Kimberly Nicole Moore.
Estavam sendo os melhores dias da minha vida desde que perdoei Paul. Tínhamos nos acertado, e não nos desgrudávamos mais após o incidente com Jane. Eu mal vi Keith na escola, apenas umas duas ou três vezes. E nunca mais o vi pela biblioteca. O que me deixava mal. Mas não queria estragar minha relação com Paul que estava tão boa, indo na casa de Keith para vê-lo. Mas isso não me impedia de perguntar á Mick como ele estava, que sempre dizia a mesma coisa: “eu não sei, ele não me conta”.
As aulas haviam dado um intervalo para a semana de natal. Estávamos arrumando nossa casa para recebermos alguns parentes para a noite da ceia, e após o almoço de natal no dia seguinte, mamãe e Jim iriam viajar para Paris, e fariam por uma semana uma viagem para casal. Por incrível que pareça, Bridgit havia adorado a ideia, e eu nem preciso falar de mim, não é? Ver minha mãe feliz era a melhor coisa do mundo.
A família estava perfeita.
Eu me encontrava na sala de estar, ajudando Bridgit e Paul a montar nossa árvore de natal. Ela era enorme, e já estava cheia de penduricalhos. Estávamos arrumados para receber os convidados – da família de Paul, e da minha –. Eu estava com um vestido rodado rosa, e sapatos da mesma cor. Bridgit estava com um vestido azul bebê, e com certeza mamãe usaria vermelho. Ela estava atrasada, para variar. Paul usava um belo suéter, com calças e sapatos sociais. Enquanto Mike e Jim estavam correndo com as últimas comidas na cozinha, para levar para a sala de jantar.
– John não vem? – perguntei para Bridgit que amarrava um lacinho na ponta da árvore.
– Eu não sei... Ele deve passar com a Tia Mimi, não deve? – ela perguntou. Bridgit estava emburrada desde cedo.
– Pode me falar o que está acontecendo? – disse de braços cruzados. Paul estava entretido com o pisca-pisca que estava enrolado em seu corpo.
– John está um chato de galochas. Queria muito que ele passasse o natal aqui, seria importante para mim... Ele poderia ser mais como Paul. Ou como Ringo é com a Ashley. Mas não, ele não firma nada.
A cada palavra proferida por minha irmã, era um amassado que o lacinho em suas mãos ganhava. Retirei-o de suas mãos com cuidado, as segurando.
– Assim como você quer passar o natal com sua família, ele quer passar com a dele. Fique calma. John é assim mesmo. Tudo vai dar certo. – sorri ao ver que ela sorria também.
– Você anda parecendo ser mais velha que eu. Trate de se comportar como uma menina de dezesseis anos, que eu me comporto como uma de dezoito. – ela sorriu novamente.
– O que as duas estão cochichando? – Paul perguntou abraçando-me por trás.
– Nada que seja da conta do mocinho. – apertei seu nariz. – Me ajuda a por a estrela? – apontei para o alto da árvore.
Paul assentiu e levantou-me pela cintura, até eu conseguir por a estrela no topo da árvore já completamente enfeitada. Ele me colocou no chão novamente, e voltou a me abraçar por trás.
– Ficou linda, não ficou? – perguntei olhando para a árvore.
– Ficou mesmo. – Bridgit sorriu.
Ouvimos a campainha tocar, e Bridgit prontificou-se a atender. Sentei ao sofá com Paul ao meu lado por poucos segundos, já que ouvimos um grito estridente vindo da porta. Nós nos olhamos imediatamente, e corremos para a porta, vendo uma Bridgit assustada, e um John Lennon todo engomado com flores nas mãos.
– Meu Deus... – sussurrei sorrindo.
– Eu... Eu vim. – ele disse.
John estava visivelmente desconfortável com aquele cabelo lambido e o suéter parecido com o de Paul. John era o menino mais Teddy Boy que eu conhecia.
– Você veio! – Bridgit gritou pulando em seu pescoço. – Isso... É o máximo! Eu não consigo nem acreditar. Vocês conseguem? – ela virou para mim e para Paul. Negamos com a cabeça.
– Não vai me convidar para entrar? – ele perguntou.
– Oh, desculpe, John. Entre. – ela deu espaço e John entrou em nossa sala. – Você me trouxe flores? – ela perguntou sorrindo de orelha á orelha.
– Não são para você. – John deu de ombros.
– São para mim? – eu perguntei.
– Não mesmo. – ele negou.
– São para mim? – Paul perguntou meio sem graça.
– Te manca, pirralho! Isso é para a Sra. Moore. – John revirou os olhos.
– John. – Bridgit se aproximou dele. – Você trouxe flores para a minha mãe? Por quê?
– Quer que eu peça sua mão em namoro de que outro jeito? Eu tenho que dar uma de McCartney e tentar ser o bom moço. – ele falou olhando para o chão enquanto mexia os pés.
– Bom, eu e Paul vamos deixar os dois pombinhos sozinhos e vamos chamar a mamãe. Tudo bem? – os dois assentiram.
Subi as escadas com Paul atrás de mim dando uma de suas risadas gostosas. Ao invés de entrarmos no quarto da mamãe, paramos no meu e sentamos na minha cama.
– Eu não acredito que John comprou flores para a sua mãe. – Paul ria.
– E eu? Você poderia comprar flores pra mim mãe também! – empurrei fraco seu braço.
– Meu pai fez isso por mim. – rimos juntos. – Podíamos aproveitar esse tempo sozinhos... Não podíamos? Sua mãe está se arrumando, meu pai e Mike lá em baixo, Bridgit e John também...
A cada palavra proferida pelo meu namorado, ele chegava mais perto de mim. Ao terminar a frase, ele colou seus lábios nos meus em um beijo calmo, e estava quase me deitando na cama, quando eu o parei.
– Você anda muito safado, James Paul McCartney! Vamos descer antes que venham nos chamar.
Puxei Paul pela mão, descendo as escadas rapidamente enquanto ele resmungava sobre eu “não compreende-lo”.
No mais, eu garanto que aquele fora o melhor natal de minha vida.
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