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História Hurt - Há fé e há sono


Escrita por: BubbleTeaPark

Notas do Autor


OLÁ PESSOAL

Por favor, me desculpem pela demora e não desistem de mim :c
O problema foi bloqueio criativo, enem, tcc, muita coisa, mas cá estamos nós com outro capítulo
Sei que esperaram bastante :c
Desculpa novamente

Vai ser um capítulo dividido em dois, porque ficou muito grande, e apesar de que eu sei que vocês gostam de capitulos grandes, não se preocupem que o próximo não vai demorar. Amanhã mesmo já vai sair :3 ou ainda hoje, mas é provavel amanhã :3

Enfim, boa leitura ^^

Capítulo 14 - Há fé e há sono


Fanfic / Fanfiction Hurt - Há fé e há sono

Às vezes o silêncio é violento

Eu acho difícil esconder isso

Meu orgulho não está mais dentro de mim

Está na minha manga

Minha pele vai gritar

Me lembrando de quem eu matei

Dentro do meu sonho

Eu odeio esse carro que eu estou dirigindo

Não há esconderijo para mim

Car Radio – Twenty one pilots

 

 

 

 

 

No final daquele dia o agente de Kyungsoo apareceu para ver como ele estava, assim como para afastar todos os fotógrafos e jornalistas que estavam esperando por notícias.

Ele soube da condição do Do e tanto ele como o próprio piloto resolveram esconder da mídia por algum tempo, porque o acidente estava recente e todos estavam curiosos sobre a situação. Kyungsoo não queria enfrentar multidões e câmeras perguntando como ele estava se sentindo ao saber que não poderia correr mais.

O que ele menos queria eram perguntas demais para ele responder. Ele não queria dar satisfação de nada, até porque não estava conseguindo aceitar a sua paraplegia, mesmo sabendo que ela é reversível.

Ele só queria ficar quieto por um tempo, em seu próprio mundo de dor.

Jongin ficou lá o tempo todo, mesmo fora do quarto do amigo, e a Senhora Do também, sempre por pertos e preocupados caso ele precisasse de algo.

- Você deveria ir embora. - disse a mãe, vendo-o terminar de beber um copo de café. - Parece muito cansado.

- É porque eu mal dormi noite passada.

- Vai para casa, descansa um pouco, durma, coma algo. Não se esforce tanto, eu posso ficar aqui. Volte quando estiver melhor.

O Kim não queria deixa-lo, mas resolveu ir mesmo assim.

Estava o dia todo lá, se sentasse em algum lugar seus olhos se fechavam quase automaticamente, então aceitou o conselho da mais velha e foi embora naquela noite, mesmo sabendo que se deitasse em sua cama para dormir, não conseguiria tão cedo por causa dos pesadelos com o acidente.

Chegou em casa e jogou-se no sofá, tirando os sapatos e fechando os olhos. Queria um pouco de paz, por causa do hospital ser um lugar cheio e com um clima pesado, mas mesmo em sua própria casa, seus primeiros segundos de paz foram interrompidos.

- JONGIN. - uma voz o chamou de longe e logo dois corpos ficaram em pé ao seu lado no sofá. - Esta dormindo?

Ele abriu um pouco os olhos e encarou ChanYeol e Nina ao seu lado.

- Eu tentei te ligar, porque não atendia o celular?

- Você parece mal, esta se sentindo bem?

O moreno sentou no sofá, bocejando, e os outros dois sentaram respectivamente ao seu lado.

- Eu deixei o celular no carro enquanto estava no hospital. - explicou para o alto. - E eu estou bem, só cansado. - explicou para a menor.

- Eu pensei em ir visitar Kyungsoo no hospital, mas quando fiquei sabendo logo recebi a notícia dizendo que ele estava tudo bem. Eu nem gosto de corridas, eu não assisti, e dormi quase a tarde toda hoje, fiquei sabendo bem tarde.

- Eu fiquei preocupada com você. - disse Nina. - Quer dizer... Com o Kyungsoo também, mas eu queria ter ficado perto de você. Eu não fui porque eu só sou a empregado do Senhor Do, não faria sentido ir. Mas tudo esta bem agora?

- Ah, parem de ser tão curiosos. - murmurou. - Ele esta vivo, é o que importa.

- Quando ele vai receber alta?

- Daqui umas semanas. - se levantou, olhando ao redor, suspirando quando seus olhos pousaram na escada que levava aos quartos. - Eu fiquei pensando sobre algumas mudanças enquanto eu voltava. Sabe aquelas cadeiras automáticas para escadas? É usada mais para idosos, mas talvez eu acho...

- Do que esta falando? - questionou o Park, confuso.

- Ah sim, vocês não sabem. - passou a mão no cabelo, suspirando de novo. - Minha cabeça esta tão cheia de coisa que eu não consigo mais pensar direito. Enfim, o Kyungsoo esta paraplégico.

- O QUE? - ChanYeol arregalou os olhos. - Mas na internet saiu que ele estava bem.

- É só para afastar a mídia, então por favor, não contem há ninguém.

- Quer dizer que ele...

- Não, Nina, ele não vai mais poder correr. Eu acho, eu nem sei mais. Porém, é uma paraplegia incompleta, ele pode fazer fisioterapia e... Voltar a andar... Quase como antes...

O Kim fechou os olhos e abaixou a cabeça, colocando a mão na mesma.

- Jongin, você esta bem? - a garota perguntou novamente, preocupada.

- Só fiquei um pouco tonto...

- Você comeu alguma coisa lá no hospital?

- Não.

- Ah, como você pode ficar o dia todo sem comer? Você sabe que horas são? - ela se levantou brava. - Venha, vou preparar algo.

Nina pegou no pulso de Jongin e o puxou pela casa, levando-o até a cozinha e o mandando sentar em uma cadeira qualquer. O Kim aceitou sem reclamar, sentia-se meio fraco e com a cabeça tão lotada que parecia que iria explodir.

- Coma alguma coisa, tome um remédio e vá dormir. Você precisa cuidar de si mesmo também.

- Obrigado, noona. - ele sorriu. - Eu vou fazer isso, prometo.

O Park sentou-se ao lado do Kim, com uma expressão curiosa.

- Ele ficou muito arrasado? - perguntou. - Quando soube?

- É óbvio. Ele expulsou eu e a mãe dele do quarto e chorou sozinho... Eu sei que ele chorou. - suspirou. - O que a gente pode fazer? Ou falar? É horrível, mas... Poderia ter sido muito pior, Channie. Muito pior. Eu chorei o tempo todo sem saber como ele estava, eu pensei que ele estava morto. O que eu faria se ele estivesse morto? Eu não consigo nem imaginar esse tipo de dor de tão grande que seria para mim. Eu nem sei se eu aguentaria, eu sou mais fraco do que ele.

- Você parece ter chorado muito, esta acabado.

- Eu estou exausto, mentalmente. - sorriu para ele. - Mas eu estou feliz porque ele esta vivo, mesmo que o acidente vá deixar marcas permanentes nele. Pelo menos ele esta vivo, é o que importa agora.

- O ego e o orgulho de Kyungsoo é muito grande, como ele vai agir tendo que depender de alguém para se movimentar? Pelo menos até ele se recuperar...

- Eu não sei. - suspirou. - Mas ele vai ficar insuportável de lidar.

- Mais?

- É, mais. - o encarou.

- E você vai continuar nessa casa? Ontem à noite você me disse que iria sair daqui, o que vai fazer agora?

- Eu não posso sair agora, Chan. Não nesse momento, com ele assim. Não importa se ele recusou o meu amor, ele ainda é o meu melhor amigo. Eu vou continuar aqui, até que, sei lá...

- Você é um idiota. - disse sério.

- Eu sei. - sorriu. - Mas eu desisti dele, de verdade.

- Jura? - estreitou os olhos, duvidando.

- Sim.

- Você esta mentindo. - empurrou seu braço, com uma expressão irritada. - Apenas pense um pouco mais em você mesmo.

- Claro, eu sei, eu vou fazer isso. Obrigado, hyung.

Jongin até poderia ser idiota, mas que tipo de pessoa ele seria se abandonasse o melhor amigo no momento mais difícil de sua vida?

Seu amor foi recusado, mas e o valor da amizade que dura a tantos anos, mesmo o Do nem dando mais tanto valor assim a ela? Ainda existia a consideração, por parte de ambos, ele sabia disso.

Amor e amizade eram algo diferentes agora, mesmo que, no seu caso, sempre estivessem conectadas.

 

~ ~

 

Naquela primeira noite Jongin comeu algo, tomou um remédio, um banho e deitou-se em sua cama para dormir. Por estar cansado, seu sono veio rápido e até pesado, só acordando no dia seguinte, bem cedo, quando teve o pesadelo.

O pesadelo foi aquilo que ele esperava que teria: o acidente de Kyungsoo.

Não voltou a dormir, nem conseguiria, então resolveu acordar de vez e ir logo ao hospital visitar o amigo e ver como estava.

A Senhora Do já estava lá, mas como suas roupas eram diferentes provavelmente ela voltou para casa para dormir igual ele. Tudo ainda estava a mesma coisa, Kyungsoo ainda parecia frágil e sensível, mesmo que quisesse demonstrar o contrário, mesmo que ainda fosse ignorante com todo mundo.

Jongin juntou toda a paciência que tinha e teve em aguenta-lo todos aqueles anos e usou naquelas semanas em que ele ficou no hospital. Ele o entendia de algum modo. O piloto sempre foi alguém agitado, que nunca gostava de ficar parado. Ser obrigado a ficar em um hospital, dependendo de enfermeiros para ir ao banheiro ou para qualquer lugar era quase insuportável para ele.

O lugar e a situação puxavam todo tipo de energia negativa para ele, o sobrecarregava, e o único modo que o Do sabia como descarregar tudo aquilo era por meio de sua arrogância. Então era o Kim e a Senhora Do que precisavam ser pacientes e aguenta-lo, assim como se desculpar e explicar aos médicos e enfermeiros que eram alvos da ira de Kyungsoo.

Quase um mês depois a sua fratura no pescoço estava curada e os pontos de seus machucados mais profundos também haviam sido curados e ele finalmente poderia voltar para casa.

Para a alegria dele ou não.

- Jongin, eu vou ter que repetir? - o alvo perguntou, no exato momento que passou pela porta de sua casa. - Não precisa empurrar a merda da cadeira, eu ainda sei mexer os meus braços e mãos.

- Tudo bem, me desculpe. - sorriu. - E é por isso que compramos uma cadeira motorizada para você, assim não vai cansar tanto os braços e vai poder se mover melhor sozinho.

- Nossa, estou tão feliz com isso. -  disse ironicamente, parando a cadeira de repente. - Porque tem uma rampa aqui?

- Tem alguns pequenos degraus pela casa, então eu coloquei umas rampas para que você pudesse passar com a cadeira de rodas por elas.

- Jongin é realmente muito prestativo, não é? - a mãe sorriu.

- Tanto faz. - suspirou, voltando a se mover com a cadeira, descendo a pequena rampa e se movendo pela sala. - O que é isso na minha escada?

- Eu comprei também, aquelas cadeiras automáticas de escada, para não precisar te carregar sempre que for subir para o seu quarto.

- Porque? Eu sou muito pesado? Um fardo para você? - virou a cadeira, o encarando.

- Nunca seria. - sorriu. - Mas eu sei que você não ia gostar de ser carregado o tempo todo, só quando necessário.

- Você teria que me carregar para eu conseguir me sentar naquela cadeira, eu sinceramente não vejo muita diferença.

- Boa tarde, Senhor Do. - Nina apareceu na sala, vestida com seu uniforme e sorridente. O alvo virou-se para ela, com um olhar sério. - Bem vindo de volta, eu estou feliz que você esteja bem.

- Você esta enxergando bem?

- O que?

- Não esta vendo que eu estou em uma cadeira de rodas? Porque eu estaria bem?

- Ah, bem... - desviou o olhar, engolindo em seco. - Quer que eu prepare a sua comida preferida agora? Você deve estar com fome.

- Já deveria ter preparado. Menos palavras e mais ações, Nina.

- Sim, Senhor. - assentiu, dando meia volta e voltando às pressas para a cozinha.

Jongin pegou o amigo no colo, com cuidado, e o colocou na cadeira automática, mostrando o botão que ele deveria apertar para que ela subisse. Então enquanto o outro subia, ele pegava a pesada cadeira de rodas e subia as escadas com ela.

No topo, ele o colocou de volta na cadeira, e este pegou seu caminho até o quarto, onde esticou o braço com certa dificuldade até a maçaneta e abriu-a para entrar.

Jongin de novo o pegou e o colocou sentado na cama, deixando os travesseiros macios em suas costas para deixa-lo confortável.

- Esta bom assim? - perguntou.

- Sim.

- Você viu, hyung? - ele sorriu, apontando. - Nós colocamos uma televisão maior aqui no seu quarto, parece de cinema, não é? Eu também comprei um vídeo game novo, assim você pode passar seu tempo jogando também. O que você quer fazer agora?

- Apenas ligue a TV.

O moreno pegou o controle e ligou, entregando-o para ele.

- Mude para o canal que quiser. Eu vou lá para baixo ajudar a Nina cozinhar, qualquer coisa é só me chamar pelo celular, tudo bem?

- Tchau, Jongin. - disse, mudando de canal de modo impaciente.

O Kim assentiu e saiu do quarto, deixando ele sozinho com sua mãe.

Desceu as escadas suspirando e foi até a cozinha, e sem dizer nenhuma palavra, começou a ajudar a cozinheira no que podia, para que as coisas fossem mais rápidas.

- Ele parece muito ruim. - ela comentou, depois de um tempo.

- Ele esta sensível. - tentou explicar.

Alguns minutos depois o mais novo deu uma pausa e sentou um pouco para descansar e beber água, até que viu a Senhora Do entrar na cozinha com um rosto cansado.

- Jongin? - ela se aproximou. - Eu vou ter que sair para fazer alguns compromissos, mas eu volto à noite, tudo bem?

- Você não precisa se mudar para cá, ele vai ficar bem agora que voltou para casa, seu humor vai ficar melhor, eu tenho certeza.

- Eu ainda quero ficar perto dele, mas obrigada por tudo.

- De nada. - ele sorriu, vendo-a se afastar com a cabeça baixa.

Jongin suspirou e voltou a encarar Nina, que o encarava também, com uma expressão triste.

- Ela parece tão sensível quanto ele. - comentou.

- É o único filho.

- Você também parece tão sensível quanto os dois.

- A situação não é fácil e Kyungsoo não facilita nenhum pouco. Tente não ficar muito próxima dele, senão vai acabar magoada. Desculpe por qualquer coisa que ele falar.

- Quem tem que pedir desculpas é ele, não você.

- É complicado demais, Nina. Mas o humor dele vai melhorar agora que esta em casa, eu tenho certeza. - disse confiante. - E quando ele começar a fisioterapia, vai ter algo para distrair a cabeça, vai ser bom.

- Tudo bem. - ela suspirou. - Ele não deveria ter um enfermeiro, algo assim?

- Não, eu estou cuidando dele por enquanto.

- Você não é enfermeiro.

- Não, mas eu sou a única pessoa que aguenta ele. - sorriu.

- Paciência tem limite. - sorriu de volta, voltando a fazer o que fazia. - Não se sobrecarregue também.

Jongin não sentia-se sobrecarregado, sentia-se como se estivesse cuidando do melhor amigo doente.

Apesar de sua condição nas pernas não ser uma doença, seu estado emocional ainda continuava fraco, instável e sensível. E era disso que ele cuidava. Talvez, era até mais do que isso.

O moreno sempre sentiu como se não tivesse estado ao lado do Do na primeira tragédia de sua vida, a morte do pai do piloto, e por mais que não fosse, sempre quando pensava sobre aquilo sentia-se culpado em relação a muitas coisas que não deveria ter feito e que deveria ter feito.

Naquela segunda tragédia, ele queria estar por perto, não importava o que fosse.

- Ei, hyung, voltei. - entrou no quarto, sorrindo com uma bandeja nas mãos. - Você esta com fome?

- Comparado a comida do hospital, estou faminto a quase um mês.

Jongin se aproximou e colocou a bandeja no colo do amigo, subindo na cama para sentar ao seu lado.

- Você ficou nos quartos mais caros, eles caprichavam na sua comida. Não parecia tão ruim assim.

- Era obrigação deles cozinharem direito, eu estava pagando. Comida de hospital continua sendo comida de hospital. - suspirou. - Mas confesso que senti saudades da comida dessa garota.

O Kim sorriu e o observou comer, quieto em seu canto, enquanto via o amigo com uma expressão mais tranquila pela primeira vez desde o acidente.

- Você não esta com fome? - ele questionou, sem encara-lo.

- Não, eu vou comer depois.

O Do deu de ombros e continuou a sua refeição, comeu tudo até não sobrar nada e até sentir-se satisfeito. Ele precisava daquilo para relaxar um pouco, para tirar-lhe o foco de toda a desgraça que estava sentindo.

Foi Nina que subiu para pegar a bandeja com os pratos sujos de volta, e ele não lhe disse nada, nem um comentário maldoso mas também nenhum agradecimento. Na verdade, ela nunca recebeu agradecimento nenhum vindo dele, então seu silêncio já era algo bom.

- O que quer fazer agora, hyung?

- Acho que eu vou dormir um pouco, eu senti falta dos meus travesseiros e da minha cama. - olhou ao redor do colchão, passando a mão sobre ele.

- Tudo bem, mas antes de dormir eu gostaria de falar com você sobre uma coisa, bem rápida. - se levantou da cama, dando a volta nela e o encarando. - Vai ser rápido.

- O que é?

- Eu quero saber se você tem alguma preferência em relação a enfermeiros, médicos, nutricionistas... Vai que você tem conhecidos ou tem preferência em relação ao sexo. Você já foi a um nutricionista, não foi? Quer que eu contate ele de novo?

- Do que você esta falando? Contatar quem e para que?

- Para a sua fisioterapia. - disse, sorrindo. - Eu já quero marcar para amanhã, para começarmos logo, como o médico disse... Quanto mais rápido começar, mais rápido...

- Jongin, Jongin... Não. -  o interrompeu, negando com a cabeça. - Não, chega.

- Não o que?

- Eu não vou fazer fisioterapia.

- O que? - o encarou surpreso, sem entender. - Como assim? Porque?

- Eu não quero.

- Mas fazer isso é o que te fará voltar a andar.

- Andar? Andar com uma bengala? Andar mancando? Não é andar.

- Kyungsoo, é melhor andar mancando do que nunca mais andar e ser obrigado a ficar em uma cadeira de rodas para o resto da vida. O que esta pensando? Você não pode recusar esse tipo de coisa, quem recusaria isso?

- Eu. A pessoa que nunca mais vai poder correr em uma corrida de novo, andando ou ficando em uma cadeira de rodas.

- Conseguir sentir e mover as pernas já não é o suficiente para você? Kyungsoo, você sabe quantas pessoas queriam ter a chance que você tem de poder reverter isso? E você esta jogando tudo no lixo, como se não fosse nada.

- Esta dizendo de novo que eu tive sorte?

- Mas você teve. - suspirou. - Olha, hyung, eu sei que o que aconteceu foi horrível e que a dor que você esta sentindo de não poder mais correr deve ser enorme. Mas você vai desperdiçar a sua chance de poder voltar a se movimentar por conta própria?

Kyungsoo o encarou, sério, antes de desviar o olhar.

- Me deixe dormir, eu estou com sono. - disse, encerrando o assunto.

Jongin suspirou de novo, foi até ele e o ajudou com os travesseiros, deitando-o na cama de modo confortável para que conseguisse dormir.

Saiu do quarto sem dizer nada, estava impaciente, inquieto e completamente em choque.

Como Kyungsoo poderia ter um pensamento tão infantil e irracional como aquele? Como que ele, a pessoa mais forte que conhecia, iria desistir de suas pernas assim, como se não significassem nada?

Um cabeça dura burro e ignorante.

- O que houve, Jongin? - Nina perguntou assim que ele entrou na cozinha, notando sua expressão meio atordoada e irritada. - Ele fez algo?

- Fez sim, mas não comigo, com ele mesmo. - murmurou, sentando-se em sua frente. - Ele é um idiota.

- Sim.

- Não, é pior dessa vez. Ele não quer fazer a fisioterapia, o que ele tem na cabeça? A chance que ele tem... Ninguém quer ficar preso em uma cadeira de rodas para sempre se tem a opção de reverter isso. Mas não, Kyungsoo... Ele tem que ser diferente de todos até nisso.

- Mas qual o motivo dele não querer?

- Sei lá, ele não quer porque mesmo fazendo, ele nunca mais vai voltar a correr. Na cabeça dele não vale a pena.

- Não é fácil lidar com ele. - suspirou. - Como você consegue?

- Ele esta mal, Nina, muito mal. Eu até ouso dizer que ele esta extremamente sensível, o que faria todo sentido. Eu não quero me estressar com nada, nem com suas birras, seu comportamento difícil e nem suas decisões. Só vou ficar ao lado dele dessa vez.

- E a fisioterapia?

- Vou tentar convence-lo a fazer, eu acho que eu posso conseguir.

- E se não conseguir... Você vai ficar preso nele para sempre, não é?

Ele deu um sorriso leve, desviando o olhar ao abaixar a cabeça por segundos.

- Você odeia isso, não é, Noona?

- Você é bom demais para ele. - suspirou. - Deve estar com fome. Posso preparar algo para você?

O Kim assentiu e a observou começar a fazer alguma coisa.

Ele sabia muito bem o que ela pensava e o modo como ela se preocupava. E sabia também que havia motivos para isso, desde o começo. Nina nunca apoiou o seu amor pelo Kyungsoo, achava tudo muito destrutivo apenas para Jongin. Porque ele não merecia isso.

Por mais que ambos prometeram um dia sair daquela casa e viverem suas vidas sem Do Kyungsoo, agora Jongin já não tinha certeza se isso um dia seria possível.

Para todo mundo, e ás vezes para ele também, parecia que usava uma coleira.

Mas na maioria do tempo, para ele, sentia-se um masoquista.

Ele gostava da coleira.

 

~

 

Kyungsoo só dormiu por uma hora, e foi muito pouco para toda a indisposição que sentia, mesmo estando em sua casa.

Jongin o fez companhia quando acordou, ele pegou vários DvD's velhos que ainda tinha e os espalhou pela cama do amigo para que este escolhesse qualquer um que quisesse assistir. Ele escolheu a dedo, sem dar muita importância, e jogou para o moreno o filme "Uma noite de crime", para que colocasse na grande e nova TV de seu quarto.

O Kim assistiu animado, já que gostava de filmes daquele estilo, e o Do também gostava, ou talvez nem gostasse mais, porque sua expressão não mudou durante todo o filme.

No entanto, mesmo parecendo não se importar, foi Kyungsoo que insistiu para que fizessem uma maratona e assistissem os outros dois filmes da trilogia.

E Jongin aceitou, mesmo que se sentisse meio cansado, assistiu todos os filmes acordado e disposto, ás vezes até comentando no meio do filme com o amigo.

O mais novo achou que por mais difícil que fosse a situação do outro, e não importando o modo como reagia, ficar sozinho não era algo que ele queria. Mesmo que no final sempre buscasse solidão em seus atos.

- Foi legal. - comentou Jongin, assim que o terceiro filme acabou, se espreguiçando. - Faz tempo que eu não assistia esses filmes, você também, não é?

- É.

- O que você faria, hyung? Se existisse realmente 12 horas de purificação como no filme. Você faria alguma coisa?  

- Nada, eu me protegeria em casa.

- Sério?

- Porque a surpresa? - o encarou. - Você acha que eu sou uma pessoa violenta?

- Não... Quer dizer, só quando quer.

- Então talvez eu sairia para matar todos aqueles que me criticaram, que me xingaram em suas redes sociais, que duvidaram de mim e acharam que eu não fosse capaz. Assim como todos os meus adversários nas pistas... - suspirou, sorrindo em seguida.

- Tudo bem, isso foi meio assustador. - deu risada. - Você não faria isso.

- Não faria, a vida não tem graça sem os haters e os adversários. Faz parte.

- Você tem razão. - olhou ao redor, levantando-se da cama. - Bem, deixa eu arrumar isso aqui, já esta tarde, vamos dormir.

Jongin tirou todos os DvD's espalhados de cima da cama e desligou a televisão. Quando guardou todos eles, ele olhou para o Do sentado na cama e depois para o quarto. Franziu o cenho como se estivesse se esquecendo de algo, e, de fato, estava.

O maior já estava de banho tomado, com seu pijama e com os dentes escovados. Havia feito isso enquanto Kyungsoo dormia, mas lembrou o que amigo não poderia mais fazer aquelas coisas por si mesmo.

- Você.... Quer tomar um banho? - perguntou, o encarando.

O Do riu alto, não uma risada de deboche, era apenas uma risada sincera e engraçada.

- Você é um péssimo enfermeiro.

O Kim riu junto, indo até ele na cama e o pegando no colo para colocá-lo de novo na cadeira de rodas. Kyungsoo então foi sozinho até o banheiro, se posicionando na frente da pia e do espelho.

No entanto, era alto demais para si.

- Essa cadeira... Ela...

- Sim, ela ergue. - disse, o encarando. - Bem ali do outro lado tem um dispositivo para que você possa ergue-la.

Jongin abriu a torneira da água quente da banheira enquanto Kyungsoo erguia a cadeira o suficiente para alcançar a pia e o espelho. O moreno voltou para o quarto, pegando o pijama do outro enquanto o mesmo escovava os dentes.

- Ainda bem que seu banheiro é enorme. - comentou, voltando ao banheiro e desligando a torneira. - Tem espaço suficiente para a cadeira de rodas aqui.

- É, foi tudo planejado. - disse ironicamente

O mais novo virou-se para ele, meio hesitante, encarando-o de cima a baixo.

- Eu vou ter que tirar a sua roupa. - disse, engolindo em seco. - Com licença...

Jongin se aproximou, tirou a camiseta do mais velho com cuidado, deixando-a de lado, e, devagar tirou a calça e a cueca que o outro vestia. Pegou-o no colo e o colocou dentro da banheira aos poucos, esticando as pernas do alvo para que ficasse confortável dentro da água.

- Não precisa hesitar quando for tirar a minha roupa, Jongin. - disse sorrindo.

- Não hesitei.

- É meio errado o enfermeiro ter desejo pelo seu paciente.

- Eu não tenho. - sorriu. - Eu sou muito profissional.

- Não, você não é. - fechou os olhos, suspirando.

- Você parece melhor agora, isso é bom.

- Eu estou na minha casa e não em um hospital, isso já melhora muito. Além de que senti falta da minha cama e da minha banheira.

- Como esta se sentindo?

- Nesse momento ou geral?

- Geral.

- Destruído.

Jongin assentiu, sem dizer mais nada, e ajudou-o a se banhar em silêncio.

Não há coisa alguma que ele poderia dizer para fazê-lo sentir melhor, já havia tentado de tudo e todas as suas tentativas acabavam o deixando ainda mais irritado.

Kyungsoo não queria consolo ou pena, ele não queria nada disso. Ele só queria aproveitar os segundos em que não pensava em suas pernas ou no acidente, os poucos e raros segundos que ele se esquecia de sua condição, era tudo para ele.

Mesmo depois do que aconteceu, ele não queria mudanças, ele queria continuar sendo do jeito que era, do modo que podia.

Mas não podia.

Jongin o tirou da banheira e o enxugou inteiro quando o banho acabou, ajudou-o a se vestir e arrumou a cama para ele dormir, deitando o amigo nela.

- Boa noite, hyung. - disse, cobrindo-o com o lençol. - Quer que eu durma aqui com você essa noite?

- Só se você quiser.

- Tudo bem, então eu durmo. - sorriu.

- Espera, Jongin... - o chamou. - Venha mais para perto.

- O que? - sentou na beirada da cama, próximo ao Do.

- Preciso te falar algo... Vem mais perto.

O Kim se debruçou um pouco em cima do mais velho, aproximando-se de seu rosto para que ouvisse o que ele tinha a dizer. No entanto, Kyungsoo segurou seu rosto com as duas mãos e o puxou para um contato maior, o beijando de repente.

Jongin ficou surpreso, não esperava tal investida tão de repente assim. Porém, mesmo que tenha correspondido por um momento, ele parou o beijo quando percebeu que as intenções do alvo era algo mais intenso do que só um beijo.

- Qual o problema? - questionou o menor, o encarando.

- Nenhum problema. É só que você acabou de receber alta do hospital, hyung. Não me sentiria bem fazendo sexo com você sem nem ter se recuperado totalmente ainda.

- Eu estou bem.

- Vamos deixar isso para outro dia. - se levantou da cama. - Vou apagar a luz pra gente dormir.

- Não. - falou firme. - Pode ir dormir no seu quarto.

Jongin suspirou e o encarou.

- Vai ficar bravo só porque eu recusei fazer sexo com você? Não é a primeira vez que eu recuso. Não haja assim.

- Eu vou agir do jeito que eu bem entender. Até porque eu sei o motivo de você não querer, não tem nada a ver com eu ter saído do hospital hoje... É por causa das minhas pernas, não é? As minhas cicatrizes também.

- O que isso tem a ver?

- Eu não sou mais atraente o suficiente para você? Não quer transar com um paraplégico, é isso?

- Não é isso.

- Eu duvido.

- Na verdade, você tem razão, é isso sim. - cruzou os braços. - Como você quer continuar atraente o tempo todo sentado em uma cadeira de rodas? É lógico que eu não quero transar com um paraplégico, quem iria querer?

- Isso foi pesado.

- Pesado? Para você? - deu risada. - Kyungsoo, eu não tenho problema nenhum com deficientes, é você que esta tendo agora, tirando conclusões que um adolescente de 13 anos tiraria. Mas eu não vou fazer sexo com você até você começar a sua fisioterapia.

- Você esta me chantageando?

- Isso é anos de convivência com você. A gente aprende a lidar. - sorriu. - E eu vou dormir essa noite aqui, querendo você ou não.

Jongin deu a volta na cama, desligando a luz e deitando-se ao lado do alvo.

- Eu tenho outras pessoas a quem procurar. - Kyungsoo voltou a falar. - Eu não vou implorar sexo para você.

- Não é de sexo que você precisa.

- E nem de você.

- Boa noite, hyung. - sorriu.

O Kim poderia continuar com a discussão e teria mais coisas para discutir, sempre teria coisas para discutir com o piloto, já que este era orgulhoso demais.

É claro que o Do precisava do moreno naquele momento, era ele quem era seu "enfermeiro" provisório, apenas porque o alvo não queria ter ninguém desconhecido cuidando dele e porque foi o próprio Jongin que se ofereceu.

Porém, naquela altura da amizade, o mais novo não mais se importava com as mudanças de humor repentinas e nem da ignorância do amigo.

Naquela situação parecia tolerável.

E ele sabia que uma hora Kyungsoo não mais aguentaria.

 

~ ~

 

No dia seguinte foi o alvo que acabou acordando primeiro, de manhã, e mesmo que tentasse voltar a dormir, não conseguiu.

Pensou em fazer um pouco de esforço para se sentar, mas desistiu por preguiça. Não havia praticamente nada que ele pudesse fazer sozinho, nem se movimentar direito em sua própria cama. Então apenas ficou lá, parado, encarando o teto na esperança de conseguir voltar a dormir.

Fechou os olhos e suspirou fundo, tentando, naquele momento, livrar-se em pensamento do corpo que o prendia e voltar com a mente para as pistas de corrida.

Quando lembrava, ele sentia a velocidade de novo, sentia o vento e a adrenalina.

Então ele sorria.

Mas ao abrir de novo os olhos, a realidade era outra.

E o que sentia também era diferente.

- Droga... - murmurou. - Eu preciso ir ao banheiro.

Kyungsoo encarou Jongin dormindo esparramado ao seu lado e depois o banheiro aberto. Fechou os olhos de novo, sussurrando palavrões.

Não sabia se era mais vergonhoso usar uma fralda ou ter alguém o segurando em frente ao vaso sanitário. Mas suas partes íntimas estavam mais sensíveis do que as suas pernas, na qual ele mal sentia.

O ego do alvo era tão fraco que ele decidiu ir ao banheiro por conta própria, convencendo-se a si mesmo que se esforçasse o suficiente, ele conseguiria. Então rastejou até a beirada da cama e se jogou-se ao chão, apoiando-se com suas mãos para que não caísse e nem fizesse muito barulho.

Assim que todo o seu corpo estava no piso frio, ele começou a se rastejar pelo chão, como uma cobra, uma cobra lenta e desajeitada.

Foi até a porta do banheiro e parou, cansado, e encarou o vaso sanitário no próximo cômodo, imaginando como, de que modo, ele conseguiria fazer suas necessidades sozinho. Suspirou fundo e desistiu, sem saber o que fazer, enquanto encarava a porta do banheiro.

Abaixou a cabeça e os tampou com seus braços, deixando seus olhos inundarem de lágrimas.

Ele não gostava de chorar, sentia-se fraco, mas o modo como ele se sentia naquele momento era como estava sentindo desde seu acidente.

A cada segundo mais destruído.

Seu choro continuou baixo e os soluços também, no entanto, não impediram de acordar Jongin. Que abriu os olhos por causa do pouco barulho que tinha e virou-se na cama, primeiro vendo que Kyungsoo não estava nela, e, depois de se sentar, viu o que estava acontecendo.

O Kim não demorou um segundo para entender o que aconteceu, então suspirou fundo, esfregou os olhos sonolentos e se levantou da cama, indo até o menor e o virando de frente para si, pegando-o no colo em seguida e o levando até a cama.

O moreno o sentou nela e limpou as lágrimas do rosto molhado do amigo.

- Não precisa mais chorar, esta tudo bem. - sorriu.

O Do negou com a cabeça e a abaixou.

- Tudo bem, eu prometo não contar para ninguém, hyung. Ninguém vai saber que você chorou, apenas eu. - disse confiante. - É segredo, então se você quiser chorar para se sentir melhor, pode chorar.

- Eu estou bem. - murmurou, sem encara-lo, terminando de secar seu rosto com as próprias mãos. - Foi só... Uma recaída.

- E você quer ir ao banheiro?

- Sim... Mas não me segure, apenas me ajude a sentar.

- Claro.

Jongin o pegou de novo no colo, levando-o até o banheiro e o sentando em cima do vaso. Com cuidado, abaixou a cueca de Kyungsoo e o colocou sentado em cima do vaso sanitário, ajudando-o um pouco também a se apoiar.

Quando eles voltaram para cama, o mais velho continuou calado, com uma expressão triste e sem fazer contato visual com o amigo.

- Você quer mais alguma coisa? - questionou o moreno.

Ele negou com a cabeça, enquanto encarava as próprias mãos.

- O que foi? Porque esta assim?

- É vergonhoso... - murmurou. - Você sabe...

- Ah, sim, mas é meu trabalho aqui, então eu não ligo, não deveria ligar também. Mas você sabe que tem um meio de não viver assim para o resto da sua vida. Você pode reverter isso e não precisar mais de mim para ir ao banheiro.

- Jongin...

- Eu falando sério. - disse firme. - Você acha que eu apenas vou aceitar toda essa ignorância que esta fazendo com você mesmo? Eu já tive que engolir muita coisa vindo de você, mas não isso, não dessa vez. Você tem que fazer a fisioterapia, nem que eu te obrigue a isso.

- Eu deveria ter morrido naquele acidente...

- Ah, não seja tão egoísta. - sorriu. - O que seria de mim sem você aqui?

- Qualquer coisa que você quisesse.

Jongin continuou sorrindo, e o mais velho encarou seu sorriso por instantes e depois desviou o olhar, ainda envergonhado pela sua incapacidade. Porém, o maior se aproximou de si e lhe entregou um selar em sua testa, delicado e inesperado.

- O que você esta fazendo? Saia daqui. - resmungou, empurrando-o para longe de si com as mãos.

- Você quer comer alguma coisa? - deu risada, levantando-se da cama. - Vou pedir para a Nina preparar algo.

- Sim. Café da manhã.

- Quer que eu traga aqui ou quer descer para comer lá?

- Aqui.

- Tudo bem, eu já volto.

Kyungsoo o viu sair do quarto e fechar a porta.

Sua vontade, na realidade, era de descer e comer em sua mesa, mas só de imaginar no trabalho que seria para leva-lo até lá o fez desistir. Seus limites eram muitos e parecia que tudo que ele pensasse em fazer era um obstáculo muito grande.

Debruçou-se um pouco e pegou seu celular em cima do criado mudo, desbloqueando para ver suas mensagens. No entanto, as únicas mensagens que havia recebido foi de grupos em que participava, grupos de festas onde estava a maioria de seus colegas.

Mas nenhum perguntava diretamente a si sobre como ele estava.

Kyungsoo então passou a mexer na internet, foi ler notícias sobre seu acidente, viu as fotos do seu carro batendo e também o helicóptero o levando. Havia muita gente em dúvida sobre o que havia acontecido com ele, já que aparentemente desde que seu agente avisou para a mídia que ele ficaria bem, o piloto supostamente sumiu.

Portanto resolveu, sem pensar duas vezes, fazer uma postagem em seu instagram público.

Tirou um selfie com uma expressão sorridente e fazendo coração com os dedos, escrevendo o seguinte texto:

"Olá, desculpem por ficar tanto tempo ser dar uma notícia direta, eu sai do hospital há poucos dias, mas eu me sinto melhor agora. Obrigado por quem se preocupou comigo. Infelizmente a notícia que venho dar não é boa. Apesar de eu ter escondido isso assim que eu soube, eu decidi que já é hora de contar para todos. Sinto dizer que meu acidente deixou-me paraplégico, sem sensibilidade nenhuma nas pernas, ou seja, eu nunca mais vou poder correr de novo. Como isso é um choque para mim e agora para todos, peço que me deixem em paz. Eu quero me recuperar fisicamente e psicologicamente, sem jornalistas, entrevistas, fãs ou qualquer pessoa que não participa da minha vida pessoal. Não insistam. Obrigado."

Assim que terminou e postou a foto, ele esperou aparecer as primeiras curtidas e os primeiros comentários, então desativou temporariamente sua conta, desligou o celular e o colocou de volta no lugar.

O alvo não queria um tempo, um repouso da sua vida. Ele queria um milagre.

Mas ele era merecedor de algo divino assim?

- Olha só o que eu trouxe... - Jongin apareceu sorrindo pela porta, com uma bandeja nas mãos. - Vamos comer pão recheado, o que acha?

- Tanto faz. - deu de ombros.

O Kim se aproximou e lhe entregou a bandeja, sentando ao seu lado logo depois.

- Hyung, o que você...

O barulho do celular do moreno o interrompeu, e ele o pegou para ver se era alguém importante, fazendo uma careta ao ver o nome piscando na tela.

- É o seu agente. – disse, mostrando seu celular. – Porque ele não esta ligando pra você em vez de ligar pra mim?

Kyungsoo olhou e puxou o telefone para si, atendendo-o por conta própria e levando-o até sua orelha.

- É sobre o que eu postei no instagram, certo? Nós não combinamos quanto tempo ficaríamos sem falar para a mídia, já estava na hora. Apenas concorde dizendo que eu estou me recuperando, ninguém vai me ver fora de casa por pelo menos uma semana. Não nos ligue mais.

O piloto não esperou uma resposta e desligou o celular, devolvendo-o ao Jongin e voltando a comer. O Kim o encarou confuso e pegou o aparelho, curioso, ele entrou no instagram para verificar o que o amigo havia postado. Porém, como a conta havia sido desativada, ele acabou lendo em uma re-postagem de um fã clube.

Ele leu tudo, depois suspirou, deixando de novo o celular de lado.

- Poderia ter falado que sua paraplegia não é para sempre, eles iriam ficar animados. Agora todos estão meio que de “luto”, por você não pode andar mais.

- Eu não disse que vou fazer a fisioterapia. – disse. – E eu não gosto de criar falsas esperanças.

- Tudo bem, tudo bem. – olhou ao redor. – E o que quer fazer hoje? Assistir mais filmes? Jogar vídeo game?

- Não, eu quero ficar sozinho.

- O dia todo?

- Sim. – levantou o olhar, apontando com os olhos para a estante de livros que enfeitava seu quarto. – Esta vendo todos aqueles livros?

- Sim... – observou. – Você quer ler algum?

- Eu não li nenhum deles, a não ser aqueles que eu tenho desde mais novo. Eu comprei todos os livros que eu tinha vontade de ler ou achava a sinopse interessante, mas eu não li nenhum.

- Eu me lembro, hyung. – sorriu. – Você comprou e disse que leria todos eles quando ficasse velho demais para correr e se aposentasse, porque seria nessa época que você teria tempo para ler.

- É... Então... Que engraçado, eu me aposentei mais cedo. – disse ironicamente, mas com um tom nada feliz. – Traga todos eles aqui na cama e me deixe sozinho.

Jongin foi até a estante de livros, pegou vários livros nas mãos e os levou até a cama do mais velho, tendo que ir e voltar umas três vezes. Nunca contou quantos livros Kyungsoo tinha, mas lembrava que já havia lido alguns para passar o tempo.

- Estão todos ai. – apontou. – Eu não sei quantos vai ler.

- Todos.

- De uma vez? Assim não vai sobrar nenhum para ler no futuro. – deu risada.

- Então eu compro mais. – estendeu a bandeja já vazia na sua frente, e o moreno a pegou. – Agora saia, eu vou começar a leitura.

- Não foque muito nisso, fazer outras coisas é bom também.

- Ótimo, então vai fazer você. – sorriu. – Eu te chamo se eu precisar de algo. Ah, espera... Minha mãe esta ai, certo?

- Sim, ela esta tomando café...

- Diga para ela ir fazer outra coisa, eu realmente não quero ser interrompido, eu quero ficar sozinho. Na realidade, mande-a embora.

- Ela quer ficar perto de você.

- Mande-a embora, ela vai se desgastar aqui, se preocupar demais, eu não quero que ela fique aqui cuidando de mim como se eu fosse uma criança.

- Mas...

- Jongin, faz o que eu mando, não questione. – apontou para a porta. – Agora vai. Vai. Só entre aqui de novo se eu o chamar.

- Tudo bem. – deu meia volta. – A gente se vê mais tarde.

O mais novo saiu pela porta, deixando-o sozinho, então desceu as escadas e voltou para a cozinha, onde reencontrou Nina e a Senhora Do, que ainda estavam lá, conversando e comendo.

- Como ele esta? – a mãe perguntou, assim que viu o moreno entrando. – Eu vou subir lá daqui a pouco para vê-lo.

- Ele esta bem. – colocou a louça suja na pia, suspirando. – Ele quer ficar sozinho, é melhor você não ir.

- Nem um pouquinho?

- Na verdade, ele quer que você vá embora. Mas não é de um modo ruim, ele não quer que você se preocupe demais, se desgaste ou passe tempo demais com ele, porque você tem outras prioridades. Eu sei que você quer ficar para cuidar dele, mas o Kyungsoo esta tão sensível... A última coisa que ele quer é ser tratado de um modo diferente do que era. Você ficar aqui acho que faz ele se sentir mal.

- Entendi. – ela suspirou. – Ah, ele é realmente muito teimoso. Você vai se sair bem com ele sozinho?

- Claro, é o que eu faço, eu sempre cuido dele. Pode ficar tranquila.

- Não se sobrecarregue também, me ligue se precisar de qualquer coisa.

A Senhora Do preferia não ir, mas respeitou a decisão do filho, ainda mais pelo mesmo ser teimoso, ficar lá só pioraria as coisas.

E era fácil confiar em Jongin.

Ele era o único que ainda se importava.


Notas Finais


Então é isso ae ~
Kyungsoo vai cair na real primeiro ou Jongin que vai acabar explodindo? Eis a questão
Dessa vez o próximo não vai demorar não u.u

Enfim, gostaram do capítulo? :3
Comentem ai o que acharam, por favor <3

Até a próximo ~ (que vai ser bem breve)


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