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História I am Happy for You - Capítulo Único


Escrita por: Daiane393

Notas do Autor


Minha fic.
Capas das minhas fics by Many b.
Obrigada linduxa!!!

Capítulo 1 - Capítulo Único


Eu sou feliz por você.

Foram essas as últimas palavras que eu disse para ela, antes que ela subisse no carro que a levaria para a Igreja.

Era o dia do seu casamento.

E Ema estava linda de noiva, por que passou os dois meses antes desse dia escolhendo o vestido branco cravejado de perolas, mas de longe sim, estava mais linda que em qualquer ocasião em que estivemos juntas. E eu não podia estar no seu casamento.

Por que eu, somente eu sabia que quebraria na cerimônia se estivesse nela.

Eu amava Ema desde o nosso jardim de infância. Não me pergunte como uma garotinha de seis anos sabe que ama sua amiga de um jeito diferente do normal como eu sabia. O sentimento estava lá, reconhecê-lo foi tão fácil quanto foi aceita-lo. Para o resto do mundo poderia ser difícil de entender, porém pra mim não.

Queria estar lá para ampará-la quando caísse, no dia em que levasse o primeiro fora da sua vida ou desse o primeiro beijo. Que não tinha sido comigo, claro, mas que ela chegava correndo com o sorriso mais radiante do mundo pra me contar como tinha sido emocionante, as sensações que despertaram nela e como aquilo me atingia de felicidade e tristeza.

Eu queria ter sido seu primeiro beijo.

E no ensino médio, no momento que aquele garoto por quem ela se apaixonara olhava para ela e dizia as palavrinhas mágicas: eu te amo.

Eu queria ter dito o mesmo para ela.

Vive todos os dias até agora como sua melhor amiga, ninguém nunca desconfiou de nada. Nossas famílias ou amigos? Com o tempo se tornaram tão ligados quanto nos duas éramos, e a minha vergonha de contar para Ema sobre meus sentimentos foi crescendo cada vez mais com os anos se passando.

Eu nunca se quer tive um namorado. 

Ou namorada.

Ema me perguntava se eu gostava de alguém frequentemente, e eu sempre mentia dizendo que era um menino de longe que eu conheci numa das viagens da escola e não vi mais desde então. Ela parecia acreditar, mas a baixinha tinha suas desconfianças, entretanto não perguntava nada quando me via de cabeça baixa me escondendo pelos cantos. Magoa se intensificava nos meus olhos, tentava impedir que visse através da minha expressão que essa magoa era dirigida a ela.

Que não tinha culpa em nada com relação aos meus sentimentos.

Nós entramos para a Universidade ao mesmo tempo, eu para fazer Letras e ela para fazer Direito. No mesmo campus.

 Foi na sala de aula que Ema conheceu Jonas. O noivo dela.

Ele era perfeito, se encaixava em todos os requisitos que Ema vivia listando para mim sobre o seu homem ideal, que um dia ela conheceria e se casaria com ele, teriam dois filhos e viveriam felizes para sempre. Eu podia até fazer Letras, mas de nós duas ela era a romântica incurável. Que sonhava com príncipes encantados e castelos.

Não me importava, não seria eu montada no cavalo branco.

Já faz dois anos que eles estão juntos e há três meses Jonas apareceu na casa dos pais dela com um ramo de flores e uma caixinha vermelha de veludo, dentro dele estava o anel de noivado, e fui eu quem bateu a foto dele colocando-o no dedo da Ema.

Desejei felicidades ao casal e dei um abraço em Ema. Fui embora o mais rápido possível, sem se quer esperar pelo jantar. De noite eu juntei um pote de sorvete de morango e uma garrafa de vinho. Foi a primeira vez que usei maquiagem na vida, no dia seguinte para cobrir o rastro das lagrimas que escorreram pelo meu rosto.

O sorriso ficou forçado a partir daquele dia.

Olhei meu relógio de pulso, fazia exatamente dez minutos que Ema tinha partido para o seu casamento e levado com ela os cacos do meu coração. Casamento esse que organizei junto com a família dela, o convite para ser madrinha foi feito, mas eu neguei por que estaria viajando.

Desde que nascemos moramos na Califórnia, mas eu vou partir para Washington em algumas horas.

Meu vou está marcado para seis da noite e são quatro e vinte e cinco agora.

Antes de ela entrar naquele carro, eu olhei fundo nos seus olhos e sorri com eles cheios de lagrimas, não derramei uma gota pra ela não chorar também e borrar a maquiagem linda que custou trezentos dólares retirados do bolso do noivo.

Meus pais não entenderam minhas decisões, nem por que eu estava indo para longe. Mas eu tinha conseguido o Doutorado na capital do país, o motivo principal, todavia, era o casamento da minha melhor amiga. Como explicar isso para eles?

Eu sou uma pessoa madura, tenho 27 anos, sei muito bem me cuidar sozinha. Tirando o fato de estar apaixonada pela mesma pessoa esses anos todos.

Olhei novamente para o relógio no meu pulso, já passara vinte minutos comigo em pé na beira da estrada de frente com a casa dos meus pais. Eu deveria entrar e pegar minhas malas, me despedir da família, meu pai Carlos, minha mãe Jenny e meu irmão Pietro. De todos, eu vou sentir mais falta dele, meu irmão menor, ele tinha cinco anos a menos que eu, no caso ele estava com 22 agora e de manhã quando tomávamos café dava pra ver pequenas manchas vermelhas nas maçãs do seu rosto. Ele me amava tanto quanto eu o amava.

Depois da mamãe, ele sempre vinha atrás de mim para tudo. A proximidade fazia de nós uma dupla imbatível, isso meio que ia se apagar um pouco com a minha partida. A despedida foi melosa como eu suspeitava que fosse desde o inicio: meu pai me abraçou forte e falou palavras bonitas, minha mãe sorria orgulhosa e meu irmão borrou a maquiagem. Não de forma literal.

No taxi eu revivi cada pedacinho deles que estavam dentro do meu coração, cantinhos escondidos da Natasha que só ela mesma conhecia, mais ninguém.

Quando entrei no aeroporto fazia cinco horas, eu tinha uma hora para esperar sentada nos bancos estofados na ala de espera repleta de gente. Cansada era pouco pra mim, meu espírito parecia ter saído do corpo, a tristeza era um sentimento estranho de se sentir, amortecia as perdas. A minha tão recente e velha. Toda contradições.

Eu sempre soube que não daria certo, a coragem nunca bateu minha porta e decidiu colocar as palavras para fora da minha boca. Acho que é disso que eu me arrependo de não ter feito antes, ter contado a ela, não importasse o meio seja por carta, telefone, vídeo, os meios não importariam contanto que pudessem expressar o amor guardado dentro de mim.

Apenas deixar Ema saber.

Estragaria toda a nossa história.

O barulho do avião decolando me despertou do estupor dominante, eu olhei pela janela e abaixo do avião as luzes da cidade foram ficando para trás, mais distantes da Ema e de um passado que deixaria em paz. Luzes que pareciam estrelas, as pessoas dizem frequentemente que as luzes da cidade impediam de ver as estrelas no céu, mas pra mim, as cidades formavam suas próprias constelações com cada luzinha acendendo para a noite.

A liberdade de poder ser quem quiser ser estava me inflando aos poucos por dentro, na capital eu não precisaria esconder minha orientação sexual de ninguém, ou esconder minhas lagrimas com sorrisos falsos. A liberdade era impossível antes, agora não mais.

Os pensamentos ansiosos me mantiveram ocupada por um longo tempo, e só com o barulho de alguém tossindo muito próximo foi que notei a pessoa sentada ao meu lado no avião. Era um garoto, aparentava ter a mesma idade do meu irmão, se não menos. Ele tinha um pano cobrindo a boca e o nariz estava avermelhado. Eu sorri e peguei a bolsa no meu colo, abrindo-a e retirando de dentro uma caixinha de comprimidos.

Para resfriados fortes era uma cura.

Eu toquei com a ponta dos dedos seu ombro e ele virou a cabeça na minha direção. Eu abri um sorriso e ofereci o comprimido.

- Vai te ajudar a superar o resfriado rápido, eu garanto.

Ele olhou pra mim com o rosto agradecido e pegou o comprimido da minha mão, retirou uma garrafinha de um compartimento da poltrona com água e tomou em goles curtos para ajudar a descer o remédio.

- Obrigada, eu sempre esqueço essas coisas antes de sair de casa.

O fato de ele fazer o mesmo que Pietro só fez a saudade intensificar, ela acenou com a cabeça e voltou a olhar atreves da pequena janela.

O tempo passou voando, tão rápido quanto o avião, tanto que quando aterrissamos eu havia pego num sono leve, fui acordada por mãos gentis que me seguravam pelos ombros e me balançavam de vagar. Quando eu abri os olhos me deparei com o garoto do resfriado.

- Nós chegamos. – ele disse.

Eu novamente acenei e levantei colocando a bolsa pendurada sobre o ombro. Eu olhei em seus olhos e ele retribuiu.

- Esta na hora de recomeçar, você não sente?

E foi embora. Com razão, eu pensei, ele tinha toda razão.

Estava na minha hora de recomeçar. Só que ia demorar um pouco, e provavelmente eu nunca esquecerei Ema. Quem esquece o primeiro amor? Por que eu sempre vou voltar pra casa, e ela vai estar lá com Jonas.

Até isso acontecer, eu apenas torcia para encontrar alguém que fizesse me esquecer de Ema.


Notas Finais


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