História Hysteria - Paul McCartney Likes You.

Kimberly Nicole Moore.

– Não foi tão ruim o primeiro dia de aula, foi? – Paul perguntou caminhando do meu lado.

Estávamos indo para a casa de Ringo, para ver o ensaio dos Beatles. Este era o nome da banda deles. Não antes de avisar á mamãe, é claro.

– De jeito maneira. Eu me diverti muito. – sorri.

Era maravilhoso poder estar na vida da minha irmã mais velha como uma amiga, e não apenas como a irmã mais nova pentelha e chata.

– Quer que eu carregue seu material? – Paul perguntou gentil. – Seu livro e sua mochila parecem pesados.

– Imagine, Paul. Será muito peso para você. Eu posso carregar. – sorri.

– Eu insisto. Não é coisa para uma dama. – sorriu galanteador me fazendo rir fraco.

– Já que insiste. – disse tirando minha mochila das costas e entregando para ele junto com meus livros. – Tome.

Paul parecia um burro de cargas. Estava engraçado vê-lo daquela maneira, talvez só para me impressionar.

Não demorou muito para chegarmos na casa de Ringo, que graças á Deus era perto da escola. Além dos meninos, estavam conosco Bridgit, Ashley e Debbie.

– Oh, olá! Sejam bem-vindos, queridos. O almoço está na mesa. – uma senhora de aparência simpática nos recebeu. – Sou Elsie, mãe do Richard.

– Ringo, mãe! – Ringo disse entre dentes nos fazendo rir.

– Desculpe-me, querido. Ringo. E quem é esta bela menina? – se direcionou á mim.

– Sou Kimberly. Irmã mais nova de Bridgit. – pronunciei-me.

– Como não reparei? Vocês se parecem. Sentem-se todos na mesa, sintam-se a vontade para servirem-se.

– Obrigada. – agradecemos em coro.

Almoçamos algo delicioso que a senhora Elsie nos preparou. Oferecemos ajuda para lavar a louça, e foi uma bagunça só. Depois, descemos para o porão da casa de Ringo, onde havia os instrumentos.

– Que lugar legal. – falei.

– Gostou, irmã? – Bridgit sorriu.

– Sim, é demais.

– Demais somos nós tocando! – John disse sorrindo.

Os meninos se prepararam, cada um com seu instrumento. Eu, Brid, Debbie e Ashley nos sentamos em um pequeno sofá vermelho que havia naquele velho porão para escutarmos o quê viria por ai.

Jailhouse Rock!

Por Deus! Era minha música preferida do Elvis!

The warden threw a party in the county jail

The prison band was there and they began to wail

The band was jumpin' and the joint began to swing

You should've heard those knocked out jailbirds sing.

Pulamos do sofá para dançarmos ao som de Elvis. Os meninos se divertiam dançando e tocando. Era impossível não se divertir.

Até Debbie que me parecia ser tímida havia “soltado a franga”. Bridgit estava ao lado de John cantando desafinadamente a música enquanto eu e Ashley riamos da cena. Meu primeiro dia de ensino médio não poderia ser melhor.

Let's rock, everybody, let's rock

Everybody in the whole cell block

Was dancin' to the Jailhouse Rock.

Cantamos o refrão, todos juntos. John fazia uma dança esquisita como Elvis, e garanto que ele imitava muito bem.

– Vocês foram demais! – Ashley disse dando um breve beijo em Ringo.

– Sempre somos demais. – John disse balançando os ombros de uma maneira estranha nos fazendo rir.

– Bom, não sei vocês, mas eu adoraria tomar um sorvete agora. – Bridgit disse.

– É uma ótima ideia! – John disse se levantando.

O pessoal ficou em silêncio olhando para os dois. Acho que entendi. Ninguém gostaria de segurar vela para os dois. Ambos tinham dezoito anos, mereciam um tempo sozinhos. Eu acho. Tentei bancar a irmã compreensiva, e disse que estava cansada, que iria para a casa, e que ela poderia ir até a sorveteria.

– Mas está ficando tarde, Kimmie. – ela mostrou-se preocupada.

– Eu posso acompanhá-la até em casa. – Paul disse.

– Paulie prestativo. – John disse malicioso. Bridgit revirou os olhos com Paul corando.

– Tudo bem. Leve minha irmã para casa sã e salva, McCartney. – olhou sério para ele. – Diga para mamãe, que saí com Ashley para tomar sorvete. Tudo bem? – ela perguntou e eu assenti.

Ashley ficou na casa de Ringo para o jantar, enquanto Debbie, George, Bridgit e John seguiram para o outro lado da rua, já que a sorveteria era para lá, e a casa de Debbie e George também.

– Está um vento frio, não está? – Paul perguntou.

– Está tão sem assunto que precisa falar do tempo? – perguntei rindo.

– Bom, sim. – riu fraco.

– Não há necessidade. Podemos falar sobre... Bom, também não sei. – rimos.

– Podemos falar de você. – ele disse.

– O quê, por exemplo?

– O quê gosta de fazer, o quê gosta de comer... Enfim. Coisas bobas. – Paul disse.

– Gosto de ouvir música, gosto de tomar banho de nadar, gosto de pizza, e amo sorvete. – sorri.

– Posso te levar para tomar sorvete qualquer dia. – ele disse sorrindo para baixo. Oh, Deus!

– Eu adoraria. – sorri.

 O resto do caminho foi silencioso. Mas não um silêncio ruim. Um silêncio bom. Paramos em frente ao meu portão. Paul ficou como um bobo me olhando.

– Obrigada por me acompanhar. – disse.

– Tudo bem. Imagine. Bom...

– Bom...

– Eu poderia te levar para tomar sorvete realmente? – Paul perguntou. Permiti-me corar.

– Claro, Paul! Eu adoraria.

– Podemos sair amanhã, então? – perguntou.

– Claro. Perguntarei á minha mãe e te dou a resposta amanhã na escola. Tudo bem? – perguntei.

– Tudo bem. – repetiu.

– Até amanhã. – fiquei na ponta dos pés para beijar sua bochecha.

– Até. – ouvi o falar enquanto eu já estava virada de costas.

Entrei em casa, e vi mamãe sentada no sofá, lendo algum livro. Ela amava ler. Sentei-me ao seu lado, dando um susto nela.

– Menina, não me assuste assim! – ela brigou fazendo-me rir. – Onde está Bridgit?

– Foi tomar sorvete com a Ashley. – falei. – A amiga dela.

– E deixou você voltar para a casa sozinha? – perguntou brava.

– Não senhora, Paul, um amigo da escola, caminhou comigo até aqui.

– Paul? Paul McCartney? – ela perguntou.

– Sim. A senhora o conhece? – perguntei.

– Sim, ahn, eu conheço os amigos da sua irmã. Ele é um bom menino. – sorriu.

– Então, mamãe, ele me chamou para tomar sorvete amanhã. Gostaria de saber se a senhora permite. – perguntei.

– Sim, querida. Eu permito. Sua irmã já deve estar chegando, irei preparar um jantar. Toque um banho e troque este uniforme. – falou e eu obedeci.

Fui para o meu quarto, e tirei o uniforme, em seguida para o banheiro. Tomei um banho rápido lavando meus cabelos e vesti o pijama de ficar em casa. Quando cheguei até a cozinha, Bridgit estava sentada, ainda de uniforme.

– Quer dizer que minha irmã sairá amanhã com Paul McCartney? – ela disse rindo.

– Mamãe já passou o recado? – brinquei.

– Sim senhora, ela passou. – Brid disse enquanto mamãe ria. – Vou tomar o meu banho, já que não vamos ao Cavern. 

Brid não demorou, voltou logo do banheiro e nos sentamos á mesa. Comemos e mamãe nos mandou para cama. Deitei-me e vi Bridgit entrar e se sentar em minha cama.

– Eu sabia. – ela disse.

– Sabia de que? – perguntei me sentando também.

– Que Paul te chamaria para sair. Queria deixá-los sozinhos para ele fazer o pedido. Todos nós percebemos o olhar dele.

– Oh meu Deus! Ele me olhou diferente? – perguntei arregalando os olhos.

– Sim! Tenho certeza, querida. Paul McCartney está afim de você.