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História I After You - 07


Escrita por: Yeul

Notas do Autor


Quem é vivo aparece né?
Infelizmente to aqui mas vamos ;;
Agradecimentos especiais a minha filha, porque ela me aguenta todo dia e me apoia, obrigada querida ~ <3

Capítulo 8 - 07


Fanfic / Fanfiction I After You - 07

So hear me scream

 

*

 

"Ele é bonito", a voz grossa comentou ao seu lado, e SoonYoung pulou onde estava, bloqueando a tela de seu celular, o pressionando contra o peito, seus olhinhos pequenos se arregalando pelo susto, enquanto o Chwe piscava inocente, sem entender o que havia feito de errado.

"Você quase me matou do coração!", esbravejou o Kwon, suas bochechas automaticamente pegando alguma cor, seus batimentos cardíacos acelerando, e sua destra ligeira em guardar o celular no bolso, de forma discreta, com o mais novo se sentando ao seu lado no banco, a mochila entre os dedos longos. "Da próxima vez avise", pediu em um tom mais baixo, tentando lembrar a si mesmo que HanSol não sabia de nada, estava seguro.

"Me desculpe hyung, é que você encarava a tela há tanto tempo, que eu fiquei curioso", sua sinceridade o fez engolir a seco, e o maior assentiu, desviando os olhos dos castanhos para focar na faculdade, seus pelos do braço alarmados, como se fosse encontrá-lo a sua espreita, em qualquer lugar.

O Vernon pareceu respeitar seu silêncio, se mantendo da mesma forma enquanto esperavam por SeokMin, mas vez ou outra lançava um olhar questionador para SoonYoung, o qual apenas fingia não ver, e o deixava ainda mais incomodado. O mais velho suava frio, como se o rapaz fosse lhe devorar a alma caso contasse algo, e suas mãos pareciam ficar cada vez mais úmidas. As esfregou na calça jeans, e mordeu o lábio inferior de forma discreta, nunca desejando tanto que seu amigo aparecesse logo, para quebrar aquele clima.

Sabia que o Lee não estava bravo consigo, era normal ele ignorar aquele tipo de mensagens, e não entendia porque SeokMin se importava tanto. Ele nem chegou a conhecê-lo de verdade, mas sempre lhe dizia que, estava fazendo o errado do errado, e tinha de consertar, antes que fosse tarde demais. Talvez, mesmo com a cara de bobo que o mesmo tinha, ele seja na verdade um romântico que acredita nessas coisas melosas de relacionamentos.

E desde quando ele não era?

A pergunta lhe acertou o âmago, e o fez franzir o cenho enquanto encarava as mãos. Um pequeno arrepio passou por sua espinha, e ele voltou a olhar para o Chwe, que tinha um sorriso amigável e as sobrancelhas grossas levemente arqueadas.

"Então", soltou o mais novo, a voz carregada de expectativas, e SoonYoung não gostou de como ela soou, comprimiu os lábios, como se dissesse a si mesmo que nada lhe escaparia, chegando a morder o lado interno de sua bochecha para se conter. "Quem é?"

Era algo que ele nunca pensou que contaria para alguém, sabe? Era para morrer o assunto antes, não para que o rapaz fosse curioso daquela forma. SoonYoung engoliu a seco, sua mente trabalhando para formular a resposta, sem sucesso algum. Seus lábios se entreabriram, era tão simples dizer, mas nem sabia ao certo o que eram. Provavelmente ex, JiHoon sempre foi um cara forte, já deveria ter arranjado outra pessoa, ainda mais com sua aparência adorável e personalidade marcante.

"U-um conhecido", murmurou, suas bochechas ganhando cor, porque era muito mais que isso, mas tinha medo de dizer algo a mais e, quebrar todo o esquema de seu coração. Não tocar no assunto era seu mantra para esquecê-lo, não podia apenas dizer que namoraram.

"Um conhecido que o hyung é muito interessado", comentou HanSol, um sorriso largo se instaurando em seus lábios vermelhos, seus olhos brilhando em animação, ele não sabendo o mal que lhe fazia. SoonYoung engoliu a seco, seu estômago se revirando, e o mesmo rindo de sua situação, como se fosse cômico estar sofrendo daquela forma. "Há! Olhe sua cara! Calma hyung, é apenas brincadeira!"

O mais velho assentiu, sua mão instintivamente apertando o bolso para ter certeza que seu celular não havia fugido e ido contar a alguém sobre seus segredos também. Uma mão pousou sobre seu ombro, e o mesmo deu outro pulo, seu coração quase escapando pela boca, parecendo bater em todas as paredes internas de seu corpo, antes de se estabilizar e bater forte contra seu peito.

"Do que estamos falando?", perguntou SeokMin amigável, o sorriso largo em sua face, fazendo um contraste com a cara pálida do Kwon, o mesmo apenas abaixou aos olhos tentando se conter, e Vernon encarava os dois como se esperasse alguma resposta.

SoonYoung se levantou, a mochila que estava em seu colo logo foi trocada para as costas de seu corpo, e ele pendurou a alça, antes de sair andando, os passos firmes contra o piso de pedra de seu pátio. SeokMin lhe gritou algo, que se perdeu em sua mente, e a mesma abria sua válvula de escape, lhe dizendo que, dentro de uma daquelas inúmeras salas de música, ele poderia ter paz.

Abriu a primeira vazia, e encostou a porta com certo receio, como se estivesse fazendo algo muito errado, e deu alguns passos para trás, como se esperasse que seus amigos aparecessem para perguntar o que estava acontecendo. Nada estava acontecendo, gente, relaxem, esse é seu modo natural de escapar de suas responsabilidades, correr e se esconder em algum lugar, e esperar que no dia seguinte, como mágica, tudo se resolva e volte aos eixos que ele quer.

Bateu as costas em um piano, e teve um pequeno sobressalto, antes de encarar surpreso o tom negro e brilhante deste, as partituras postas perfeitamente sobre o teclado abaixado, o banco arrumado milimetricamente, parecia até algo que ele faria, e aquela visão o assustou.

Ridículo, pensou para si mesmo, levando sua mão ao bolso novamente, enfiando dentro do jeans e segurando o eletrônico entre os dedos, ridículo, repetiu, seus dentes raspando um no outro, e puxando o mesmo para fora. Seu celular mantinha a foto doce, como se nada tivesse mudado, e JiHoon permanecia ali, capturado por sua câmera, pousando para sempre na tela de seu celular, os fios róseos bagunçados, a expressão serena de quando dormiu uma vez em sua casa, a mãozinha tão delicada ao seu lado como um bebê, e seus lábios abertos que murmuravam mil palavras que ele não entendia.

Bastou sua mão, que afagou seus fios naquela hora, para que ele relaxasse, seu corpo suavizasse, e ele suspirar, como se tivesse saído de um sonho ruim. Ele bateu a foto sem pensar duas vezes, e até hoje, ainda a usava como protetor de tela. Seus olhos marejaram, e ele teve de usar todo o seu autocontrole para não desabar todo o castelinho de cartas que havia montado até ali.

Uma hora ou outra ele vai ceder, hyung, a voz de SeokMin ecoava por sua mente, mas ele nunca soube o que cederia primeiro.

JiHoon a outra pessoa, ou ele mesmo a sua tristeza.

 

*

 

Batidas na porta, e SoonYoung as ignorou, seu corpo ainda concentrado na música que queria pegar, sua mente tentando se focar apenas naquilo, sem muito sucesso. Logo a cabeça loira de JunHui se fez presente, assim como a sacola que ele carregava, e o Kwon não pode lhe ignorar. Ele sorriu triunfante quando o mesmo desligou o som, a passos lentos e preguiçosos, mas sua mente ainda parecia distante.

"Hey, está pegando pesado hoje, e nem teve aula", comentou JunHui, se aproximando com a sacola apoiada no ombro, tentando ser cômico, sem sucesso.

O mais novo lhe encarou por instantes, e passou a mão pela testa, retirando o excesso de suor. Wen retirou uma lata de energético da sacola, e lhe entregou casualmente, SoonYoung aceitando sem pensar duas vezes, e ingerindo o conteúdo em goles grandes e que machucavam sua garganta. Suspirou pesado, recuperando o fôlego, e o mais velho abriu o seu próprio de forma lenta, preguiçosa, ainda balançando o líquido como se esperasse que algo saísse de dentro.

Como nada aconteceu, bebeu um pequeno gole, e sua cara se fechou pelo gosto ruim, porém revigorante que o líquido lhe dava. SoonYoung ainda lambia o próprio beiço para aproveitar todo o energético, e JunHui gesticulou com sua mão.

"Ah, eu deixei as crianças saírem hoje", avisou, seu tom levemente receoso, e o mais baixo assentiu, lembrando-se vagamente de seu irmão. "Chan veio aqui nervoso, e pediu para que eu falasse com você", completou, e moveu sua cabeça em direção ao espelho.

SoonYoung o acompanhou, e se sentou ao seu lado, em uma distancia segura, a sacola recheada de besteiras entre eles como se fosse o limite de sua amizade. Seu coração acelerava com o pensamento do que JunHui iria dizer, e seu estômago revirava. Subitamente o energético pareceu não lhe fazer bem, e ele levou suas mãos aos joelhos, apertando com força para aliviar-se minimamente.

"Eles estão namorando", começou o chinês, a voz soando levemente feliz, e o mais novo assentiu, relaxando levemente no aperto. "Eu esperava por algo assim, mas não tão cedo, sabe? Para mim HaoHao ainda é um bebê, e talvez seja para sempre em meu pensamento, assim como Chanie", ele riu fraco, levando a mão ao rosto, como se fosse esconder a vergonha que era admitir isso, que parecia um pai falando dos filhos. "Ele foi bom para o HaoHao, meu irmão andava em péssimas companhias, e o seu estava solitário, acho que foi uma boa junção, no final das contas".

O mais baixo concordou, balançando sua cabeça, os fios bagunçados caindo para todos os lados, e ele tentando arrumá-los para trás, JunHui ficava os olhos na parede com estampa de madeira do outro lado, um pequeno sorriso nos lábios, sua mão esquerda ainda segurando o energético pela borda.

"Mas você sempre foi reservado sobre isso, né?", comentou, lhe lançando um rápido olhar, e vendo-o se encolher. "Chegou a mencionar algo no ano passado, e depois nunca mais disse nada", continuou, e voltou a focar na parede, não querendo lhe deixar desconfortável. "Acho que, depois de tudo que aconteceu com sua família, você está até que segurando as pontas bem", lhe encarou novamente, e SoonYoung abraçou os próprios joelhos, o que o deixou alarmado. "Quero dizer, acho que se fosse eu, já teria chorado até me acabar e tentando me matar, sei lá, eu só queria dizer que você".

"Obrigado, JunHui", soltou o Kwon, lhe cortando a fala, sua voz baixa, mas um tanto autoritária, e o Wen sem saber como reagir, a boca se abrindo e fechando, sua voz falhando como uma vitrola velha.

"Pode contar comigo para o que vier", completou, engolindo a seco, se ajoelhando no chão, e o mesmo passando as mãos por seus fios azuis de forma frenética, o que o incomodava.

Ficaram em silêncio, mas um que os incomodava, carregado de tensão, os dois esperando que o outro cedesse, mas nada acontecia. JunHui finalmente se deu por vencido, e se ergueu, gemendo baixinho por suas costas judiadas do dia anterior, e recolhendo a sacola, deixando apenas mais um energético para o mais novo.

"Então, vamos para a festa, na sexta", insistiu com um pequeno sorriso, o mais novo apenas balançou a cabeça, porém aquilo não queria lhe dizer um sim. "Vai ser bom pra você, tem que relaxar de novo, sabe? Você anda muito estressado esses tempos, beber um pouco e se divertir não faz mal, sabe?"

SoonYoung sorriu amargamente, se lembrando daquela vez, e assentiu, apenas para que ele fosse embora. Seu estômago parecia se desdobrar, e os passos do chinês ecoavam pela sala, por mais sutis que fossem, seu corpo carregado de tensão, e assim que tocou a maçaneta da porta para sair, ele ouviu sua voz, baixa, porém, com algum rastro de animação que pareceu lhe deixar mais leve.

"Eu vou", o Kwon nem sabia porque havia confirmado, e JunHui sorriu para ele, se virando para conferir que não havia sido uma peça de sua cabeça. "Na festa", completou, e o chinês ergueu o polegar para si, antes de sair.

Ficou encarando a parede a sua frente por mais um tempo, os flashes do final do ano passado vindo conturbados, e a certeza de que ele precisava relaxar, esquecê-lo mais uma vez. Talvez o álcool lhe fizesse bem, como o fizeram no natal, e no dia após este. Sorriu amargurado, e jogou sua cabeça para trás, os fios azuis batendo contra o vidro, espelhando apenas uma parte de quem ele era.

 

*

 

Era um cheiro podre, ou melhor, como Chan chamava, carniça. Era a isso que seu velho fedia, quando chegava a casa. SoonYoung torceu o nariz assim que passou pela porta, e teve a terrível visão das latas espalhadas por sua casa. Céus, ele nem tinha bebida na geladeira, de onde saíram tantas?

Trincou os dentes, a mochila deslizando por seu ombro, e ele a jogando contra o chão, seus olhos se estreitando enquanto trancava a porta, e ia verificar a cozinha com os passos receosos. A luz estava ligada, o relógio passava das sete da noite, mas mesmo que o sol tenha se esquecido de sua casa, parecia que seu pai ainda não. Haviam sacolas de mercado espalhadas na mesa, a geladeira estava aberta, assim como o freezer, e a fumaça saia como se dissesse me feche por favor.

O rapaz soltou um xingamento, sua mochila voando para um canto, batendo contra a parede coberta por tinta em tom de areia, seus passos duros e cheios de raiva até o eletrodoméstico. Fechou o freezer primeiro, conferindo que as bandejas de gelo estavam vazias, e ele as retirou para encher. Conferiu a geladeira, e além dos alimentos revirados, nada mais parecia fora do lugar. Arrumou-os brevemente, e bateu a mesma com certo rancor, ele agora entendia a raiva que sua noona deveria passar, todos os dias.

Tentou não pensar sobre isso, e guardou as bandejas após estarem recheadas de água da torneira. Olhou para os sacos vazios e suspirou, as mãos pousadas em sua cintura para não penderem ao lado de seu corpo, tamanha era a decepção consigo mesmo. Pinçou o seu nariz, tentando aliviar seu estresse, antes do pensamento seguinte lhe ocorrer.

Chan deve estar para chegar, o que fez seu estômago revirar e ele se adiantar para pegar um saco de lixo do armário. Correu para a sala com os lábios comprimidos, pegando lata por lata, sem ver se estavam cheias ou não, as jogando tudo ali, e dando um nó com força, como se só aquilo fosse fazê-las sumir, e fingir que nunca estiveram ali. Voltou para a cozinha correndo, deixando o lixo na dispensa por enquanto,  já que a lata de lixo era pequena demais para tudo que tinha no saco.

Conferiu a hora em seu celular, o rosto de JiHoon surgindo com os números brancos. Ele engoliu a seco, e correu para as escadas, sua garganta coçando e doendo para chamar aquele homem, mas não tinha como evitar.

"Appa! Appa!", não precisou dizer mais do que duas vezes para o achar, no chão, no meio do corredor, a cara esfregada contra o tapete, e um cheiro ruim lhe subindo as narinas. Seu estômago embrulhou no mesmo instante, e ele desviou seus olhos, levando a mão aos lábios para se impedir de vomitar todo o seu almoço.

Precisou de muito autocontrole para não expelir nada, e ainda mais para passar por aquele corpo sem desmaiar. Ele não era muito forte nesses quesitos, sempre fora sensível, quando era referente a seu estômago. Foi até o banheiro e pegou o pano de chão dos armários acima da pia, voltando com pressa junto do rolo de papel higiênico. Gastou boa parte para jogar ali, fechando os olhos a todo instante que jogava um pouco mais, seu corpo inteiro se arrepiando pelo ato.

Após preencher, ergueu a cabeça do seu velho, e colocou o pano de chão abaixo, seus dedos receosos em tocá-lo e se sujar de vômito. Revirou os olhos com o pensamento, e puxou o corpo roliço, pelos braços, seu abdômen gritando de dor pelo esforço, seus braços tremendo, prestes a soltar e desistir a qualquer instante, quando ele ouviu o som da porta se abrindo, e a voz de Chan, anunciando sua chegada.

Puxou com mais afinco, até o quarto de seus pais, abrindo-o com o pé, o corpo ao chão ondulando ao passar pelo pequeno vão entre as divisórias. Arrastou-o até o tapete, sentindo-se um criminoso, até ouviu a voz de seu irmão novamente, e seu coração se alarmar. Encostou a porta, pois o pé de seu pai ainda estava na batente, e foi a passos rápidos até o fim do corredor.

Assim que segurou na parede pra descer correndo, encontrou Chan, a expressão zangada em seu rosto lhe dizia tudo, e o mesmo inspirou fundo, pronto para o ataque.

"Aquele velho ousou voltar bêbado de novo? A casa está fedendo a cerveja! Yah! Onde está ele", esbravejou, sua voz se elevando a cada palavra, e o mais velho teve de segurá-lo pelo peito para que ele não avançasse e acabasse pisando naquela gosma ao chão, de tão furioso que estava. "Hyung não me pare! Ele precisa saber o seu lugar! Ele não é bem vindo aqui!", protestou, tentando se livrar se suas mãos, no processo lhe desferindo tapas nos braços.

"Essa é a casa dele Chan!", retrucou, sua voz se elevando para se sobressaltar a dele, seus olhos também ardendo em raiva, mas não de seu irmão, e sim do estresse acumulado. "Ela não é nossa para que possamos dizer quem entra ou quem sai!", acrescentou, empurrando-o pelos ombros, o mesmo dando alguns passos desconcertados para trás.

"Você está defendendo ele de novo!", berrou, e o mesmo avançou, lhe empurrando com mais força do que o esperado, o Kwon batendo as costas na parede, e escorregando para o chão no processo.

Chan viu a nojeira ao chão, e soltou mais alguns gritos de raiva, que poderiam ecoar pela vizinhança toda, que o fez se erguer e correr até ele, sua costas queimando de dor, assim como a cintura, que deveria ter batido de mau jeito.

"Onde ele está? Onde ele", SoonYoung o segurou assim que abriu a porta com a mão, seus olhos pousando sobre o corpo inconsciente no chão, as mãos fortes do mais velho segurando os braços alheios com tanta força que poderia lhe marcar, e o puxou com força contra si, seus próprios passos vacilando, e os dois caindo ao chão.

A queda lhe machucou a bacia novamente, assim como as costas, e ele usou suas pernas também para prender seu irmão, enquanto o mesmo se debatia e soltava xingamentos, os nomes mais profanos escapando de lábios tão jovens. SoonYoung sentiu seu coração se apertar, e aos poucos, deixando as marcas de suas unhas no braço branquinho, o abraçou com força, podendo sentir sua respiração forte contra seu peito.

Ele focava seus olhos no assoalho marrom, o mais novo ainda tendo alguns espasmos, alguns poucos soluços, e ele o ouviu chorar. Seu choro era alto, porque ele tentava se conter e falhava, os soluços se tornando mais fortes e preenchendo sua garganta, as palavras saindo entrecortadas, mas ainda ferindo o coração do mais velho. Foi afrouxando o abraço à medida que este parecia se acalmar, até o ponto que apoiou seu queixo no ombro alheio, o corpo pequeno se encaixando melhor ao seu, como quando ele fazia quando tinha seis anos de idade, e tinha medo de trovões.

"É culpa dele", murmurou entre soluços, e SoonYoung afagou seus braços como se dissesse estou aqui, pode continuar. "Omma nos largou por causa dele", outro soluço, e o mais novo levava as mãos até os olhos, cobrindo-os novamente como um bebê. "A noona nos odeia por causa dele", continuou, e o mais velho lhe afagou o cabelo escuro, em um carinho terno.

"Ela odeia a mim, Chanie, não a você", tentou consolar, sem muito sucesso, porque o mais baixo continuou a chorar e murmurar mais palavras.

Enquanto lhe afagava os ombros, Chan soltou algo que ele concordava, e o fez realizar que a situação deles não era nada boa.

"Seria tudo mais fácil se nunca tivéssemos vindo para cá".

 

*

 

Suas mãos estavam sujas, e seus olhos estavam pesados. Parecia que, por mais que esfregasse o sabão entre os dedos, aquela gosma nojenta não saia de sua pele. Embora já estivesse mais do que limpa, SoonYoung continuava a gastar água e esfregar, com convicção que, se fizesse o bastante, todos os erros que havia cometido sairiam também.

Parou quando percebeu que sua mão apenas ficava enrugada e estava sensível, como se tivesse sido queimada. Fechou a torneira devagar, seus ombros relaxando por fim, o reflexo deplorável lhe imitando, e o som alto que vinha do quarto de Chan inundando o corredor. Só assim abafava o ronco de seu appa, que nem a porta grossa impedia, parecia ser uma praga que lhe incomodava aos ouvidos.

Mas não gostava do que Chan ouvia sem parar. Não gostava pela letra, e pelo que ela significava. Geralmente o seu irmão não escutava rock, apenas quando estava muito chateado com algo, e aquilo lhe apertava o coração. Secou suas mãos, o refrão tocando pela milésima vez, e sua mente pareceu suavizar junto da melodia.

"So long and goodnight", cantarolou, sua voz soando rouca pelo banheiro, ecoando em cada parede branca, e ele continuou a música até chegar à cozinha, onde esta era apenas um eco ao fundo.

A janela aberta lhe deixava mais tranquilo. Um pouco de ar fresco escondia o cheiro ruim, e o deixava mais vivido, de certa forma. Antes parecia estar se sufocando naquele cheiro ruim, carniça, pulou em sua mente, e ele tentou afastar a palavra, enquanto abria um saco de pão de forma. Faria algo simples, porque sabia que não conseguiria comer muito, não depois de limpar o corredor.

Sabia que Chan também não iria querer muito, então três foi o suficiente. Recheou com doce de leite, como seu irmãozinho gostava, e empilhou em um pires pequeno, pois tinha preguiça de pegar um prato para eles. Ignorou o saco de lixo aparecendo em sua visão periférica, deslizando seu dedo ainda sensível no interruptor.

Ao se aproximar da escada, a música voltava a tomar-lhe o corpo, e seus lábios se moviam sozinhos, deixando escapar mais um trecho, enquanto seguia pelo corredor com passos cuidadosos.

"Qual é a pior coisa que eu posso dizer?", sussurrou, um pequeno sorriso surgindo nos lábios, e ele bateu com o indicador em sua porta, mas imaginou que Chan não o ouviria com aquele som.

Levou a mão na maçaneta, e primeiro a balançou duas vezes, antes de abrir devagar, dando um tempo de reação, antes de finalmente adentrar. Seu irmão estava no chão, encolhido no tapete contra sua cama, e SoonYoung abriu um meio sorriso, ao menos ele não estava mais chorando. Sentou-se na cama, e lhe deu um tapa fraco no ombro, para que ele se sentasse também.

O menor encarou o prato, mas aceitou com um pequeno bico, o cenho franzido, e a porta aberta, revelando o corredor escuro de sua casa. O pensamento de que o sol havia desistido deles lhe veio à mente, enquanto pegava um lanche para si, mordendo a borda devagar, sentindo o doce invadir sua língua, e descer enroscando por sua garganta.

Ficaram em silêncio, mesmo que a música preenchesse o vazio de suas almas por alguns instantes. Chan balançava as pernas, seus pensamentos perdidos, e SoonYoung tentava não pensar muito, pensar era pior, o melhor era apenas esquecer e relaxar.

O último pedaço ele deixou para seu irmão, e bagunçou seu cabelo com afeto, vendo-o abrir um pequeno sorriso, antes de se levantar e ir abaixar o volume de seu rádio. Deixou-o no mínimo, para que não incomodasse a mais ninguém além do dono do quarto, e Chan devorou o lanche de uma vez só, satisfeito ao fim.

Enquanto recolhia os pratos, seu irmão lhe encarava receoso, e assim que se ergueu, seus olhos se encontraram. Os do menor brilhavam em mágoa, e o mais alto deu alguns tapinhas em seu ombro, tentando lhe confortar. O mesmo assentiu, e o Kwon achou que fosse o suficiente para sair dali.

"Ei, hyung", chamou o mais baixo timidamente, seus olhos focados em suas mãos de dedos compridos. "Eu acho que", ele soltou um riso fraco, sua franja escura caindo sobre os olhos de forma fofa. "Eu não sei, acho que, talvez, JiHoon hyung esteja na cidade".

A frase lhe acertou em cheio, e SoonYoung quase derrubou o pires, apertando-o com força entre seus dedos, os olhos se abrindo, o coração acelerando, com a mínima possibilidade. O menor sorriu fraco, brincando com a manga de seu pijama, parecendo um pouco mais relaxado

"Mas não deve ser, né? Se fosse o hyung teria falado", soltou, o que o fez engolir a seco e suar frio, seu estômago se embrulhando, batendo contra suas paredes e lhe dizendo para fugir. "Acho que coisas boas assim ao acontecem com a gente, né?"

O mais velho balançou a cabeça quando seu irmão o encarou, e ele tinha consciência de que estava mais branco que o normal, mas talvez pela luminosidade fraca do quarto, o menor não tenha reparado. Tentou forçar um sorriso, mas não deu muito certo, e Chan franziu o cenho.

"Imaginei, me desculpe hyung", murmurou com um bico, recolhendo suas pernas para cima da cama, se embrenhando embaixo da coberta, aguardando seu irmão para fechar a porta e apagar a luz. "Mas ele parecia tanto".

SoonYoung engoliu a seco, e lhe desejou boa noite com a voz fraca, fechando a porta devagar, o silêncio da noite incomodando seus ouvidos, que começavam a zumbir. Sua mente parecia entrar em colapso, e ele teve de se segurar na parede para não cair.

JiHoon não podia estar na cidade, não, céus, ele não aguentaria lhe olhar nos olhos, a culpa não o permitiria. Talvez se matasse antes, ou algo parecido, qualquer coisa, além de vê-lo se decepcionar consigo. Pretendo prestar para as de Seoul também, a frase ecoou em sua mente, a voz de JiHoon era tão nítida como se ele tivesse sussurrado em seu ouvido, e seu coração gelou. Suas mãos tremeram, e ele puxou seu celular do bolso com cuidado até demais.

A capa fofa se moldou aos seus dedos, a foto de JiHoon apareceu novamente, lhe fazendo se sentir pior. Apoiou seu ombro na parede, a hora mudando enquanto desbloqueava com sua digital. Foi direto para suas conversas, desceu até o final, abrindo a única que lhe importava, que sempre lhe importou.

Visto pela última vez as 20h20m, era seu o que aparecia abaixo de seu nome, e SoonYoung sentiu sua saliva escorrer próxima a garganta, fazendo-o engolir, enquanto a foto sua tremeluzis, a conversa esquecida parecia ter vida. Seus dedos digitaram rápidos, desesperados, os olhos carregados de lágrimas, e assim que terminou sua pequena frase, ele prendeu a respiração.

Você veio para cá?

Parecia-lhe tão frio, e ao mesmo tempo, era a única coisa que conseguia pensar. Olhou as datas, as mensagens seguidas de JiHoon, lembrou-se de como era bom recebê-las, muitas delas lhe tiraram do poço no ano passado. Ao mesmo tempo em que pensou, que ele não deveria fazer aquilo. Sua mente gritava que era errado, olhe o espaço de tempo, SoonYoung, até ele se esqueceu de você. Deve lhe odiar com todas as forças, lhe achar um canalha – e ele era mesmo.

Bloqueou a tela antes que fizesse besteira, e levou o aparelho ao rosto, encostando a ponta deste em sua testa, implorando por um perdão inexistente, e desejando que o tempo retrocedesse. Era como Chan dissera, seria muito mais fácil se tivessem ficado por lá, e nunca se mudado. Se nunca o tivesse deixado para trás.

A luz se acendeu pelo sensor, a hora apareceu, e o rosto sereno do Lee se fez presente. Algumas lágrimas lhe escaparam, mas ele engoliu o choro, para um próximo dia.

 

*

 

Ele acordou atrasado, mas só acordou por causa da briga. Demorou para seu cérebro processar, e quando percebeu o que acontecia, pulou da cama, jogando os cobertores para o lado, e ouvindo a voz estridente de seu irmão ecoar pelo corredor. Não conseguia entender, mas desceu os degraus pulando de dois em dois, até ver a cena na cozinha.

Seu irmão ameaçava jogar a caneca em seu appa, o mesmo tinha uma sacola recheada de latas de bebida, e discutia com o mesmo a altura, o bafo denunciando que aquelas não seriam as primeiras do dia. Parou em frente ao seu pai, suas alturas eram parecidas, o que lhe davam desgosto. Esticou os braços, e tentou acalmar seu irmão, mesmo que o velho ainda soltasse xingamentos e tentasse passar a força.

Chan chorava como um bebê, ele estava fora de si, era certeza, e lhe partia o coração não poder fazer nada. O mesmo acabou jogando a caneca, que passou próxima a cabeça de SoonYoung, mas se espatifou no chão da sala. Ele teve de segurar seu velho para que ele não avançasse contra a criança, e em meio aos berros alucinados de seu pai, e suas tentativas de lhe agredir, ordenou para que o mesmo fugisse.

Tudo aconteceu rápido em seguida, o corpo pequeno do irmão passou correndo, agarrou a mochila, e sumiu pela porta, em poucos segundos seu rosto foi acertado por um soco frouxo, mas que o desnorteou por segundos, suas mãos afrouxando o aperto, o suficiente para que o homem corresse até a porta escancarada, e gritasse alguns xingamentos, ciente de que não conseguiria correr atrás do rapaz.

SoonYoung deslizou pela parede, levando uma mão até sua bochecha, pressionando o local, o mundo demorando uns instantes para voltar aos eixos. Seu appa xingou mais um pouco, e foi a passos pesados para seu próprio quarto. O Kwon se encolheu, abaixando a cabeça, e tentou se acalmar, o seu interior implorando para que tudo passasse logo como um sonho ruim, e ele o tivesse de volta.

 

*

 

Parecia que não havia dormido nada, e foi para a faculdade apenas na segunda aula. Seus músculos reclamavam, assim como seus olhos, que ele tinha de forçar para ficarem abertos. Sua sorte era que o soco não machucou muito, apenas tinha deixado sua bochecha vermelha, mas nada além disso. Porém, a sensação ruim permaneceu, e sua mão tremia ao segurar o celular.

JunHui avisou que iria comer com seus amigos em uma lanchonete próxima, e SoonYoung resolveu evitar SeokMin e HanSol naquele dia. Sabia que os dois fariam perguntas sobre seu estado e sobre o dia anterior, e ele preferia fugir ao invés de encarar os fatos. Não precisou mais do que dez minutos após o final das aulas de Chan, para que ele recebesse um telefonema, mas não era de seu irmão.

"Hoshi hyung?", a voz de MingHao soou preocupada e vacilante, o que o deixou alerta, com a mão na alça da mochila, parando de andar no mesmo instante, em meio à calçada, o estúdio ficando a duas quadras de onde ele estava.

"MingHao? O que foi?", perguntou receoso, e o ouviu soltar um pequeno som, antes de prosseguir.

"Chanie está com você? Ele está bem? Ele não me responde desde manhã, e não veio pra aula", SoonYoung parou de prestar atenção, e deu alguns passos vacilantes, antes de arregalar os olhos. "Ele não está doente, está? Hyung? Está me ouvindo?"

SoonYoung afastou o aparelho, sua mente processando o que provavelmente havia acontecido, e seu estômago se revirando. Abriu a boca quando a ficha caiu, e levou o eletrônico novamente à orelha, sua voz saindo quebrada de tão desesperado.

"Ele não foi para o colégio? MingHao, você não está brincando, né?", sua pergunta soou boba, e ele passou a mão pelos fios azulados, sentindo um arrepio percorrer sua espinha.

"Nã-não! Nunca brincaria com isso hyung!", respondeu ele com a voz fina, e SoonYoung soltou um xingamento.

"Procure por ele, eu vou tentar ligar e achar seu irmão pra nos ajudar", mandou, dando meia volta e acelerando seus passos. "Me ligue se o achar!"

Desligou antes que tivesse uma resposta, e começou a ligar incessantemente para o aparelho de seu irmão. Como o esperado, nenhuma chegou a completar a ligação, o que apenas favoreceu para seu desespero. Sabia que seu appa provavelmente estava em casa, e ele obviamente não iria sozinho, então poderia estar em qualquer canto daquela maldita cidade. Soltou um grunhido, e discou para SeokMin, implorando por ajuda, assim que o mesmo confirmou que iria procurá-lo, ele voltou a focar na lanchonete. Se aproximou em passos longos, e adentrou desesperado, chamando a atenção de todo mundo.

Disfarçou, abrindo um pequeno sorriso, e passou os olhos pelo local, era a única lanchonete que conhecia nas redondezas, e imaginava que era essa. A próxima ficava há bons minutos de caminhada, e tinha certeza que, JeongHan sendo quem era, provavelmente não andaria muito. Passou de cabeça baixa, subindo apressado para o segundo andar, após confirmar que seu amigo não estava ali.

Olhou novamente para as pessoas ali, e seu coração bateu mais forte ao ver o chinês sentado em uma das mesas, sua cabeleira se destacando entre as demais. Se aproximou tentando se conter para não causar confusão, e cumprimentou-os da melhor forma possível, forçando um sorriso.

"Olha quem está aqui! Hoshi! Quanto tempo!", soltou SeungCheol, que esticou a mão para si, e ele apertou rapidamente por educação.

"Hosh-Hosh, senta aí cara! Essa lanchonete só tem coisa boa!", falou JiSoo, sorrindo largo para ele e gesticulando para ele pegar uma cadeira da outra mesa.

"Ah, eu estou com certa pressa, Jun hyung, pode vir comigo?", perguntou tímido, suas bochechas coradas pelo esforço, e o chinês se levantou com um sorriso, o acompanhando sem questionar até a saída.

Os outros soltaram algumas lamentações, mas não o impediram, o que o fez agradecer mentalmente. Assim que saíram, ele recebeu uma ligação de SeokMin, perguntando onde estavam, e JunHui sacou seu celular, sem entender. Explicou onde deveriam se encontrar, e tornou a se aproximar do Wen, que ele nem percebeu que havia se distanciado.

"É Chan, ele não foi para o colégio hoje, e não sei onde ele está", explicou rápido, e começou a andar, com o chinês lhe acompanhando com o cenho franzido.

"O que? Por que? Hoshi!", chamou quando o mesmo começava a correr, tamanho era seu desespero, e o segurou pelo ombro, quando o mesmo tempo atravessar sem olhar para os lados. "Calma cara, relaxa! Ele está em algum lugar, apenas se acalme", pediu, ambas as mãos em seus ombros, olhando-o no fundo dos olhos como se falasse com uma criança.

SoonYoung inspirou e expirou várias vezes, e quando assentiu para o chinês, o mesmo lhe largou, passando a mão por seus fios claros.

"SeokMin vai nos encontrar na praça, vamos", avisou, e JunHui assentiu, seguindo com o mesmo, a passos rápidos, até o local.

 

*

 

Estava quase indo à delegacia para fazer o boletim de ocorrência, quando MingHao ligou, e avisou que o havia achado, mas também, não lhe disse nada além disso. Desligou, e SoonYoung nada pode fazer, que não ir para sua casa. JunHui havia se oferecido para lhe cobrir no estúdio, e ele sabia que era uma péssima forma de começar seu emprego, faltando assim.

Voltou acompanhado de SeokMin, que se despediu com um olhar preocupado, mas sabendo que não era a hora para conversarem. SoonYoung adentrou receoso na casa, ele não queria estar ali, porém, não tinha para onde ir. Não iria incomodar SeokMin para ficar em sua casa, já havia abusado muito de sua gentileza.

Para seu alívio, seu velho não estava presente, o que facilitou tudo. Suspirou aliviado, seus músculos relaxando, e ele passou a mão no rosto várias vezes, esperando que sua raiva contida se dissipasse daquela maneira. Havia um bilhete sobre a mesa, a letra era um garrancho, torta e totalmente desgrenhada, mas sabia de quem era. Voltava apenas na segunda, um bom tempo fora, para seu alívio.

Suspirou, amassando o bilhete, e abrindo um pequeno sorriso, como se fosse um pequeno troféu, esquecendo-se por instantes dos restos da caneca que ainda estava no chão, e da bagunça de latas que enfeitavam a mesa em uma pintura caótica de sua realidade. Torceu os lábios ao jogar o pedaço de papel fora, finalmente largando sua mochila próxima a pia, sem o menor cuidado com a mesma, e se apoiando nela com as mãos, relaxando o máximo possível.

Seus olhos se perderam na pequena água que escorria, gota a gota, da torneira. Passou a língua pelos lábios, e nunca sentiu tanta vontade de ligar para JiHoon, quanto sentia agora. Imaginou o que ele pensaria ao ver sua ligação, provavelmente se lembraria de sua existência, e o bloquearia na hora, pensando patético, e não era nada além da realidade.

Fechou os olhos, e ouviu o som de pequenas risadas, quase como se fossem contidas, se aproximando da casa. Inspirou fundo, e se afastou da pia, passando a mão mais uma vez pelo rosto, antes de ouvir sua voz baixa ecoar pela casa, chamando por ele.

Gostava de como era a primeira coisa que Chan chamava ao entrar, era como se fosse a única pessoa que realmente precisava dele, que realmente se importava consigo. Sorriu aliviado, ao ver seu rosto infantil surgir na porta, receoso como uma criança, e os mesmos olhinhos preocupados brilharem ao vê-lo.

Foi o abraço mais quente que já trocaram, e Chan pediu muitas desculpas, sem que nenhuma fosse aceita por seu irmão. Não havia o que aceitar, pois, na mente de SoonYoung, ele não havia feito nada de errado. Teria feito a mesma coisa e, lá no fundo, ele sabia que a culpa era sua, por não ter contrariado sua omma como Chan havia feito naquele dia, e não tenha fugido como ele para a casa do namorado.

JiHoon provavelmente o teria acolhido, e cuidado de si como MingHao deve ter feito. Quem sabe sua omma até mudasse de ideia, após a cena?

Nunca saberia, pois não falava mais com ela, e nem com ele.

 

*

 

Depois, tudo pareceu entrar nos eixos, sabe? Como se o carrossel finalmente começasse a andar, todos os cavalos estão enfeitados, prontos para a partida, e SoonYoung estava visivelmente melhor na quinta. Chamou SeokMin e HanSol para a festa como se a ideia inicial fosse sua, e esta ideia nunca lhe agradou tanto.

Uma ansiedade estranha lhe apossava o corpo ao pensar no dia seguinte, e insistiu tanto para os mais velhos, que era impossível que não fossem, não com uma desculpa extremamente plausível, como a morte da mãe, do pai, ou irmãos. Fora isso, ele não aceitava nada, e treinou muito naquele dia.

Sentia que precisava relaxar ao máximo, mesmo que seu estômago lhe alertasse que o dia seguinte seria bom. Estava feliz, Chan estava bem, e segunda parecia um dia muito distante no calendário, quase impossível de acontecer, como uma tempestade ruim, mas que o dia fica esplêndido até as nuvens chegarem.

Tudo estava perfeito, e ele advertiu seu irmão mil vezes sobre o que não queria que ele fizesse, não sem proteção, mesmo que fosse irmão de JunHui. Confiava em MingHao, mas, ainda precisava de uma garantia. Seu irmão o expulsou do quarto como se tivesse dito a pior blasfêmia do mundo, e ele riu, em sua porta, lembrando-se de quando algo parecido aconteceu consigo.

Porém, diferente de todas as outras vezes, ele não se sentiu mal por isso, apenas conteve seu sorriso pequeno, e puxou o celular, seu JiHoon sereno acendeu, e ele pediu novas desculpas mentais. Desta vez iria apenas se divertir um pouco, sabe? Apenas dançar e beber, jurava que nada além disso. Não iria ficar tão bêbado também, apenas o suficiente para que seus problemas se tornassem névoa em sua mente, e o aliviassem por algumas horas.

Não iria fazer de novo, ele jurava, então, por favor, o perdoe por apenas mais esta noite.

Saiu de casa tão bem arrumado, que Chan quase não o reconheceu. Desta vez seu irmão escutava rock, mas não era triste, ao menos, ele disse que não. Era apenas porque saiu CD novo, hyung, estou bem, MingHao vai chegar em alguns minutos.

Ele lhe lançou um olhar carregado de malícia, e foi expulso por seus travesseiros, o que o fez rir, descendo a escada animado, seu celular balançando no bolso de seu casaco, e a buzina de SeokMin se fazendo presente. Seu sorriso foi apenas se alargando, enquanto se sentava no banco da frente, e HanSol surgia animado do banco de trás.

Todos trocaram sorrisos, enquanto seguiam para a festa.

 

*

 

A bebida desceu gelada, e ele fechou os olhos com força, aproveitando a sensação. SeokMin virou junto, e riu de sua cara afetada, após abaixar a latinha. HanSol bateu palmas, e ele revirou os olhos eles já estavam mais do que altos.

"Por mim, já deu", anunciou, batendo sua lata contra a mesa pequena, passando os olhos pelo local. As luzes púrpuras e azuis lhe deixavam animado, assim como a música, e ele sentia que era sua hora de se soltar.

"Fraco!", soltou SeokMin em deboche, e o Kwon riu, lhe dando um tapa no ombro, antes de se levantar. Estava ciente de que estava alto, e que tinha de ficar de olho nos dois, ou entrariam em coma alcoólico, mas ainda assim precisava ir no banheiro.

Manteve seu sorriso enquanto fazia seu caminho, tentava manter-se em linha reta e não esbarrar em ninguém, quando algo em sua visão periférica lhe chamou a atenção. Virou a cabeça rapidamente, parando onde estava, sua memória demorando para reconhecer. Mas o viu, e seu coração pareceu parar. Levou a mão ao bolso, onde estava seu celular, e o apertou com força.

Não estava tão bêbado assim, certo? Ele era real, não era? Não uma ilusão sua, parado em uma mesa, olhando distraído para o outro lado. A incerteza lhe dominou, e ele deu um passo vacilante em sua direção, a luz do celular acendendo em seu bolso, seu interior esfriando. Não poderia ser ele, qual era a chance?

Mas alguém esbarrou nele, e ele quase caiu, tendo de se desculpar para que nada mais grave acontecesse. Não ousou olhar naquela direção novamente, e seguiu seu rumo para o banheiro. Abriu a porta desesperado, ignorando os casais que se beijavam, e perdendo completamente a vontade de usar. Foi direto para a pia, e jogou uma água no rosto, tentando analisar o quanto estava sóbrio.

Encarou seu reflexo, como estava bem depois daqueles dias conturbados, e como provavelmente estava tão alto quanto seus amigos, e devia estar vendo de mais. Pôs em sua cabeça que era uma peça do álcool, e sorriu para si mesmo, quando se deu por vencido. Saiu do lugar rápido, mas mesmo assim recusou-se a olhar naquela direção. Nem ousou voltar para a mesa, ele queria se distrair, e rápido, enquanto o álcool corria quente por suas veias.

Se deixou levar pelas batidas, se guiou para o centro, sempre evitando aquela direção, mesmo que inconscientemente, sempre de costas para ele, apenas por precaução.

Quase não se lembrou do que houve a seguir.

 

Now I wish I could freeze the time


Notas Finais


Quem chegou aqui em baixo merece bala q
Obrigada a todos que leram, e quem esperou por essa atualização, af, foi muito difícil, me desculpem MESMO pela demora ;;
Um dia eu melhoro, mas não hoje~
Obrigada de novo, torçam pelo retorno ~ Espero que ela tenha atingido todas as expectativas, porque ela foi muito difícil ;;


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