História I Can Make You Happy - Parabéns Lauren

Pov. Lauren 

Olhei com certo desprezo todos aqueles papéis em cima da minha mesa e respirei fundo virando outro copo de whisky. Minha vontade era de abrir todas as minhas janelas do escritório e jogar tudo por ali. 

Sim. Meu humor hoje não está nada agradável e tem sido assim desde que minha namorada me deixou para ir a Suíça e isso já tem três semanas. E mesmo falando com ela todos os dias por telefone e chamadas de vídeo, não é a mesma coisa. Eu preciso do seu abraço, sentir seu cheiro, seus beijos, ouvir sua voz sussurrando em meu ouvido o quanto sou linda e o quanto sou amada... Deus! Eu vou pirar! Se não tiver Camila, minha vida não faz sentido nenhum.

–Laur! 

Ouvi a voz de Dinah me chamar e levantei meu rosto tirando minha atenção dos papéis de um novo cliente.

–Não acha que está bebendo demais? –Disse olhando para o copo que acabei de encher pela terceira vez no dia. – Hoje ainda é terça feira pensei que você só bebia em finais de semana.

–É a única coisa que me deixa relaxada então eu não ligo. –Dei de ombros e peguei os papeis que ela me estendeu. – Eu ainda tenho dez dias sem ela. A bebida me ajuda a suportar tudo.

–Só toma cuidado para quando ela voltar seu fígado ainda esteja funcionando. Pare de beber Lauren!

–Não se preocupe. Por hoje já parei.

–Ótimo! – Disse feliz.

Assim que fui assinar os documentos para Dinah ouso mais uma vez o som de mensagem chegar em meu celular. Nem precisei abrir a mensagem para saber que era Vero, ela estava tentando me provocando mandando fotos de Camila enquanto era entrevistada por várias repórter lindas. Irritada passo minhas mãos em meu rosto, estou pegando fogo de ciúmes.

Pelo que vi em todas as fotos e nas chamadas de vídeo que tive com minha namorada ela está linda e bem mais charmosa. Camila agora estava bem transformada por causa da campanha, seu corpo estava bem tonificado, a pele e cabelos estavam muito bem cuidados. E ela não parecia mudada só nos atributos físicos, também tinha o fato de mais atitude, personalidade forte, e um carisma incrível diante das câmeras. Como ela conseguiu mudar em tão pouco tempo eu não sei, só sei que agora sim eu enfarto. Ela está perfeita... ELA É PERFEITA... As mulheres vão cair matando.

Me sinto ridícula e imatura em desconfiar de Camila quando lembranças dos nossos momentos juntas invadem minha mente. Lembro-me com clareza de Camila dizendo que me amava e que nós nos pertenciamos como almas gêmeas, e logo um sorriso grande surge em meu rosto. Sinto uma corrente elétrica atravessar todo meu corpo provocando um estranho incomodo em meu estômago. Com o sangue correndo rápido em minhas veias percebo meu estômago embrulhar, mais que depressa corro até a primeira lixeira que vejo e vômito todo o meu café da manhã. Mas que merda! 

–Laur! –Preocupada Dinah me ajuda a levantar do chão. –O que foi isso? 

Ela passa as mãos pelo meu rosto e me ajuda a ir até o banheiro. Minhas pernas perdem a força por alguns segundos quando me encosto na pia do banheiro. Que porra é essa? E por que aconteceu tão rápido? Fiquei bêbada com três copos de whisky? Ou aquilo estava estragado?

–Você não está nada bem. Está bem mais pálida que o normal. –Dinah diz enquanto passo uma água por meu rosto. – Vou pedir a Cara para chamar Charles. Ele vai levar você até o hospital.

–Não! – Digo áspera antes que ela saia. –Nada de hospitais. Estou bem já disse.

–Então vá pra casa, descanse e pare de beber está claro que isso não está fazendo bem para você. – Me ordenou. 

–Não, eu ainda tenho uma reunião...

–Não me importa. – Disse séria. – Ou você vai descansar ou juro que ligo para Camila e digo a ela sobre sua teimosia.

Olhei com incredulidade para Dinah e ela cruzou os braços não se intimidando com meu olhar mortal sobre ela. Que merda! Mais essa agora.

–Enquanto você se recompõe vou avisar a Cara para remarcar seus compromissos e chamar seu motorista. 

–Dinah!

–Sem protestar Lauren. Prometo que tudo é para seu bem. – Me deu um sorriso amigável e saiu do banheiro.

Confesso que fiquei irritada com Dinah por ter praticamente me obrigado a ir para casa, mas no momento em que tomei um banho e deitei na cama eu respirei aliviada. 

–Olha só, toma esses remédios aqui e vai ficar novinha em folha. –Dinah me entregou dois comprimidos e um copo d'água. – Sabe... estou surpresa em ver você passando mal com duas dose de whisky. Quando saíamos em grupo você era a mais forte de todas, bebiamos a noite toda e ainda cuidava de mim e da Vero.

–Acho que estou ficando velha. É a idade chega para todos. –Digo brincando e ela sorri.

–Eu discordo, acho que agora que você está no tempo de aproveitar.  –Se senta perto de mim e segura minha mão. – Agora... sobre o enjôo, é a primeira vez que vomita assim? 

Respiro profundamente lembrando que ontem quando fui escovar os dentes o cheiro do creme dental embrulhou meu estômago e me fez jogar fora meu jantar.

–Não. Ontem a noite e hoje pela manhã também não me senti muito bem. –Respiro fundo cobrindo meus olhos com meu braço. –Ontem quase coloquei meu fígado pra fora. –Respondi e depois me sentei ereta na cama. –Será que estou doente? Ultimamente ando tão cansada e com tanto sono. Será que é anemia ou algo grave?

Agora fiquei assustada.

–Ou talvez você esteja grávida. – Dinah soltou como quem não quer nada e eu quase engasguei com minha própria língua.

Depois do susto tive um ataque de risos ao ouvir tamanho absurdo. Eu estava me cuidando tomando anticoncepcional e quase sempre lembrava Camila de colocar camisinha então é praticamente impossível estar grávida. Disso tenho absoluta certeza.

– Não viaja Dinah! – Revirei os olhos. – Deve ser porque eu não ando me alimentando direito e agora que adquiri essa rotina louca de beber quase sempre meu estômago não está aceitando bem.

–Não sei não em... – Insistiu no assunto. – Se não é a primeira vez que tem enjôo e anda bem sonolenta você deve ao menos pensar na hipótese de uma gravidez. Sua menstruação ao menos está regulada? 

Lancei um travesseiro na cabeça de Dinah.

–Para de colocar coisas na minha cabeça. Eu não estou grávida. Que merda!

–Como pode ter tanta certeza? Pelo que me disse sua namorada tem um pinto e que funciona muito bem, dá pra perceber com seus comentários. A não ser que o brinquedinho dela venha com defeito. Uma vez li em uma revista que 10% dos homens têm problemas de fertilidade, imagino que para uma interxessual deve ser...

–Dinah chega! –Digo já me estressando. – O pau da Camila funciona muito bem e sim ela pode engravidar qualquer mulher, mas isso não quer dizer que estou grávida. Que saco!

Irritada eu me levanto da cama e assim que coloco os dois pés no chão... Oh não!

Sinto uma forte tontura, perdo o equilibrio e caio. Minhas pálpebras se fecham e de repente tudo está fora de equilíbrio, girando, caindo e inclinando. 

[...]

Bem devagar abro meus olhos tentando me acostumar com a claridade que está no quarto. Olho com atenção ao redor e percebo que estou em um hospital. O que houve?

–Olá Laur. –Olho perdida para Dinah que chega ao lado da minha cama com uma expressão preocupada.

–Eu disse nada de hospitais Dinah Jane. – Falo com calma.

–Sim, mas isso foi antes de você cair mole no chão do seu quarto sem nenhum motivo.

–Quero ir embora odeio hospitais. –Me sento na cama e quando vou retirar o instrumento que estava ligado em minha veia um médico entra no quarto.

–Boa noite Sra. Jauregui. –O senhor diz educado. –Como está se sentindo? 

–Ótima. Pronta para ir embora.

–Ainda temos alguns exames para fazer. Sua amiga me informou agora a pouco de alguns sintomas que você vem tendo e eu gostaria que fizesse alguns exames para saber se não é algo grave. –O médico informa.

Olha brava para Dinah e ela da de ombros despreocupada. OK eu posso fazer isso. É só uma simples coleta de sangue e depois vou estar livre para esfregar o teste na cara da minha amiga teimosa. A final é óbvio que não estou esperando um bebê. Sem chance!

Depois que concordei em fazer o teste não demorou nada e uma enfermeira veio colher o sangue. Sorrio para Dinah mas depois que vejo a enfermeira levar o material para exames me arrepio inteira. Camila e eu só temos dois meses de namoro, é muito cedo para termos filhos e ela tem só 22 anos, e eu as vezes nao tenho tempo para ir ao banheiro. Não temos estruturas emocional para cuidar de uma criança. Nem sei cuidar de mim direito que dirá de um bebê. Não posso estar grávida.

–Vero disse que Camila está voltando para Miami hoje a noite. –Dinah diz e eu me assusto com sua informação.

–Contou pra ela? –Pergunto irritada. 

–Não é claro que não. –Se defende. – Mas você sabe que os paparazzi não dão tempo e assim que tiveram uma chance nos fotografaram entrando no hospital de ambulância.

Inferno! Mais essa agora. O que vou dizer a Camila quando ela chegar? Deus me ajuda, que esse exame dê negativo.

Horas se passam e a cada segundo eu fico mais angustiada ainda tenho a sensação que a qualquer momento vou desmaiar novamente. Olho para Dinah e ela está dormindo na cadeira de acompanhante. A três horas atrás recebi uma ligação de Camila e meu coração se partiu ao perceber que ela estava chorando preocupada comigo e tudo só piorou quando ela me pediu perdão por ter ido fiquei tão abalada que chorei junto. Estou tão sentimental ultimamente... porra. Para minha infelicidade o médico só aparece às nove da manhã depois que passei a noite inteira acordada entrando em crise de pânico. 

–Bom dia Srta. Jauregui. Como está se sentindo? – Ele pergunta sorridente e eu sento na cama tentando ficar calma.

–E os resultados o que diz aí? –Falo rápido.

Ele me olha com um sorriso amigável e eu tento controlar minha ansiedade. Oh Merda acho que vou vomitar se ele não dizer logo oque deu na porra do exame.

 –Parabéns, você está grávida de sete semanas! –Diz o médico sorrindo logo depois e ler o resultado do meu exame.

Eu abro a boca mas não consigo emitir nenhum som. Estou surtando, apavorada. Dinah notando meu estado de pânico senta ao meu lado e me puxa para um abraço acolhedor.

–Parabéns Lauren. –Diz com um sorriso bobo no rosto e desfaço nosso abraço.

–Isso não devia ter acontecido. Porra nos só temos dois mesesde namoro. – Falo zangada.

–Lauren! Deus sabe o que faz, você devia ficar feliz. 

–Feliz? Pelo amor de Deus Dinah, veja merda que é a minha vida. Sou um mau exemplo para qualquer criança eu não presto para ser mãe. Isso é o fim do mundo.

–Ei não diga uma coisa dessas. – Ela me repreende séria. –Tem um bebezinho lindo aí dentro que não merece ouvir essas baboseiras. Ele é seu filho e da cowgirl, fruto do amor de vocês... entendo que esta assustada e apavorada, mas ele é uma bênção de Deus e não o fim do mundo.  

Perdida começo a chorar e rapidamente sou abraçada novamente por Dinah. Minutos são necessários para que eu me acalme com a bomba que foi jogada em cima de mim. Quem eu queria enganar? Estava na cara minha gravidez. Fiquei perdida em pensamentos, pensando em como isso foi acontecer sendo que eu tinha tomado a merda do anticoncepcional de seis meses, mas como em um balde de água fria o médico me informou que a injeção só foi tomada a oito meses atrás. PUTA QUE PARIU. Até nisso fui irresponsável. Como não lembrei que não ia ao médico a tanto tempo? Mas logo deixo essas perguntas de lado e outra toma conta dos meus pensamentos.

–Doutor eu não sabia que estava grávida então eu meio que... exagerava na bebida alcoólica, fazia esforço, e tinha uma horrível rotina de alimentação. Será que isso pode afetar o bebê? – Pergunto preocupada.

Ele então pede que eu o acompanhe até a sala ao lado para um exame detalhado e com a ajuda de Dinah me deito na maca. Se eu soubesse antes que estava grávida teria me cuidado não teria sido tão irresponsável. Lágrimas se forma em meus olhos enquanto o médico passa um aparelho sobre minha barriga.

–E então doutor? –Pergunto com a voz trêmula.

–Bem, Lauren temos um problema. –Diz olhando para o monitor.

Imediatamente meu sangue corre lentamente em minhas veias e eu fico pálida, a ponto de desmaiar. Por favor Deus que nada de ruim aconteça com meu filho. Sinto um turbilhão de sensações crescer dentro de mim coloco uma mão sobre minha barriga e lembro de Camila. Terei para sempre um pedaço da mulher que amo comigo. Mas então lembro que minha namorada não queria ter filhos. Qual será sua reação ao souber que será mãe? 

–Qual é o problema doutor? – Pergunto eufórica.