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História Hydrogen - Six


Escrita por: LysEvans

Capítulo 7 - Six


-Eu estou atrasada? - Evellin perguntou abrindo a porta de seu quarto e encarando Steve com olhos desconfiados.

-Não. Na verdade, hoje não iremos treinar. Eu tenho algumas obrigações a resolver e gostaria que você me acompanhasse. - ele respondeu oferecendo um sorriso.

-Claro. Mas o que devo vestir?

-Algo casual. E confortável.

-Dê-me cinco minutos. - ela pediu fechando a porta do quarto.

Steve esperou pacientemente pela jovem. Jovem. Um conceito engraçado considerando que ambos tinham idades semelhantes, e ele não se sentia como um jovem em hipótese alguma. Na noite em que Evellin e Clint haviam bebido fora quando ele a vira interagir com alguém de forma espontânea, e mesmo que inconscientemente Steve havia sentido inveja. Ele se esforçava para se aproximar dela, mas a moça parecia o ver como o oficial a quem ela devia reportar e obedecer, não um potencial amigo.

Talvez Natasha estivesse certa e ele estivesse projetando a falta que Bucky fazia em Evellin. Ela não era Bucky e nunca seria.

~~~~~~~

Fora um longo dia. Como Capitão América, Steve tinha funções sociais a cumprir. Ele dava palestras para jovens, visitava pessoas em hospitais, fazia o papel de representar os ideais americanos.

Era fim de tarde e eles haviam acabado de sair de uma visita a um hospital onde Steve passou a tarde visitando crianças que estavam internadas. Ao ver o uniforme do Capitão América as crianças pareciam parcialmente esquecer os males que lhe acometiam e emitiam um brilho novo em seu olhar. Esperança. Felicidade.

-Momentos como esse me fazem continuar. É por essas pessoas que eu continuo lutando. Eles precisam ter a certeza de que ainda existe alguém que vai estar lá por eles. - Steve comentou mais para si mesmo enquanto ambos andavam pelo parque que tinha próximo.

O sol em breve começaria a se por e o seu brilho fazia o cabelo de Steve brilhar em dourado. Evellin desviou o olhar quando as belas orbes de Steve se focaram nela, observando como ela parecia diferente desde a primeira vez que a viu.

Ainda havia a mesma aparência etérea, atormentada. Mas em alguns instantes ele podia jurar ver uma centelha de algo nos olhos acinzentados. Ela tampouco parecia frágil. Sua postura mesmo casual era precisamente calculada e seu corpo esguio exibia a sugestão de que músculos alongados estavam se tornando proeminentes. Saudável fisicamente.

-Eu entendo. Elas significam tanto pra você quanto você significa para elas. Um símbolo.

-As vezes é só o que se precisa.

Eles continuaram andando e próximo à uma fonte, músicos se apresentavam ao ar livre. Muitas pessoas haviam parado para assistir, alguns apenas ouvindo a melodia feita pelo grupo de pessoas ao fim da tarde, alguns dançando e outros apenas se balançando no lugar. Evellin instintivamente andou até o grupo, sua atenção focada na música com tanta atenção que pequenas rugas se formaram entre suas sobrancelhas.

Era diferente da música que ela estava acostumada, mas atualmente existiam poucas semelhanças quanto a coisas de seu tempo. No entanto, a melodia lhe agradava por ser contagiante.

-Você quer... - Steve começou a dizer com a mão estendida na direção de Evellin quando o som de uma explosão reverberou juntamente com o som de vidros de partindo, seguido de gritos e carros freando.

Olhando para a direção oeste uma coluna de fumaça se erguia em direção ao céu. Steve não perdeu tempo e se lançou em uma corrida em direção à comoção. Evellin instintivamente correu atrás do Capitão, não com a mesma velocidade, mas o mantendo em seu campo de visão. Eles correram por cerca de uma quadra até a multidão que cercava a fachada de uma panificadora.

As pessoas estavam histéricas, e os trabalhadores do local desesperados e cheios de fuligem. Steve foi até um deles e trocou algumas palavras antes de se voltar para a entrada da panificadora e entrar. Evellin se manteve estática em sua posição esperando que ele retornasse, sem saber se poderia fazer algo para ajudar ou se isso apenas atrapalharia. Logo o som de sirenes foi ouvido e os bombeiros chegaram. Os bombeiros isolaram o perímetro, evitando que as pessoas ficassem muito próximas e não atrapalhadas seu trabalho.

Os minutos passaram e finalmente Steve saiu de dentro da panificadora trazendo consigo duas pessoas inconscientes.

-Ele está lá dentro! - uma mulher gritava próxima à Evellin - Meu marido está lá!

Entretanto com todo aquele barulho ninguém parecia dar atenção à mulher que já estava em prantos. Steve estava ocupado se certificando que as pessoas estavam bem e também não parecia ouvir.

Evellin mesmo atrás da barreira se concentrou no prédio diante de si. Ela podia visualizar os encanamentos por onde passava a água como um esqueleto dentro da estrutura, mas prosseguiu procurando por sinais de qualquer pessoa. No extremo oposto da parte da loja, sob prateleiras que haviam sucumbido ela pode sentir os batimentos fracos. Sem pensar duas vezes, ela passou por sob o cordão de isolamento e correu para dentro da construção.

A fumaça logo castigou seus olhos, os fazendo lacrimejar e tornando a visibilidade quase impossível. No entanto, ela cobriu o rosto com o braço e prosseguiu. Era difícil passar por conta da destruição que fora feita pela explosão, mas ela se guiou pelos seus sentidos e pela presença que ela podia sentir não ter tanta força.

O homem estava sob a prateleira adiante, a qual Evellin não tece dificuldade em remover. Naquele local a fumaça estava mais densa e pelo encanamento era possível ver que logo a estrutura viria a baixo.

Se abaixando perto do homem que estava desacordado ela conjurou uma esfera de água que manteria a fumaça longe e o permitiria respirar, como uma espécie de capacete. Uma esfera de corpo inteiro não seria viável para a movimentação. Erguendo o homem com cuidado, Evellin o carregou com pouca dificuldade e lentamente fez o caminho de volta. Ao seu redor o calor aumentava consideravelmente, mas a porta estava logo adiante. Só restavam mais alguns passos.

Logo a luz de fim de tarde iluminou-a quando ela cruzou a porta da frente. Respirando pesadamente, Evellin continuo avançando em movimentos mecânicos, as pessoas que se aproximavam apenas um borrão diante de si assim como suas vozes indistinguíveis. Um aperto de aço se apossou de seu ombro, entretanto o toque era gentil, e o peso que ela carregava foi removido de seus braços e levado.

De repente, a estrutura atrás de si explodiu a lançando de encontro ao chão.

E o quarto que ela estava se enchia cada vez mais de destroços e fumaça. Vários arranhões pelo seu corpo ardiam assim como algumas queimaduras. Talvez se ela continuasse ali o prédio desabaria sobre ela e poria um fim naquele tormento. Mas logo uma sucessão de passos se fez claro sobre o som crepitante do fogo.

Assim como veio, a escuridão se foi. Ela estava novamente sob o céu aberto, as costas de encontro ao concreto, os olhos vidrados em direção ao céu. O rosto belo e cheio de fuligem de Steve entrou em seu campo de visão, uma máscara de preocupação estampando seu rosto. Piscando algumas vezes, Evellin tentou se sentar, o esforço fazendo com que seus pulmões queimassem.

Steve a entregou uma garrafa que água que ela bebeu avidamente.

-Você está bem? Está ferida? - ele perguntou pegando de volta a garrafa vazia.

-Estou bem. - respondeu com a voz soando estranhamente rouca em seus ouvidos - Todo mundo está a salvo?

-Sim, todo mundo. Mas foi irresponsável a forma como você entrou lá. Você poderia ter sido morta!

-Mas eu estou bem. - ela repetiu se esforçando para ficar de pé sob o olhar de Steve que misturava preocupação e repreensão. - Tem alguma coisa que eu possa fazer para ajudar?

-Sim, deixar que os paramédicos olhem essa ferida em seu braço.

-Não!

-Não é uma opção deixar isso sem tratamento. Se não agora, você verá um médico quando chegarmos à Torre.

-Dr. Banner.

-É uma opção, mas temos uma enfermaria própria. E Banner é mais um cientista do que exatamente um médico. - Evellin o olhou com desconfiança porém assentiu. - Vamos antes que fique impossível sair daqui.

E de fato mais pessoas chegavam ao local enquanto eles tentavam sair, atraídas por toda a comoção. Cortando a multidão, Steve era agradecido por muitas pessoas, o que tornou o trajeto mais longo ainda por ele ser educado demais e dar atenção a todos.

*******

- Você parece bem para mim. Esse corte está cicatrizando em uma velocidade impressionante. Eu arriscaria dizer que há um fator de cura acelerado funcionando aqui. - disse Dr. Banner examinando o corte que já expunha uma fina camada de pele se formando nas bordas. - Nada nos pulmões também, mesmo com a quantidade de fumaça que Steve disse você ter inalado.

-Eu disse que estava bem.

-Mas ele se preocupa! Tente entender, você está sob a responsabilidade dele e se colocou em uma situação de risco.

-Eu entendo, mas a prioridade eram aquelas pessoas. Eu precisava ajudar. De que adianta todo esse treinamento se eu não posso fazer nada de verdade?

-Tudo tem seu tempo. - ele respondeu limpando os óculos. - Você deveria ir se limpar, está quase na hora do jantar e acho que você não gostaria de perdê-lo hoje.



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