrar. 

- Eu não vou te agarrar. Eu quero os meus travesseiros. 

Jongin revirou os olhos, quase irritado, e foi até o seu armário, onde tirou de lá vários travesseiros aleatórios que tinha e jogou-os todos em cima da cama. 

- Pronto, seus travesseiros. 

Kyungsoo deu uma risada de deboche e se aproximou do moreno e da cama. 

- Querido, você acha que eu durmo com esses travesseiros? - pegou um. - Olha que coisa dura, os que eu durmo são todos com penas de ganso.  

- Você adora arrumar qualquer desculpa, não é? O travesseiro que você dormiu hoje é feito de espuma e não te vi reclamando.  

- Eu estava muito cansado. - explicou. 

- Você é um idiota. 

- Então é isso que eu recebo depois de eu ter te salvado no meio daquela festa, ter cuidado de você, até dei banho em você... Para no final você me chamar de idiota. Cadê a consideração? 

O Kim se irritou, pegou um dos travesseiros e bateu forte no rosto do alvo, que parou de falar e o encarou surpreso. 

- Você precisa calar a boca ás vezes, é tão chato quando você não para de reclamar. - disse. 

- Eu reclamo do que eu quiser. - retrucou, pegando o travesseiro que segurava nas mãos e também batendo no mais alto. 

- Ei, eu estou machucado. 

- Nem ligo mais. 

Jongin revirou, batendo nele outra vez, e o Do fez o mesmo.  

Não deu segundos para que começassem uma guerra de travesseiros de verdade, bem mais violenta do que faziam quando eram crianças. Batiam de verdade e forte com os travesseiros e ás vezes empurravam um ao outro. Kyungsoo sempre foi mais forte, porém Jongin era ágil.  

O moreno sempre conseguia se esquivar e o alvo sempre acabava sendo pego quando tentava correr pelo quarto. Só pararam quando o último travesseiro rasgou nas mãos do piloto, quando acertou a cabeça de Jongin. 

Eles olharam o quarto cheio de espuma e riram um para o outro, até se sentarem na beirada da cama, recuperando o fôlego que já não era tão bom como quando eram crianças. 

- Foi divertido. - comentou o Kim. 

- Eu senti como se tivesse 15 anos de novo. 

- Então vamos fingir que temos. - sorriu. 

- Não, não vamos. - suspirou. - Eu vou ligar para o ChanYeol e gritar para que ele destranque esse quarto.  

- A gente pode se divertir aqui dentro, não foi divertido? 

- Jongin, foi legal... - deu um sorriso sincero. - Foi realmente divertido, me lembrou de quando a gente era criança.  

- Eu sempre consegui bater mais em você.  

- Do que esta falando? Pelo menos eu sempre bati mais forte. - deu risada. - Olha só você, não consegue se intimidar com minha força. Nunca. 

- Não com esse tamanho e esses olhos. Você quer saber a verdade? Você ainda se parece com um pinguim. 

- Você quer morrer? - o encarou bravo, o empurrando e dando risada em seguida. - Ah, Jongin-ah, como vamos sair daqui? 

O moreno olhou para ele e depois para porta, até que começou a murmurar alto de dor, apoiando-se com uma mão na cama e colocando a outra em seu corpo, enquanto virava de costas para o Do: 

- Ai, ai, hyung... Esta doendo. 

- O que foi? - o olhou, se aproximando. - O que você fez? 

- Acho que as dores da guerra de travesseiros estão sendo sentidas agora. 

- Ah, foi você que começou com tudo isso, idiota. - murmurou. - Deita ai na cama.  

Kyungsoo se aproximou, arrastando-se no colchão ao lado do moreno e o segurando para ajuda-lo a se deitar sem sentir dor. No entanto, assim que tocou no mais novo, o mesmo parou de resmungar e pegou nas duas mãos do menor de surpresa, deitando-o na cama em um movimento brusco e subindo em cima do piloto, prensando-o abaixo de si. 

- Mas... Você estava me enganando? Babaca. - o Do murmurou irritado, tentando se soltar. - Parece que você já esta bem saudável, não é mesmo?  

- Não, não estou. Ainda me sinto meio mal. 

- Jura? Não parece nenhum pouco. Parece bem até demais, o que estou fazendo aqui ainda mesmo? 

- Eu estou péssimo. - fechou a cara, falando sério. - Cuida de mim? Por favor. - piscou os olhos, sorrindo de modo fofo.  

Kyungsoo riu. 

- Você não presta, Jongin. Depois fala de mim. - suspirou. - Me mostre que você realmente precisa dos meus cuidados. 

O Kim sorriu e sentou no colo do Do, parando de prender as mãos do menor, que ficou parado apenas para ver o que o outro iria fazer. 

Então o moreno passou a mexer o quadril em cima do membro de Kyungsoo, rebolando lentamente e aumentando o ritmo aos poucos, sentindo cada vez mais a ereção do amigo abaixo de si. O piloto encarava firme os olhos do outro enquanto fazia tais movimentos, e só desviou quando puxou Jongin para mais perto, o beijando. 

Os dois rolaram na cama e Kyungsoo pegou o controle, ficando por cima do Kim e o beijando com desejo, tirando rapidamente as camisetas para o contato pele com pele ser mais intenso. O alvo beijou-lhe os lábios, queixo e desceu para o pescoço, dando mordidas fortes e chupões que faziam o moreno se contorcer e se arrepiar, derretendo-se ainda mais aos toques do mais velho.  

Kyungsoo de repente parou e se afastou, tirando a cueca, única peça de roupa que vestia, e se ajoelhando na frente de Jongin. 

- Chupa para o seu hyung... - pediu com uma voz doce, sendo atendido pelo mesmo que engatinhou até ele e segurou em seu membro, colocando-o na boca sem hesitar. 

Jongin começou o oral em um ritmo rápido, abocanhando todo o falo do mais velho e chupando-o com vontade. O Do puxou o cabelo do mais novo e pendeu a cabeça para trás, sentindo a boca e a saliva do outro aquece-lo de modo gostoso. 

Aquilo estava tão bom que Kyungsoo teve que para-lo antes de se desfazer ali mesmo, e havia mais partes do corpo do Kim que o piloto queria aproveitar. Então virou Jongin de quatro para si e lhe deu um tapa forte em uma das nádegas, fazendo o Kim abrir as pernas e empinar mais a bunda.  

O Do encaixou-se atrás do mais novo e roçou seu membro na entrada apertada do amigo, penetrando-o lentamente e com cuidado, até estar todo dentro do outro, sentindo o interior de Jongin o apertar cada vez mais. 

Segurou firme a cintura morena e fechou os olhos, fazendo os primeiros movimentos lentos e com paciência, apenas para senti-lo melhor e não machuca-lo muito.  

- Mais rápido... - pediu o Kim com um gemido fraco, fazendo Kyungsoo abrir os olhos e o encarar, enquanto estocava com mais rapidez. 

O alvo foi fundo e encontrou rápido o ponto sensível de Jongin, fazendo-o contorcer e gemer alto de prazer. Kyungsoo então levou uma de suas mãos até o membro duro do amigo, onde começou a masturba-lo enquanto continuava penetrando cada vez mais rápido.  

O Kim gemia alto, agarrou os lençóis de sua cama e sentiu a mão leve do piloto deslizar suavemente pelas suas costas até apertar forte sua cintura, enquanto seu falo ainda era tocado.  

Com o tempo, sua força acabou e caiu no colchão, desfazendo-se na mão de Kyungsoo. O mais velho continuou estocando mesmo com o outro deitado, acabando por deitar em cima do corpo moreno e puxar sua cabeça para trás enquanto gemia no ouvido de Jongin. 

Kyungsoo se desfez minutos depois, dentro do Kim, e tirou seu membro de dentro do mesmo, porém continuou deitado nas costas do mais novo, compartilhando suor e respirações ofegantes. 

O moreno então se virou de frente na cama, com cuidado para que o Do continuasse em cima de si, e abraçou o corpo menor enquanto o piloto deitava sua cabeça em cima de seu peito e o abraçava ligeiramente.  

Estavam cansados, então ninguém falou nada, só se ouvia as respirações e a mão de Jongin subindo e descendo pelas costas de Kyungsoo, fazendo um carinho que o alvo não recusou e nem negou, apenas continuou ali, até acabar adormecendo por instantes. 

Fechou os olhos por segundos que foram minutos, e os abriu de novo quando o carinho em si parou, e olhou para cima ao ver que Jongin também pegara no sono.  

O Do permaneceu sobre o Kim e acabou abraçando-o mais. Queria tomar um banho, mas também não queria sair dali, então sua vontade de descansar venceu. Alisou de leve a pele do mais novo enquanto suspirava devagar, lembrando-se que a anos atrás teria feito de tudo para estar exatamente na situação em que estava. 

Seu coração palpitou com o pensamento, mas aquilo não era mais uma prioridade a muito tempo. 

Afastou-se de si as lembranças e parou de abraça-lo, virando o corpo e ficando de costas para Jongin, porém, continuou com o corpo colado ao do mais novo, ficando entre o tronco e o braço esticado do outro. 

 Fechou os olhos e dormiu. 

 

~ ~ 

 

Kyungsoo acordou uma hora depois, quando abriu os olhos, Jongin não estava mais ao seu lado e seu espaço foi ocupado pelos seus travesseiros. 

Se sentou assim que a porta do banheiro abriu, e virou-se para ver o Kim voltar ao quarto só de toalha e com o cabelo molhado. Essa cena foi o suficiente para o Do acordar de vez, desviando os olhos pelo quarto até chegar de novo aos seus travesseiros. 

- Você dorme bastante. - disse Jongin, o encarando. 

- Faz tempo que não durmo assim, mas preciso descansar, amanhã eu tenho uma corrida importante. - sorriu. - E você me cansou bastante depois dessa, ainda esta se sentindo doente?  

- Você cuidou muito bem de mim. - deu uma piscada ao amigo, sorrindo também. - ChanYeol abriu a porta, foi ele que me acordou. Então eu peguei seus travesseiros. - apontou. - Agora você pode dormir confortavelmente. 

- Mas você não esta mais doente, então não há motivos para eu dormir aqui de novo. - deu risada, se levantando e pegando suas roupas. 

- Nós temos uma aposta. - se aproximou. - E eu sei que você não vai conseguir ficar longe da minha cama hoje de noite, de novo.  

- Talvez se você me mostrar que eu não deveria ficar longe... 

Jongin sorriu, segurou o rosto do mais velho e o beijou. Porém, era um beijo diferente e Kyungsoo notou isso. Não foi um beijo pré-sexo cheio de desejo e nem um pós-sexo só para finalizar, que eram os beijos na qual estava acostumado. Era um beijo doce, calmo e sem segundas intenções. 

Era um beijo romântico. 

Quando se separaram, o piloto abaixou o olhar e se afastou, pois sabia que o outro sorria com aquilo e não queria ver aquele sorriso. 

- Eu vou tomar um banho. - avisou, saindo do quarto de Jongin e indo para o seu. 

Kyungsoo tomou um banho rápido, não queria demorar muito pois estava com fome e ainda queria repreender o Park por ter lhe trancado. Então apenas se lavou e se refrescou, vestiu uma roupa mais confortável já que não pretendia sair aquele dia e voltou para o quarto de Jongin. 

Ainda se lembrava da aposta, e pretendia vence-la. 

- Ah, então você esta ai... - entrou no quarto, se aproximando dos dois. - ChanYeol, quem lhe disse que tinha o direito de trancar nós dois aqui dentro? 

- Esta com raiva? Porque? - deu risada. - Quando eu abri a porta, vocês estavam dormindo pelados e de conchinha, então acho que não foi tão ruim assim.  

- O que? Não dormimos de conchinha. - disse, revisando seu olhar do alto para o moreno.  

- Ah, dormiram sim.  

- Jongin? - o encarou. 

- Eu te abracei inconscientemente. - se defendeu. - Não era a intenção. 

- É engraçado, eu não sei o porque, mas sempre que vocês dois estão juntos eu sinto como se estivessem planejando alguma coisa contra mim. 

- Isso é paranoia, teoria de conspiração. Vai se tratar. - ChanYeol aconselhou. 

Kyungsoo negou com a cabeça, rindo, deixando-os sozinhos e saindo do quarto novamente, onde desceu as escadas e foi direto para a cozinha, já que a sua fome era grande. Só lembrava de ter comido as frutas de Jongin, nada mais. 

- Boa tarde, Senhor Do. - Nina falou sorridente, assim que ele entrou na cozinha. 

- Onde você estava quando ChanYeol nos trancou no quarto de Jongin? - perguntou de modo severo, a encarando. 

- Eu estava aqui... Com ele...  

- Então ficou aqui namorando com o ChanYeol enquanto eu estava preso lá em cima? 

- Não, nós não estamos namorando. - disse rápido e nervosa. - Ele disse que vocês estavam dormindo, eu não queria atrapalhar o sono de vocês. Me desculpe, Senhor. 

- Deixe ela em paz. - O Park entrou na cozinha, e logo atrás o Kim também apareceu. - Ela não sabia. Porque fica a intimidando desse jeito? 

- Porque é o que ele sabe fazer de melhor. - respondeu Jongin, sentando-se em uma cadeira. - E é o que gosta de fazer também, não é? 

- Você se sente mais superior desse jeito, Kyungsoo? 

O piloto estreitou os olhos e encarou os dois amigos com olhares desafiadores para cima de si, sentiu-se incomodado e atingido. 

- O que é isso? - questionou. - É um complô contra mim? Porque estão agindo assim? 

- Isso te irrita? - o alto sorriu. 

- Ah, não, não, não. - o alvo suspirou fundo, sorrindo. - Não vou permitir me irritar com vocês. Sabe, eu treinei a semana inteira, tive que cuidar de Jongin... Que nesse momento esta ignorando tudo que fiz por ele, e ainda tenho que descansar para a corrida de amanhã. Hoje é meu dia de descanso. Descanso. Então não me perturbem. 

- Descanso ao meu lado, você vai perder a aposta? - lembrou Jongin. - O dia todo ao meu lado. Você desiste? 

- Eu nunca desisto. - garantiu, confiante. - Nina, faz um lanche leve para mim. - mandou. - E leve até a sala de jogos. 

Ela assentiu e foi logo começar a preparar, e Kyungsoo saiu da cozinha, sem antes olhar para Jongin e lhe mandar uma piscada rápida. 

O Kim suspirou quando o outro saiu, um suspiro confuso e talvez até cansado. 

- Eu lhe disse. - ChanYeol o encarou. - Se quer que o Kyungsoo note você, se mostre no mesmo nível que ele. Se ele ver que você é inferior, ele simplesmente pisa, ignora, deixa para lá. O desafie e ele vai estar disposto. 

- E no final isso vai dar o que?  

- Não sei. - deu de ombros. - Olha, Jongin, foi horrível o que aconteceu com você na festa de ontem. Ninguém esperava por isso, mas a partir disso, teve um lado bom. Nós vimos que Kyungsoo não é totalmente um filha da puta sem coração, ele ainda considera muito você. Se aproximar dele depois do que aconteceu foi a melhor oportunidade que você teve. 

- Daqui uns dias tudo vai voltar a ser como era, Channie. Não vai ficar assim por muito tempo, você sabe que ele só esta me usando. 

- Talvez... Mas eu acho que talvez não seja tão difícil assim para você se aproximar dele. Se ele te protege, ele se importa e se ele importa é porque sente alguma coisa. Carinho, compaixão, qualquer coisa. - suspirou cansado. - Vocês são tão confusos um com o outro, eu não entendo mais nada.  

- Se aproveitar do ato de preconceito que eu sofri e o estado que eu fiquei para me aproximar de Kyungsoo me parece errado. 

- E quantas vezes ele não se aproveitou de você? - deu risada. 

- Muitas. 

- O que acha, Nina? - ChanYeol virou-se para a garota, que terminava de fazer o lanche. - Eu sei que você escuta tudo, vê tudo, sabe de tudo. Dê sua opinião também. 

- Sincera? - ela perguntou e os dois assentiram. - De todo o tempo que eu trabalho aqui, essa é a primeira vez que eu vejo Jongin tão próximo de Kyungsoo, como amigos, mesmo ele relutando um pouco isso. Acho que essa aproximação possa ajuda-lo a abrir a cabeça um pouco, ser menos do que ele é.  

- É o que dizem, Jongin, é nos momentos difíceis que passamos que encontramos algo de bom. - sorriu. - Nenhum sofrimento na vida é em vão.  

Jongin concordou em silêncio, com um aceno de cabeça, e observou Nina terminar de fazer os lanches que o amigo pediu e coloca-los todos em um bandeja junto com suco. E, de novo, sem dizer nada, o Kim pegou a bandeja e se afastou dos dois, saindo da cozinha e indo até a sala de jogos. 

A sala de jogos ficava no primeiro andar, depois da cozinha e perto da saída para a área da piscina e do jardim. Os dois sempre gostaram daqueles tipos de jogos, então a sala parecia uma boa ideia quando compraram a casa. Porém, depois de um tempo, ninguém mais a usou. 

Kyungsoo era ocupado e Jongin não tinha ninguém. 

Entrou na sala e fechou a porta, indo até o mais velho que estava sentado em um puff, jogando qualquer que fosse o jogo no vídeo game que tinham. O moreno colocou a bandeja ao seu lado, no carpete, e sentou no outro puff, passando a vê-lo jogar. 

- Agora que entrei aqui, percebi como esse vídeo game esta meio ultrapassado. - comentou o alvo. 

- Para que comprar um novo se você não usa nem esse que é um pouco mais antigo? 

- Porque esse esta ultrapassado. - disse, como se fosse óbvio. - E eu posso usar a qualquer hora... Qualquer hora que eu quiser, sabia? Qualquer hora...  

- Tudo bem... - Jongin sorriu, o encarando. - O que foi? Não esta conseguindo passar? 

- Eu vou passar. - respondeu, morrendo no jogo. - É só que faz tempo que eu não jogo, eu esqueci os controles do jogo. 

- Faz tempo que não joga e escolheu justo Dark Souls?  

- Eu gosto de desafios. - sorriu vitorioso, o encarando em seguida. - Viu? Cheguei no chefe. Não foi difícil. 

- O pouco tempo que entrei aqui te vi morrendo no mesmo lugar umas cinco vezes. 

- Cala a boca. - murmurou. - Vou me concentrar agora, fique quieto. 

Jongin riu e pegou um dos lanches para comer enquanto assistia a tentativa falha do menor de vencer aquele chefe. Ele se lembrava de como vence-lo, pois já havia jogado várias vezes aquele jogo, jogou tantas vezes que nem se lembrava das quantas que perdeu. 

Até aprender e vencer, coisa que Kyungsoo não estava conseguindo. 

O Kim fez questão de comer seu lanche de modo lento, e mesmo assim, quanto terminou, o Do ainda não havia vencido o poderoso chefe. 

- Você quer ajuda? - o encarou.  

- Não. 

Porém, mesmo este recusando, e ele recusaria quantas vezes a pergunta fosse feita, depois de mais duas mortes, Jongin pegou o controle de sua mão e começou a jogar. 

- Eu não disse... 

- Eu não ligo. - o moreno interrompeu-o, concentrando-se para jogar. - Apenas agradeça depois. 

Kyungsoo cruzou os braços emburrado, enquanto Jongin começava a jogar. A partida demorou, mas o Kim conseguiu ganhar depois de concentração, esforço e paciência. 

- Concentração, esforço e paciência. - ele disse, entregando o controle de volta. - Principalmente paciência, você ia muito apressado, precisa ter calma para ganhar desse. Paciência. 

- Tá bom, tá bom, já entendi. - fez uma careta, deixando o controle de lado e pegando seu lanche para começar a comer. - Nossa... - murmurou, depois da primeira mordida. - Isso aqui esta muito bom, é incrível como a Nina é uma ótima cozinheira. 

- É verdade. E ela ama cozinhar, o homem que se casar com ela vai ter muita sorte. 

O Do parou de mastigar e engoliu um pedaço, o encarando de um modo curioso. 

- E esse homem vai ser você? 

- Porque insiste nisso? - deu risada. - Você realmente acha que eu e ela temos alguma coisa? 

- Eu sei que ela gosta de você, são muito próximos... E, bem, ela é bonitinha.  

- Eu deveria chama-la para sair? 

- Não. - disse sério, voltando a comer. - Não combinam como um casal, deixe ela para o ChanYeol. 

- Sabe, porque você se importa se eu saio com ela ou não? Ou se eu saio com o Channie, ou até com o Baekhyun? Você tem medo de perder um de seus brinquedinhos sexuais? Você já não tem vários? Um não fará diferença.  

- É, você tem razão. - suspirou. - Mas perder você é diferente. De todos os outros brinquedinhos, você é o mais fácil. - sorriu. - Você é fácil de convencer, fácil de seduzir... Eu não preciso nem dizer nada que você já vem correndo para a minha cama como um cachorrinho. É fácil. - deu de ombros. - E o que é fácil não é legal perder. 

O sorriso de Jongin foi morrendo aos poucos enquanto tentava encontrar uma resposta a altura daquilo, mas mesmo que o tempo parasse e ele tivesse o resto do dia para pensar, ele nunca conseguiria defender-se daquilo.  

Só Kyungsoo tinha esse maligno dom de frustrar, decepcionar e pisar nas pessoas. E Jongin só tinha o dom de senti-lo, toda aquela dor, diversas vezes.  

Então apenas desviou o olhar e voltou a se afundar confortavelmente no puff, ficando calado. 

O Do percebeu o silêncio e a frustação do outro, e deu risada pela reação. 

- O que foi? Ficou magoado com o que eu falei? - o encarou. - Ah, Jongin, não fica com essa cara, eu estou brincando. Você é tão sensível. 

No entanto, o Kim nem se mexeu, continuou em silêncio apenas observando a televisão. Então o alvo levantou-se de seu puff e foi até o amigo, sentando-se em seu colo com um sorriso nos lábios. 

- Não fique magoado, você sabe que é brincadeira. - disse colocando as mãos em volta do pescoço do moreno e fazendo um leve carinho com os dedos. - "Brinquedinhos sexuais" é um termo do ChanYeol, eu tenho parceiros de sexo, é bem diferente. Eu não uso ninguém, apenas tenho contatos com quem posso me divertir, enquanto a outra pessoa também se diverte. Não é o nosso caso? Você não se diverte comigo também? - sorriu. 

- Eu não sou como os outros. - respondeu, passando a encara-lo. 

- É lógico que não, você é mais que isso. Você é meu melhor amigo também. 

Jongin deu uma risada de deboche e foi a vez de Kyungsoo ficar sério. 

- Porque riu? Eu não estou mentindo. Acha que eu não te considero mais desse jeito? 

- Você não tem mais amigos, Kyungsoo. Você só anda com gente falsa que só se importa com status, que não são seus amigos. Você afastou todos os seus colegas, você afastou sua mãe. Você vive sozinho, não percebeu?  

- Então porque você ainda esta aqui?  

- Você não viveria sem mim. - sorriu. 

- Eu acho que é o contrário. 

- Eu acho que você faz parecer o contrário. - disse tirando o mais velho de cima de seu colo e se levantando do puff. - Porque ficar sozinho é uma merda e você sabe disso. Então você precisa de mim, só para ter certeza que tem alguém do seu lado.  

- Se eu me importasse em ficar sozinho, te trataria bem de propósito, só para você continuar aqui... Mas não é o que acontece. 

- Esta admitindo que me trata mal? 

- Não, eu não te trato mal. Eu faço brincadeiras, mas você é muito sensível. Deveria levar as coisas de um modo menos sério. 

- E o que você vai fazer no dia que eu sair dessa casa e nunca mais voltar?  

- Você não vai fazer isso, Jongin. Você não sairia daqui. 

- Eu vou. - disse sério. - Acredite, um dia eu vou. 

Dessa vez foi Kyungsoo que ficou em silêncio, e desviou o olhar por segundos, encarando outro ponto qualquer enquanto pensava. Quando Jongin deu risada, ele entendeu o que estava acontecendo. 

- Isso foi por eu ter falado que você era fácil minutos atrás? - sorriu. - Você é ridículo, Jongin. 

- Parece que você se importa se eu sair dessa casa. 

- Não. 

- Então eu vou ir embora com a Nina, ela é tão bonita... 

- Ah, você esta realmente querendo me ver irritado? - disse bravo, fechando a cara. 

Jongin riu ainda mais. 

- Vamos jogar, hyung. - disse, pegando um taco de bilhar e apontando para a mesa. - Mas tão ciumento... 

- Eu não tenho ciúmes de você. - respondeu alto, pegando um dos tacos para jogar. - Eu apenas afasto as vadias para longe do meu melhor amigo. 

O Kim o encarou e sorriu. 

- Você dizia isso o tempo todo sobre as minhas amigas, quando éramos adolescentes.  

O piloto suspirou fundo com uma expressão séria e fez uma pausa longa, indo até a mesa arrumar as bolas de bilhar. 

- Vamos jogar, Jongin. - disse por fim, encerrando o assunto. 

Os dois mudaram o contexto da conversa e focaram em jogar, passando para um ambiente mais descontraído e um assunto leve sobre filmes, séries e jogos que gostavam. Apesar da distância e do afastamento, seus gostos continuaram bem parecidos. 

Ficaram daquele jeito por mais de uma hora, sem deixar o assunto morrer e nem brigarem. Então Jongin se perguntava... 

Naqueles momentos assim, igual a guerra de travesseiros, Kyungsoo parecia ser apenas Kyungsoo, parecia ser a pessoa na qual Jongin se apaixonou. Aquilo era só uma máscara, uma ilusão ou todo o egoísmo e narcisismo do Do no fundo não existia? 

Por acaso haviam recaídas? 

Depois de finalmente empatarem, eles pararam um pouco para descansar. 

- Vai lá falar para a Nina fazer outros lanches para gente, ou apenas algo para beber. Eu estou com sede. - disse Kyungsoo. 

Jongin assentiu e deixou seu taco de bilhar de lado, atravessando a sala e chegando até a porta. 

Porém, ao girar a maçaneta, percebeu que estavam trancados. 

De novo. 

Ele riu por dentro, se segurando para não mostrar o quanto aquilo era engraçado, e virou-se para o Do tentando mostrar uma insatisfação que não existia. 

- Então... Hyung... O ChanYeol nos trancou de novo. - disse baixo, apontando timidamente para a porta. 

- O QUE? - questionou alto, se aproximando apressado da porta e tentando abri-la também, não tendo sucesso. - CHANYEOL, QUANDO EU SAIR DAQUI EU VOU TE MATAR. - gritou, chutando a porta com força e se afastando. 

- Calma, ele vai abrir daqui a pouco, não precisa ficar bravo.  

- Eu não gosto de ser obrigado a ficar em lugares fechados, ainda mais com você.  

- Qual o problema de ser comigo? 

- Eu não gosto, simples assim. - suspirou, se virando. - Vocês dois planejaram isso, não é? Primeiro no quarto, agora aqui. 

- Não. 

- Então porque você não para de sorrir? 

- Porque é engraçado. - deu risada.   

- Ah, você é um mentiroso, vocês planejaram isso sim. - disse irritado, pegando o taco que ainda estava em sua mão e batendo na barriga do amigo. - Mande ele nos tirar daqui. 

- Ei... - colocou a mão na barriga. - Isso machuca... 

- Eu não ligo.  

Jongin fechou a cara e atravessou de novo a sala, pegando o seu taco de bilhar e se endireitando em modo de combate. Kyungsoo deu risada e foi até ele, fazendo a mesma posição para que começassem uma guerra estilo medieval com os tacos. 

Igual como a guerra de travesseiros, a luta com os tacos não foi nada leve e sim violenta, não batiam em lugares sensíveis, mas lugares como braços, pernas, barriga e costas, eles iam com tudo, os dois, com as forças que quisessem. Não haviam muitas regras em seus jogos. 

Mesmo que depois provavelmente ficariam com algumas marcas roxas pelo corpo. 

Só pararam com a luta quando sem querer Kyungsoo acertou o meio das pernas do Kim, fazendo-o cair de joelhos e curvado por causa da dor. 

- Meu Deus, desculpa Jongin, eu mirei super errado. - disse, abaixando-se ao lado do mais novo e esfregando suas costas com carinho. - Esta doendo muito? 

- S-Sim... - murmurou, suspirando fundo. - Eu acho que depois dessa eu não vou poder ter filhos. 

- Desculpa. - deu risada. - Juro que não foi minha intenção, eu sei que isso dói. 

- Tudo bem. 

Kyungsoo o ajudou a levantar e o colocou sentado em um sofá baixo que tinha em um canto, sentando ao lado dele logo depois. Ficaram alguns segundos em silêncio, esperando a dor do Kim passar quase por inteiro. 

- Eu acho que essa foi muito violenta. - comentou Jongin, sorrindo. - Vamos sentir dores mais tarde. 

- E eu ainda tenho a corrida amanhã. 

- É só descansar bastante. - disse. - Você vai se sair bem, como sempre. 

O Do sorriu de leve, desviando o olhar. 

- Jongin, você ainda pretende ter filhos?  

- Claro, porque não? - riu. - Eu não tenho nem 25 anos ainda, eu ainda posso ter filhos. Porque?  

- É que eu estava pensando... Você é gay mesmo ou é bissexual? Porque eu nunca, sabe, nem perguntei... Desde que você se assumiu, apesar de você já ter falado que é gay.. 

- Ah, eu não sei... Talvez se aparecer uma garota realmente legal, eu acho que eu poderia me apaixonar por ela. Eu não sei.  

Jongin era sincero, mas nunca chegou a rotular sua sexualidade porque, desde que a descobriu, esteve sempre apaixonado pelo melhor amigo. E as pessoas com quem chegou a ficar no meio disso apareceram rápido e foram embora rápido de sua vida também. 

- Tipo a Nina? - perguntou. 

- Não, hyung, a Nina não. - sorriu. - Eu realmente não quero nada com ela, mesmo ela sendo bonita e legal. Mas mesmo que eu me case com um homem, eu ainda posso adotar. 

- Você é tão romântico, pensando em casar e ter filhos. - sorriu. - Ninguém mais pensa assim hoje em dia.  

- Ainda tem pessoas que pensam assim. Mas e você? Se não pensa nisso, então pensa em que? 

- Ah, eu só quero ser famoso e ter dinheiro até eu morrer.  

- Não, você não quer isso. - riu alto. - Saiu muito falso do jeito que falou. - se aproximou. - Eu sei que você também quer um amor, todos querem. 

- Eu não sou todo mundo. - sorriu. 

- Tem medo que eu encontre alguém e saia daqui? 

- Não. 

- Eu sei que tem. 

- Não seja convencido. 

Jongon sorriu e foi devagar para cima do alvo, deitando-o no pequeno sofá e o beijando de modo calmo e silencioso, sem dizer mais nada. Kyungsoo o correspondeu, mesmo que fosse aquele tipo de beijo. 

O Kim parou com selinhos demorados, e o encarou com um sorriso fofo. 

- Você é tão lindo, hyung. 

O Do o fitou de volta, engoliu em seco, apertou forte os ombros do moreno e o empurrou para longe de si, levantando-se do sofá. 

- Para com isso, Jongin. - murmurou irritado. - Já disse que comigo não rola coisinhas românticas e bonitinhas, se quer romance procura outra pessoa. Comigo é só amizade e sexo, nada mais que isso. 

- E se eu quiser fazer, ás vezes, coisas românticas com você?  

Kyungsoo suspirou, colocou a mão de leve em seu próprio pescoço e fechou os olhos.  

- Eu não vou corresponder nada que não seja sexo vindo de você. - se virou, o encarando sério. - Entendeu? Ou eu preciso desenhar? Você não é tão burro assim, certo? 

- Você esta suando? 

- Aqui tá calor. 

- Aqui tem ar condicionado. 

A porta se abriu de repente, revelando um ChanYeol todo sorridente. 

- Estou libertando vocês... - disse 

O Do o encarou bravo e foi até ele, fazendo com que o alto se assustasse com a aproximação e saísse do caminho do piloto para não ser xingado e nem espancado. No entanto, o alvo apenas passou por ele, saindo da sala, sem dizer mais nada.  

- O que houve? Ele não esta bravo? - questionou o Park. 

- Sim, ele esta, mas vale a pena brigar com você? - deu risada, levantando-se do sofá e indo até o amigo. 

- O que fizeram? 

- Ficamos jogando, só isso. 

- Tem certeza? Ele saiu suado daqui porque? - olhou de modo malicioso, sorrindo. 

- Sei lá, claustrofobia. - deu de ombros. - Não nos tranque mais, ele realmente não gosta de ficar em um lugar limitado obrigatoriamente.  

- Sem problemas, eu estou indo embora agora. 

Os dois saíram da sala e seguiram o corredor até a cozinha, onde encontraram Nina sem o uniforme e toda arrumada enquanto o Do estava em um canto, bebendo água em silêncio. 

- Vocês vão sair? - questionou Jongin. 

- Sim, vamos jantar juntos. - ChanYeol foi para perto dela, todo animado. - Espero que esteja tudo bem. 

- Não, na verdade não esta. - Kyungsoo se manifestou, encarando-os enquanto segurava o copo meio vazio nas mãos. - A Nina trabalha para mim, ela é a minha cozinheira e o horário de trabalho dela ainda não acabou. Como pode chama-la para sair se eu não a deixei sair? 

- Deixa ela ir, você sabe que ela trabalha demais. - comentou Jongin. - A gente pede uma pizza, comida chinesa, qualquer coisa. Não seja chato. 

- Obrigado, Jongin. - o Park agradeceu. 

- Cuide dela, não faça nada errado.  

- A gente volta cedo. - garantiu. 

O casal se despediu com um sorriso, saindo da cozinha e indo embora, enquanto os outros dois continuaram no mesmo lugar, sem dizer nenhuma palavra por longos segundos. 

- O dia ainda não acabou. - murmurou Jongin. 

Kyungsoo terminou de beber o resto da água em seu copo antes de encarar o amigo. 

- Eu vou na piscina. - disse, colocando o copo vazio na pia e voltando ao caminho para o corredor da sala de jogos, mas dessa vez passando por ela e saindo da casa. 

O alvo caminhou pela área da piscina, tirando seus chinelos enquanto fazia isso, e quando chegou na borda, tirou completamente sua roupa, ficando totalmente desnudo antes de se jogar na água gelada. 

Ele mergulhou fundo e subiu de novo. Quando abriu os olhos, Jongin estava ali, também tirando toda a sua roupa e acompanhando o mais velho ao pular na piscina também. 

- Vocês desligou o aquecedor? - perguntou, assim que entrou. 

- Esta bem quente esses dias, a piscina não fica aquecida em dias quentes.  

- De noite sempre é frio. 

- Nade um pouco e você se acostuma com a água. 

Jongin ficou em silêncio e começou a nadar um pouco, de um lado para o outro, para aquecer um pouco por causa da água gelada. E Kyungsoo parou em um canto da piscina, encostado em uma das paredes, ficando de olhos abertos e bem atentos a todos os movimentos que o moreno fazia na água. 

Os mergulhos, as braçadas e todas ás vezes que o mais novo subia para a superfície e jogava o cabelo molhado para trás com as mãos. Aquilo era tão sexy que o piloto ficava hipnotizado e excitado por cada gota de água que molhava o corpo do Kim. 

Jongin virou-se para o amigo e viu os olhos grandes sobre si, sem desviar por um segundo. 

- Porque esta me olhando assim? - questionou, curioso. 

- Você fica bonito desse jeito... Molhado. 

- Molhado? - riu. - Se eu soubesse viveria molhado então. 

Kyungsoo sorriu e mordeu o lábio inferior. 

Não sabia se era a piscina, o corpo molhado, o cabelo para trás pingando, a lua que começava a iluminar naquela noite ou apenas ele sendo ele mesmo. Mas parecia ser irresistível. 

- Parece que alguém esta completamente perdido em mim. - disse Jongin, o encarando com uma sobrancelha erguida.  

- E o que você esta esperando para vir aqui?  

O Kim sorriu e se aproximou, e assim que chegou perto, o Do o puxou para um contato mais próximo o possível, o abraçando enquanto entrelaçava suas pernas na cintura alheia e atacava com selvageria a boca do amigo para um beijo cheio de desejo. 

Jongin abraçou o corpo menor e o encostou na parede da piscina, passando a mão nas costas alvas e descendo até as coxas, onde as apertou forte. Kyungsoo mordeu o lábio do mais novo entre o beijo e arranhou a costa morena com força. Os membros se tocavam, rígidos, por baixo da água, e latejavam de tanto tesão. 

- Jongin... - sussurrou fraco nos lábios do outro. - Me fode, agora... É uma ordem. - sorriu. - Eu quero sentir você dentro de mim.  

O moreno sorriu novamente e voltou a beija-lo, descendo os lábios molhados pelo corpo molhado do Do, mordendo e beijando o pescoço branquinho enquanto suas mãos apertavam a bunda alheia na tentativa de se encaixar entre elas. 

Quando Kyungsoo o sentiu dentro de si, ele gemeu alto, segurou-se no corpo do amigo e fechou os olhos para se entregar por completo. Ouviu a água se mexendo ao seu lado e os gemidos roucos de Jongin ao seu ouvido. Com a boca entreaberta, o alvo arranhou a costa morena com suas unhas curtas e puxou o cabelo molhado do Kim com a outra mão. 

Ali, naquele momento, na piscina, o piloto gemeria o nome dele, gritaria, arranharia, beijaria e morderia Jongin de várias maneiras. E faria de novo no dia seguinte ou na semana seguinte, faria de novo sempre que quisesse, sempre quando ambos estivessem com vontade. 

Porque Jongin era o brinquedinho sexual que Do Kyungsoo nunca enjoaria. 

 

~ ~  

 

Depois do que aconteceu na piscina, os dois voltaram para dentro da casa, subiram as escadas e foram para o quarto de Jongin tomar um banho. 

O Kim o convenceu de tomar banho em seu banheiro, mas não juntos, porque para o Do já era intimidade demais que ele não queria e nem pretendia ter. Então Kyungsoo foi primeiro, tomou um banho quente e demorado, saindo para dar lugar a Jongin. 

O alvo se vestiu confortavelmente e deitou na cama a espera do outro, ficando aquecido e acompanhado de seus travesseiros que ainda continuavam ali. Acabou dormindo no meio deles, dormiu enquanto o moreno tomava banho e continuou dormindo quando o mesmo saiu. 

O mais novo deitou-se ao lado do mais velho e o observou dormindo serenamente entre os travesseiros, acabando por sorrir ao pensar como ele era lindo mesmo dormindo. 

E para quem não dormia na cama de ninguém, agora já parecia confortável até demais na cada do Kim. 

Jongin não dormiu, foi difícil piscar os olhos vendo-o daquele jeito, tão perto e próximo de si. Continuou o olhando por muito tempo e só se moveu para pegar o caderno de desenhos e voltar a olha-lo enquanto o desenhava. Um desenho completo, cheio dos detalhes que o moreno mais amava em seu melhor amigo.  

Quando terminou de desenhar e colocou o caderno de lado, ficou pensando se o momento para pedir a segunda chance estaria próximo ou não. Tinha medo de ser recusado, mas algum dia ele teria que tentar. 

Afinal, ele continuava naquela casa esperando exatamente essa chance. 

A esperança era o único motivo de não ter seguido em frente. 

Ele voltou a deitar na cama, dessa vez, diferente de olhar para o mais velho, ele olhou para o teto de seu quarto. E foi quando suspirou fundo que o pequeno corpo adormecido se mexeu ao eu lado.  

- Jongin-ah? - murmurou baixo e sonolento, virando o rosto para encara-lo. - Eu dormi por muito tempo? 

- Por horas. - respondeu, sem desviar o olhar. 

- Obrigado por não me acordar. - sorriu, se espreguiçando com os braços, e deixando um deles cair sobre o corpo do moreno.  

- Você parecia cansado. 

- E eu estou, era para eu tirar esse dia para descansar para a corrida de amanhã, mas em vez disso você acabou me cansando o dia todo.  

- Não gostou? 

- Eu sempre gosto. Eu já lhe disse o quanto você é maravilhoso. 

Jongin virou o rosto para encara-lo e depois encarou a mão alva em cima de si. Com cuidado e devagar, ele segurou a mão do piloto, entrelaçando seus dedos com os dele aos poucos.  

Kyungsoo o fitou por causa do movimento, e retirou rápido sua mão antes que as duas estivessem completamente entrelaçadas. O pequeno sentou-se na cama, fingindo que nada aconteceu, e olhou para o relógio que enfeitava um dos criados-mudos de Jongin. 

- Olha só... - ele sorriu, apontando com os olhos para o relógio. - Já passou de meia noite. Sabe o que significa? Eu passei o dia todo com você e ganhei a nossa aposta.  

- Tudo bem. - sorriu, sentando-se também. - E o que vai querer de mim? 

- Eu não sei ainda... Eu vou pensar, mas fique ciente de que esta me devendo algo. 

- Ah, já era para você ter pensado sobre isso. - reclamou. - Eu já sabia o que te pediria no exato momento que a gente fez a aposta. Na verdade, eu queria muito ganhar por causa disso. Deveria ter te tratado mal. 

- Você não me tratou completamente bem. - deu risada. - Mas o que você iria pedir? Me conta.  

Jongin desviou o olhar, seu sorriso morreu e ele suspirou fundo. 

- Não sei se devo falar, hyung.  

- Parece ser muito sério, pela sua cara. - o encarou de modo estranho. - Dependendo do que for, eu posso fazer mesmo que eu tenha ganhado. Só para você ver o quanto eu sou legal. - sorriu. - Mas depende muito do que é. Vamos, fale. O que você quer? 

Era aquele o momento, o piloto parecia relaxado, calmo e feliz. Era o melhor momento para pedir qualquer coisa que fosse, então o moreno se encheu de uma coragem que não era tão forte dentro de si. 

- Eu quero uma segunda chance. - disse, sério e determinado, encarando os olhos escuros do amigo. 

- Segunda chance para que? - olhou confuso, sem entender. 

- Para eu me declarar para você. 

Kyungsoo riu e desviou o olhar. 

- Como assim? Do que esta falando? Se declarar para mim? 

- É, você não se lembra? Nós estávamos perto do túmulo de Yoongu e você me perguntou... 

- Não, não me lembro. - o interrompeu, sério. - Muda de assunto. 

- Você me perguntou sobre os meus verdadeiros sentimentos por você. - continuou. - E eu menti, dizendo que para mim você era apenas um amigo. Eu sei que você se lembra, você guarda rancor de mim até hoje.  

- Não me lembro. - insistiu. 

- Eu quero a segunda chance para poder me declarar verdadeiramente para você. Naquela época eu tive medo, mas não tenho mais.  

- É lógico que você tinha medo. Qualquer coisa era motivo de medo, você era um medroso.  

- Viu, você lembra.  

- Jongin, esquece o que aconteceu. Nosso dia estava ótimo, porque você tinha que tocar nesse assunto de mil anos atrás? Quem ainda lembra disso? Esquece, já passou.  

- Eu não esqueci e eu sei que você também não.  

- Engano seu, pois eu já nem mais me lembrava. Então porque voltar nisso agora? 

- Porque meus sentimentos por você ainda são os mesmos. Eles não mudaram.  

Kyungsoo suspirou irritado e se levantou da cama, pegando dois de seus travesseiros que estavam em cima da cama.  

- Parabéns, você estragou o resto da minha noite. - disse, afastando-se do mais novo e indo até a porta para sair do quarto.  

Porém, o moreno sentia-se determinado, até porque se havia chegado até ali, não poderia simplesmente desistir no meio do caminho. Ele precisava fazer Kyungsoo ouvi-lo. 

Foi por isso que foi atrás dele, parando-o no corredor, entre os quartos, puxando seu braço e o empurrando contra a parede para que não fugisse.  

- Kyungsoo, por favor, me dê outra chance. Isso é tudo o que eu penso, todos os meus dias, o tempo todo. Eu não consigo viver por causa disso, eu não consigo mais aguentar isso. A esperança dessa chance é a única razão para que eu continue nessa casa, aguentando tudo o que faz comigo.  

- É tão difícil assim me aguentar?  

- Você nem tem ideia o quão babaca você pode ser. Principalmente comigo.  

- Então vai embora, ninguém esta te obrigando a ficar aqui. Acha que eu vou sentir a sua falta? Ah, por favor, Jongin, se enxerga. Você não é ninguém. 

- Você mesmo se contradiz. - sorriu. - Apenas me ouve. 

- Eu não quero te ouvir. - disse, dando o primeiro passo para fugir, mas o Kim o puxou de volta e ainda com mais força para chamar atenção, segurando forte em seus pulsos. - Jongin... 

- Você vai me ouvir.  

- Eu vou lhe dar cinco segundos para me soltar... Um... 

- Kyungsoo, apenas... 

- Dois... 

- Por favor... 

- Três... 

- Eu te amo, Kyungsoo. - o alvo parou de se mexer e falar, passando a encara-lo com mais seriedade. - E não é só entre amigos, como falei da última vez, eu te amo de verdade. Eu te amo a muito tempo, eu só não consegui demonstrar isso. Eu já tentei tantas e tantas vezes desistir do que eu sentia, eu já engoli esse amor tantas vezes. Mas eu não consigo mais. Você é tudo para mim, hyung. Tudo o que eu quero é ter você, mais nada, não quero dinheiro, fama, sucesso, nada disso. Eu só quero você, você mesmo. Do Kyungsoo, meu melhor amigo, não o melhor piloto do mundo. Quero poder dormir com você, segurar em sua mão, lhe dar flores e dizer que te amo todos os dias, sempre que eu achar que é necessário dizer ou mostrar o quanto eu te amo. Então, por favor hyung, me da essa chance. 

O Do encarou os olhos do outro o tempo todo enquanto falava, e quando o mesmo parou, ele desviou o olhar, encarou o chão e começou a respirar de modo pesado. 

- Já se declarou? Pode me soltar agora. 

Jongin o soltou, vendo-o se afastar um pouco, apoiando-se na parede ao lado enquanto colocava a mão no peito. 

- Hyung? Você esta bem? - se aproximou preocupado, vendo que o estado do amigo havia mudado muito rápido. 

- Estou bem, estou ótimo. - respirou fundo diversas vezes, tentando fazer com que sua respiração voltasse ao normal. - Não chegue perto de mim. - o empurrou, mas não com força, e parando de se apoiar na parede ao seu lado. 

- Kyungsoo... 

- Jongin, você realmente acha que eu me importo com os seus sentimentos? - questionou, sério. - O que você sente é problema seu, eu não tenho nada a ver com isso. Você se apaixonou sozinho, você se iludiu sozinho então sofra sozinho com as consequências. Você realmente acha que vai viver sua vida romântica e bonitinha comigo? - deu risada. - Ah, me poupe. Eu não namoraria com você nem se você fosse o último homem da face da terra. Você é lindo e bom te cama, mas é muito inocente. 

Assim que terminou de falar, ele tirou o maior de sua frente, voltando para o caminho do seu quarto.  

- Porque? - o Kim questionou, assim que o outro tocou na maçaneta de sua porta. - Porque você tem que ser tão cruel? Porque não pode aceitar meus sentimentos? Eu sei que você sente algo por mim também. 

- Sabe como? - o encarou, sem entender. - Você não sabe de nada. 

- Eu senti isso durante o dia todo hoje.  

- Para de mentir para você mesmo. - sorriu. - Acha que só porque passamos o dia juntos eu estou apaixonado por você? Quantos anos você tem? É uma garotinha de treze anos agora? 

- Eu percebi, no fundo, bem no fundo, Kyungsoo. Eu te conheço. 

- Não, você não me conhece. 

- Eu te conheço desde os cinco anos.  

- NÃO, VOCÊ NÃO ME CONHECE. - gritou, irritado. - Você não me conhece porque você nunca se interessou por nada vindo de mim, você nunca compartilhou meus gostos comigo porque você só pensava em você mesmo, só pensava nas coisas que você gostava. 

- Eu não sou mais assim.  

- Você não me conhece, Jongin, nem um pouco. Se conhecesse, se você percebesse só um pouquinho, só um pouquinho... Você ia me conhecer o suficiente para saber o quanto eu era apaixonado por você desde os onze, doze anos, eu nem sei mais. Mas você era completamente estúpido e cego em relação a mim, o tempo todo. VOCÊ NUNCA ME ENXERGAVA, EU ERA SÓ UMA VISÃO BORRADA, UM AMIGO IMAGINÁRIO QUE FAZIA TODAS AS COISAS QUE VOCÊ QUERIA E TE OUVIA O TEMPO TODO... Se você... Se você parasse para prestar atenção naquela época, só um pouquinho... 

- Me deixe concertar tudo isso, por favor, eu não sou mais a mesma pessoa que eu era quando tinha quinze anos, eu mudei, eu posso mostrar isso. A gente pode ser feliz de verdade. 

- Eu também não sou mais a mesma pessoa que eu era quando eu tinha quinze anos. Eu esqueci, eu deixei para trás e era o que você devia fazer também. Porque, Jongin, aquela foi a sua única chance, então não fique se iludindo ou criando esperanças sobre isso. Eu nunca vou corresponder esse seu sentimento. NUNCA. - disse, abrindo a porta de seu quarto. -  Supera esse amor, eu não vou namorar com você e nem te amar de volta. Eu já sou feliz de verdade sozinho. 

Kyungsoo entrou em seu quarto, fechou e trancou a porta, encostando suas costas na mesma logo depois. 

- Hyung... - ouviu a voz de Jongin atrás da porta. - Me desculpa... Por tudo...  

- Vai embora. 

- Eu te amo tanto... 

- Se você não for embora eu vou sair daqui e quebrar a sua cara. De verdade. Eu vou te machucar... De verdade, vou bater em você até você desmaiar. 

- Você já me machucou...  

- VAI EMBORA. - deu um chute forte na porta, sentindo sua visão ficar embasada de repente. 

Kyungsoo observou seu quarto de um canto ao outro, e quando fitou o chão, suas lágrimas começaram a descer freneticamente. 

- Eu te amo, hyung. - escutou de novo, e colocou a mão na boca para abafar o próprio soluço.  

Ouviu os passos do Kim se afastando e depois apenas o silêncio.  

Continuou colado na porta, tentando abafar os seus soluços mesmo que seus olhos estivessem soltando toda a água acumulada de seu corpo. Há quanto tempo não chorava? Há quanto tempo não sentia aquilo? 

Em meio ao seu choro, sentiu falta de ar novamente, levando sua mão até o peito e tentando respirar fundo para controlar sua respiração. Sentiu-se tonto e acabou caindo no chão no primeiro passo que deu, apoiando-se no chão com seus joelhos e mãos, e com a cabeça pendurada pra baixo enquanto fechava os olhos. 

Seu corpo tremia, suas mãos, assim como seu corpo, estavam molhadas inteiramente de suor. Seu coração estava acelerado e seu peito doía, assim como seu corpo todo parecia sentir dores. 

Ele passou a língua pelos lábios secos e fechou as mãos trêmulas em punho para se controlar, respirando profundamente e devagar diversas vezes para que sua respiração voltasse ao normal. 

Quando abriu os olhos novamente, ele tirou a franja úmida de suor dos olhos e deitou no chão gelado que contradizia com a sua pele que parecia que estava queimando.  

No meio de todas aquelas sensações, sentiu que iria desmaiar. 

Mas agora estava ali, não tão firme e nem tão forte, encarando o próprio teto vazio do quarto. 

Afogando-se em suas próprias lágrimas. 

 

 

Naquela mesma noite, mais tarde, Jongin continuava deitado em sua cama, acordado, sem sono e quieto. Com os olhos inchados e vermelhos e com as marcas do resto das últimas lágrimas que ele havia derramado. 

Não queria dormir. 

Sabia que se fechasse os olhos, os pesadelos viriam. 

"Ei, Jongin-ah..." Olhou sem vontade a tela de seu celular para ler a mensagem que havia recebido. "Esta tarde, Nina vai dormir em casa, mas não se preocupe, não ultrapassei limites. Como esta sua noite com o Kyungsoo? 

"Eu já tomei uma decisão." 

"O que?" 

"Eu vou sair dessa casa." 

"Isso é sério?" 

"Eu não posso fazer mais nada, não tem mais esperanças. 

É o fim." 

 

~ ~ ~ ~ 

 

Mesmo quando fechou seus olhos naquela noite, em sua mente, em seus pesadelos, houve mais lágrimas, mais tristeza e ainda mais dor. 

Diferente de todas as outras vezes em que sonhava, aquele foi bem mais intenso, foi bem mais real e foi tudo muito claro. Jongin acordou assustado, acordou suando e chorando, porque aquele pesadelo não havia sido como os outros. 

Aos poucos ele se acalmou, sua respiração se normalizou e ele enxugou o rosto molhado em seu próprio lençol. 

Franziu o cenho e olhou fixo para um ponto do quarto, relembrando milhares e milhares de vezes a cena que havia enxergado no meio de seu sono. Por alguns segundos, pensou que havia sido apenas efeito do que aconteceu na noite passada. 

Mas um lado instintivo seu gritava muito alto. 

Ele olhou para o relógio e percebeu que estava um pouco atrasado, então levantou-se rápido da cama e correu para fora do quarto. 

Por sorte, encontrou o piloto ainda no corredor, preparando-se para descer as escadas. 

- Kyungsoo. - o chamou, se aproximando. 

O alvo suspirou e virou-se com um gesto cansado, encarando o moreno através dos óculos escuros. 

- O que você quer? Se for tocar no assunto de ontem... 

- Não, não é isso. - suspirou, escolhendo as palavras certas para falar o que queria. - Se eu te pedisse para não ir correr hoje, o que faria? 

- Eu ia falar que você é louco e correria mesmo assim.  

- Por favor, não corra hoje. - pediu. - Eu tive um pesadelo. 

- E quando é que você não tem? 

- Com a sua morte. 

- Já ouvi isso várias vezes. 

- Não, Kyungsoo, dessa vez foi diferente. - murmurou nervoso. - Normalmente meus sonhos são abstratos, são só sensações e sons e dor. Eu nunca sei exatamente o que mata as pessoas nos meus pesadelos. Mas dessa vez eu enxerguei a pista de corrida, a mesma pista de hoje. Eu juro que eu enxerguei ela.  

- Isso não significa nada. 

- Eu fiquei com uma sensação ruim. 

- Jongin, eu não posso deixar de correr porque você teve mais um de seus pesadelos de que eu morria na merda da pista de corrida. Eu tenho um compromisso, não é só um hobbie, esqueceu? Eu não vou deixar de correr hoje. Se esta com tanto medo assim, não aparece por lá. 

Assim que terminou, Kyungsoo desceu as escadas com passos firmes e atravessou a casa para sair pela porta da frente. 

O Kim o observou todo esse tempo, suspirou quando o amigo foi embora e balançou a cabeça negativamente, voltando para seu quarto na intenção de tomar um banho e se arrumar para a corrida. 

Era só mais um pesadelo idiota. 

Ele já teve vários. 

 

 

~ ~ ~ ~  

 

 

- Kyungsoo, eu preciso falar com você. 

Chanyeol entrou precipitadamente na pequena sala, fechando a porta e o encarando de modo sério. O Do já vestia sua roupa para a corrida, e encarou estranhamente o alto enquanto estava sentado em um pequeno sofá. 

- Quem te deixou entrar aqui? Você não pode, eu estou me concentrando para a corrida. - disse, se levantando. - Saia daqui. 

- Não vou sair até eu saber os reais motivos de não aceitar os sentimentos de Jongin. 

Kyungsoo deu risada. 

- Ele te mandou aqui? 

- Não, ele me contou tudo, eu só preciso saber. 

- Porque você se importa? 

- Ele é meu amigo. 

- Você não tem amigos, Chanyeol. Vai embora antes que eu chame os seguranças. 

- Não até que me responda. 

- Olha, é muito óbvio. - suspirou irritado. - Eu não o amo, é difícil entender? Não podem me obrigar a corresponder o amor de ninguém... E não me olhe desse jeito, como se eu fosse o vilão. Os sentimentos de Jongin não são importantes para mim, eu não ligo para o que ele sente ou pensa. Ele não é ninguém para mim. 

- Você ouve o que você mesmo fala? - sorriu. - Eu pensei que você mentia para gente, mas você mente para você mesmo. Você mesmo se contradiz porque você não é verdadeiro consigo mesmo. No fundo você não é egoísta, nem arrogante, nem narcisista. Você faz isso de propósito porque você quer. É tipo uma máscara, mas porque? 

- Quando você se forma em psicologia? Me convide para a formatura. - pegou uma garrafa de água, abrindo-a e bebendo um gole. 

- Se Jongin não fosse ninguém para você, você não teria o tirado de cima daquela mesa, naquela festa. Você não teria o levado para casa, não teria colocado seu próprio dedo para que ele vomitasse, não teria cuidado dele e muito menos quase matado o cara que o humilhou. Isso não se faz por alguém que não é importante. 

- Isso se chama consideração. 

- Não, não é só isso. É sério, Kyungsoo, porque não da uma chance para ele? Vocês se dão bem, na vida, na cama. Porque não daria certo? Se você já o amou... É só deixar as coisas ruins para trás. Segue em frente. Qual o problema? 

- Eu não quero um relacionamento, eu não quero um amor. Eu gosto da vida que eu tenho, eu não quero ninguém. Eu me divirto, eu bebo, eu corro e eu fico com quem eu quiser. Eu sou feliz assim e vou sempre ser. 

- Mas você nunca vai ser amado desse jeito. 

- Eu não preciso ser amado. - sorriu. - Eu não quero ser. A não ser pelos fãs... 

- E amar alguém? 

- Eu já amo a mim mesmo, é o suficiente. - disse, virando-se de costas para o mais alto. - Vai embora, ChanYeol. 

- E porque você usa essa máscara? Porque você não pode ser apenas o simples Do Kyungsoo? Como quando era mais jovem, antes de me conhecer... 

- Porque a máscara é como uma droga. - murmurou. - Uma vez que você a coloca, você não é capaz de tira-la. Você descobre a sua cola permanente. - sorriu.  

- Você o ama. 

O sorriso do piloto morreu, ele fechou os olhos, irritado, e virou-se impaciente para ChanYeol, o encarando de um modo bravo. 

- Eu não o amo. - disse, trincando os dentes. - Quantas vezes tenho que repetir isso? Será que eu tenho que tatuar na minha testa com as palavras bem grandes: "EU NÃO AMO KIM JONGIN." Será que assim vocês param de me encher o saco? Só assim? 

- Eu não acredito em você. - cruzou os braços. 

- EU NÃO ME IMPORTO. - gritou bravo. - Eu já disse mil vezes que eu não me importo com o que vocês pensam ou deixam de pensar. O que acreditam ou o que sentem. Eu não ligo. 

- Você é pior que o Baekhyun. - comentou, com um olhar triste. - Ele pelo menos mostra o que ele verdadeiramente é. Ele não finge, não se esconde. Ele é um filho da puta de dentro para fora e todos sabem... Mas você, você não é assim. Você se força a ser assim, é bem diferente. Não há nem motivos para isso, eu realmente não entendo. 

- Ótimo, agora da para ir embora daqui? - apontou para a porta. 

- Um dia você vai sentir falta dele, você vai estar sozinho e vai atrás dele porque a única coisa que vai querer é ser amado. O dinheiro, a fama e o sucesso vai acabar. E ele não vai mais estar disposto para você, porque você vai ter o perdido. Ele vai ser feliz com alguém que o merece, enquanto você vai morrer sozinho. 

Kyungsoo o observou enquanto falava e quando o outro saiu pela porta, a fechando com força. 

Ele levantou a garrafa ainda cheia de água, e percebeu então que sua mão tremia, não conseguindo nem levar a água até a boca seca. 

O Do a deixou de lado e respirou fundo, fechando os olhos e se apoiando no sofá à sua frente. 

- Ei, Kyungsoo. - seu agente abriu a porta, o chamando. - Vamos, esta na hora da corrida. 

O alvo assentiu e respirou fundo mais uma vez antes de acompanha-lo até a pista. 

- Você esta nervoso? Esta suando. - comentou o agente, observando-o no meio do caminho. - Relaxa, você sabe que é o melhor. - sorriu. - Vai ser mais uma vitória hoje. - deu um tapinha motivador em suas costas, o deixando seguir seu caminho sozinho. 

Kyungsoo apareceu na pista, na visão de todos que assistiam da arquibancada, dos jornalistas, dos fotógrafos, da televisão e também dos seus adversários. 

Andou até o seu carro, colocou o capacete e entrou nele. 

Suas mãos ainda tremiam e ele suava como um louco, passando a língua nos lábios várias vezes enquanto controlava sua respiração apressada. 

- Foco, foco, Kyungsoo. - começou a sussurrar para si mesmo. - Sem pensamentos, sem lembranças. Só foco na corrida, só isso. O carro vai para onde vão seus olhos, é só se concentrar e seguir em frente, olho na pista. Foco e concentração, foco e concentração. 

No entanto, por mais que tentasse esvaziar sua cabeça, o tempo todo era amarrotado de pensamentos sobre Jongin e pelas palavras de ChanYeol. 

- Foco... Você não vai morrer sozinho, você sabe que Jongin o ama, ele nunca vai embora, ele vai ser seu para sempre... Ele não vai embora, ele não foi até agora... Ele não iria... Ele não pode... 

O Do apertou forte o volante e pisou com tudo no acelerador quando a corrida começou. 

Em nenhum momento suas preocupações o deixaram, e pior, ele acabava lembrando de memórias antigas que não queria lembrar e que também não era o momento de lembrar. 

Apesar de ainda conseguir correr, seu empenho não estava firme por causa da sua falta de concentração. Depois de várias voltas dadas, ele ainda era um dos últimos corredores, deixando tanto ele como todo mundo que torcia frustrado. 

Sua distração ficou tão grande que chegou um momento em que a única coisa que conseguia pensar era na conversa que teve com o melhor amigo na noite passada. 

"Porque eu sempre... ajo assim?"  

Quando pensou isso, seus olhos desfocaram por segundos, e quando focou de novo, ele encarou a parede da pista. 

Kyungsoo tentou fazer a curva rapidamente, mas era tarde demais.  

Seu carro derrapou, ele bateu forte contra a parede da pista e pedaços do automóvel voaram para longe junto com ele. 

Depois, houve apenas silêncio, fumaça e dor. 

Seus olhos fecharam e ele deu um último suspiro. 

 

 

 

 

Amante artificial, esse amor excede a dose letal 

É um vício descontrolado, que mastiga minha cicatriz e cospe 

Emoções imprevisíveis, meu coração está cheio de lágrimas 

Como a crescente onda na areia, você surge mais uma vez 

Artificial Love – EXO


Notas Finais


Então é isso ae ~
Olha só, a partir do próximo capítulo vai voltar a contar a história desde o prólogo, como começou, ai vamos saber o que houve com nosso problemático Kyungsoo heuheuhe Ah, e me desculpem again pelos lemons e.e

Gostaram do capítulo? *u*
Comentem o que acharam, por favor <3 Eu sei que não respondi os do cap passado, por falta de tempo mesmo, mas prometo responder tudo ainda hoje :3

Até a próxima ^^


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