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História I Can Change For You - Dying of Love


Escrita por: AnnaWrou

Notas do Autor


💠💠Título do capítulo: Morrendo de amor.💠💠

Boa leitura <3

Capítulo 79 - Dying of Love


Fanfic / Fanfiction I Can Change For You - Dying of Love

 

Você não está sozinho(a)

Unidos venceremos

Estarei ao seu lado

Você sabe que segurarei sua mão

E quando parecer ser o fim

E não tiver para onde ir

Você sabe que não desistirei

Não, eu não desistirei

Continue aguentando

Porque você sabe que conseguiremos,

conseguiremos

Apenas seja forte

Pois você sabe que estou aqui por você,

Estou aqui por você

Harry & Dianna

 

 

Eu soube exatamente quando ela voltou a dormir... o aperto de seus braços foi diminuindo gradativamente... Soltei um bocejo cansado, inclinando minha cabeça na sua ao cantarolar baixinho outra parte da música:

- Oh… oh… you know I'm always coming back to this place… oh… oh… you know... you know I'm always gonna look for your face... oh… oh… you know…(você sabe que eu sempre vou voltar a este lugar… você sabe.. você sabe eu sempre vou olhar para o seu rosto...você sabe…)

Calmamente afundei meu rosto em seu pescoço, respirando fundo para sentir aquele cheiro que fazia de mim o homem mais completo desse mundo…

Senti ela involuntariamente acariciar meu braço. Suspirei sorrindo, antes de sussurrar em seu ouvido:

- Não há nada que eu possa dizer para você… nada que eu poderia fazer para te fazer enxergar o que você significa para mim… eu sei que te decepcionei… mas não é mais assim agora… desta vez eu nunca mais vou te deixar ir embora...



 

Narrador

 

Sábado à noite, onze horas, precisamente.

Alex estava sentado no sofá de sua antiga, muito antiga casa, assistindo a qualquer coisa que passava em sua TV.

Esqueceu que não podia fugir do país, devido a uma medida preventiva que lhe foi dada da primeira vez que foi preso. Encurralado, pensou que sua antiga casa, exatamente a primeira casa onde morou com sua mãe e padrasto, seria um bom esconderijo.

E como sempre, estava sozinho. Não era o tipo de pessoa socialmente segura. Coisa que chegava a ser doentio. Que tipo de pessoa gostava de ser totalmente sozinha, e causar sofrimento aos outros?

Ele.

Ele era.

O telefone da casa começou a tocar e o garoto nem se preocupou em atender. Tinha plena certeza de que era algum de seus capangas, afinal, ninguém mais conhecia aquele número.

Com as mãos sobre a cabeça, bufou algumas vezes diante daquele barulho irritante.

- Mas que droga! – Levantou-se do sofá para acabar com aquele barulho. – É bom que tenha um bom motivo para estar me ligando ou arrancarei a sua cabeça!

- Estamos precisando de você aqui, chefe! – Era Caleb, outro de seus capangas.

- Por que? Aqui onde?

- Aqui. Na cabana.

- O que aconteceu?! – Soltou um rosnado.

- A galera do Jerome esteve aqui e destruiu toda a cabana. Roubaram também toda a nossa mercadoria de drogas.

- Filho da puta! – Proferiu finalizando a ligação.

Então ele já ficou sabendo da minha traição, refletiu Alex.

Ele sequer quis perder mais tempo. Apenas trocou de roupa, tendo cuidado com os machucados que ganhou em sua briga com Harry e em seguida saiu de casa.

Caminhou a passos largos e apressados, sob um capuz preto, em direção a cabana que só ficava há três quadras de sua antiga casa. Ou melhor seria dizer: esconderijo...?

Cerca de cinco minutos depois ele chegou ao seu destino.

A cabana estava escura, com as luzes semi-acesas, como de costume. Ele deparou-se com Caleb, que já o esperava próximo a porta de entrada.

- Não. – Caleb o impediu de entrar pela porta. – Melhor vir por aqui.

- O que está acontecendo, imbecil...?

- Vem logo! – Caleb o levou para a parte de trás da cabana e quando chegaram, Alex notou que a porta dos fundos, que sempre ficava trancada, estava semi-aberta.

Percebeu tarde demais que se tratava de uma emboscada.

Todos estavam ali reunidos.

Todos os quatro capangas de Jerome. E um deles estava armado com um Colt calibre 42.

Alex franziu as sobrancelhas.

- Trouxe o chefe. – Caleb disse e mal pôde fechar a boca, recebendo um tiro certeiro no meio da testa. Ele já caiu morto.

- Obrigado, idiota. – Agradeceu-lhe o autor do disparo, um dos capangas de Jerome.

Alex mirou o corpo de seu capanga ao chão e voltou a encarar Jasper.

- Não se sinta traído, Pettyfer, eu o ameacei. Só esqueci de dizer que ele morreria de um jeito ou de outro... – Disse Jasper soltando uma maldosa gargalhada. – Vejo que já andou brigando, brigão... – Soou venenoso, ao analisar todos os machucados no rosto de Alex. – Logo terá um segundo round...

- Que palhaçada é essa aqui...?! – Proferiu Alex.

- Isso aqui? – Jasper aproximou-se dele. – Isso aqui se chama justiça. – E o mesmo desferiu um soco no estômago de Alex, fazendo-o cair de joelhos com as mãos sobre a barriga. Ele caminhou até Pettyfer, o erguendo pelos ombros. – Vai pagar caro por ter traído o Jerome! Mas sinta-se privilegiado. Ele anda muito ocupado com algumas coisinhas e me pediu que te matasse pessoalmente. E aí? Você tem ou não tem sorte? Jerome iria torturá-lo das piores formas possíveis… já eu vou te matar com um único... tiro – Alex rosnou, recebendo um novo murro em sua barriga.

- Me deixa enchê-lo de porrada antes de matá-lo, Jasper! – Disse outro capanga de Jerome, aos risos.

Jasper assentiu.

A ira de tais homens era tamanha, que em poucos segundos estavam todos os três em cima de Alex o golpeando por todos os pontos de seu corpo.

Ele começou a reagir e dar socos e chutes em todos os lugares que conseguisse acertá-los.

Conseguiu desarmar Jasper, fazendo sua arma cair, e o chutou tão forte, que o mesmo chocou-se de frente contra a parede, já caindo morto devido a intensa pancada em sua cabeça.

Irritados ainda mais com a perda do amigo, Earle e Joshua socaram Alex mais ainda, que já estava quase apagando devido aos golpes.

Curvado em posição fetal, Alex não mais reagia, apenas agonizava diante dos golpes.

- PAREM COM ISSO!! NÃO O MACHUQUE, POR FAVOR!! – Todos ouviram um grito que Alex reconheceu ser a voz de Emily.

- Em… Emily… – Gemeu.

- QUEM É VOCÊ?! – Gritou um dos caras.

- Sou a irmã do Elijah! – Proferiu firme a eles.

Os dois se entreolharam, conheciam intimamente Fred.

- Saia daqui, menina! Já! – Ordenou um deles.

- Não! – Ela proferiu de volta.

- Então assista isso de camarote, gatinha...! – Um deles disse sorrindo e voltou a socar Alex.

- NÃO!! – Ela tentou se aproximar dele, porém foi impedida por Earle que a segurou pelos ombros.

- Emi...ly… sai...da...qui… – Alex conseguiu dizer isso em meio aos murros.

- PARA! PARA! – A mocinha chorava intensamente ao ver seu amado apanhar tão brutalmente. – NÃO O MACHUQUE!!

- SAIA DAQUI, MENINA! – Joshua gritou para ela.

Ela rapidamente soltou-se de Earle e correu até Alex, abraçando seu corpo, o protegendo.

- Alex...?! Alex?! – A garota o perguntava desesperada, passando a mão por todo o rosto ensanguentado dele.

Integralmente surpreso, ele sentiu seu coração expandir-se um pouco com aquele gesto. Era doce.

Era algo que ninguém faria por ele… mas ela fez.

Ele então abriu os olhos, devagar, e soltou um suspiro de dor.

- Sai... – Tentou se levantar, sem avanço. – Ai!

- Sua vadiazinha…! – Earle aproximou-se dela, segurando uma faca.

Velozmente Alex pegou o revólver do chão e atirou contra Earle e em seguida contra Joshua, que já caíram mortos.

- Mais dois. – Murmurou jogando a arma ao seu lado no chão.

- Vo-você matou eles… – Sussurrou Emily, com os olhos arregalados para os corpos.

- Era eles ou você, qual você prefere...? – Ele proferiu em dificuldade.

- Como você está...? – Ela virou-se, pegando o rosto dele entre as mãos, o acariciando.

Ele até deixou um suspiro de deleite escapar.

Por quantas noites ela sonhou em fazer isso...?

Há quanto tempo Emily sonhava em lhe fazer um simples carinho...?

Foram anos alimentando este sonho... tempo suficiente para não se conseguir medir.

- ...sai... para...para, não me acaricia! – Ele a afastou grosseiramente e novamente tentou levantar-se, sem conseguir. – O que veio fazer aqui?! – Perguntou em estresse.

- É sobre o meu irmão – Ela o disse, em tom baixo.

- Já disse que não vou fazer nada! – Ele alterou-se, e em seguida tentou levantar-se, mas sem conseguir de novo.

- Não é sobre isso... eu só quero saber mais sobre esse tal de Eliot...

- E o que isso te interessa? – Ele a olhou, abstraído em dores.

- Ele está preso com o meu irmão.

- Emily não se meta com essa gente, são perigosos! Você podia ter morrido hoje! – A disse, ofegante.

- E o que isso te importa? – Ela voltou a pergunta.

- Não importa. – Ele tentou levantar de novo. Gemeu em seguida.

- Você não vai conseguir sozinho… – Ela calmamente disse.

- Eu vou.

- Eu acho que eles quebraram uma de suas costelas... – Ela disse, minuciosamente o analisando.

- Isso explica essa dor filha da pu… – Ele a olhou fixamente. – O que ainda está fazendo aqui?

- Eu vou cuidar de você.

Ele corou profundamente.

- Não vai não. – Contradisse. – Você vai embora, tchau!

- Mas, Alex

- SAI DAQUI! – Gritou ele. Lutando contra todas as dores depois.

Com o coração carregado de lástima, ela levantou-se do chão e correu até a porta, saindo pela mesma.

Alex se pôs de pé, apoiando-se no encosto do sofá, com muita dificuldade. Tentou dar o primeiro passo, e com isso gemeu alto, agarrando sua barriga.

Curvando-se, caminhou até a saída, arrastando-se devagar...

E arrastou-se assim até sua casa.

Em um caminho cuja a ida levara apenas cinco minutos para chegar, na volta, ele levara mais de meia hora.

Haviam tantas coisas em sua mente, que ele não conseguia pensar em uma coisa só.

Ok, talvez não houvesse tantas coisas em sua mente… mas somente uma...

Emily.

E isso já era muito o que ele pensar.

Ele não conseguia entender, não conseguia entender por que ela o defendeu, por que queria cuidá-lo. Isso era demais para ele compreender, demais para um coração tão duro quanto o dele.

Os seus ferimentos eram feios e seu sangue pingava durante todo o caminho. Precisava de um hospital, mas como...? Estava foragido.

Teria que curar-se em casa mesmo.

Ele finalmente chegou e ainda se arrastando, encontrou um saco amarelo em frente à sua porta.

Sem conseguir por hipótese alguma abaixar-se, ele começou a chutar o embrulho pela sala até encostá-lo no sofá onde pudesse pegá-lo com o cabo de uma vassoura.

E foi exatamente isso que ele fez.

O pegou e abriu o saco.

Havia um bilhete.


 

Eu trouxe esses remédios para você. Os vermelhos são para dor e esse azul é para febre, caso você sinta.

Espero que melhore.

 

Emily.



 

Seus olhos encheram-se de lágrimas.

Ele instantaneamente lembrou-se de sua falecida mãe. A única pessoa que demonstrou amor por ele um dia.

Foi então que ele sorriu suavemente para si mesmo...

Terá sido pela simples lembrança de sua mãe ou por aquele gentil gesto da moça...?

Ele logo sacudiu a cabeça.

Odiava se sentir tão vulnerável. Tão sensível. Tão humano.

Gostava de ser mau!

Mas por trás de todo aquele gênio difícil, será que ainda lhe existia algum resto de humanidade...?

- ...maldita…! – Murmurou ele, jogando as cartelas de comprimidos contra a parede, que chocaram-se na mesma, espalhando os comprimidos por todo o chão.

Ele virou para o lado e soltou um gemido ao tentar se deitar no sofá.

Suas dores eram intensas, principalmente na lateral de seu corpo, bem em suas costelas.

Ele lentamente deitou-se, gemendo baixinho.

Suava frio devido a dor e também por início de uma súbita febre. Enxugava constantemente a testa e mãos, tão suadas, na barra de sua blusa.

Sua respiração lenta e falha, denunciava, de fato, alguma fratura em sua costela. Talvez mais de uma...

Agonizante e rendido, ele esticou lentamente o braço, pegando um comprimido vermelho e logo ao lado um azul, que estavam caídos ao chão, engolindo-os sem hesitação. 

Pôde sentir farelos de sujeira em sua boca, que estavam presos ao comprimido, mas ele sequer ligou.

As suas dores estavam maiores que isso.

Estavam maiores que tudo...




 

Emily
 

É inacreditável como quando você está amando tem a capacidade de esquecer todas as besteiras que a pessoa amada diz com você.

A expressão dele me expulsando...

Me sentia completamente um nada.

Mas cá estava eu, na estrada indo para a sua casa.

E enquanto caminhava, eu pensava em tudo... principalmente em quantas vezes rezei para deixar de gostar de Alex. Mas nunca fui atendida. Nunca.

Uma coruja piou acima de mim e isso fez eu me assustar. As coisas que estava levando dentro da cesta chacoalharam e pensei ter quebrado alguma coisa.

Rapidamente olhei, vendo se estava tudo em seu devido lugar e ainda bem que estava; pude respirar aliviada.

Sorri pelo simples fato de me sentir como a Chapeuzinho Vermelho... 

Eu estava cruzando uma floresta, com uma cesta cheia de comidas gostosas, indo deixá-las... só que no meu caso, para o Lobo Mau.

Durante todo o caminho eu pensava na forma que abordaria ele... 

Talvez fosse realmente melhor eu ir embora, mas jamais conseguiria seguir isso. Jamais, por mais que me esforçasse, por mais que tudo me mostrasse que não era bom voltar ali, o meu coração me levava com uma força descomunal até ele.

E agora eu estava ali, parada em frente à porta dele.

Meu coração parecia querer sair pela boca de tão nervosa. E a minha mão, levemente indo em direção a porta para bater, tremia mais do que vara verde. Mas eu precisava conseguir. Não por mim, mas por Alex.

Então bati na porta impetuosamente.

- ...quem...é...? – Ele perguntou entre os intervalos de tosse.

- Sou eu… – Exitei continuar, mas logo em seguida tomei coragem. – Emily...

- EU JÁ DISSE PARA VOCÊ ME DEIXAR EM PAZ! – Gritou novamente lá de dentro.

- Você não manda nas minhas vontades! – Quando vi, as palavras tinham saltado de minha boca e não teria chances de voltar atrás.

- Não quero que fique aqui! Não quero te vê! Não preciso de nada! – Notei que sua fala ia se aproximando e suas palavras pareceram estar logo ali, detrás da porta.

- Alex você está muito machucado... não pode sair e está sozinho. Eu só quis trazer algumas coisas para que você possa comer, aceite, por favor... – Disse em tom calmo. Na verdade eu já estava quase chorando.

- Eu já falei que não preciso de nada, Emily! Droga! Você é tão teimosa quanto seu irmão...! – Meu coração tremeu de modo aquecido.

A voz dele soou… diferente. Era quase manhosa.

- Você precisa aceitar a minha ajuda... nem que eu tenha que deixar essa cesta cheia de coisas gostosas aqui e ir embora como fiz com os remédios – Eu sabia que tinha dado certo mais cedo. Ele pegou os medicamentos, pois não estavam mais ali fora. É claro que eu queria vê-lo e poder cuidar dele, mas se ele não quisesse mesmo abrir a porta, eu precisaria deixá-lo por si só.

- Se deixar a cesta aí, vai ficar aí. Quem sabe um urso venha e coma tudo, inclusive a mim!

- Deixa de ser infantil, Alex...! – Outra vez as palavras saltaram de minha boca. Eu nunca falava com ele assim. Quer dizer, acontecia algumas vezes. Quando ele era teimoso, como estava sendo agora. Eu ainda esperei ele abrir a porta e me dar uma baita bronca, mas não aconteceu.

- ...só... vai... embora… – Choramingou, como uma criança mimada.

- ...irei... mas só se você prometer comer essas coisas deliciosas que eu fiz especialmente para você – Insisti.

- Não prometo nada. Vá embora, vai embora, Emily... – O jeito como ele me chamou… foi quase… sei lá. Não quis acreditar nas impressões que me abateram naquele momento. Mas pareceu carinhoso…

Eu tô louca, para...!

- Tá bom... mesmo assim vou deixar aqui... – Disse fingindo ir embora e fiquei em total silêncio.

Uns dez minutos se passaram e eu me esforçava para não respirar alto. Queria muito vê-lo e também não podia deixar que algum animal viesse e comesse a comida dele, senão de nada teria adiantado o meu cuidado e dedicação.

- ...você ainda está aí, não é…? – Pude sentir ele soltando o ar de seus pulmões.

- ...estou… – Tive que confessar. E me perguntei como ele tinha adivinhado.

- Entre, mas vá embora logo. – Disse ele.

Meu coração errou todas as suas batidas. Ele acabou se rendendo, e ele nunca se rendia a ninguém! 

Ouvi ele destrancar a porta e voltar arrastando-se rapidamente para o sofá. 

- Como sabia que eu ainda estava aqui...? – Perguntei-lhe ao entrar. 

- Porque você é teimosa e bondosa demais para me deixar com fome mesmo eu mandando. – Não era possível. Ele só podia estar com uma febre de 40°C.

- E sou mesmo… mesmo que não mereça... – Porque eu te amo, boboca!

- Deixe a cesta em cima da mesa e vá embora, okay? – Ele parecia incomodado com a minha presença. Sequer tinha me olhado. Ele apoiou um dos braços sobre o rosto, cobrindo-o, deitado no sofá, com nenhuma luz acesa.

- Vou, mas me prometa que vai comer tudo, está bem? – Insisti, mesmo aflita em ter que ir e deixá-lo.

- Sabe que nunca prometo nada, Emily. Por que diabos ainda pede pra eu prometer?! – Ele pareceu se irritar. Levantando-se de uma vez e eu pude ouvi um gemido de dor seu e ver seu rosto tão machucado, quase irreconhecível, até para mim que tinha cada detalhe seu repetidas vezes visto em minha mente antes de dormir.

Meus olhos se arregalaram em abalo e comoção. 

- M-me desculpe… – Sussurrei, levando uma das mãos até a boca.

Meu erro foi me mostrar assustada ao vê-lo naquele estado...

Me assustei de preocupação por ele estar assim, e não por medo!

Mas ele notou a minha reação...

- Vá embora! VÁ EMBORA! Sai daqui! SAI! – Ele começou a jogar as coisas em mim.

E então de lá eu saí aos prantos e lamentos.




 

                                                           05:53am




 

Dianna

 

Sorri pela milésima vez enquanto observava Harry dormir sobre meu ombro.

Como era possível ele ser tão lindo...?

- ...eu estou sentindo você me olhar… – Murmurou-me, ainda de olhos fechados.

Sorri.

- Finja que não está…

- Impossível… pare – Virou meu rosto com uma mão.  

O virei de volta e sorri, beijando seu pescoço.

Podia ver sua pele ir se arrepiando aos poucos, sorri com aquilo.

- ...isso é bom… – Disse daquele jeito manhoso e manso, se encolhendo em meio aos arrepios. – Não para…

- Quer dizer que isso você não quer que eu pare, não é...? – Ele soltou uma risadinha fofa. – Volte a dormir, príncipe… – Sussurrei-lhe.

Senti seus braços rodearem minha cintura, seu peito se apertando contra as minhas costas. Separei os lábios para suspirar.

Olhei no relógio de cabeceira e ele marcava 6:00 em ponto.

 

É... eu posso dormir mais um pouquinho…

 

Fechei os olhos adormecendo em poucos minutos…

 

                                                                 ...
 

Acordei por volta das 6:55, Harry ainda dormia… ressonava baixinho, um som tão gostoso, uma respiração pesada… ergui minha mão e acariciei seu rostinho...

Com cuidado me levantei, e andei até o banheiro. Enquanto escovava os dentes, pensei em preparar um café-da-manhã especial para ele. Cuspi a pasta na pia e levei um pouco de água até a boca. Mordi o lábio inferior e sorri, ele merecia esse agrado. Merecia muito...

Ergui as mãos e prendi os cabelos em um coque atrás da cabeça. Estava frio, então peguei atrás da porta o meu casaco de tecido mais grosso e o vesti.

Desci as escadas e avancei para a cozinha. Abri a geladeira e torci os lábios. Não havia muito o que fazer. Não tinha mais queijo, nem presunto, nem pasta de amendoim, nem bacon, nem ovos, simplesmente estava faltando tudo o que ele mais gosta...

Subi de novo até o meu quarto e rapidamente troquei de roupa. Eu só iria até o mercado comprar ao menos ovos, queijo e presunto.

Dei uma última olhada em Harry antes de sair do quarto, ele permanecia dormindo tranquilamente…

Desci novamente as escadas e dessa vez partindo até a porta de casa, fechando novamente o meu casaco.

O caminho até o mercado fora silencioso e tenso. Sentia uma estranha sensação de nervosismo, como se alguém estivesse me seguindo desde que saí de casa…

Completamente tomada pelo medo e terror, não senti nenhum pingo de curiosidade de olhar para ver quem me seguia. Pensei em algo a respeito, e tudo o que fiz foi puxar meu celular do bolso já ligando para Ash… queria avisar a ela que se algo acontecesse comigo havia sido ele… havia sido o Alex...

Eu só queria avisá-la para que ela soubesse o que fazer…

Ela me pediu que voltasse para casa imediatamente e foi exatamente isso que fiz…

Tive vontade de sair correndo dali.

Olhei para os lados e tentei atravessar a rua. Foi aí onde um carro avançou para cima do meu corpo. Tudo aconteceu muito rápido. O som dos pneus freando bruscamente... o estrondo do meu corpo caindo no chão com o susto. O veículo sequer encostou em mim, mas acabei me desequilibrando com o susto.

Olhei para o lado, mas tudo o que consegui ver foi um pano vindo na minha direção e, logo em seguida, um cheiro forte invadir minhas narinas. Tudo ficou preto.

Acordei deitada no chão, não sei quanto tempo depois. Em uma casa escura, porém bonita e bem cuidada.

- Olá, Dianna. – Ouvi a voz de Alisson envolver meus ouvidos.

Não consegui virar para ela. Eu simplesmente não conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo…

- Olha pra mim.

Sequer me mexi.

- VOCÊ ESTÁ SURDA? OLHA PRA MIM!

Me virei para ela e vi uma arma em sua mão.

- Alisson… por que isso…? Por que me sequestrou...? – Perguntei, enquanto ofegava para correr até a saída.

Ela deu um disparo na parede perto de onde eu estava. Parei no mesmo momento.

- Isso aqui não é um sequestro, gracinha. Eu não pretendo passar um dia sequer presa com você! Eu só te trouxe aqui para te matar.

- Mas por que...? – Ela riu do outro lado da sala.

- Eu te avisei que nunca deixaria você ficar com o Harry… mas ele escolheu você… então se você é o problema… – Ela dizia visivelmente alucinada. – Eu irei resolvê-lo.

- Alisson – Ela imediatamente engatou a arma ainda apontada para mim.

- Mais uma palavra e eu te mato agora mesmo. – Tentei não chorar, mas foi inevitável. Ela se aproximou de mim, ainda me apontando a arma e me entregou um copo com alguma coisa dentro. – Bebe isso.

- O que?

- CALADA!!! – Berrou irada.

Assustei-me com o berro dela.

- Beba tudo e caladinha...

Tentei virar o copo em minha boca, mas somente na tentativa de sentir o cheiro. Algum cheiro estranho ou conhecido...

- Já bebeu?

Assenti fingindo engolir.

Ela mirou o copo e notou que o líquido estava intacto.

- BEBE ISSO AGORA! – Deu dois tiros no chão bem próximo aos meus pés.

Neguei com a cabeça, chorando.

- Prefere que eu o mate ao invés de você...? – Rosnou-me furiosa.

- Não!! Não o machuque, por favor!!! – O meu celular tocava freneticamente.

- Então beba tudo ou então eu também o mato! E na sua frente!

- Tudo bem, tudo bem – Disse mansa. Não podia mais contrariá-la.

Comecei a virar o líquido na boca e de imediato senti um gosto muito forte por minha garganta. Como se fosse algum produto de limpeza ou algo assim. Tossi me engasgando com a bebida e ela sorriu insana.

- Você acabou de beber a sua primeira dose de veneno. Boa garota... – Mais lágrimas me escaparam, ela arrancou o copo da minha mão, de volta. – Mais tarde terá mais – Colocou o copo sobre uma mesa.

- O que pretende…? – Ela virou-se para mim.

- Eu pretendo te matar de todas as maneiras possíveis… – Deu uma pausa. – Envenenada… esfaqueada… baleada… por fim queimada! Só sobraram cinzas do seu corpo...! – Rosnou-me com ira.

E só ali tive certeza do quanto ela me odiava...

- Faça o que quiser comigo... só não o machuque… por favor, Alisson… nós o amamos… – Murmurei em choro.

- SOMENTE EU POSSO AMÁ-LO!!! – Assenti sem querer contrariá-la.

- Ok… tudo bem… – Tentei acalmá-la.

- Cadê o seu celular?!

- Em meu bolso, por quê?

- Me dá agora!

O peguei no bolso do casaco e entreguei à ela.

- Agora vamos ligar para a minha sogrinha...



 

07:23am




 

Harry

 

Ainda estava sentado na sala de espera. Acabei chegando atrasado para a fisioterapia. Estranhei a Dianna ter saído de casa tão cedo… onde será que ela foi?

Engoli a saliva, respirando fundo. Eu estava com um estranho aperto no peito. Pensei em ligar de novo para ela, mas a mesma não atendia. Eu tinha ligado três vezes. Não queria parecer chiclete, nem tão pouco um chato, então preferi ligar só depois da minha sessão de fisioterapia.

Assustei-me quando o meu celular começou a tocar entre minhas mãos.

- Oi, mãe.

- Filho, onde você está…? – Dei um pulo da cadeira. Ela estava com uma voz de choro.

- Na fisioterapia! – Já entrei em pânico.

- Está sozinho agora ou algum dos meninos está aí com você…? – Apesar de Liam ou Niall me acompanharem, vez ou outra à fisioterapia, e ela saber disso, ela nunca pergunta sobre isso. Já comecei a achar aquilo mais estranho.

- Não, mãe, eu tô sozinho! O que está acontecendo?!

- Filho, a Dianna… – Ela tentava falar, mas o choro a impedia. Eu já tremia.  – Eu não sei como... mas, a Alisson sequestrou a Dianna, meu amor… – Senti o chão sumir dos meus pés.

- O QUE?! NÃO! NÃO! NÃO, MÃE! A DIANNA, NÃO! – Comecei a chorar, correndo para o meu carro, desesperado.

- Filho? Filho?? – Equilibrei o celular entre meu ombro e orelha tentando abrir o carro. Eu estava trêmulo de um jeito que nunca fiquei antes, não estava conseguindo abrir a porta.

- MAS QUE PORRA! – Gritei irado comigo mesmo.

- Filho??? – Por fim consegui abrir a porta.

- E-u tô-tô in-do – O meu choro, meus soluços, ficaram ainda maiores.

- Meu amor, tenha cuidado… tenha calma…

- COMO TER CALMA?! – Gritei perdendo todo o meu controle, o choro fazia a minha garganta arder. – ELA SEQUESTROU A DIANNA!! Ela sequestrou o meu amor, mãe… não, não me peça para ter calma!!

- Meu amor…  – Pisei o pé no acelerador e só rezei para que eu não morresse e nem matasse alguém durante o caminho. Eu tinha que salvar a Dianna.

Estava em uma velocidade a quase 100km/h, ultrapassando todos os sinais, cruzamentos, desviando do que conseguia. Naquele momento era mais fácil algo acontecer comigo do que com ela...

- Mãe, fica comigo, fica comigo e me acalma por favor… – Eu só pensava em desgraças acontecendo à Di e isso só me fazia acelerar mais ainda, quase estourando o velocímetro do carro.

- Tudo bem, tudo bem, meu amor… respire fundo… você precisa chegar bem para resgatá-la… respire fundo… eu quero ouvir você respirando, vamos...

Puxei o ar e soltei-o calmamente.

- Mais uma vez…

Repeti mais algumas vezes e aquilo foi começando a me acalmar. E quando eu vi, já estava estacionando o carro na garagem de casa…

- Mãe!!! – Entrei correndo em casa.

Ela veio correndo me abraçar, afundei meu rosto em seu pescoço e me deixei soluçar dolorosamente.

- Eu sinto muito, meu amor… sinto tanto… – Me encolhi mais ainda entre seus braços. Aquilo estava doendo de um jeito que eu nunca pensei ser possível… o medo… a dúvida… o ódio… a raiva… o amor absurdo, tudo doía, tudo…

- Co-como v-ocê fi-cou sabe-ndo...? – Perguntei entre soluços.

- A Alisson me ligou… disse que pegou a Dianna na rua e a levou para não sei aonde… ela não quis me dizer…

- Eu vou matá-la… se ela fizer alguma coisa… ao menos encostar na Dianna, eu a mato… – Meus dentes estavam travados. Eu quase pude sentir os meus olhos dilatando.

- Querido, você está muito nervoso… – Nos afastamos do abraço.

- Eu estou falando sério. – Ela me encarou com horror. – Eu acabo com a minha vida mas eu mato essa maldita antes!

- Filho, não complique as coisas… – Ela levou as mãos ao meu rosto. – O que precisamos é de solução!

- O Ronald já está sabendo? – Ergui o pulso e esfreguei meu nariz rapidamente.

- Sim – Lamentou. – Ele acabou passando mal… com dores no peito e agora está dormindo graças a um calmante que dei – Suspirou desolada. – Não é justo isso novamente acontecer a ele… a sua segunda filha sequestrada... – Fechei os olhos com força, sentindo as lágrimas virem com mais força que nunca.

- Eu vou atrás dela e só volto quando encontrá-la! – Minha mãe tentou me impedir.

- Não, filho, não pode!!

- Como não posso?!

- Alisson disse que se formos atrás dela será pior! Não podemos arriscar, meu querido...!

Passei a mão pelo cabelo, girando em meu próprio eixo. 

HARRY!! – Ouvi meu nome ser gritado freneticamente.

Uma mão agarrou-me pelo braço direito, virando-me com força. Era Ronald, vermelho e com o semblante desesperado.

- O QUE DIABOS VOCÊ FEZ A ESSA GAROTA PARA ELA ESTÁ DESCONTANDO EM MINHA FILHA?!?!

- DO QUE ESTÁ FALANDO?! – Gritei, em desespero.

- Ronald, solte o meu filho agora!!! – Ele bruscamente me soltou.

Cambaleei um pouco.

- Ronald... – Tentei falar, mas ele me interrompeu partindo pra cima de mim.

-  A Alisson acabou de me ligar dizendo que a culpa do que aconteceu à minha filha é sua!!! – Apontou na minha cara, mais irritado que antes.

Olhei para a minha mãe desesperadamente.

- Mas do que você está falando, Ronald?! – Perguntou minha mãe, com uma expressão muito séria.

- Eu já disse que essa garota me ligou!! – Esbravejou novamente. – E disse que vai fazer todas as pessoas que você ama pagarem pelo que você fez com ela! – Disse me encarando mortalmente. – E que a primeira foi a minha filha! – Uma expressão de choro tomou conta da face dele.

- Filho, o que você fez à ela?

- Eu terminei o nosso namoro.  

- Meu Jesus… – Ela levou uma mão até o rosto.

- Se a minha filha morrer por causa disso, eu te mato! – Ronald cuspiu-me as palavras e eu não sentia raiva dele. Eu juro. Eu entendia totalmente o seu desespero.

- Se a sua filha morrer, eu morro junto. – Abracei-o bem forte.

Ele me abraçou de volta e ficamos assim um tempo.

- Por favor, não me odeie... eu prometo trazer sua filha para casa, eu prometo... – eu dizia entre o choro.

- Não será preciso... – Nos afastamos do abraço. – Eu já avisei a polícia.

- Ronald!! – Minha mãe e eu esbravejamos.

- Não se preocupem... eles serão cuidadosos. Eles são treinados para isso, pessoal.

- Mas não podemos correr riscos, Ronald! – Minha mãe disse e eu só assenti, sem conseguir falar. Ainda estava chorando muito.

- O que não podemos é ficar parados!! – Retrucou-nos.




 

Dianna

 

- Anda, bebe mais.

- Não entra mais… por favor – Eu já sentia o meu estômago cheio de tanto líquido.

- Empurra!!

Ela virou novamente o copo em minha boca e acabei vomitando mais uma vez. Eu já havia vomitado três vezes.

- Assim não vale, gracinha. Quanto mais você vomitar, mais eu vou te dar… – Ela disse enchendo novamente o copo com aquele líquido de gosto horrível. Mas eu não vomitava de propósito. Eu já sentia os efeitos do veneno por meu corpo… e vômito era um dos sintomas… – Toma. – Virei o rosto na direção contrária a ela. – Vamos. Não seja má comigo.

- Má...? – A olhei. – VOCÊ É A PRÓPRIA MALDADE! – Ela novamente me tapeou no rosto. Respirei fundo.

- Se gritar mais uma vez comigo – Ela colocou a arma na minha cabeça. – Eu atiro em você e depois atiro em mim. Não te deixarei em paz nem no inferno...!

- Eu não vou para o inferno, você que irá!

- Inferno é pouco pra você, SUA PUTA!! Você ROUBOU O HARRY DE MIM, DESGRAÇADA!! – Comecei a chorar e sem paciência ela novamente me amordaçou com violência. Ela só tirava a mordaça para me obrigar a beber aquele veneno. Tudo para não me ouvir chorar e murmurar por Harry.

Algum tempo se passou e eu ainda estava sentada no chão com os braços e mãos amarrados. Ela bebia uísque, sentada em uma poltrona, de forma tranquila. Ela mantinha a mão esquerda abaixada e eu sabia que ali ainda estava a arma.

Vez ou outra ela vinha até a mim para me dar um tapa no rosto com toda a sua ira.

- Como bolou tudo isso, Alisson...? – Ela tinha armado tudo. O rapto, toda aquela munição, cordas, o veneno.

- Esqueceu que eu tive o melhor professor...? – Indagou-me – Alex… – Sorriu com escárnio.

- Ele está metido nisso?? – Meus olhos se arregalaram.

- Não. – Riu caminhando até a mesa. – Ele certamente me mataria com as próprias mãos se soubesse. Afinal ninguém pode tocar na sua doce Dianna…  Uísque? — Ela me ofereceu, com um sorriso cínico no rosto.

Neguei com a cabeça.

Encarei-a por alguns segundos observando-a colocar mais daquele veneno em um copo. Ele estava em uma enorme garrafa de leite.

- Hora da sua bebidinha… – Ela disse tirando a minha mordaça.

Esquivei-me do copo.

- Beba LOGO!! – Ela deu um chute em minhas costelas. Gemi de dor. Abri os olhos e encarei aqueles olhos mais frios que nunca.

- Não vou beber. – Murmurei segura.

- Beba ou ele morre.

Suspirei chorosa e assenti me rendendo.

Ela virou o copo em minha boca que me contive para não vomitar de volta.  

Ela esperou alguns segundos e sorriu.

- Boa garota. Não vomitou… – Virei o rosto na direção contrária a ela. – Agora vamos para a segunda parte do meu plano.

Assustei-me de início.

Ela pegou meu celular e discou algum número.

- Tenho certeza que vai gostar dessa ligação.



 

Harry
 

Estávamos só eu, a minha mãe e um policial em casa. Ronald havia ido à delegacia para acompanhar de perto toda a operação de resgate. Mas para haver um resgate, teria que ter haver uma ligação, um pedido. E nada acontecia, nada!

Sentado no chão eu estava me sentindo mais inútil que qualquer outra pessoa. Só de pensar na Alisson a maltratando, em um possível cativeiro, com torturas, me fazia chorar mais ainda. Era tanta dor que havia em mim que eu não tinha ideia de como reagir, do que fazer. Eu estava louco para meter uma bala na cabeça da Alisson ou talvez para meter uma bala em mim mesmo e acabar logo com isso. Era culpa minha o que estava acontecendo. minha!

Eles mandaram o policial Miles até a nossa casa para se caso houvesse de novo algum contato da Alisson conosco, eles poderiam rastrear…

Ferida ou morta, eu só tinha que saber como a Di estava.

E foi então que o meu celular tocou. Eu já sabia que era ela. O arrepio que senti em minha espinha me avisou.

- É ela? – Perguntou-me o policial Miles.

Assenti trêmulo.

- Antes de atender, se for a vítima ou a sequestradora, segure ela na linha o máximo de tempo possível, por no mínimo cinco minutos. Esse aparelho que acoplamos ao seu celular vai nos possibilitar rastreá-las – Me instruiu o policial, assenti ainda tremendo. – Tente manter a calma, garoto.

Neguei com a cabeça, tremendo em dobro.

- Mãe, eu não consigo… – Murmurei em um choro copioso.

- Me dê, meu amor, eu atendo… – Estiquei o celular para ela e voltei a sentar no chão com a cabeça entre minhas pernas.

- Coloque no viva-voz. – Disse o policial.

- Alô…? – A voz da minha mãe soou puro horror.

- Olá, sogrinha. – Rosnei entre os meus joelhos.

- Alisson, onde vocês estão?? Como está a Dianna??

- Uma pergunta por vez, sogrinha. Mas por agora só irei lhe responder a segunda. Ela está bem. Só não quis comer… e está muito rebelde. Muito corajosa essa sua enteada… agir assim diante da mira da minha arma. – Apertei os olhos chorando mais forte ainda.

- Eu entendo… – O policial fazia sinais para a minha mãe se manter sempre calma. – Deixa eu falar com ela? Só um pouco.

- Não. Não quero escutar ela chorando. Ela custou para calar a boca.

- Por favor, querida, é sua sogra que pede.

- Tudo bem, mas será rápido. Pode falar, estamos no viva-voz.

- Anne! – A voz dela ao telefone me fez chorar mais ainda, engasguei em voz alta, mas logo cobri minha boca.

- Anjo!! Di, você está bem??

- Eu só quero ir para casa… eu só quero ver o Harry…

Abracei os joelhos, apertando os olhos, não conseguindo mais prender o soluço em minha garganta... já estava chorando compulsivamente, e alto, não consegui mais controlar.

- CHEGA!! – Alisson a tirou da linha – VOCÊ SÓ SABE FALAR DELE?! EU TE FALEI QUE SE VOCÊ CONTINUAR CHORANDO POR CAUSA DELE EU TE MATO!

Pensei em gritar, mas rapidamente o policial fez um sinal para que eu me silenciasse.

- Calma, Alisson, calma, querida. Esqueça a Dianna… vamos conversar… só conversar...

- E o que a senhora quer comigo?

- Me diz… como posso ajudar você?

- Pode me dar o Harry de volta...?

Neguei com a cabeça infinitas vezes, rosnando baixinho.

- Sabe que essa noite falamos sobre você? Eu e ele?

- Falaram?

- Sim… ele me contou do término de vocês...

- Não quero falar sobre isso.

- Mas, querida...

- NÃO QUERO FALAR SOBRE ISSO!!

- Tudo bem… tudo bem… então sobre o que quer falar?

- Eu já sei que o Harry está aí perto… eu o ouvi chorando por essa puta – Soquei o chão com toda a minha força.

- Calma, garoto. – Sussurrou-me o policial, apertando meu ombro, tentando acalmar-me.

- O que quer com meu filho...?

- Eu só quero avisá-lo que a sua queridinha está com as horas contadas.

Chorei juntando novamente os meus joelhos.

- Nós entendemos, mas olhe, querida, se você a libertar, eu protejo você.

- Eu imagino que sim, mas a polícia já deve estar na minha cola, não é...?

- Não. Não envolvemos a polícia nisso...

- Hum, obedientes...

- Você está precisando de alguma coisa, querida…? Se quiser eu posso levar para você… – Sagaz, a minha mãe tentou arrancar onde elas estavam.

- Não. Eu já tenho tudo que preciso. Tenho a Dianna e muita munição.

- Munição?

- Sim, para a minha 38 dourada.

De repente Ronald entrou pela porta da sala, eufórico.

- E aí, alguma notícia?!

Ele encarou a minha mãe ao telefone, ofegante.

- É ela??! É a minha filha??!

- Olá, sogrão postiço...

- O QUE VOCÊ FEZ COM A MINHA FILHA, SUA...

Antes que ele terminasse de dizer ela encerrou a ligação.

- DIANNA!!! – Foi o grito mais alto que eu já dei em toda a minha vida.

- Bom trabalho, senhora. Fez bem em mostrar compreensão e paciência, conseguimos rastreá-las. Mas vocês fiquem aqui... – Disse o policial.

- Não, jamais!! – Protestou Ronald. – É minha filha que está nas mãos dessa louca, eu vou com vocês!!

- Eu também vou, ela é minha irmã!! – Me juntei a ele.

- E ela é minha enteada...! – O policial nos encarou e soltou um suspiro pesado.

- Tudo bem, vem todo mundo, mas, sob as minhas ordens, entendido?

- Entendido. – Concordamos todos.

Seguimos para a viatura, e de imediato ele chamou reforços pelo câmbio. Conseguimos chegar primeiro que os outros policiais e eu mal pude acreditar que todo esse tempo elas estavam na casa da Alisson. Se eu tivesse sabido!

Tivemos que esperar mais viaturas chegarem para agir, afinal, o policial Miles estava sozinho em sua viatura. Todo o lugar parecia um palco de horrores. Várias viaturas espalhadas cercando a casa, a imprensa tentando descobrir qualquer coisa.

E eu, Ronald e minha mãe, no canto, rezando, para que a minha Di saísse a salvo desse local.

 



 

Dianna

 

- Ora, ora, olha quem está ali, Dianna...! – Ela me puxou pelo cabelo e me fez olhar pelo binóculo. – Polícia. Agora temos platéia... incluindo seu pai, a minha sogrinha e o seu ex-amor.

- Ele não é meu ex-amor, ele é e sempre será!! – Quase gritei em sua cara.

- CALA A BOCA! – Deu um tapa em meu rosto. – A ATUAL DELE SEMPRE SERÁ EU!

- Por favor, me solta, Alisson… a polícia já nos encontrou, se entrega…

- PREFIRO A MORTE! – Não demorou muito para o meu celular começar a tocar. – Mas eu te levo junto comigo! – Ela rosnou-me antes de atender. – Alô.

- Alisson aqui é o tenente Allan, sou o comandante da operação. Vamos negociar a soltura da vítima... me diga o que você quer? Nós providenciaremos.

- Já disse que não quero nada e já disse que não vou soltá-la! – Ela disse e encerrou a ligação.

Recomecei a chorar já sem esperanças.

- Tá com saudade do Harry? – Ela tinha um olhar psicótico, simplesmente assustador.

Engoli a seco e respirei fundo.

- ME RESPONDE, IDIOTA! ESTÁ COM SAUDADE DO HARRY?!

- SIM! – Ela não mediu forças e me deu mais um tapa na cara.

- Então vamos ver o quanto ele te ama...

Apertei o meu punho e fechei os olhos com força. Estava difícil até respirar...

Ela pegou meu celular e provavelmente ligou para o Harry de novo.

- Alô?

- Olá, Alisson, precisa de algo? – Disse o tenente Allan.

- Preciso de alguém na verdade – Senti minha garganta fechar-se. – Coloque o Harry na linha. – Ela disse enquanto olhava com um binóculo pela janela.

- Alô?!?! – Ouvir a voz dele me fez chorar mais ainda.

- Olá, amor…! – Ela disse lunática.

- Alisson para de show e solta a Dianna!!

- Não vou soltá-la... mas quero ver se realmente a ama… – Deu uma breve pausa. – Vem aqui.

- HARRY NÃO VENHA!! – Gritei com todas as minhas forças.

- CALA A BOCA!! – Ela gritou me apontando a arma.

- Eu vou… eu vou… mas não machuca ela, por favor, me dá só alguns segundos!

- Vem sem gracinha, okay? – Ela disse e desligou exibindo o seu sorriso mais vitorioso.

- O QUE VOCÊ PRETENDE, SUA MALDITA?! – Perdi todo o meu controle.

- TE MATAR NA FRENTE DELE!!




 

Harry

 

- Eu preciso ir... – Eu disse da forma mais calma que pude.

- Não – Minha mãe disse agarrando meu braço e chorando. – Não! Não, não! Tem que haver outro jeito…! Tenente!!

- Mãe…mãe... – Tentei me soltar dela. – Mãe eu preciso ir logo! – Me afastei, olhando em seus olhos.

- Por favor não entre lá… – A puxei para perto de mim e tentei acalmá-la com um abraço.

- Você sabe que eu a amo… não me peça isso... – Sussurrei em seu ouvido sentindo-a me apertar mais forte.

- Senhora, eu cuidarei para que ele entre e saia em segurança. – Tentou tranquilizá-la o tenente Allan.

- VOCÊ NÃO PODE ME GARANTIR ISSO, TENENTE!! – Fiquei olhando para ela.

- Querida, calma...! – Ronald tentou abraçá-la, mas ela o empurrou longe.

Me pus na frente dela e ergui minhas mãos colocando-as entre as suas mechas de cabelo, encostando nossas testas.

- Eu vou voltar.

Ela estava trêmula de um jeito que nunca vi antes.

- Ela vai matar vocês dois… vocês dois, filho… – Fechei os olhos rapidamente, respirando fundo antes de tornar a encará-la.

- Se for preciso eu morrerei pela Dianna…

- Harry, facilite as coisas. – Repreendeu-me o tenente Allan.

- Eu não quero enganá-la. – O olhei. – Se algo acontecer comigo quero que ela saiba porquê fiz.

- NÃO. – Ela gritou me agarrando bruscamente.

- Mãe… – Uni nossas testas de novo. Sua expressão de tristeza fazia as minhas pernas fraquejarem.

Eu estava entre a cruz e a espada. Eu estava entre os meus dois maiores amores.

Ir ou ficar?

Não queria ir e deixar a minha mãe sofrendo, quase morrendo por mim… mas se eu não fosse... talvez nada pudesse salvar a Dianna… e eu tinha que tentar… pelo meu imenso amor por ela eu tinha que tentar!

Minha mãe ainda estava com a testa colada na minha, nossas mãos se perdiam em nossos cabelos, e nossas lágrimas misturavam-se. Ela vez ou outra beijava o meu rosto e me pedia para ficar…

- Sinto muito, mas, estamos perdendo tempo. – Disse Allan.

- Eu não vou deixar o meu filho ir!! – Ela o disse raivosa.

Assenti para o tenente.

Colocaram na minha camisa um microfone onde os policiais dentro da cabine escutariam em tempo real a nossa conversa.

- Harry. Por que está fazendo isso pela minha filha...? – Ronald fungou rapidamente, levando sua mão até as mechas de seu cabelo.

- Porque eu a amo como você, Ronald. Como a minha mãe também a ama, e como todas as pessoas que um dia a conheceram… – Ele assentiu choroso. – ...qualquer pessoa que a conhecesse iria fazer isso por ela.

- Harry, ela está ligando de novo, rápido! – Me disse Allan.

Olhei para a minha mãe e ergui minha mão a enfiando entre seus cabelos, eu só queria tocá-la… quem sabe por uma última vez.

- Se alguma coisa acontecer comigo, eu te amo. E me perdoa. – Ela chorava sem conseguir me soltar.

Afastei suas mãos de mim, virando-me para ir.

- HARRY!!!

Comecei a correr o mais rápido que pude até a entrada da casa...

Sentindo as minhas lágrimas se chocarem contra o vento...

O aperto em meu coração estava doendo demasiadamente…

Nada poderia ser comparado com a dor de deixar sua mãe gritando para que você volte.



 

Dianna

 

- Não entendo essa demora toda...! Ele me pediu só alguns segundos – Resmungava ela, andando de um lado para o outro na sala. – Está vendo como o amor de vocês é fraco...? – Nos encaramos friamente. – Ele nem te ama tanto assim. – Disse ao sorrir satisfeita.

- Pois espero que ele NÃO ENTRE NUNCA!! – Dessa vez ela me socou.

Tive que cuspir o sangue.

Rapidamente a porta principal se abriu e Harry apareceu.

Comecei a chorar mais ainda.

- Amor, finalmente você chegou...! – Disse Alisson.

Os dentes dele se travaram. Seu rosto vermelho e os olhos inchados revelavam o tanto que ele havia chorado.

- Solta ela – Ele se aproximava com calma. – Eu troco de lugar com ela.

- NÃO!! – Gritei exasperada.

- CALADA!! – Alisson gritou me apontando a arma.

- ...deixa eu abraçar ela, por favor…? – Harry a pediu, mas ela começou a gargalhar.  

- Claro… que não! – Apontou com a arma para uma cadeira. – Senta aí. – Percebi que Harry olhava fixamente para a arma dela e ela também percebeu. – Gostou...? – Engoli seco. – Ela é dourada como essa aliança ridícula que está no dedo dela… e no seu… ou melhor ainda… como a aliança que você NUNCA ME DEU!! – Me encolhi de medo.

Pra ela atirar nele não precisaria nem de um suspiro...

- Styles… Styles… – Ela começou a rondá-lo. – ...quero te mostrar algo muito importante... mas, para que você não tente me atrapalhar eu vou ter que te amarrar...

- Ok, mas solta ela.

- Impossível. A Dianna é a atração principal do show. – Ele me olhou por um segundo, porém ela virou o rosto dele com violência.

Rosnei puxando meus pulsos, tentando inutilmente soltar as amarras.

- Senta na cadeira agora!

Ele sentou e jogou as mãos para trás deixando que ela o prendesse.

E eu sabia que havia chegado o momento.

Eu sabia que esse tal show era ela me matando perante à ele.

Então eu só pedi a Deus que o protegesse depois que eu partisse, e também pedi que ele não fizesse nenhuma besteira contra si mesmo após a minha partida.

Quando ela se agachou para amarrar as mãos dele, ele me olhou, e eu, mesmo chorando, consegui sussurrar um ‘‘eu te amo’’ do qual ele retribuiu com um ‘‘eu também te amo’’.

Que para a nossa sorte Alisson estava tão concentrada em dar os nós, que não viu.

- Pronto. – Ela disse ao se levantar. – Agora vamos ao... – O meu celular tocou bem na hora. Pareceu até estratégico. – Salva pelo telefone, garota – Ela me disse antes de atender. – Não precisam se preocupar com a gente, nós três estamos nos divertindo muito...!

- Imagino que sim. – O tenente disse em tranquilidade. – Tem uma pessoa aqui querendo falar com você…

- Não quero falar com ninguém! As duas pessoas que me interessam estão aqui dentro!

- É a sua mãe...

- Como assim...? – Sua expressão era confusa. – Minha mãe não mora em Londres.

- Eu sei, mas ela veio te ver. Está preocupada com você. Quer falar com você. Você quer falar com ela?

- Quero!

Mirei Harry, confusa.

- Filha!

- Mamãe!

- Filha, eu estou te esperando aqui fora.

- Não dá, mãe. Se eu sair serei presa... você sabe…

- Sei sim… mas prometo tentar te proteger ao máximo… volte comigo para a nossa cidade…

- Não posso, mãe… não posso deixar Harry aqui. Eu o amo, ele me ama…

- Filha vocês não estão mais juntos… as coisas acontecem… eu sei que dói, mas eu estou ao seu lado e sempre vou estar…

- Você nunca me entende…

- Filha me escute…

- NÃO! – Ela interrompeu sua mãe. Harry e eu nos entreolhamos assustados. – Eu não quero ouvir mais nada!! Eu preciso ir agora – Disse inquieta. – Eu amo a senhora. Adeus.

Alisson desligou a ligação aos prantos... e por ter ouvido toda a conversa entre elas, eu senti pena daquela mãe… talvez até pena da própria Alisson…

E ela percebeu esse meu sentimento.

- NÃO SINTA PENA DE MIM! – Ela me deu um novo tapa no rosto.

- NÃO ENCOSTA NELA!!!! – Berrou Harry.

Ela o deu um tapa também, mas o seu foi tão forte que o sangrou.

- Eu que irei sentir pena de você! Sabe por quê...? – Fiquei calada. – RESPONDE, MERDA! É UMA PERGUNTA!

- Não sei porquê…

- Porque o Harry vai me dar um beijo bem gostoso, na sua frente... para esfregarmos na sua cara o quão apaixonados ainda estamos!

- Não, eu não vou te beijar!! – Ele tentava se soltar da cadeira, mas ela o tinha amarrado bem forte.

- Harry, beija ela.

- NÃO VOU!

- NÃO VAI?! – Ela colocou o revólver na minha cabeça. – Ou você me beija ou eu mato ela agora.

- Pode atirar... – Falei com toda a calma do mundo.

- O QUE VOCÊ FALOU?!/Dianna não!! – Ambos disseram.

- Atira. Não aguento mais isso... eu morro. Mas com muita pena de você... – Ela me deu um soco no rosto e em seguida outro em minhas costelas.

- Não machuca ela!! Me bate!! Me mata!! Mas não machuca ela, eu te imploro...!!! – Harry disse em prantos. 

- Tudo bem, amor, eu prometo não bater mais nela... – E em seguida ela me deu um novo soco.

Ele entrou em desespero gritando e chorando coisas que eu sequer entendi.

Meu coração quase quebrou com a visão do choro dele por mim...

- ...vou matá-la de tanto soco... vai me beijar ou não...?

- , EU BEIJO! EU BEIJO! Mas sai de perto dela!! Para de machucar ela...!! – Seu queixo tremia tanto que dificultava toda a sua fala.

- Não precisa, Harry... – Tentei impedir.

- Cala a boca e olha pra cá! – Alisson se abaixou ficando na altura do rosto dele. – Me dê um beijo apaixonado como sempre me deu, e você – Apontou a arma para mim. – Olhe bem.

Harry ainda chorava e me olhou suplicando por meu perdão…

Sorri calmamente assentindo.

Ele deu um selinho nela, que obviamente não ficou satisfeita, e lhe forçou um beijo de língua.

Ele tentava sair daquele contato, mas como...? Estava tão amarrado quanto eu com aquelas cordas!

O beijo só terminou quando ela quis.

- Viu...? A gente se ama.

- EU ODEIO VOCÊ!! – Harry literalmente cuspiu na cara dela.

Ela limpou o rosto e novamente apontou a arma para mim.

- Vai pagar caro por ter feito isso!

- POR FAVOR, ME MATA!! MAS NÃO ELA, POR FAVOOR!!! – Ele gritou de olhos fechados, chorando desesperado.

- Não consegue assistir isso...?

Ele negou com a cabeça infinitas vezes.

- Abra os olhos.

Ele negou de novo.

- ABRA!

Ele foi abrindo os olhos devagar e me olhou desolado...

Sorri para mostrar que estava tudo bem...

Mas ele não acreditou e chorou mais exasperado ainda.

- Atira em mim... atira em mim agora!! – Ele pedia e pedia.

- NÃO, HARRY!! – Gritei apavorada.

- Você só está estressado… – Ela começou a acariciar o rosto dele e limpar suas lágrimas. – Eu jamais atiraria em você, meu amor… jamais…

- NÃO ME CHAMA DE AMOR E ATIRA!!

- Calma, Harry... calma, calma… – Eu só tentava acalmá-lo. Ele tinha que parar!

- Amor, eu não tenho motivo para atirar em você…

- EU NUNCA TE AMEI!!! – Ele berrou literalmente na cara dela. – Enquanto namorava com você eu SEMPRE pensava na Dianna!! Quer saber mais?!? A Dianna que é a dona do meu coração desde SEMPRE!! Tudo com ela é mil vezes mais maravilhoso do que com VOCÊ!!! – Alisson tampava os ouvidos na tentativa de não ouvir aquilo.

Já eu só pedia para Harry parar de falar, para parar de provocá-la, ela poderia atirar nele a qualquer momento!

Mas ele não me ouvia... Porque era exatamente isso que ele queria.

Provocá-la até que ela atirasse nele…!

- Isso é mentira… é mentira… – Ela andava com a arma na mão tentando não ouvir.

- Ela é melhor do que você EM TUDO!! Muito mais linda, inteligente, carinhosa, e mais gostosa – Ela rosnou para ele.

- ...para se não eu vou te matar, amor... – Colocou a arma na cabeça dele.

- MATA LOGO! – Ele gritou.

- HARRY PARE! – Gritei para ele.

- Amor... para de falar assim, por favor… – Ela pegou o rosto dele entre as mãos. Eu apenas chorava diante daquilo tudo.

- EU AMO A DIANNA MAIS DO QUE QUALQUER COISA NA MINHA VIDA!! – Ela arregalou os olhos, estática. E em meio a toda aquela tragédia que estávamos passando, eu consegui sorrir. – Eu deixei A MINHA MÃE lá fora chorando por mim para vir até aqui ficar com ela! Você ainda acha que eu deixaria algo nos impedir de ficar juntos...?! – Ela ainda estava congelada, porém apontou a arma para mim e a engatou. – Se ela morrer, eu morro também! Nem que para isso eu me mate! Então se você pensa que matando-a nós iremos ficar juntos, ESQUEÇA!!

- CALA A BOCA, HARRY, CALA A BOCA! – Os gritos dela ecoavam por toda a casa. – Você é meu, só meu, MEU…!

- Eu não sou seu!! Eu nunca consegui ser seu...!! Eu tentei por três vezes!! Mas até na cama, quando eu te tocava ERA NELA QUE EU PENSAVA!!

- AGORA CHEGA!! – Ela empurrou a arma no meio da testa dele.

Ele desviou os olhos, olhando rapidamente para mim.

Eu te amo, consegui ler em seus lábios…

Meus olhos se fecharam de súbito e em seguida ouvi um disparo.

- HARRY!!! – Gritei ainda de olhos fechados.

Eu não queria abri-los.

Não conseguia...

Não podia...

Não aguentaria ver Harry... morto...!

 


Notas Finais


#R.I.P

Vamos, coloquem todo o seu desespero pra fora...


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