Já falamos bastante sobre como nos conhecemos. Vamos voltar agora para o que aconteceu depois que fiz o pedido de casamento para Arien. Você deve estar pensando “ É claro que eles acordaram no dia seguinte, começaram a planejar o casamento e viveram felizes para sempre”. Eu queria que tivesse sido assim, mas você se enganou, foi completamente o oposto.
Acordo naquela manhã na lancha e procuro por Arien na cama, mas ela não estava lá. Então levanto, me visto e vou atrás dela. Ela estava sentada do lado de fora falando no telefone.
- Missão agora? – Disse ela – Mestre Jhatk, é ano novo, e eu acabei de receber um pedido de casamento.
Escuto alguns ruídos do telefone. Como assim ela estava falando com o mestre Jhatk? Não devo ter entendido certo.
- Sim – Continua ela – Sim senhor, vou para aí assim que puder.
Ela desliga o telefone e se levanta. Só depois percebe minha presença.
- Amor! – Disse ela – Bom dia, dormiu bem?
- Com quem estava falando Arien? – Digo.
- Era do trabalho, estão precisando de mim.
- Você não trabalha fazendo censos? Por que precisariam de você no feriado de ano novo?
- Eles querem que eu vá até os hospitais e cheque o número de pessoas que deram entrada por embriaguez, coisa chata meu anjo, não precisamos falar disso.
- E quem é mestre Jhatk?
Ela desfaz o sorriso, fica pensativa, parece estar tentando pensar em alguma desculpa para me dar.
- Você estava ouvindo escondido a minha conversa?
- Eu acabei de acordar, foi só o que ouvi.
- É alguém do trabalho.
- Ele por acaso é desse planeta? Você é desse planeta?
- Do que você está falando?
- Você trabalha para o concelho intergaláctico, Arien? – Começo a gritar – E nunca me contou nada?
- Como você sabe sobre o concelho?
- Isso não importa agora! – Viro de costas para ela.
- Não importa? Como não importa?! – Ela grita também – Olhe para mim, agora, Tenner!
Viro para ela novamente.
- Qual espécie você é?
- Sou humana.
- Nenhum humano trabalha para o concelho, não minta para mim!
- No momento sou humana, não estou mentindo.
- No momento? O que isso quer dizer?
- Quer dizer que sou humana, mas já fui até mesmo marciana, isso quando marte ainda estava viva! Mas já estou contando demais, como você sabe sobre o concelho?!
- Meus pais recebem ajuda do concelho – Volto a falar com tom de voz normal.
- Quem são seus pais?
- Você não precisa saber.
Ela se aproxima de mim.
- Eu posso trabalhar para o concelho, mas você sabe sobre eles, então também é alienígena, isso não muda nada meu amor.
- Sou da família Narialisk.
- Narialisk? Você é um mayorim?
- Você mentiu para mim Arien! – Grito novamente.
- Não! Eu só não achei que isso faria diferença, achei que você me amava pelo que eu sou.
- Mas eu nem sei mais quem você é de verdade.
- Eu sou apenas essa pessoa que namorou você durante esses quatro anos.
- E a pessoa que mentiu para mim esses quatro anos. Você se chama mesmo Arien?
- Esse é meu nome terrestre, Tenner por favor, tenta entender.
- Entender o que? Que você mentiu?
- Eu não menti, Tenner!
- Qual o seu nome verdadeiro?
- Sulina.
- Você é imortal? Quantos anos você tem para ter vivido em marte?
- Muitos, mas isso não é importante.
- E quando sua missão aqui acabar vai me deixar e partir para o próximo planeta? Se relacionar com outras pessoas para depois quebrar o coração delas também?
- Não Tenner, não é assim que funciona. É mais fácil você me abandonar do que eu sair desse planeta.
- De que planeta você é?
- Sisfaire, mas por que está perguntando tantas coisas?
- Para que serve seu censo?
- Tenner, pare com essas perguntas, você não vai se acalmar?
- Só responde!
- É secreto, é maior que você e eu, maior até que o concelho! E eu não vou mais responder as suas perguntinhas bobas! Eu continuo sendo eu mesma!
- Sendo quem? Arien ou Sulina?
- E você quem é? Garanto que seu nome não é Tenner?
- Vou levar você para casa, você não pode se atrasar para sua missão! – Dou bastante ênfase na palavra missão.
- Tem razão, melhor irmos.
Vou até os controles da lancha e vamos em direção a barra da tijuca pegar o carro. Não falamos mais nada o resto do caminho, tanto de barco, quanto de carro. E quando chegamos na casa dela, ela diz:
- A noite vamos ter que conversar.
- Eu ia me casar com alguém que nem conheço.
Ela mal fecha a porta do carro e eu arranco, deixando ela falar sozinha.
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