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História I am the Target - Mudança de Prioridade


Escrita por: Hawtrey

Notas do Autor


Me perdoem pelo enorme atraso, estou tentando dar um jeito na minha vida e na minha faculdade. Novamente peço um pouco de paciência.
<3 <3 <3

Se não respondi algum comentário, me desculpem! É só porque realmente não vi.

Capítulo 23 - Mudança de Prioridade


Joan queria poder colocar um outdoor luminoso na rua com um “Bom dia!” escrito em letras bem grandes e chamativas. Sentia vontade de ligar para Kitty e alimentar aquela alegria. Acordara de muito bom humor, em seu celular não havia ligações ou mensagens, ninguém tentara entrar em contato com algum problema a ser resolvido e até o almoço, nada havia interferido na sua rara e tão desejada felicidade.

Suas conversas com Lin serviram como uma bela e bem-vinda fuga. Claro que inicialmente elas colocaram as cartas na mesa e Joan a fez contar, detalhe por detalhe, tudo o que sabia – pelo menos duas vezes. Não era muito. Jeremy Veiga estava vivo usando um outro nome, Holloway entrava em seu apartamento quando quisesse e a espionava há mais tempo do que ela achava, havia mais gente envolvida – uma mulher possivelmente – e claro, não podia esquecer da certeza de que era um alvo. Eram pontos bem inesquecíveis.

Mas eram poucos. E Joan não se importou nenhum um pouco em procurar conhecer mais quem estava lhe dando essas informações. Lin Wen caíra na sua vida com uma bela bagagem e uma cota de lembranças que a tornava uma interessante testemunha, mas além disso era sua irmã, compartilhavam o mesmo pai. Não faria mal conhece-la se ela já estava envolvida. Não é?

Quando a campainha tocou, um pouco daquela confiança vacilou. Mas apenas respirou fundo e foi abrir a porta. Fosse quem fosse mandaria embora, merecia um dia de paz. Ao menos um dia.

― Lin?

Sua mais nova irmã e responsável pelo seu mais recente problema, estava parada à porta como uma estátua, pálida e de olhos vidrados.

― O que aconteceu? Por que está nesse estado? ― Joan perguntou a puxando para dentro.

― Eu... só vim me desculpar ― Lin respondeu com dificuldade.

― Desculpar pelo o quê?

― Por tudo o que causei nesses últimos dias.

― Por Deus, isso não é necessário ― Joan esclareceu, fazendo-a sentar no sofá ― Fique aqui e tente ficar calma. Vou buscar água pra você.

Joan a deixou sentada e se apressou até a geladeira, mais nervosa que o normal. Por que Lin estava naquele estado? Toda aquela reação não deveria ser só pelo pedido de desculpa. Já haviam deixado isso para trás logo nas primeiras conversas.

― Pronto ― entregou o copo com água a ela ― Bebe, respira fundo e me diz o que deixou você assim.

Lin obedeceu e em seguida deixou o copo sobre a mesinha.

― Quase bati o carro.

― Como? ― Joan se assustou ― Onde?

― Aqui perto. Eu estava pensando naquele dia na delegacia e nas coisas que me contou... não vi o sinal fechando. Se o outro carro não tivesse desviado...

Instintivamente Joan a abraçou, mesmo que ainda não se tratassem como irmãs ou que ao menos considerassem aquela nova realidade, compreendia como era se sentir no meio daquela confusão sem ter uma direção para seguir. Lin havia sido jogada no meio da avalanche, sem entender motivos e sem direito à fuga.

― Tudo bem Lin ― reconfortou ao voltar a fitá-la ― Realmente não há motivo para se desculpar, você nem sabia o que estava acontecendo.

Lin suspirou e apoiou a cabeça entre as mãos, em seguida tentou brincar.

― Você tem uma vida muito agitada... Esse Holloway...

― É completamente louco ― Joan garantiu com firmeza ― E logo vamos nos livrar dele.

Lin lançou um olhar hesitante a ela:

― É uma má hora para avisar que minha mãe quer conhecer você?

Joan franziu o cenho.

― Ela quer?

― Sim, mas acho...

― Não ― Joan interrompeu já se levantando, feliz por mudar de assunto ― Acho que é uma ideia ótima. Ela disse alguma data?

― Não, só escolheu o chá.

Joan riu e parou na frente do calendário sobre sua mesa. Ambos abandonando completamente Holloway e a culpa.

― Acredito que esse mês será bem mais calmo e por enquanto nenhum trabalho apareceu... Pode ser na semana que vem?

Lin se levantou e ficou ao lado dela, acompanhando as datas.

― Quanto antes melhor. Assim ela para de me perguntar como você é ou se é parecida comigo.

― Vai ser ótimo conversar com alguém que não reclame do meu mandarim o tempo todo, como minha mãe.

― Não fique tão feliz, minha mãe não é muito diferente.

― Na quarta está bom? ― Joan perguntou apontando ― Na terça eu tenho uma consulta de rotina, ou será na segunda? Eu não...

Sua voz foi sumindo à medida que sua mente clareava, mostrando-lhe uma informação que já deveria ter notado.

― Tudo bem com você? ― ouviu Lin perguntar.

Ignorou-a. virou a folha do calendário para dar uma olhada no mês de Julho e depois voltou para o mês de Agosto, revendo as datas e tentando fazer as contas mentalmente. E mesmo não tendo certeza do que estava fazendo, era o suficiente para deixar que a compreensão lhe acertasse com força.

― Ah não...

― Joan, agora você que esta pálida ― Lin comentou preocupada ― O que aconteceu?

― Estou atrasada ― Joan sussurrou sem acreditar.

― Atrasada? Tipo... atrasada mesmo? Tem certeza? Conta de novo.

― Já contei três vezes... mesmo assim, só de olhar as datas eu percebi...

― Meu Deus...

Trêmula, Joan se apoiou na mesa e tentou manter algum controle.

― Não... não. Isso não pode estar acontecendo Lin, não agora. Não pode.

― Fica calma Joan ― Lin pediu ― Vem comigo, vamos logo comprar um teste.

Joan ergueu a cabeça, decidida.

― Não. Preciso de uma certeza definitiva.

― Como quiser, mas eu dirijo.

Assim que entrou no carro de Lin, Joan respirou fundo, tentando se acalmar ou ao menos parar de tremer. Conseguindo um mínimo disso, alcançou o celular e discou o número que não parava de se repetir em sua cabeça.

Andreia atendeu no terceiro toque.

― Joan! Oi!

― Andreia, preciso da sua ajuda.

***

O carro mal havia parado no estacionamento do hospital quando Joan desceu e praticamente correu até o elevador.

― Joan! ― Lin chamou correndo até ela ― Joan, espera!

A consultora não parou e nem queria parar. Temia perder a coragem para fazer aquele exame a qualquer segundo. Mas Lin não a deixaria seguir daquele jeito.

― Joan, olha pra mim ― pediu a puxando, obrigando-a a parar ― Precisa se acalmar. Escuta, não somos muito próximas, mas confie em mim, uma criança não é o fim do mundo, nunca é.

Joan engoliu em seco, tentando não chorar.

― Você sabe tudo o que estou vivendo. Um filho agora... é loucura! Estarei expondo meu filho ao perigo!

Lin a sacudiu levemente.

― Ei, é nisso que está pensando? Ainda não entendeu que agora seu filho é prioridade? Se esse exame der positivo e você sabe que vai dar, pegue suas coisas, arrume suas malas e suma! Suma até tudo se resolver.

― Mas e o pai?

― Fala com ele. Ou ele vai junto ou você vai sem ele.

Joan hesitou, considerando as possibilidades. Poderia fazer isso? Poderia ir embora depois de tudo o que fez? Poderia abandonar tudo no meio dessa confusão? Seu plano pessoal era livrar Sherlock do perigo, livrar-se de Holloway e então partir a procura de paz, esse plano estava se dissolvendo naquele momento. Ou poderia continuar? Poderia se arriscar?

Sorriu para Lin suavemente ao perceber que a resposta para a maioria daquelas perguntas era um tímido sim. Mesmo que estivesse grávida... não era uma doença, nem uma fatalidade. Daria um jeito. Sempre dava um jeito.

― Obrigada Lin.

Só restava ficar calma agora, não poderia criar um desespero em cima de algo que nem tinha certeza ainda. Não ia ser tão difícil, não é?

***

A ideia de ficar calma morreu assim que entrou no consultório de Andreia. Os olhos da amiga estavam ansiosos e isso, unindo ao nervosismo que o lugar já lhe proporcionava, contaminou-a de uma forma avassaladora.

Por isso fazer todos os exames que lhe dariam uma certeza absoluta foi mais difícil do que imaginou. Não queria fazer e tremia sempre que Andreia chamava seu nome, mas não era negligência, estava apenas com medo.

― Joan, fique calma ― Andreia pediu com o envelope em mãos.

― Parem de me pedir isso! ― Joan exclamou irritada.

Andreia trocou um olhar preocupado com Lin e continuou:

― Vou deixar que abra. Mas tem certeza que não quer-

― Me dê logo esse exame ― Joan se apressou, inclinando-se para frente e pegando o envelope das mãos da médica.

Respirou fundo uma, duas, três vezes até conseguir a coragem necessária para abri-lo, mas o papel parecia cada vez mais pesado em suas mãos. Automaticamente tentou imaginar se desse negativo, se todo o nervosismo fosse em vão... como se sentiria?

Abra Watson!

Em segundos o envelope já estava reduzido a pedaços de papel amassados. Suas mãos tremiam violentamente, dificultando seu simples trabalho em abrir o resultado do exame.

Então paralisou.

— Qual o resultado? — Andreia perguntou ansiosa.

Sentiu os olhos sobre ela, Andreia inclinando-se para frente em um ato ansioso e Lin se inclinando para mais perto dela, tentando espiar o resultado. Mas Joan não conseguia se mover e ainda de olhos arregalados, releu aquela única palavra pelo o que seria a terceira ou quarta vez.

Positivo.

Deixou a cabeça pender para baixo, escondendo o rosto com as mãos, suprimindo uma enorme vontade de gritar, mas deixando as lágrimas escaparem livremente.

E com isso Andreia e Lin já sabiam o resultado.

Estava grávida. Joan Watson estava grávida.

Mas Joan não conseguia sorrir, não conseguia fazer nada além de paralisar com a notícia. Entretanto sua mente estava a mil, não era uma certeza qualquer. Não era simplesmente um filho. Havia uma carga enorme vindo com este e ela não sabia o que fazer com o que estava recebendo.

Em muitos meses ela havia dormido apenas com uma pessoa e apenas uma. Justamente ele. Então sua mente ainda estava tentando processar o fato de que estava mesmo grávida de Sherlock Holmes.

— Ai meu Deus...

Justo de Sherlock Holmes! Ainda estava tentando superar aquela “paixão platônica” que sentia por ele. Estava falhando miseravelmente? Sim! Mas com o tempo isso passaria, com a distância isso diminuiria, conseguiria ignorar! Mas e agora? Como ignorar uma criança? Impossível.

— Droga! — praguejou deixando o papel cair e apoiando a cabeça sobre as mãos — O que eu vou fazer?

— Não está pensando em... abandonar essa criança, não é Joan? — Andreia questionou assustada enquanto pegava o papel.

Joan se levantou subitamente e começou a andar de um lado para o outro.

— Não! Claro que não — negou veementemente — Mas...

Como completar? O que fazer? Como superar o fato de que estava grávida do seu melhor amigo que praticamente horrorizava o fato de ter filhos ou uma família?

— O problema é o pai — Lin concluiu acompanhando o andar desolado da irmã.

Joan assentiu rapidamente e respirou fundo, tentando engolir a enorme vontade de se encolher e chorar pelo resto do dia.

Andreia abraçou a amiga e em seguida a acompanhou para sentar novamente na cadeira.

— Beba e se acalme — pediu entregando um copo d’agua à outra.

Joan se forçou a engolir toda a água e abandonou o copo sobre a mesa, lamentando cada vez mais sua sorte ou a completa ausência dela. Ter filhos seria ótimo, criar uma família... Isso nunca saiu daquilo que desejava em sua vida. Mas não poderia ser em um momento pior e em uma relação mais confusa.

— Quando quiser, pode me contar o que te preocupa tanto — informou Andreia lhe lançando um sorriso reconfortante — Prometo que ajudarei no que for possível.

Ela enxugou as lágrimas e virou-se para a loira para pronunciar o nome de uma única pessoa.

— Sherlock Holmes.

Andreia tentou não ficar boquiaberta. O que ouviu bastava para explicar toda a situação e até lhe dizia o que mais poderia vim a acontecer.

— Deus... Joan! Como deixou isso acontecer?

— Certa noite acabamos ficando bêbados sem saber e... aconteceu! — Joan explicou nervosa — Eu não estranhei quando o ciclo atrasou, porque já estava atrasado antes. Mas está acontecendo tantas coisas esses dias... eu ignorei... não parei para pensar no que podia acontecer... droga! Eu nem me lembro direito daquele dia!

— Tudo bem, tudo bem, calma. Tenho certeza que Holmes não vai negar o próprio filho.

Joan quase riu. Lembrava-se bem do dia em que acordara ao lado dele, as conclusões que a acertavam enquanto escutava-o dizer que não ela não devia se preocupar, pois não queria nada sério. Naquele dia só conseguia pensar que não poderia esperar nada mais de Sherlock Holmes, que não poderia esperar muito de um homem que queria deixar o próprio filho com uma assistente social.

— Eu não tenho certeza de mais nada, Sherlock é tão imprevisível... mas ele nunca quis filhos Andreia, nem uma família. Na verdade, ele abomina até a ideia de ter um relacionamento mais sério com alguém. Ele nem voltou a ver Arthur.

— E se você tentar esconder? — Andreia lançou subitamente.

— Não sei... Sherlock é esperto demais, vai notar alguma diferença. Ele nota diferenças até quando eu transo!

Andreia deu de ombros e depositou todos os exames sobre a mesa, então olhou para Lin.

― Tem filhos senhorita Wen?

Lin negou veementemente, ainda um pouco atônita.

― Não, mas acompanhei a gravidez de uma amiga bem de perto.

― Certo Joan, estou vendo que você deve estar com um pouco mais de um mês de gestação, vamos confirmar isso com a ultrassonografia. Não sei se há como notar algo tão recente... Senhorita Wen, o que acha? Conseguia notar algo na sua amiga?

― Nos primeiros meses não, ela nem tinha sintomas. Mas acho que isso é o bastante para nós.

― Como assim? ― Joan questionou sem entender.

― Lembra o que eu disse no estacionamento? Converse com o pai, arrume suas coisas e vá embora, com ou sem ele ― Lin lembrou com veemência ― Ainda é válido.

― Acho um bom plano ― Andreia concordou sem hesitar ― Precisa sair dessa loucura com Holloway, você é forte e saudável Joan, mas não é mais uma adolescente. Precisa ter alguns cuidados.

Joan respirou fundo tentando lembrar o que estava pensando antes de abrir aquele exame. Disse a si mesma que uma criança não era uma doença, não era uma fatalidade e como Lin disse, também não era o fim do mundo. E precisava parar de agir como se fosse o contrário, precisava parar de complicar e colocar obstáculos em tudo.

Sentiu que a vida estava lhe abrindo uma porta para um escuro desconhecido quando seu celular tocou. Era uma mensagem de Sherlock.

“Preciso falar com você.”

Joan engoliu em seco, esquecendo completamente que não estava sozinha. Nunca vira Sherlock escrever uma mensagem tão completa, sem qualquer abreviação.

Mas era a sua última chance e ela engoliria o medo para tentar fazer o certo.

 



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