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História I Bet You All In - I bet on this new place


Escrita por: TaigaMinhyuk

Notas do Autor


EU VOLTEI GENTE!!
me desculpem pela demora, juro que vou tentar evitar passar outra vez tanto tempo assim sem atualizar, obrigada pelo apoio, sério <3
Continuem acompanhando a fic, por favor <3
Boa Leitura, e não deixem de ler as notas finais, É IMPORTANTANTE.

o cap foi betado pela @yixiumin

Capítulo 18 - I bet on this new place


 

         

Havia um som de risadas.

Que horas deviam ser? Pensei, ao ser despertado por conta dos risos infantis que soavam no lado de fora. Ao abrir meus olhos, notei que os raios de sol já invadiam o cômodo. Na noite anterior, eu apagara completamente após a canção de Minhyuk, parecia que eu não dormia direito fazia uma semana. Será que ele ainda estava dormindo? Eu estava com saudades de observá-lo dormir. Nessas semanas, poucas vezes eu vira Minhyuk adormecer, já que ele passava as noites em claro planejando os próximos passos do Clan.

Finalmente estávamos no chamado Distrito 12, o que será que iria acontecer a partir de agora? Um lado meu ainda estava assustado, tudo aquilo era novo para mim, nunca havia imaginado que um dia iria saber o que era possuir liberdade, e agora ali estava eu, com o poder de decidir e opinar sobre o que eu desejasse fazer. Era quase como um sonho, e assim como todo sonho, eu possuía medo que chegasse um momento em que eu tivesse que acordar. Meu pai ainda estava ali, pronto para me arrancar de meus sonhos, e agora parecia que mais pessoas poderiam fazer isso.

O pai de Minhyuk ainda me intrigava, assim como o passado do seu filho. Meu lado curioso implorava para que eu enchesse Minhyuk de perguntas, e que exigisse as devidas respostas, no entanto, o bem-estar daquele rapaz era mais importante para mim do que qualquer curiosidade que eu possuísse, e ao ver a dor em seus olhos quando toquei no assunto de seu passado, percebi o quanto aquilo o machucava e o quanto tão pouco eu sabia sobre sua verdadeira historia.

Sai dos meus pensamentos ao perceber que o outro lado da cama estava quieto demais, Minhyuk geralmente se mexia levemente ou fazia um leve barulho ao respirar profundamente, porém no lugar em que ele devia estar dormindo, havia apenas o silêncio, com isso, virei para olhar no lado em que ele estava e encontrei somente um travesseiro vazio e o espaço bagunçado. Minhyuk já acordara?

 Me sentei na cama ainda sonolento e chamei pelo seu nome. Uma, duas, três vezes e nada. Onde aquele garoto estava? Eu odiava quando ele fazia isso: sumia sem avisar. Desde a época que ficara sem notícias suas durante uma semana, eu desenvolvera um medo que algo acontecesse e ele desaparecesse de novo. Ao levantar me deparei com um papel dobrado aos meus pés, e logo reconheci a sua inconfundível escrita. Era um bilhete de Minhyuk.

Sentei novamente na cama, e desdobrei o papel que possuía meu nome em seu verso, e comecei a lê-lo.

“Bom dia, Chae. Dormiu bem? Tenho quase certeza que sim, nunca vira você dormir tão profundamente assim. Você deve estar se perguntando onde estou nesse momento, não é? E também deve estar me xingando mentalmente por sair sem avisar, eu sei. Eu tive que sair durante a madrugada, e achei melhor não o acordar já que aparentava estar tão cansado. Mais ou menos uma hora depois que você dormiu, Shownu nos convocara para uma missão...”

Retirei os meus olhos do texto em minhas mãos, e dissolvi o que eu lera até ali. Uma missão? Havíamos acabado de chegar, que missão era essa que não poderia esperar pelo menos os membros descansarem um pouco? Será que era algo perigoso? Já podia sentir o aperto em meu coração se iniciar, o que sempre ocorria quando o medo de que Minhyuk estivesse em perigo me invadia. Porém, decidi me acalmar, e assim, respirei fundo, voltando a ler:

“Não é nada perigoso, eu juro. Precisamos apenas reconhecer algumas informações com alguns aliados, para você ver como não possui perigo, fomos apenas três de nós, Changkyun e Shownu estão comigo. Quando levantar, procure Kihyun, pergunte o que precisar a ele. Logo estarei de volta, sei que deve estar com medo ainda apesar de minhas palavras, e se isso lhe deixa mais calmo, não se preocupe, eu sempre vou voltar. Mesmo que eu esteja completamente machucado e tenha que vir me rastejando do distrito mais longe daqui, eu vou voltar. É uma promessa. Com amor, seu Senhor Cabelos de Neve.”

Não pude evitar sorrir ao ler “seu Senhor Cabelos de Neve”, Minhyuk era capaz de arrancar sorrisos de mim ao mais simples ato, e isso, ainda era estranho para mim. Há algum tempo atrás sorrir era algo difícil ou até mesmo impossível, e aquele rapaz conseguia fazer surgir um sorriso em meus lábios apenas com uma simples palavra. Acho que isso que querem dizer quando falam que o amor é capaz de mudar as pessoas, Minhyuk me mudara para um lado melhor de mim, e eu só tinha a agradecer-lo por isso.

Droga, por que eu estava sentindo meu coração bater mais rápido? Minhyuk sempre me deixava mais sentimental que o normal, idiota. Aish.

Assim que terminei de ler a carta, meu coração parecia ter relaxado, Minhyuk nunca deixou de cumprir suas promessas, e por isso, sabia que logo ele estaria de volta como havia prometido. De volta para mim, como sempre.

Deitei na cama e levei a carta ao meu peito, e a apertei contra ele, como se através dela Minhyuk pudesse sentir o meu abraço. “Volte logo para mim” pensei.

 

Após levantar e fazer minhas higienes matinais vesti uma roupa qualquer que fora a primeira que eu havia achado em minha mochila e sai da casa de Minhyuk. Ouvi minha barriga roncar, enquanto calçava meus coturnos, eu estava morrendo de fome, no entanto, a minha timidez me impedia de entrar no refeitório sozinho.

Onde Kihyun estava?

Ao olhar ao meu redor procurando índices da presença dele, achei a fonte das risadas que eu ouvira ao acordar. Bem próximo a janela da casa, estava um grupo de crianças, as quais deveriam ter em torno de uns seis a sete anos, e brincavam com algo parecido com um jogo de petecas. As crianças daquele lugar pareciam ter mais vida que as do distrito 9, era possível notar a diferença apenas ao ouvir o som dos risos e observar o brilho em seus olhos, mas mesmo assim, algo nelas ainda me lembrava os garotos do Estorvo, como o corpo esguio, parecia que a comida ali não era tão abundante como eu havia pensado, como também as roupas em um estado que não poderia ser dito como um recomendável para uma criança saudável.

Talvez aquela fosse a situação das crianças que viviam em um mundo deteriorado, independente do distrito, todos estávamos em meio ao caos. Mas aqueles seres tão angelicais ainda tentavam ver o lado bom do mundo, eram como flores resistindo à rua de concreto, tentando respirar enquanto eram sufocadas. Eu desejava ter sido uma criança assim, mas o destino me condenara, ou melhor, a merda de uma guerra me condenara a conhecer a perda e a escuridão muito cedo, roubando assim, junto com a vida de minha mãe, a minha pureza.

– Ei, quem é você? – Ao despertar de meus pensamentos, percebi que uma das crianças estava ao meu lado, e puxava levemente a minha calça. – Nunca vi você aqui.

 A dona da voz me encarava com os olhos curiosos, enquanto os outros me observavam de longe, parecendo estarem um pouco assustados, e assim sorri ao abaixar para ficar na altura da pequena menininha, e respondi:

– Eu sou Chae Hyungwon, cheguei aqui ontem junto com os guardiões, vocês os conhecem?

 Ao ouvir minha resposta, as crianças que antes pareciam estar na defensiva, se aproximaram mais de mim.

– Claro que conhecemos os guardiões, minha mãe falou que se não fosse os guardiões, estaríamos em perigo. Eles são os heróis do nosso distrito.  – A garotinha respondeu ao inclinar um pouco a cabeça ao tentar me olhar melhor.

– Oh! Então eles são muitos importantes não, é? Falando nisso, vocês sabem onde o Kihyun, um dos guardiões, está?

 Assim que terminei de falar a garotinha correu em direção ao seu grupo, e começaram a debater algo entre si, parecia que estavam tendo uma séria conversa, o que me fez soltar um risinho, crianças eram realmente seres encantadores.

Alguns minutos depois, a garotinha voltou novamente a minha frente, e puxou a minha mão, e logo falou:

– Sabemos sim, mas você vai ter que convencer o Changkyun oppa a contar histórias para gente, ele sempre nos promete, mas no fim inventa uma desculpa. Já faz um ano desde a última vez. Por favor.

Changkyun contando histórias para crianças? Estávamos pensando no mesmo Changkyun? Aquele cara sério, que me dera arrepios na primeira vez que nos encontramos, que possuía um olhar que colocava medo em qualquer homem por mais corajoso que ele fosse? Era algo difícil de acreditar, o que me deixou mais animado ainda para ver isso ocorrendo, seria algo interessante de ver e que, com certeza, me arrancaria algumas risadas. Ainda bem que Changkyun não era capaz de ler pensamentos, se não, ele estaria querendo me matar naquele momento. Assim respondi a menininha que ainda esperava pela minha confirmação.

– Vocês sabem onde o Kihyun está, não é? Então eu aceito. Farei o Chang contar algumas histórias para vocês quando ele voltar de missão, tudo bem?

Gritinhos de comemoração foram emitidos ao ouvir minha resposta, com isso, logo minha mão esquerda fora puxada pela garotinha, ela possuía curtos cabelos negros, os quais me lembravam a escuridão da noite, era menor do que as outras crianças, porem exalava algo parecido como um poder de líder. Além disso, ela parecia ser muito falante, pois não havia se calado um momento e continuava a conversar com as outras crianças que nos acompanhavam pelo caminho.

Ao ser guiado pela menina, que me disse que se chamava Sun Hee, aproveitei para observar melhor a vila, pois havíamos chegado durante a noite, o que fez com que não pudéssemos ver muito do chamado distrito Fantasma, como os próprios moradores dali nomeavam a vila sobrevivente do Distrito 12.

As casas pareciam ser melhores do que as do Estorvo, mas não se comparavam com as do bairro dos Escolhidos, porém aparentavam ser acolhedoras, quase todas eram de madeira. Havia pequenos jardins em suas frentes, suas flores eram das mais diversas cores, o que deixava o lugar menos monótono ao entrar em contraste com o marrom da madeira. Risadas, conversas e até cantos eram possíveis de se ouvir por onde andávamos. Algumas mulheres se encontravam em frente à suas casas e cantavam alegremente enquanto pareciam moer algo. Ao passarmos na frente delas, elas pararam os seus afazeres, apenas para acenar para nós e desejar um bom dia. Mais ao longe, era possível, ver alguns homens trabalhando na construção de uma casa, todos eles se ajudavam, e pareciam está fazendo aquilo não por obrigação, mas sim por prazer. Ao contrário das mulheres, eles apenas sorriram ao nos ver, e deram um pequeno aceno de cabeça, o qual correspondi.

 Tudo aquilo pouco me lembrava o ar sombrio do Distrito 9, onde sorrisos quase nunca eram vistos e a maioria das pessoas andavam com olhar cabisbaixo, onde o medo e a submissão reinavam, onde a regra era que o mais forte era o único a sobreviver. Quanta felicidade já fora sufocada naquele lugar, quantos sonhos foram esmagados pelo pisar do coturno dos apollyons. Havia pessoas que não mereciam viver em lugar como aquele, e só de pensar, que haviam distritos piores que o 9, me encorajava mais ainda a lutar pela mudança do mundo sujo em que vivíamos.

Apesar do distrito 12 ser um lugar que havia passado por várias dificuldades, enfrentado os mais diversos problemas, as pessoas dali não deixavam de sorrir, e de saudar o dia como se fosse o dia mais feliz de sua vida, elas sabiam que podiam contar uma com as outras, era como se fossem uma grande família. Esse lugar era aconchegante e acolhedor.

Nesse lugar havia paz.

 Mais ao longe, era possível enxergar uma pequena figura alimentando calmamente alguns cachorros, e logo o reconheci. Era Kihyun.

– KIHYUN OPPA! – Sun Hee gritou chamando a atenção de Kihyun, o qual sorriu, e começou a vir em nossa direção.

Ao seu olhar parar em mim, acenei para ele.

Quando se aproximou, logo falou, ao abraçar algumas das crianças que correram para ele:

– Parece que vocês já conheceram nosso Hyungwon.

– Bom dia, Hyung. – Desejei.

– Bom dia, Chae. Vocês cuidaram bem dele?

– Sim! – As crianças gritaram entusiasmadas ao responder o Kihyun.

– Mas bem como conheço vocês, vocês pediram algo em trocar, não é senhorita Sun Hee?

 Com isso, notei que a garotinha acabou se escondendo atrás de mim, após o olhar do Kihyun pousar sobre ela, o que acabou arrancando uma minha risada e das crianças que ainda permaneciam ao nosso lado. Ao me recuperar, disse ao afagar a cabeça da garotinha:

– Não tente ser assustador, Hyung, você é quase do tamanho deles. E além do mais, é um segredo nosso, não é, Sun Hee?

Sun Hee envolveu minhas pernas em um abraço e acenou em concordância. O que fez com que as outras crianças viessem para o meu lado, e também falassem que era um segredo só nosso.

– Vocês conheceram ele hoje e já me traíram? Assim vocês ferem meu coração. – Kihyun falou ao fingir está chateado e colocar sua mão sobre o peito.

– Não seja tão dramático, oppa. – Sun Hee respondeu com uma voz fofa.

– Aish, essas crianças. – Sussurrou e logo voltou a falar com as crianças – Gente, eu e o Hyungwon temos trabalho a fazer agora, porém mais tarde iremos brincar com vocês, tudo bem?

Okay!

As crianças concordaram e logo se despediram da gente, mas antes delas irem embora, Kihyun falou:

– Mas não se esqueçam, terá vingança pela traição, seus pestinhas!

 

Assim que as crianças se afastaram, o sorriso saiu do meu rosto, e Kihyun pareceu perceber em que eu pensara, e me deu algumas batidinhas no ombro, e disse ao tentar me confortar:

Logo eles estarão de volta, você vai ver. Shownu não deixará que nada de perigoso aconteça com eles.

– Sim, eu sei. Mas não consigo relaxar, eu queria ter ido com eles. – Respondi ao começarmos a andar.

Acredite, eu entendo você, mas não seriamos de grande ajuda. Aqueles três são os melhores quando o assunto é infiltração e caça de informações.

– Você sabe, pelo menos, para onde eles foram?

O Chang não me deu muitas informações por causa da pressa, mas pelo que sei, eles foram para algum lugar perto do distrito 6, talvez eles voltem daqui a dois a três dias.

– Entendo...

Sim... logo eles estariam de volta, quem sabe quando Minhyuk voltasse eu não pedisse para ele me ensinar mais sobre como agir em meio a uma missão perigosa, que decisões tomar, como se disfarçar e passar despercebido, e tudo que ele pudesse me ensinar para que eu conseguisse lutar ao seu lado. Eu queria ser de ajuda, desejava que Minhyuk dissesse que precisava da minha força, que eu era necessário em uma missão. Eu ainda não sentia que fazia completamente parte do Clan, pois todos os outros sabiam suas posições e para que serviam, porém eu nada disso sabia. Qual era a minha importância ali?

–Hey, Hyungwon, não ache que só por que entrou a pouco tempo no Clan eu irei pegar leve com você. Vamos temos muito trabalho a fazer. – Kihyun falou ao mesmo tempo que me puxava em direção a uma construção.

 Ao observá-la notei que ela me lembrava um pouco do refeitório, mas ao contrário dele, o lugar parecia mais acabado, havia uma espécie de cortina industrial pesada cobrindo suas janelas, a construção era bem afastada das outras casas e possuía um “H” bem grande em sua frente, diferente do ar alegre em nossas costas, aquele lugar exalava o cheiro de morte.

– Que lugar é esse, Kihyun? – Perguntei ao pararmos na frente do edifício.

Esse é nosso hospital temporário, o outro foi bombardeado duas semanas antes de chegarmos aqui.

Me virei à ele, e minha voz se elevou um pouco ao perguntar quem era terrível o bastante para bombardear um hospital, onde haviam somente pessoas indefesas e feridas. Mas no fundo eu sabia quem era sem coração o bastante para um ato daquele.

– Para eles não importa se são crianças, idosos, mulheres ou feridos, Hyungwon. Todos aqui são rebeldes, e para eles temos que ser exterminados. Somente isso.

Mas mesmo assim, isso é cruel demais. – Minha voz soou mais baixa que o normal.

O mundo é cruel, Hyungwon. – Afirmou o garoto ao meu lado.

Com isso direcionei meu olhar para ele, e ao observar o olhar preocupado que se encontrava em seu rosto, percebi que a qualquer momento poderíamos ser atacados novamente. Senti minhas mãos tremerem um pouco, sim, eu estava com medo, apesar de ser filho do comandante, eu nunca havia participado de uma missão real, nunca havia estado em meio ao fogo cruzado, e agora ali, naquele lugar eu tinha que estar preparado para agir a qualquer momento, eu não desejava nunca mais ver alguém morrer, mas sabia que isso era inevitável de acontecer. Era assustador demais.

“Não seja covarde, Hyungwon” ordenei em minha mente ao apertar a gola da minha blusa, tentando fazer com que minhas mãos parassem de tremer.

Rapidamente sentir as mãos de Kihyun sobre as minhas, e nossos olhares se encontraram, ele estava sorrindo, mas havia algo parecido com pena em seu olhar, e mesmo assim, seu ato fez com que  minhas mãos parassem de tremer.

– Não precisa ficar com medo, eles não iram atacar novamente tão cedo. – Ele indagou confiante. – Vamos, tenho que te apresentar para uma pessoa, você será de grande ajuda aqui.

Com isso, adentramos o lugar. O cheiro não era um dos melhores, as pessoas dali haviam tentado limpar ou pelo menos disfarçar o odor que estava na primeira parte do lugar, porém o cheiro de desinfetante se misturava com o de sangue e o de vomito, tornando quase impossível de alguém que não fosse acostumado a mexer com pessoas feridas ficasse ali.

Ao continuarmos andando, entramos em um salão que se encontrava mais limpo do que o primeiro e logo avistamos vários leitos improvisados espalhados pelo lugar, pessoas vestidas de branco corriam para todos os lados para atender os feridos. Gemidos de dor, choro e gritos eram emitidos, quanto mais adentrávamos mais percebíamos que o estado dali se encontrava um caos.

 “Seja forte Hyungwon, você é um médico, lembre-se dos ensinamentos de Yoongi” pensei.

Doutora Yang – Kihyun levantou a mão em um aceno, e olhei na direção para qual ele acenava.

Uma senhora que estava socorrendo uma criança virou e acenou em resposta para Kihyun. Ela não deveria ser mais velha que Yoongi, mas seus cabelos se encontravam totalmente brancos, e em sua pele haviam diversas cicatrizes. Algo nela me lembrava Yoongi, talvez fossem os traços de seu rosto, ou talvez os olhos, ou será que era apenas impressão? Com isso, uma conversa que tive com a minha mestra uma vez, veio a minha mente. “Não pode ser” sussurrei, enquanto a mulher vinha ao nosso encontro.

Seja bem vindo Kihyun, me desculpe por não ter ido recebê-lo, mas como pode ver, as coisas não estão boas por aqui. – Ao terminar de falar, a senhora envolveu Kihyun em um abraço.

– O que aconteceu aqui? –Kihyun perguntou assim que o abraço de cumprimento terminou.

– Refugiados de uma das vilas do 11 que fugiam pela fronteira em direção ao nosso distrito foram atacados, metade deles foram mortos. Um deles fugiu e conseguiu chegar aqui para nos pediu socorro, ao chegarmos no local que ele disse nos deparamos com todas essas pessoas. Isso aconteceu um pouco antes de vocês voltarem, mas como podem ver, tudo ainda está uma bagunça. Tivemos que abrir mão do tratamento dos que estavam fora de risco, para cuidar dos que se encontravam em estado mais crítico, mas parece que nossos suprimentos e esforços não são o bastante. – A mulher admitiu ao sentar em uma cadeira próxima de onde estávamos, parecendo derrotada.

– Vocês não podem usar o elixir do Delfim para socorrê-los? – Ao dizer isso, rapidamente me arrependi. A doutora finalmente pareceu notar que eu estava ali, e algo no seu olhar, me fez perceber que o que eu acabara de dizer não havia a agradado.

Com isso ela se levantou e se colocou a minha frente, éramos quase da mesma altura, no entanto, eu me senti pequeno com seu olhar sobre mim.

– Você não achar que se pudéssemos usar a merda desse elixir já não teríamos usado? Acha que gostamos de ver as pessoas se contorcendo de dor em nossa frente? Pessoas que não pertencem ao nosso Clan não podem ser curados pelo elixir, fora a punição dada por nossa Deusa após o quase extermínio do Clan X na guerra de Cronos. – Falou rudemente, e ao dar as costas para mim, perguntou a Kihyun – Quem é esse idiota?

Não seja tão rude com ele, senhora. Ele é o sétimo guardião. –Kihyun respondeu calmamente.

Com isso, o olhar dela se petrificou em mim.

– Você quer dizer que ele é o pupilo de Yoongi? – Sua voz soara diferente, mais calma.

 Ainda intimidado, me curvei em sua direção e falei:

Meu nome é Chae Hyungwon, sou o sétimo guardião e pupilo de Yoongi. – ao me endireitar, continuei a falar ainda olhando para o chão – Me perdoe pelo que eu disse, não tive intenção de diminuir seus esforços, ainda há muitas coisas que não sei sobre o Clan X. Irei me esforçar para ajudar no que for preciso.

 A doutora suspirou, e por um momento, pensei que suas bochechas haviam ficado vermelhas.

Peço desculpas pela minha grosseria, com tudo isso ocorrendo, tenho ficado com o estresse acumulado. – Ela também se curvou ao pedir desculpas.

 Ao notar sua reação quando descobrir quem eu conhecia, percebi que eu sabia quem ela era. Com certeza, ela era a pessoa que Yoongi tanto lamentou pela morte. Aquela mulher a minha frente com traços tão parecidos, mas com uma personalidade completamente diferente, era a irmã de Yoongi.

Me perdoe a pergunta direta, mas você é a irmã de Yoongi? – Perguntei sem hesitar.

Um triste sorriso brotou em seus lábios e então ela respondeu: – Parece que minha irmã falou sobre mim para você, não é? Ela acredita que eu estou morta, eu sei.

– Os outros membros sabem que você é a irmã da Yoongi? – Perguntei ao lançar um olhar descontente para Kihyun, eles sabiam o quanto Yoongi sentia falta da irmã, e mesmo assim haviam escondido que ela estava viva. Qual era o porquê disso?

Sim eles sabem, mas não os culpe, eu que pedi para eles não contarem. Eu deveria ter permanecido ao lado dela, mas eu fui covarde.– Ao terminar de falar, lágrimas começaram a escapar de seus olhos.

Aquela mulher que antes havia me intimidado, agora parecia completamente desarmada e desprotegida. Era como se eu estivesse vendo a própria Yoongi chorando em minha frente, e por causa disso, não consegui evitar me aproximar, e afagar seu ombro tentando consolá-la. Apesar de saber que Yoongi havia tido uma irmã, eu não sabia o que tinha acontecido com elas no passado, e a senhora Yang pareceu notar a curiosidade em meu olhar, e com isso, após se recuperar um pouco das lagrimas, sentou-se novamente, e nos contou:

Há vinte anos atrás, quando houve uma “Caça as bruxas” ou pode chamar de caça aos pecadores, promovida pelo governo e pela igreja, a nossa família fora perseguida, pois já que tratávamos os doentes com remédios, muitos destes deixavam de ir atrás de cura com os sacerdotes e viam buscar a nossa ajuda. Os apollyons prenderam o marido de Yoongi, e estavam atrás de nós, por isso, eu e meu marido, Han, fugimos. Tentamos fazer com que Yoongi viesse conosco, mas ela se recusou a abandonar o marido, mesmo sabendo que nunca ninguém que fora preso pelo governo e levado para a prisão de Ares, havia voltado... – Ao limpar as lágrimas restantes, sorriu e continuou – Mas isso ficou no passado. Como ela está? Se você é mesmo um pupilo de minha irmã, sei que será de grande ajuda no nosso precário hospital. Seja bem vindo ao distrito 12, Hyungwon.

Sorri em resposta, e falei entusiasmado: – Darei o meu melhor, doutora.

 

E assim o fiz.

Quase o resto da manhã e metade da tarde, eu e Kihyun havíamos permanecido dentro do hospital ajudando-os nos mais diversos casos. Nunca havia visto tanta gente ferida em minha frente, o cheiro metálico do sangue já impregnava o jaleco branco que eu vestia, como também a minha roupa, o vermelho do liquido viscoso estava em vários lugares do meu corpo, até mesmo em minha bochecha, mas não havíamos tido o luxo de nos lavar, pois naquele lugar tempo era rei, cada segundo determinava se um refugiado sobrevivia ou morria. O suor escorria pela minha testa, quanto mais o dia avançava, mais quente aquele lugar se tornava, as únicas fontes de ventilação que tínhamos eram alguns antigos ventiladores no teto, porém aquilo não era suficiente para refrescar as mais de 200 pessoas que se encontravam naquele lugar, era como se estivéssemos no próprio inferno.

Apesar de todas as dificuldades, eu era útil naquele lugar, eu não podia ser o melhor entre os membros do Clan quando o assunto era uma luta ou uma arma, mas ninguém era capaz de cuidar melhor de ferimentos como eu. A cada agradecimento, a cada alívio de um parente ao ver que o paciente não corria mais risco de vida, a cada sorriso, eu sentia que aquele era meu lugar, eu havia sido feito para salvar vidas. Yoongi estaria orgulhosa de mim, se me visse me esforçando tanto para salvar aquelas pessoas que eu nem sabia o nome.

Eram quase três horas da tarde quando os outros médicos chegaram para trocar de turno, com isso, fomos liberados. Eu não havia comido desde que acordara, pois tinha ido ao encontro do Kihyun para me levar ao refeitório, no entanto, acabamos ajudando no hospital. Minha barriga roncava em protesto, e dessa vez fora mais alto que o normal, o que fez com que Kihyun risse.

– Vamos para o refeitório, parece que você vai desmaiar se não comer logo. – Ele falou, enquanto tirávamos nosso jaleco.

– Não seja tão exagerado, eu posso aguentar mais duas horas. – Respondi dando um empurrão levemente em seu ombro.

 Ao entrarmos no refeitório, já haviam poucas pessoas e logo fomos em direção ao balcão. O cheiro de peixe frito invadia minhas narinas, o que quase me fez babar. Kihyun tinha razão, eu estava morrendo de fome. Sem cerimônias, pegamos os pratos que já haviam sido preparados para nós pela senhora Kim, e nos sentamos na mesma mesa da noite anterior, mas diferente de ontem, tudo parecia tão calado sem os outros cinco membros, desde que eu havia me juntado a eles, nossas refeições sempre eram repletas de risadas, de histórias, e até mesmo de música. Mas naquele momento nem Kihyun e muito menos eu tinha ânimo para conversar.

Enquanto trabalhávamos no hospital acabamos por esquecer que três de nós estavam em uma missão, e que não tínhamos como saber notícias deles. Será que Minhyuk já havia comido? Será que ele não havia se machucado? Ele já teria chegado ao destino da missão a esse horário? A saudade e preocupação voltavam a apertar o meu peito, e o mesmo parecia acontecer com Kihyun, até mesmo pude notar, que uma lágrima ameaçava cair de seu rosto. Com isso, tentei puxar assunto ao perguntar:

Onde estão o Wonho e o Jooheon?

Kihyun tirou os olhos do seu prato e meu olhou com um olhar como se dissesse “Sério Hyungwon?”, mas no fim, acabou respondendo:

– Eles foram levar suprimentos para uma vila aliada nossa, ela fica escondida nas montanhas que fazem fronteira com o distrito 11.

Ao terminar de falar, logo voltou a olhar para sua comida, porém não a tocava, apenas a mexia com a colher, parecia que havia perdido a sua vontade de comer. Kihyun depois de Minhyuk, era o membro que mais me ajudava e me apoiava, e me doía vê-lo assim. Kihyun sempre se esforçava para fazer com que eu me sentir melhor, e naquele momento, era a minha vez de ajudá-lo. Minhyuk uma vez dissera que Kihyun adorava contar as histórias dele com Changkyun, talvez fosse uma boa hora para saber sobre a história principal deles.

Assim, lembrei que eu sempre havia tido uma dúvida sobre o passado de Kihyun, pois certo dia, acabei entrando sem querer no seu quarto enquanto ele trocava de roupa, ele tentou esconder seu corpo, mas não antes que eu fosse capaz de perceber as marcas de chicotadas e algo parecido como uma forma chifre que havia sido queimado na pele de suas costas. Eu sabia que já havia visto aquela marca em algum lugar, e um tempo depois do ocorrido, lembrei-me que uma vez meu pai me levou ao distrito 8, o único lugar o qual é permitido ter escravos para trabalhar na lavoura, e alguns dos escravos que vi, possuíam uma marca parecida com aquela.

Determinado a descobrir sobre o passado do rapaz a minha frente, perguntei:

–Kihyun, pode me contar como conheceu o Chang? Se quiser, é claro.

Antes mesmo de pronunciar a última palavra de minha frase, o olhar de Kihyun já estava sobre mim.

 Com o passar do tempo que nos tornamos próximos, acabamos por desenvolver uma certa facilidade para ler as emoções um do outro apenas ao observar nossos olhos, porem naquela hora, eu não sabia dizer o que se passava na mente do mais velho. Seu olhar estava petrificado em minha direção sem esbouçar a mínima reação, mas ainda assim, pude notar que a mão que segurava a colher, a sua frente, estava tremendo.

O passado de Kihyun era tão ruim assim?

Ao depositar a colher sob o prato, se endireitou na cadeira e voltou o olhar novamente para mim, e então disse:

– Bem, é uma longa história. Você vai ser o primeiro membro para o qual irei contá-la detalhadamente. – Emitiu um suspiro, ao bagunçar os seus cabelos, em um ato relaxado, e por fim, completou a sorrir de forma sombria – Já fazem longos 10 anos que estive à beira do inferno...


Notas Finais


LEIAM:
Bem, talvez esse não tenha sido o melhor cap que eu escrevi, mas prometo que os outros serão melhores.
-> Eu queria que voces tirassem um tempo para responder essas perguntas para mim, elas são de grande importância:
- Voces estão gostando do rumo da historia?
- A escrita está agradavel de se ler?
- Há algo que voces não estão gostando?
-Se tiverem alguma critica para fazer <3

Enfim, até o proximo cap <3


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