Na manhã seguinte acordei cedo, mais uma vez, para ir a escola. Me arrumei, tomei café da manhã e quando estava saindo de casa o Impala 67 parou em frente a casa. Tio Dean abriu a porta e saiu do carro parecendo exausto, porém feliz.
– Fala aí, baixinha. – disse com sua voz de sono esfregando um dos olhos enquanto vinha em minha direção.
– Chegando agora? Parece que a noite foi boa.
– Foi maravilhosa. – ele me deu um beijo na testa.
– Qual o nome?
– Ela se chama Braeden.
– Braeden? Diferente.
– Uhum. – disse tio Dean passando por mim. – Agora vou tentar dormir um pouco, ok? Boa aula.
– Valeu, tio. Bom descanso.
Tio Dean entrou em casa e eu fui para a escola assistir mais um dia de aula. Por volta das dez da manhã recebi um e-mail do Dr. Deaton com informações sobre o weredemon que Derek e eu matamos na semana anterior.
– Seu nome era Connor Lightwood, estudante de Engenharia Civil da Universidade do Alabama. Aparentemente um garoto normal, até sumir misteriosamente há um ano.
– Fala alguma coisa sobre mudanças de humor repentinas ou algo do tipo? – perguntou Liam.
– Nadinha. – falei deslizando a tela do celular. – E ele ainda está procurando sobre uma forma de eu controlar o Cão do Inferno.
– Ah, isso é fácil.
– Como assim, Leon? – perguntou Talita.
– Bem, é só seguir pela lógica. Sendo Cão do Inferno ou não, cães gostam de comida. Então é só dar um bife bem gordo para ele e vai fazer tudo o que você quiser. – nós ficamos olhando para a cara de Leon sérios e em seguida caímos na gargalhada.
– Que imaginação, cara. – disse Liam rindo.
– Vem cá cãozinho, cãozinho. – Leon assobiou como se chamasse um cachorro invisível.
– Mas até que faz sentido. – falei pensativa.
– Sério, Emily? – perguntou Talita.
– Não custa nada tentar, certo?
– Viu? Eu não sou um completo idiota. – falou o rapaz cruzando os braços.
– Você é um idiota com ideias boas. – brincou Talita levantando e correndo dali.
– Ei! – Leon foi atrás.
– Esses dois são umas figuras. – falei os olhando correr pelo gramado.
– Você ainda não viu nada. – disse Liam.
Depois do treino de lacrosse voltei para casa me preparando psicologicamente para o jantar. Sentia uma mistura de ansiedade com nervosismo, pois sabia que meu pai ou tio Dean podiam falar alguma besteira a qualquer momento, afinal, seu preconceito com lobisomens era claro e evidente.
Quando cheguei em casa os dois homens estavam na cozinha trabalhando a todo vapor. Meu tio terminava de preparar o jantar enquanto papai cuidava de por a mesa. Quem os via trabalhando juntos daquele jeito nem parecia que viviam discutindo a todo momento, então era melhor aproveitar, certo?
– Cheguei. – falei entrando na cozinha. – Nossa, que cheiro maravilhoso.
– É o jantar do seu tio. – disse papai pegando alguns pratos no armário. – Eu nem sabia que ele sabia cozinhar.
– Eu tenho mestrado e doutorado em MasterChef, baby. – falou tio Dean mexendo na panela.
– Ah, é? E o que temos no menu hoje, chef? – brinquei.
– Teremos uma deliciosa carne assada acompanhada por purê de batatas, vagem e milho cozido. E para a sobremesa teremos a torta de maçã especial do tio Dean que já deve estar pronta. – disse abrindo o forno e dando uma olhada na torta.
– Que homem prendado. – disse sorrindo.
– É, às vezes ele me impressiona. – falou papai terminando de ajeitar a mesa e vindo me dar um beijo na testa. – E o Derek? Animado?
– Falei com ele hoje na hora do almoço. – respondi abraçando o homem. – Ele parecia animado.
– Ah, acho bom ele estar mesmo, porque isso aqui deu um trabalho. – falou tio Dean.
– Querida, por que não vai se arrumar? – perguntou papai.
– Boa ideia. – falei.
Então deixei a cozinha e fui para meu quarto me arrumar para o jantar mais tenso do ano. Abri o armário e peguei uma roupa qualquer. Após me trocar, penteei o cabelo e o prendi em um rabo de cavalo bem alto. Por fim, fiz uma maquiagem simples, passei um perfume e quando já estava praticamente pronta a campainha tocou.
– Boa noite.
– Boa noite, senhor Winchester.
– Pode me chamar de Sam. – disse papai. – Vamos, entre.
– Obrigado. – vi Derek entrar do alto da escada e a porta em seguida se fechar.
– Derek! – falei correndo para abraçá-lo. – Você veio mesmo.
– Eu disse que ia vir. – ele me deu um beijo na testa.
– Hey. – disse tio Dean saindo da cozinha e apertando a mão de Derek. – Que bom que veio.
– Obrigado por me convidar-...
– Dean, meu nome é Dean. Mas pode me chamar de Tyler Durden.
– Clube da Luta?
– Ér... É. – disse tio Dean surpreso.
– Um ótimo filme. – disse Derek enquanto mexia no meu cabelo.
– Então, vamos jantar? – perguntou papai. Todos concordamos e fomos para a cozinha.
– Já gostei desse cara. – ouvi tio Dean cochichar no caminho.
Em cerca de alguns minutos estávamos todos comendo e conversando. E eu, confesso que estava um pouco nervosa porque sabe-se lá a bomba que papai ou tio Dean podiam soltar a qualquer instante. Mas eu tinha que me acalmar, afinal, não queria parecer estranha na frente de Derek.
– Então, o que acharam da comida? – perguntou tio Dean.
– A comida está ótima, tio. – falei.
– Maravilhosa. – disse papai.
– Acho que nunca comi nada tão bom. – respondeu Derek.
– Ah, que isso... Um coração deve ter um gosto muito melhor.
– Coração? – perguntou Derek olhando meu tio. – Que coisa arcaica.
– Espera, você nunca comeu um coração humano? – perguntou papai.
– Não. – respondeu Derek. – É tão idade média... Que tipo de lobisomem ainda faz isso?
– Todos os que encontramos até hoje. – disse tio Dean.
– Vira-latas, provavelmente. – disse Derek. – Mas aqui em Beacon Hills aprendemos a nos controlar e a não matar pessoas inocentes. Aliás, era uma das coisas que minha mãe e também Scott mais prezavam enquanto estavam no comando da cidade.
– Esse Scott deve ser muito famoso mesmo, toda hora ouço alguém falar dele. – comentei em seguida tomando um gole do refrigerante.
– Impossível não ouvir falar. – disse Derek. – Scott McCall é o que conhecemos como um Alpha Genuíno, ou seja, ele não se tornou alpha por meios comuns e sim através do seu próprio esforço e habilidade de unir as pessoas. Fui como um mentor para ele durante algum tempo e confesso que mais aprendi do que ensinei.
– Tá aí mais uma coisa que não sabíamos sobre lobisomens. – disse tio Dean.
– É algo muito raro de acontecer. – disse o Hale dando de ombros. – Uma possibilidade em um milhão. Então é bem difícil encontrar alguma lenda falando sobre isso.
– Então como você sabe? – perguntei curiosa.
– Nós Hale temos um druida que trabalha para a família há muito tempo na cidade.
– Deaton? – perguntou papai. Derek fez que sim.
– Nossa, eu já ia me esquecendo. O dr. Deaton me enviou um arquivo com informações sobre o weredemon que matamos na semana passada.
– Ótimo, vamos dar uma olhada depois do jantar. – disse tio Dean nos fuzilando com o olhar, afinal, ele tinha penado para fazer aquela comida.
Terminamos de comer fui lavar a louça. Derek, muito gentil, fez o favor de me ajudar. Enquanto isso, papai foi pegar o notebook para que olhássemos o arquivo e tio Dean foi comprar mais cerveja na lojinha de conveniência quase ali do lado. Cerca de dez minutos depois estávamos reunidos novamente, porém agora na sala de estar.
– Aqui, Hale. – disse tio Dean entregando uma garrafa de cerveja para Derek.
– Valeu. – ele tirou a tampa sem esforço algum e tomou um gole da bebida. Os outros dois também tinham suas garrafas e eu fiquei só olhando, como sempre.
– Que maldade, eu também quero. – falei fazendo biquinho. Tio Dean já ia falar alguma coisa, porém foi interrompido por meu pai.
– Nem pensar. Você ainda é menor de idade.
– Até mês que vem.
– Então vai ter que esperar mais um mês. – disse papai.
– Qual é, Sammy? Você está sendo muito duro com a garota. Não é, Derek?
– Por mim não tem problema nenhum, mas se o Sam diz que não pode quem sou eu pra refutar?
– Até você Brutus, meu filho? – disse fingindo morrer.
– É só mais um mês, amor. – disse Derek me dando um selinho e me fazendo corar. Papai pigarreou.
– Estranho. Não tem nada demais que justifique o tal Connor ser um weredemon além do sumiço.
– Mais trabalho? – perguntou tio Dean.
– É o que parece. – disse papai.
– Temos um problema. – Castiel chegou do nada assustando todo mundo.
– Cas, eu já disse pra...! – tio Dean já ia reclamar, mas ele e Derek ficaram se encarando por alguns segundos. – Cas?
– Olá, Derek.
– Castiel.
– Mais uma vez vou pedir que fique mais afastado da Emily e...
– Cas, está tudo bem. – interrompeu papai. – Emily e Derek estão namorando.
– Um lobisomem e uma híbrida? – disse nos olhando com estranheza. – Vocês certamente são o casal mais estranho que já vi.
– Fazer o que? – disse Derek dando de ombros.
– Então, qual o problema? – perguntei olhando o anjo. Ele deu uma volta pela sala, sentou-se no sofá, pegou uma cerveja, tomou um gole e respirou fundo.
– Fiquei sabendo de fontes seguras que os demônios estão tramando alguma coisa para amanhã a noite.
– Amanhã a noite...? O jogo de lacrosse! – exclamei.
– Droga! Precisamos arrumar um jeito de cancelar o jogo. – disse tio Dean.
– Impossível, o treinador Finstock está muito animado, nunca que ele vai desistir do jogo.
– Então, o que faremos? – perguntou Castiel.
– Hey, vocês tem bastante experiência com demônios, certo? – perguntou Derek.
– Com certeza. – disse papai.
– Então devem conhecer algumas armadilhas, suponho.
– Acho que sei onde você está querendo chegar. – disse tio Dean. – Quer que armemos armadilhas em pontos estratégicos da escola antes do jogo?
– Exatamente. – disse o Hale. – E a minha alcateia pode ajudar com o que for necessário.
– É uma boa ideia, mas o que faremos se os demônios começarem o massacre? – perguntei.
– Podemos encurralá-los nas armadilhas e exorcizá-los. – respondeu papai. – Afinal, não podemos mata-los, são pessoas inocentes.
– Ótimo, então vou alertar a alcateia e o Argent também, ele pode ajudar.
– E eu vou fazer rondas pela cidade. Qualquer movimentação estranha digo a vocês. – disse Cas pondo a garrafa sobre a mesinha de centro. Em seguida o anjo se levantou e puxou Derek pela camisa. – Trate Emily com respeito ou eu acabo com você.
Em um piscar de olhos Castiel sumiu no ar como sempre fazia. Nós quatro ficamos olhando um para o outro sem entender o porquê de tal revolta de nosso amigo, mas até que papai e tio Dean pareceram gostar do que viram, afinal, era o que queriam fazer desde o início.
Ficamos conversando o resto da noite sobre assuntos diversos. Meu pai e Derek começaram a falar sobre livros e descobriram ter muitas coisas em comum. O Hale era um bom leitor e isso era fato. Quanto a tio Dean, eles tinham um gosto musical bastante parecido, o que era ótimo.
Por volta da meia-noite Derek resolveu que era hora de ir embora, apesar da conversa estar maravilhosa. Levei o homem até a porta e nos despedimos com um beijo. Estava contente, afinal, o jantar tinha sido muito melhor do que havia imaginado e todos pareciam bastante satisfeitos. Parece que o plano de Lydia de fazer papai e tio Dean conhecerem o Hale tinha dado mais do que certo.
Apesar de a noite ter sido muito divertida agora eu tinha outro problema para me preocupar. Sim, o jogo de lacrosse que aconteceria dali a algumas horas. E o pior, a preocupação não era somente por causa do jogo e sim por conta de possíveis ataques do Rei do Inferno e, é claro, dos weredemons. Será que daríamos conta?
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