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História I After You - 04


Escrita por: Yeul

Notas do Autor


Colocarei as notas lá embaixo dessa vez~

Capítulo 5 - 04


Fanfic / Fanfiction I After You - 04

I'd wrap myself in blankets

 

*

 

Na verdade, ele não gostava muito de cabelo colorido, e nunca imaginaria um dia ter seu cabelo naquele tom, mas aquele rapaz o fazia mudar de opinião a todo instante.

 Também não gostava de dançar, muito menos de contato com outras pessoas. Ele gostava de solidão, de passar os dias sozinho, de ser esquecido pelo mundo, e assim que se conheceram, ele descobriu que amava companhia, que amava ser tocado, mesmo que dissesse que não, amava dançar, e amava sentir seus lábios sobre os seus.

 

*

 

Sua respiração era suave, em um ritmo lento e doce, que fazia JiHoon querer dormir novamente, aspirando seu cheiro doce. Suas mãos estavam sobre o peito do mais velho, e ele as deslizou lentamente por sua cintura, abraçando-o ternamente, encaixando-se ao seu corpo com cuidado. Puxou o ar lentamente pelo nariz, absorvendo ainda mais daquele cheiro açucarado que o mesmo tinha, sentindo-se cada vez mais confortável, até ser novamente embalado em um sonho doce.

 A sala tinha um tom alaranjado devido ao fim da tarde. As cortinas cor de creme não permitiam toda a entrada da luz, deixando-os naquele clima sereno. A televisão estava ligada em um filme de ação clichê, mas o som estava baixo, quase mínimo, podendo ouvir-se apenas alguns chiados vindo dela, dando uma trilha para seus sonhos.

 SoonYoung se remexeu levemente, sentindo seu braço dormente começar a formigar, e tentou puxá-lo sem abrir os olhos, até perceber que era impedido. Abriu os olhos devagar, avistando o rapaz de cabelos róseos acima de si, parecendo dormir tão confortavelmente, que ele resolveu não acordá-lo e aguentar um pouco mais.

 Abriu um sorriso doce, levando sua mão livre para arrumar os fios róseos, tirando-os gentilmente do rosto do mais novo, e depois parando para apreciá-lo. Ele era tão adorável, tão bonito, e tão seu, que o fazia sentir-se feliz apenas em vê-lo.

 Passou seus dedos por seu rosto, sentindo a textura sedosa de sua pele contra seus dedos, logo tocou com a palma de sua mão, acariciando-o devagar, sentindo seu coração se preencher ainda mais de amor. Deslizou o polegar suavemente pelo alto de sua maçã, e depois sobre um de seus olhos. Fitava avidamente o mais baixo, querendo decorar todos os seus traços, suas feições, e sentindo uma vontade incontrolável de beijá-lo.

 Aproximou-se devagar, desejando não acordá-lo, depositando um selar demorado sobre sua testa, afastando-se em mesma velocidade, e o ouviu murmurar alguma coisa, antes de apertar o abraço em sua cintura, manhoso como sempre. Sorriu novamente, e beijou novamente sua testa, desta vez o acordando.

 “Ah, eu tinha acabado de pregar os olhos”, murmurou ele manhoso, sentindo os lábios quentes e macios sobre sua testa, abrindo um sorriso sem abrir os olhos, esfregando seu rosto suavemente na roupa alheia.

 “Desculpa”, pediu o mais velho rindo, e aproveitou para tirar seu braço dali, sentindo-o formigar mais do que antes. “Seu pescoço não está doendo ou algo assim?”, perguntou suavemente, levando sua mão ao pescoço do mesmo, e ele não respondeu, apreciando a leve massagem ali.

 O Lee apenas deslizou sua cabeça até a encostar-se ao queixo dele, depositou um selar suave ali sem ver, e depois juntou seu rosto ao início de seu ombro, aspirando profundamente e soltando o ar devagar. SoonYoung sentiu suas bochechas esquentarem, mesmo estando ali, os dois sozinhos, sem a possibilidade de se quer serem atrapalhados, ele ainda se sentia tímido com o mais novo.

  JiHoon era sua certeza, era a coragem que ele não tinha, era a força que ele desejava ter, era o espírito que almejava, e o seu maior protetor, mesmo que não soubesse disso.

 

*

 

                O irmão mais novo de SoonYoung chegara fazendo barulho, para o total desgosto dos dois rapazes no sofá, que soltaram murmúrios desconfortáveis. O loiro se soltou de JiHoon, e apoiando os braços no sofá se sentou, para lançar um olhar incomodado para o menino que tirava seus tênis de qualquer forma, atirando-os no chão apenas para fazer barulho.

“Olá hyung”, disse ele sem olhá-lo, terminando de arrancar seus calçados e agora empurrando a porta para trancá-la. “Você não vai acreditar no treino de hoje!”, sua voz era animada, e ele jogou sua mochila no chão, e o som do taco de baseball dentro da mesma ecoou pela sala. “Nós nos dividimos em dois times e jogamos um contra o outro!”, contou animado, se apoiando no sofá e se forçando para cima.

“Parece legal Chanie”, sorriu o mais velho, não conseguindo brigar com ele. Mas gesticulou para que ele não fizesse barulho. O mais novo olhou para o rapaz dormindo no sofá, e depois sorriu, gesticulando com as mãos que iria para a cozinha comer, e o fez.

 O Kwon suspirou, e voltou a olhar para seu namorado, abrindo outro sorriso. Ah, como o amava.

“Ele já foi?”, perguntou em um sussurro o mais baixo, e sentiu o corpo do mais velho sobre o seu, abraçando-o novamente. Não precisava abrir os olhos para saber que ele devia estar sorrindo, quando sentiu seus lábios quentinhos sobre sua bochecha.

 “Já foi, mas vai voltar logo”, respondeu em mesmo tom, e ouviu o mais novo reclamar, se remexendo no sofá até ficar de frente para o outro, abrindo os olhos.

 SoonYoung abriu um sorriso largo, fazendo o mais baixo sorrir com ele, e o loiro juntou seus lábios nos dele, movendo-os devagar, antes de separarem-se novamente. Chan voltava para a sala, agora com um copo de leite em mãos, e um bigode branco sobre o beiço, com um sorriso brincalhão.

 “Hyungs, sabem a ordem da omma”, ele disse em um tom de provocação, e o seu irmão se sentou, lhe lançando um olhar incomodado. “Não adianta fazer cara feia hyung, vai! Vai!”, gesticulou, e o mesmo se levantou do sofá, se sentando na poltrona que tinha logo ao lado. “Isso, quero ver distância aí”, falou, voltando para a cozinha rindo.

 JiHoon bufou, odiava aquele garoto. Ele sabia como incomodar, e geralmente tinha a razão, o que era pior. Se forçou a sentar, vendo que agora não conseguiria aproveitar direito o dia com seu namorado. Coçou a cabeça rapidamente, antes de perceber que o filme estava nos créditos finais, e suspirou.

 “Acho que vou para casa Youngie”, disse ele, procurando seus tênis no meio daquele caos de pipocas espalhadas pelo chão.

 “Ah, mas já?”, murmurou o Kwon, fazendo bico, e se levantando para pegar os tênis que ele tanto procurava. Os levou até o mais novo, e quando o mesmo fez menção de pegá-los, o impediu, pegando no tornozelo dele gentilmente e calçando-os.

 “Sério, você não precisa fazer isso!”, falou o mais baixo sem graça, sentindo as bochechas corarem. SoonYoung apenas ergueu o rosto para mostrar seu sorriso, não se importava nem um pouco em fazer alguns agrados, desde que visse aquela expressão fofa dele em troca. “Aish, que embaraçoso”, sussurrou ele, vendo-o por o outro tênis.

 Chan voltou ao ouvir a conversa, e arqueou uma sobrancelha assim que viu a cena. Não sabia se devia manda-los se afastarem ou se deveria apenas observar. Deu um gole em seu leite, mordendo o biscoito, quando SoonYoung o notou.

 “Ya! Nem vem, que isso não deve contar como contato!”, pronunciou-se, se levantando rapidamente, vendo seu irmão mais novo rir.

 O menino voltou para a cozinha dando de ombros, e o mais velho bufou, odiava quando seu irmão dava de implicar com eles. JiHoon se levantou, balançando seu moletom vermelho, tirando o excesso de cascas de pipoca que havia ali. Depois bateu levemente em seu short jeans, antes de se erguer para receber um abraço manhoso do mais velho, que não queria de jeito nenhum que ele fosse embora.

 “Fique mais um pouquinho Hoonie”, pediu com sua voz mais fofa, afundando seu rosto no cabelo róseo dele, aspirando o cheiro doce de seu shampoo. “Até tranco o Chanie no quarto se for preciso”, sussurrou contra seu ouvindo, e o mais baixo riu, abraçando-o também, deslizando suas mãos para cima e para baixo das costas dele.

 “Não dá SoonYoungie”, disse ele, afastando-o levemente para poder ver seu rosto. “E sabe que o Chan daria um jeito de sair apenas para irritar ainda mais”, sorriu, vendo-o bufar e dar um selinho rápido em seus lábios, porque não aguentava ver seu sorriso e não roubar um beijo.

 “Aigoo”, murmurou ele, voltando a abraçar o mais novo. “Então eu te levo até sua casa, tá?”, falou, se afastando e segurando sua mão, entrelaçando seus dedos, encaixando-os perfeitamente nos alheios. JiHoon assentiu, lançando um último olhar para a sala, para conferir se não estava se esquecendo de nada. “Estou levando o JiHoon pra casa dele Chanie!”, gritou da porta, ouvindo a resposta positiva de seu irmão. “Já volto!”, falou enquanto girava a chave na maçaneta, e o mais baixo já soltou sua mão.

 Ah, tinha aquela parte que ele não gostava muito de JiHoon. A parte que eles não podiam parecer um casal na rua.

 

*

 

                Eles caminharam lado a lado. SoonYoung mantinha suas mãos no bolso da calça, mantendo um sorriso gentil nos lábios enquanto conversava com JiHoon. Seu coração estava levemente apertado, principalmente naquele instante, quando se lembrou do que ele tinha de falar para seu namorado. Mordeu o lábio inferior enquanto pensava, deixando o mais baixo falar sozinho sem perceber. Só notou quando o Lee o empurrou levemente com o braço, tirando-o de seus devaneios.

 “Ei, você está me ouvindo?”, questionou JiHoon franzindo o cenho, com seus olhos mais estreitos, analisando a expressão do mais velho.

 “Claro, sempre”, respondeu ele sem pensar muito, alargando o sorriso e o vendo bufar diante da resposta. Teve vontade de agarrá-lo e beijar seus lábios, mas se conteve, apenas levou sua mão até o cabelo alheio e o bagunçou suavemente, quase em uma carícia.

 JiHoon pareceu se contentar com o ato, porque abriu um sorriso e voltou a caminhar, sendo seguido pelo outro. O Kwon ficou olhando sua silhueta, enquanto ouvia-o novamente falar sobre a música que estava compondo. Gostava de sua aparência por inteira. Gostava da forma como seu cabelo balançava suavemente ao andar, aqueles fios róseos no sol ficavam ainda mais bonitos. Gostava de seu corpo magro e delicado, do tom de sua pele alva, e chegaria até a dizer que gostava de seu jeito de andar, sempre confiante e firme.

 O mais novo parou subitamente, percebendo que novamente estava em um monólogo, virando-se para ver seu namorado, que sorriu largamente para ele. JiHoon arqueou uma sobrancelha, sem entender, vendo-o avançar em sua direção e o abraçar com certa força. Sentiu seu coração acelerar, sentindo o corpo alheio contra o seu, e sem pensar muito segurou sua camisa, aproximando-o e fechando os olhos.

 Mas assim que percebeu o lugar que estava, o quão expostos estavam, o empurrou para trás, sentindo suas bochechas esquentarem, e desviou o olhar, voltando a caminhar. Odiava quando ele fazia aquilo, abraça-lo na rua, pois nunca o recusava, e depois se arrependia.

 E se alguém os visse? E se chegasse aos ouvidos de seus pais?

 O mais velho sentiu seu coração apertar, e encarou aquela silhueta adorável sair andando levemente emburrado. Levou uma mão ao seu coração, apertando levemente o tecido de sua regata azul, antes de soltar e voltar a segui-lo.

 Eles não se falaram até chegarem a casa do Lee. O mesmo sacou as chaves de seu bolso, e enquanto procurava a chave no meio de tantas, SoonYoung o encarava, imaginando como falaria para ele.

 “Obrigado por hoje”, disse JiHoon ao finalmente achar a chave, separando-a das demais. Lançou um olhar rápido para o mais velho, e o mesmo sorriu, por puro reflexo.

 “Amanhã vamos nos ver de novo?”, perguntou gentilmente o maior, e o mais novo pareceu ponderar um pouco, antes de balançar a cabeça positivamente. “Então até amanhã Hoonie”, seu sorriso se alargou e seus olhos se comprimiram, ficando extremamente fofo, fazendo o mais baixo sorrir com ele e abrir a porta de sua casa.

 Fechou devagar a porta, encarando o rapaz que mantinha o sorriso doce nos lábios e acenando fracamente, antes de trancar. SoonYoung logo desfez o sorriso, levando sua mão para o coração novamente, e apertando o tecido ali.

 Ele tinha de falar no dia seguinte.

 

*

 

                Podia-se dizer que ele sempre fora um apaixonado.

 Era apaixonado por dança desde que se conhecia por gente, apaixonado por música desde seus sete anos – quando parou de ouvir qualquer coisa e começou a prestar atenção no pop, era apaixonado por quadrinhos desde os dez, e apaixonado por JiHoon desde seus doze anos.

 Poderia ser precoce, mas, assim que seus olhos caíram sobre o pequeno Lee, que na época usava um corte reto e simples, com a pele clarinha e os olhos miúdos, sua expressão séria e ao mesmo tempo autoritária – que eram tão diferentes de sua fisionomia e seu corte de cabelo tão fofo –, ele soube que estava, definitivamente, apaixonado.

 Ou talvez fossem os filmes românticos que sua mãe o fazia assistir com ela, e o deixassem propícios a acreditar naquelas coisas de amor à primeira vista, mas, ele não podia se controlar, era automático. Um sorriso surgia em seus lábios ao vê-lo, e a princípio ele tentou se conter, claro, não querendo dar muita bandeira, porém em poucos dias o disfarce caiu por terra, e JiHoon o notou.

 Gostava de simplesmente ficar parado vendo-o mover-se de forma tão graciosa, um verdadeiro bobo alegre.

 Fora em uma aula de educação física, onde o baixinho de fato não era dos piores, nem dos melhores. Tão pouco tinha habilidades para ser considerado bom, porém SoonYoung sorria para ele com certa admiração, que o fizeram suspeitar de suas intenções.

 Nunca havia falado com ele antes, por isso achou estranho aquele sorriso. Primeiramente pensou que ele estava tirando sarro de si, ou algo do gênero, por isso o ignorou, mas, após mais alguns dias, ele percebeu que havia algo de errado ali.

 Sempre que direcionava o olhar para o Kwon – seja sem querer, ou não –, ele estava sorrindo, e olhando-o diretamente com seus olhos pequenos quase brilhando. Causava-lhe uma sensação estranha na espinha, e o mesmo desviava o olhar, sentindo-se constrangido de alguma forma.

 Qual era o problema dele?, era a única coisa que conseguia pensar, com sua mente levemente infantil, enquanto voltava a anotar em seu caderno, erguendo a mão livre para esconder seu rosto, sentindo suas bochechas corarem de vergonha.

 Ele deveria ter algum problema, ou era apenas bobo?

 De qualquer forma, iria ignorar porque, bem, ele era estranho.

 

*

 

SoonYoung almejava o dia em que tomaria coragem para falar com o Lee, mas esse dia parecia nunca chegar. Não que não tivesse tomado coragem ou algo do tipo, porém suas forças sumiam ao ver aqueles olhos pequeninos sobre si, fitando-o com desconfiança, com um certo ar de superior que o fazia estremecer e ao mesmo tempo em que era lindo.

 Ele desistiu após um tempo.

 Era um covarde, e ele sabia disso, Chan sabia disso, e lembrava-o todos os dias, rindo de sua cara, enquanto comia mais biscoitos com leite. Seu irmão era o maior apoiador que ele tinha.

 Um bico formava-se sempre que via o Lee passar por ele, absorto demais nos estudos para se quer dirigir seu olhar ao mais velho, e o Kwon já havia adquirido a ideia de que JiHoon era algo inalcançável, intocável, e extremamente belo. Insira alguns outros adjetivos aqui, pois o rapazinho já não sabia mais como descrevê-lo.

 Ele era tão – tão – perfeito, que apenas de pensar que como alguém como ele, o avoado SoonYoung, poderia se quer lhe dirigir a palavra? Deveria ser um pecado ou algo assim, e admirá-lo secretamente era o melhor a se fazer.

 Podia apenas suspirar e desejar que um dia pudesse ao menos ser notado, pela mínima coisa que fizesse, apenas para não se sentir tão mal – e menos dramático.

 Mas JiHoon contrariou seus pensamentos e se aproximou pela mais pura boa vontade.

 Não da forma que o Kwon esperava, mas já era mais do que o suficiente.

 Fora em um dia que o mesmo esquecera seu material – e culpou seu irmãozinho por tudo –, e ficara sem nada na aula, sentindo-se imprestável como sempre, com seus olhinhos já preenchidos de lágrimas de vergonha. A mão branquinha e pequena do Lee se ergueu, chamando a atenção da professora, que o permitiu juntar mesas com o esquecido, vulgo avoado SoonYoung.

 SoonYoung quase chorou, mas de alegria ao ver o Lee tão perto de si, e não pode conter seu nervosismo, muito menos seu entusiasmo. Não que JiHoon tenha se quer falado com ele direito – se contar um ‘estamos aqui’, onde apontou a matéria com o indicador –, porém fora o suficiente para alegrar seu dia, semana, mês.

 O Lee se sentiu desconfortável no começo, pois seu humor mudara tão rápido que ele se questionou se o rapaz estava mesmo arrependido de ter esquecido seu material, mas depois de alguns minutos apenas aceitou sua companhia.

 Após aquilo, o Kwon teve mais chances de falar com ele. Não da forma que queria, ele vinha com desculpas de não saber a matérias – por não prestar atenção, pois sua atenção era toda e exclusivamente no baixinho –, e o mesmo se via obrigado a ajudá-lo, o que rendeu bons dias após as aulas.

 O mais velho tinha consciência de que não era bonito, muito menos aquilo que chamavam de charmoso, mas sua mãe lhe dissera que ele era carismático e tinha o dom de fazer os outros sorrirem, e fora isso que usou para se aproximar do Lee, fazê-lo rir de qualquer coisa.

 Tornaram-se amigos daquela forma, com as pequenas tardes que passaram juntos, estudando e trocando risos calorosos. SoonYoung adentrou tão fácil em sua vida que era quase como mágica, e não fora a toa que o conquistara, era quase como que predestinado, e JiHoon se viu perdido nele a cada dia.

 Fora tão natural começarem a namorar quanto respirar.

 Mesmo que tivesse de ser as escondidas por causa do medo de JiHoon – o que de fato incomodava demais o Kwon, eles ainda podiam se considerar namorados. Geralmente o Lee já passava todas as suas tardes na casa de SoonYoung, chegando a estranhar a sua própria, e por vezes dormia lá, o que facilitou tudo.

 Menos quando começaram a namorar, e Chan resolveu começar a implicar com eles. JiHoon teve de parar de dormir lá, para a tristeza do mais velho.

 Entretanto, mantiveram uma relação única enquanto estiveram juntos.

 De fato, JiHoon não se importava com sua aparência, seus gostos, nada. Sua mente focava-se no estudo, e de certa forma o Kwon lhe ajudou nisso. Ele o estimulou a comprar roupas – deveras vezes comprando com ele, claro –, e o introduziu as próprias músicas, o que fez o baixinho descobrir sua vocação.

 Não que já não a tivesse descoberto, mas após ouvir tanto SHINee, ele se descobriu bom em escrever letras, e suas habilidades musicais apenas aumentaram. Ao mesmo tempo que descobriu a dança por meio de seu namorado.

 Entretanto, assim como JiHoon havia mudado por causa dele, SoonYoung também mudou.

 Sua insegurança aos poucos fora sumindo, pois o Lee tinha um jeito especial de lhe tratar e de motivar que o fazia acreditar que poderia fazer qualquer coisa – desde que ele estivesse ao seu lado, claro. Sua autoestima nunca fora a das melhores, mas após JiHoon insistir em sua beleza, o Kwon começou a aceitar ao menos que seus olhos eram bonitos – por mais pequenos e fechados que fossem.

 Se completavam de uma forma única, e ambos tinham plena noção daquilo.

 

*

 

                “JiHoonie, eu vou me mudar”, as palavras saíram pelos lábios finos do Kwon, e JiHoon piscou algumas vezes, sentindo um sentimento ruim subir de seu coração para a garganta, entalando ali.

 Abriu a boca em descrença, deixando-a entreaberta enquanto sua mente se forçava a raciocinar.

 Sempre se considerou alguém precavido, e bolava inúmeros planos para seu futuro – que iam do A ao G –, mas aquele nunca lhe o ocorreu, e a insegurança lhe abateu com força, junto da incerteza, e principalmente do medo.

 SoonYoung franziu o cenho ao ver sua expressão de choque, e repetiu a frase, sem entender o que estava acontecendo. Em sua mente, era apenas uma mudança, nada demais, nada que fosse mexer com suas vidas – e algo bem ingênuo de se pensar.

 “Não se preocupe JiHoonie, nós ainda vamos poder nos falar todo dia”, disse o mais alto tentando amenizar a situação, sentindo que precisava dizer algo para acalmar o Lee, que estava entrando no modo automático, pensando mais do que deveria.

 Estavam sentados na cama do mais velho, um de frente para o outro com as pernas cruzadas, e aquele clima pesado surgiu assim que SoonYoung dissera que tinha algo sério para contar. O coração do Lee estava batendo rápido, mas não por causa do Kwon em si, mas sim por causa do que ele disse. Estremeceu ao pensar na distância que tinha dali para Seoul. Tentou calcular quantos quilômetros teriam de diferença, mas percebeu que era inútil saber ou não.

 Era apenas a distância que importava.

 Estaria longe o suficiente para não se verem mais.

 “Ei”, chamou o mais velho preocupado, esticando a mão para tocar na mão alheia, segurando-a ternamente entre seus dedos e depositando um beijo suave sobre as costas da mão alheia. “Relaxe, sim? Minha omma já me permitiu voltar nas férias”, disse tentando animar o mais novo, abrindo um sorriso doce e balançando suavemente sua mão, porém não funcionou.

 JiHoon começou a refletir mais do que deveria no momento, estando totalmente alheio ao que o mais velho lhe dizia, se perdendo em seus próprios pensamentos.

 Apenas pensou: O que seria de sua vida agora? O que seria deles agora?

 “Ei, ei”, chamou novamente SoonYoung preocupado, passando a mão aberta a frente do rosto dele, e o viu piscar, antes de focar em si. “Você está bem?”, perguntou gentilmente, passando sua mão por seu rosto, acariciando sua bochecha com cuidado, e o vendo assentir rapidamente com a cabeça.

 O Kwon abriu um sorriso aliviado, e passou a mão pelo cabelo róseo alheio, deliciando-se com sua maciez entre seus dedos, e o Lee recuou a cabeça. Pela primeira vez ele se afastou e negou um toque seu, o que o chocou e ao mesmo tempo o incomodou profundamente.

 “Eu preciso de um tempo SoonYoung”, falou JiHoon sério, após se afastar e soltar os dedos sedosos do mais velho, que arregalou os olhos pequenos sem entender.

 “Um tempo?”, questionou o maior sem entender, vendo-o balançar a cabeça em afirmação. “Como assim você precisa de um tempo, JiHoonie?”, continuou, sentindo-se nervoso e ao mesmo tempo inseguro, repentinamente sentindo toda a sua autoestima cair por terra.

 “Eu preciso pensar”, afirmou, se levantando com certa pressa, sentindo os olhos pequenos e estreitos sobre si, levemente devastados e parecendo tão perdido quanto o maior.

 “Pensar no que? Não há nada a se pensar!”, disse o Kwon assustado, levantando-se também e o acompanhando até a porta de seu próprio quarto, onde a segurou para que o Lee não fugisse, como gostava de fazer quando não estava a fim de conversar. “JiHoonie, por favor, fale comigo direito”, pediu quase suplicante, e o Lee parou a sua frente, mordendo o lábio inferior com força.

 “Eu disse que preciso pensar SoonYoung”, reafirmou, vendo-o curvar seus lábios em tristeza e seus olhos marejarem. “Quando eu pensar, eu volto para falar com você, tá?”, disse tentando ser o mais gentil possível para não machucá-lo, e levou suas mãos até seu rosto, segurando-o suavemente apenas para fazê-lo lhe encarar.

 SoonYoung balançou a cabeça positivamente, mas manteve seu bico desgostoso com a situação. Suas mãos tocaram nas de JiHoon, e deslizaram delicadamente até as costas alheias. Desta vez o Lee não negou o contato, e se permitiu ser abraçado, talvez com força até demais.

 Após alguns minutos naquela posição, e vendo que o baixinho não iria ceder, ele o soltou, vendo-o se arrumar rapidamente antes de abrir a porta por si só e sair as pressas dali, sem olhar para trás, o que deixou o mais velho com um buraco no peito.

 O que diabos ele tinha de pensar? Não há nada para se pensar, pensou ele descontente e sentindo seu coração apertar ao fechar a porta devagar, como se ainda o esperasse voltar correndo e desistir daquela ideia sem cabimento.

 Mas não aconteceu.

 

*

 

                Ele levou três dias.

 Três dias para por seus pensamentos em ordem e refletir em tudo que sentia sobre o Kwon. Talvez fosse exagero seu, mas ele precisava calcular, precisava pensar em todas as possibilidades e analisar todos os riscos, para chegar a melhor resposta.

 No primeiro dia, ele pensou sobre o que mudaria em sua vida sem SoonYoung e, se admirou ao perceber o quão dependente ele era. Não o veria mais todos os dias, não voltaria da aula com ele, não passaria as tardes estudando em seu colo, muito menos seria embalado em seus dias preguiçosos, quando queria apenas dormir e esquecer-se de suas tarefas.

 Não o veria sorrir e motivá-lo a todo instante. Não teria mais seus abraços quentes e confortantes.

 Seu coraçãozinho se apertou só de pensar na possibilidade de ficar sem, e ele temeu mais do que tudo em sua vida.

 SoonYoung era importante demais para simplesmente ir embora assim, deixando-o para trás.

 No segundo dia, ele pensou em como lidariam com aquilo. Como teria de estipular um horário para estudar, e outro para poder conversar com o Kwon. Teria de mudar sua rotina, adaptar-se aos horários novos de SoonYoung, e principalmente lidar com sua saudade, que ele sabia que seria enorme e incontrolável.

 Ela seria como um monstro, aumentando mais a cada dia, e sem nunca ter fim.

 No terceiro dia, ele refletiu em todos os sentimentos, em tudo que passaram juntos. Nada escapou de sua mente, e ele pensou e repensou em tudo. Ficou horas pensando se iria se quer aguentar ficar sem o Kwon por mais algumas horas, e aquela dúvida o consumiu.

 Tanto que ele ligou para SoonYoung no meio da noite, ciente que naquele horário ele já não estaria mais acordado, e se surpreendendo em ser atendido.

 A voz do Kwon saíra levemente rouca, porém ainda tinha aquele traço de alegria característico que fez seu coração se esquentar, e colou com força o aparelho contra sua orelha, abafando o microfone com sua mão, querendo que sua voz focasse apenas ali, e nele.

 “JiHoonie?”, chamou o mais velho após perceber que ele não dizia nada, apenas ouvia o som de sua respiração do outro lado da linha.

 “Eu só quis ligar para... Eu não sei”, murmurou o Lee inseguro, remexendo-se em sua cama, apenas para tentar achar uma posição melhor, e subitamente percebendo que tinha muita saudade dele, em apenas três dias.

 “Não precisa de um motivo para me ligar”, riu o Kwon, e sua risada gostosa adentrou nas orelhas do baixinho, fazendo sorrir também apenas por imaginá-lo sorrindo.

 Ficaram em silêncio por alguns segundos, apenas o suficiente para pensarem, apenas apreciando o som de suas respirações, antes que o maior quebrasse com sua voz em tons de insegurança.

 “Mas estou realmente feliz que tenha me ligado”, admitiu SoonYoung, engolindo a seco em seguida, esperando não ter dito nada que o incomodasse, mas precisava dizer o que estava sentindo.

 Se quisesse que chegasse ao coração do Lee, ele tinha de ser o mais sincero possível.

 JiHoon nada disse, mas balançou sua cabeça, sentindo-se feliz por tê-lo feito, pois aquilo reafirmava o que tanto estava pensando naqueles dias.

 Ele não aguentaria ficar longe de SoonYoung, mas ficar sem estava fora de cogitação. Aquela certeza o fez sorrir, e finalmente resolveu responder o Kwon, que aquela altura já estava quase chorando de medo.

 “Eu preciso falar com você amanhã, pessoalmente”, disse contra o telefone, e SoonYoung apenas soltou um sim, com as mãos trêmulas. “Então, até depois”, completou o baixinho, e ele esperou algum tempo, pois sentia que faltava algo.

 E assim que percebeu que estava esperando um ‘eu te amo’, ele desligou, sentindo-se estranho por não tê-lo dito. Era como se sua conversa não tivesse sido completada, que algo estava faltando.

 Deitou-se na cama no mesmo instante, encarando o teto branco de seu quarto e pensando no dia seguinte.

 

*

 

                JiHoon chegou cedo a casa dos Kwon, e seu coração se apertou apenas de ver todas aquelas caixas empilhadas, e todas aquelas ainda abertas, esperando para serem preenchidas e levadas para longe.

 Desviou como pode das que estavam empilhadas ao lado externo da casa, e se assustou quando Chan abriu a porta e sorriu para ele, carregando uma caixa maior do que si. Ele gritou pelo nome de seu irmão, e ao não ouvir nada, apenas o mandou subir, o que o Lee obedeceu prontamente, sentindo-se mais do que ansioso para vê-lo.

 Seu coração batia cada vez mais rápido, e praticamente escancarou a porta de seu quarto, passando os olhos por todas as aquelas caixas, antes de encontra-lo ali. Estava sentado ao chão, com as costas apoiadas na parede, adormecido com a cabeça pendendo para o lado, enquanto suas mãos seguravam um pequeno objeto, que JiHoon não teve interesse de saber o que era.

 Ele precisava de SoonYoung.

 Aproximou-se aos tropeços, e praticamente caiu sobre o outro, que acordou assustado, antes de levar suas mãos automaticamente para o corpo menor, tocando-o suavemente como estava acostumado, e seus olhos se focaram nos alheios.

 O Kwon tinha olheiras visíveis abaixo de seus olhinhos, mas ele ainda assim abriu um sorriso largo ao vê-lo. Seus lábios finos se abriram, e ele estava pronto para dizer o nome que tanto amava, quando fora impedido, pela boca pequena e desesperada de JiHoon.

 Fora o melhor beijo que eles já tiveram, e não fora nada rápido.

 Embora no começo tenha sido completamente necessitado, ao final eles já estavam em um ritmo próprio e lento, apenas degustando da sensação maravilhosa que era o contato entre seus lábios, aproveitando o sentimento juvenil de seus corações.

 JiHoon agarrava-se as suas roupas como se tivesse medo de perdê-lo ao se soltar, e SoonYoung o acariciava com carinho, sentindo toda a sua falta. Separaram-se após alguns instantes, apenas o suficiente para puxar mais ar, e seus lábios se colaram novamente. Ao menos três vezes, antes de trocarem selares demorados e estalados, e por fim se afastarem sem ar algum.

 Mas não muito, apenas o suficiente para que o Lee se encaixasse melhor no colo alheio, como estava acostumado, e envolver seus braços em seu pescoço. SoonYoung abraçou sua cintura, trazendo-o mais para perto e beijando seu ombro com afinco, enquanto o baixinho sentia o cheiro de seu cabelo, e passava uma de suas mãozinhas desesperado por aqueles fios.

 “Eu senti a sua falta”, admitiu JiHoon, sentindo seu coração bater com tanta força que temeu que o outro pudesse ouvi-lo.

 O Kwon sorriu largo, roçando seu nariz em seu pescoço, antes de se lembrar no motivo da vinda do mais novo. Seu sorriso desmanchou na hora, e o Lee também percebeu que não podia ficar enrolando, deveria contar para ele sobre tudo que havia refletido.

 “Escute, SoonYoung”, pediu ao se afastar, sentando-se sobre as pernas alheias e levando suas mãos ao colo, entrecruzando seus dedos e puxando mais ar.

 “Não, JiHoonie, eu preciso falar”, cortou o mais velho, e seus olhos agora tinham um brilho diferente, que o assustou ao mesmo tempo que o intrigou. Não era o SoonYoung chorão que tanto conhecia, muito menos o inseguro, era outra face totalmente nova. “Eu pensei no que você disse e, cara, eu fui muito egoísta e infantil”, disse rápido, gesticulando as mãos, e o baixinho abriu a boca para falar. “Não, me deixe continuar”, pediu, levando o indicador aos lábios alheios, e o menor assentiu, respirando fundo. “Eu acho que deveríamos nos separar”.

 Os olhos do mais novo se arregalaram, e o Kwon desviou os olhos, sentindo-se subitamente mal, mas precisava explicar o seu ponto de vista.

 “No começo eu pensei: por que ele precisa de um tempo? Não há nada para se pensar”, continuou após alguns segundos, sentindo as palavras começarem a enroscar em sua garganta. “Mas então, eu pensei pela primeira vez como seria namorar a distância, e pensei em você aqui, sozinho, e definitivamente, não posso te segurar JiHoonie”, mordeu o lábio inferior, antes de erguer os olhos para o mais baixo.

 Se surpreendeu ao vê-lo em lágrimas, e levou suas mãos até seu rosto, segurando-o e passando os polegares pelas lágrimas, impedindo-as e sentindo seu coração se comprimir junto delas.

 “Não”, murmurou JiHoon com a voz alterada pelo choro, e ele fungou, antes dos braços do Kwon o aproximarem, fazendo-o esconder seu rosto no vão entre o pescoço e o ombro do maior.

 “Mas JiHoonie, pense um pouco”, pediu o mais velho em um sussurro, passando a mão pelos fios róseos, e a outra por suas costas, querendo apertá-lo até não ter mais ar. “Será melhor se você não tiver que se preocupar comigo, que apenas pense em você e aproveite o seu momento aqui”, continuou, e o baixinho balançou a cabeça em negação, roçando seu nariz no pescoço alheio.

 “Não”, sussurrou manhoso, e finalmente agarrou-se ao pescoço alheio.

 Tudo que havia planejado dizer simplesmente sumiu de sua cabeça, e ele comprimiu os lábios com força, não sabendo o que dizer ou fazer, apenas sentindo aquela dor terrível dentro de si, destruindo-o aos pouquinhos.

 “JiHoonie”, murmurou o Kwon, abraçando-o agora com certa força, sentindo seus olhos marejarem e sentindo que não conseguiria ser forte como esperava. “Tem vários outros caras por aí, você vai encontrar alguém melhor do que eu”, seu tom saiu baixo, com ele se arrependendo de cada palavra dita. “Alguém que não te abandone igual a mim”, completou em um sussurro, virando seu rosto para aspirar o cheiro doce do outro.

 “Nenhum deles vai ser você”, sussurrou o Lee, fungando e apertando seu pescoço com mais força.

 Ficaram daquela forma por mais alguns segundos, apenas apreciando o calor do corpo alheio, e não querendo separarem-se por nada. Porém, JiHoon sabia que tinha de expor o que sentia para mudar o pensamento de SoonYoung, porque terminar estava fora de questão.

 “SoonYoungie”, chamou, se afastando aos pouquinhos e vendo-o assentir, com os olhos levemente marejados e estreitos. “Eu sei que demorei muito para pensar, e que por causa disso você pode ter me entendido errado, mas, eu não quero que nos separemos”, disse com a voz fraca, e balançou a cabeça em negação ao final, para reforçar o que dizia. “No começo eu achei que não iriamos conseguir, mas, agora penso que não iria conseguir ficar um dia sem você, Youngie”, um bico se formou em seus lábios, e ele soltou o mais velho para levar suas mãozinhas ao seu coração.

 “Hoonie”, murmurou SoonYoung sem saber o que dizer, levando sua mão até o rosto alheio novamente, acariciando sua bochecha e afastando a franja rósea de seus olhos, para que pudesse vê-lo direito.

 “Eu sei que vai ser difícil, e que provavelmente seria melhor nos separarmos, mas, não quero você com ninguém além de mim”, sua voz saiu em alguns tons a mais, e o Kwon sorriu sem perceber, antes de puxá-lo para mais perto novamente, encostando suas testas.

 “Então agora você tem ciúmes de mim?”, perguntou em uma provocação, apenas para fazê-lo sorrir e amenizar um pouco o clima pesado daquele quarto.

 “Estou sendo egoísta, mas não consigo parar SoonYoungie”, murmurou, com os lábios próximos demais dos alheios, e o mais velho desejou beijá-lo naquele instante. “Eu amo tanto você que não posso me imaginar sem”, completou, antes de puxar todo ar possível.

 Aquele fora o momento para que SoonYoung o puxasse pelo pescoço, acabando com os centímetros que os afastavam, e iniciando um beijo caloroso e amoroso, e talvez um dos melhores de toda a sua vida.

 

*

 

                Terminaram abraçados, com JiHoon agora de costas para si,  mas com a cabeça apoiada em seu ombro, e seus braços envolvendo os alheios, segurando as mãos do mais velho, por vezes apenas deslizando seus dedinhos para sentir a textura dos dedos alheios, absortos em seu mundo.

 “Então, vamos tentar?”, perguntou SoonYoung incerto, e o baixinho apenas murmurou um sim manhoso, antes de apertar seus dedos sem muita força. “Então, vamos estabelecer algumas coisas aqui”, pediu, vendo-o se afastar para lhe lançar um olhar interrogador, o que o fez sorrir.

 “Tipo?”, perguntou o Lee desconfiado, e o outro ergueu uma mão a sua frente, chamando sua atenção.

 “Vamos nos ligar todos os dias”, disse, erguendo um dedo, e o menor assentiu. “Pelo menos três vezes ao dia, está bom para você?”

 “Três vezes?”, questionou JiHoon franzindo o cenho.

 “Uma ao acordar, outra quando voltarmos do colégio, e uma antes de dormir”, explicou, e o outro ponderou, pendendo a cabeça para o lado e formando um bico fofo. “Certo, e se for apenas duas?”

 “Tudo bem”, respondeu sorrindo, e o Kwon não resistiu, beijou sua bochecha rapidamente antes de erguer o segundo dedo.

 “Mas não iremos negligenciar os estudos para isso, entendeu?”, perguntou, vendo-o fazer bico de novo. “Não quero que comece a ir mal no colégio porque está preocupado comigo, senhor melhor aluno”, disse abrindo um sorriso, e o baixinho assentiu, antes de lhe dar um soco no braço, contendo um riso. “E terceiro, JiHoonie, eu quero que você não hesite se algum dia acontecer”, murmurou, com seu tom diminuindo cada vez mais e se tornando um sussurro.

 “O que acontecer?”, perguntou JiHoon sem entender, franzindo o cenho e lhe lançando um olhar interrogador.

 “Se achar alguém melhor do que eu, não hesite em ficar com ele”, pediu, comprimindo os lábios e abaixando o olhar, sentindo seu coração apertar, mas, sabia que aquele era o certo.

 Dentre tantas pessoas naquela cidade, e naquele mundo, deveriam ter inúmeras melhores do que ele, e claro, JiHoon não podia perder seu tempo com ele quando poderia ter outra pessoa melhor para dar o seu amor.

 O Lee suspirou, antes de virar-se como pode e segurar o rosto alheio com as duas mãos, para que o Kwon focasse seus olhos nele.

 “De novo com isso Soonie?”, perguntou em um tom levemente cansado, e o maior abaixou o olhar, engolindo a seco. “Eu já disse antes, e vou repetir: você é a melhor pessoa para mim, SoonYoung”, disse, vendo-o assentir devagar, e beijou seus lábios ternamente, antes de se afastar e vê-lo abrir um sorriso fraco. “Não irei concordar com essa última”, completou, se afastando e o outro balançou a cabeça em concordância.

 Voltou a abraça-lo, desta vez JiHoon querendo protege-lo, envolvendo seus braços no pescoço alheio, e beijando sua cabeça ternamente, e desta vez fora SoonYoung quem se agarrou as suas roupas, com medo de perde-lo, mesmo tendo dito que era para ser trocado. Ele era confuso e indeciso, mas ainda assim o Lee o achava a melhor pessoa para si. Riu fraco com o pensamento, e fechou os olhos, aproveitando a sensação única que apenas o baixinho lhe proporcionava.

 O mais novo o apertou com certa força, temendo por ele. Mais do que tinha medo de ficar sem ele, tinha medo do que o rapaz iria fazer ao estar sozinho. Ele tinha baixa auto estima, e sempre se sentia inferior, achando que qualquer um era melhor do que ele. JiHoon sempre o motivava, mas sentia que não seria o mesmo dali em diante. Teria de dobrar seus esforços se quisesse protege-lo dele mesmo.

 Beijou mais uma vez sua cabeça, sussurrando mais algumas palavras de amor, antes de ouvir as batidas na porta que encerrariam ali sua conversa.

 

*

 

                O último dia chegou como uma tempestade.

 Ao menos, JiHoon se sentia como uma tempestade. Estava instável e inseguro, e a todo momento olhava para seu namorado, apertando com cada vez mais de força seus dedos, temendo a hora em que deixaria de segurá-los. Mordia seu lábio inferior nervoso, e o maior percebeu sua agitação, e o puxou para um meio abraço, deixando que o mesmo encostasse seu rosto em seu peito.

 O Lee segurou suas vestes, aspirando fundo seu cheiro e sentindo-se mais sensível que o normal, com seu coração se apertando tanto, que ele achava que poderia falecer a qualquer instante. Chan pela primeira vez não os atrapalhou, apenas levava suas malas em silêncio, parecendo triste e sem direcionar algum olhar para JiHoon.

  “SoonYoung, leve suas malas querido”, pediu sua mãe do lado de fora, e o rapaz, relutante, soltou-se do outro.

  O mais novo comprimiu os lábios, vendo-o mover-se como se estivesse em câmera lenta, pegando as malas e carregando-as como pode. Prontificou-se em ajudar, pegando duas e sentindo seus braços reclamarem do peso. Forçou-se a segui-lo até o carro, onde o maior depositou como deu no porta-malas, e as tomou de si com cuidado, colocando-as de qualquer jeito e lhe abrindo um sorriso.

 “Por que essa cara JiHoonie?”, perguntou em um tom suave, levando uma mão até sua cabeça, lembrando-se que estava do lado de fora da casa, e bagunçou seu cabelo róseo.

 JiHoon apenas fechou os olhos, não querendo demonstrar fraqueza naquele instante, e logo sentiu algo se chocar contra suas costas, o que o fez abrir os olhos em surpresa. Os braços finos e delicados de Chan o envolveram em um abraço carinhoso, e o outro sorriu.

 Retribuiu o abraço, esquecendo-se por completo de todas as vezes que xingou aquele garotinho por ser intrometido demais e corta clima. O mais novo começou a chorar, o que o fez soltar um riso e dar alguns tapinhas em suas costas, sem saber o que fazer.

 Olhou para SoonYoung por cima de seu ombro, e o mesmo abria um sorriso largo e doce, e os envolveu em um abraço também. Fora o abraço mais quente de sua vida, e o Lee não pode se conter, e o apertou com cada vez mais de força. Chan deu risada dele, embora estivesse em lágrimas ainda, recebendo apenas um tapa do mais baixo dali e se afastando, enquanto o seu irmão o abraçava com mais força.

 Demoraram algum tempo daquela forma, com SoonYoung balançando-o devagar, quase como uma criança, enquanto o baixinho se agarrava a si cheio de saudades precoces e amor. Chan resolveu se despedir fungando, e adentrou ao carro, encostando-se ao vidro da porta e fechando os olhos.

 A mãe deles apareceu alguns minutos depois, e silenciosamente deixou suas malas no banco ao lado de Chan — visto que não havia mais espaço no porta-malas — e abrindo a porta do motorista, ela finalmente lançou um olhar para JiHoon.

 “JiHoon querido”, chamou ela, e o Lee rapidamente se afastou do rapaz, passando um braço por seus olhos, fungando antes de fazer uma reverência formal para a senhora, que riu sem graça. “Sinto muito por atrapalhar, mas temos que ir”, disse suavemente, tentando não magoá-lo, e o menor apenas assentiu, sentindo seu coração disparar e machucar seu peito.

 

 SoonYoung mordeu o lábio inferior, sentindo suas mãos suarem, e ele fitou seu namorado, e se curvou em sua direção. Imaginou que ao menos naquele instante o baixinho cederia, mas, não aconteceu. Ele lhe impediu com suas mãozinhas, tampando seus lábios e abrindo um sorriso travesso. O Lee também quis beijá-lo, porém ainda estavam em um local público, e teve de se contentar em apenas rir, e se afastou.

 “Nos vemos em cinco meses”, disse o mais velho, passando a manga de sua camisa nos olhos, sentindo-os marejados, antes de levar as mãos para trás de seu corpo, com o seu coração se apertando mais, se possível.

 “Até”, murmurou o mais baixo, comprimindo os lábios e dando um passo para o lado.

 SoonYoung assentiu, e mantendo o sorriso suave, ele fora até o carro. Abriu a porta devagar, e lançou mais um olhar para o Lee, antes de adentrar. Assim que bateu a porta, o carro fora ligado, e em questão de segundos ele partia.

 JiHoon acenou fracamente, e assim que o veículo sumiu pela esquina, ele se permitiu chorar silenciosamente.

 “Não se esqueça de mim, pabbo”, sussurrou com pesar, levando suas mãozinhas ao coração, pressionando-as ali e esperando que aquela dor amenizasse.

 

*

 

Just to cover me from fears


Notas Finais


Ai, tá tudo tão lindo, mas infelizmente acabando ;;
(Não a fic, mas os capítulos prontos)
Então, provavelmente o de amanhã será o último que irei postar, e ficará em hiatus até que eu atualize minhas outras fics ;; Essa HoziWeek me fez parar várias fics ;; Sorry para quem lê está ;;
Não fique chateado moço ;;
Se eu conseguir, talvez ainda saia mais um mas, acho que não ;; Desculpem mesmo ;;

Obrigada a todos que leram~


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