História I Did Not Forget You|| Vkook - Taekook - XX||

Capítulo 22

~*~

Taehyung enterrou seu rosto na curvatura do pescoço de Jungkook — acabando por molhar o local com suas úmidas lágrimas —, e enlaçou os ombros alheio, colando seus corpos num abraço afetuoso.

Incontáveis minutos de silêncio se passaram.

O beta sentia seu coração pulsando forte. Estava com certo receio em olhar os olhos negrumes do outrem, temia pelo que poderia acontecer quando este abrisse a boca para lhe dizer o que quer que fosse, sobre o que acabara de confessar-lhe. Entretanto, o silêncio por parte do alfa, o deixava deveras nervoso.

Respirou fundo antes de se afastar minimamente do corpo pálido. Não ousou olhar no rosto do garoto a sua frente. Secou os vestígios de suas lágrimas e fungou baixo, pondo fim a seu estado dramático.

Naquele momento, sentia vergonha de ser quem era e tinha repulsa de si mesmo, por ser um fraco como estava sendo, na frente de um alfa.

Fôra despertado de seu devaneio, quando sentiu toques sutis em suas bochechas levemente rosadas. Seu rosto foi erguido de modo cauteloso.

— Você era só uma criança, Tae. - o alfa intercalava o olhar entre as orbes opacas.

O mais velho comprimiu os lábios e sustentou o olhar do moreno sobre si, mesmo que sua vontade fosse de sair disparado dali.

— Era inocente. Ainda é. - o mais jovem passou a acariciar o rosto amendoado e em seus lábios, um sorriso insistia em crescer.

Taehyung por um momento, sentiu vontade de acompanhá-lo no riso, todavia, havia notado algo estranho na fala do outro. Não se lembrava de ter comentado com o mesmo, sobre aquele acontecimento passado. Na verdade, estava convicto de não havia dito e nem insinuado tal coisa.

— J-jeongguk, do que está falando? - precisava se certificar de que ele realmente estava falando de si.

— Não quero que se sinta desconfortável. - o alfa pousou suas mãos na cintura alheia. — Eu te marquei, Kim. De certo modo preciso conhecer-te melhor.

A surpresa estava estampada na face do Kim, mesmo que internamente seu sangue percorresse furioso por suas veias.

Tentada compreender como o moreno avia descoberto aquela história até que, como uma lâmpada, algo ascendeu em sua mente.

Não podia acreditar que fôra traído daquela forma, por aquela pessoa.

— O que Taeyong te disse? - sua feição mudou para séria em questões de segundos.

— Tae, calma. Eu sinto sua raiva. - seus dedos se apertaram mais sobre a cintura do beta, sem machucá-lo. — E antes que você tome decisões vingativas... não foi seu irmão quem me contou.

O acastanhado encarou o rosto juvenil sem entender. Para si, não havia outra explicação que não fosse seu irmão o informante de Jeon.

Sentiu seu corpo se acalmar aos poucos, quando o moreno passou a deslizar as pontas dos dedos, sobre a marca em seu pescoço.

— No primiero dia em que mudamos de casa, você apareceu na casa do Taey e começou a falar sobre sua mãe com ele. - Jungkook finalmente desviou o olhar e fitou as mãos do beta, que agora se mantunham sobre as suas. — Acho que vocês esqueceram que tinha mais um alguém na casa e... o Yoongi ouviu a conversa entre vocês.

A feição pasma feita pelo de maior idade fez com que Jeon sentisse uma enorme vontade de rir, porém forçou-se a não deixá-la escapar. Afinal, aquele não era nem de longe o momento para se deixar rir.

— Eu não sei se você sabe mas, Yoongi tem abilidades em ler mentes. - o moreno deu-se uma pausa para encarar as orbes castanhas. — E ele viu tudo o que você pensou, Tae.

O beta sentiu seu corpo amolecer.

Estava sendo pouco difícil crer que o Min havia mesmo sido evasivo ao ponto de descobrir seus pensamentos mais profundos sem seu consentimento, e para completar ter o comentado com os amigos.

Amigos...

— Jeon, quem sabe disso? - o medo estava estampado em seu olhar.

— Calma hyung! - o moreno passou a acariciar o dorso da mão do outrem. — Yoongi hyung não contou a ninguém. Me deixe te explicar...

— Então vamos logo com isso, por que eu estou muito confuso!

Enfim o alfa se permitiu rir, acabando por presenciar as costumadas caretas degostosas do Kim. Balançou a cabeça em negação e permaneceu ligeiros segundos em silêncio, para por fim prosseguir com o diálogo.

— Yoongi muitas vezes fala a noite, dormindo, tudo aquilo que ele vê na mente das pessoas. Eu, por ironia do destino... - observou o beta revirar os olhos, mas resolveu não dar atenção. — durmo no quarto ao lado do dele e, acabei ouvindo.

Mais uma vez o silêncio se encontrava entre ambos. Entretanto, o silêncio não era desconfortável como os outros. Estavam apenas em um pequeno momento de reflexão.

Taehyung ainda se mantinha sobre as pernas do moreno, com suas mãos sendo seguradas e acariciadas pelo mesmo.

— Eu já estava armando um plano para acabar com Min Yoongi.

A fala repentina do Kim fez com que o outrem franzisse o cenho antes de rir — e ser acompanhado pelo mais velho — por ter entendido o dito.

— Por que isso não me surpreende? - questionara com falsa indignação.

O acastanhado respondeu-o com um leve tapa no ombro, antes de se por de pé. Esticou sua mão direita para o outro, que aceitou sem exitar.

— Precisamos falar com o diretor sobre essa coisa em nossos pescoços. - o informou enquanto já seguia caminho para o prédio escolar.

— Isso não é coisa, Kim Taehyung! É uma marca, feita por um alfa. Eu. - sorriu ao fim da frase e olhou discretamente para a marca no pescoço levemente bronzeado.

— Que seja!

[...]

Os garotos estavam parados em frente a porta da direção. Jungkook sentia suas pernas vacilarem a cada pulsada de seu coração, já o Kim estava inexpressivo, mesmo sabendo que seu progenitor seria chamado para saber das boas novas, e que seria certamente rebaixado na frente de seu alfa e provavelmente dos pais do mesmo.

Após um suspiro, o moreno resolveu bater a porta e filtrar suas inseguranças.

Não se demorou para ouvirem a confirmação de que podiram entrar. E assim, o alfa fôra na frente.

— Oh! Jeon Jeongguk e... Kim Taehyung(?) - o nome do beta saira com desdém da boca alheia. — O que aconteceu?

O mais novo ali presente, desviou sua visão para o acastanhado, notando o mesmo sustentado o olhar desafiador do diretor. Sentiu-se deveras curioso com o ato de ambos e resolveu que depois que tudo se esclarecesse, perguntaria o que havia entre os dois.

— Diretor Lee, o que temos para dizer é algo sério. - mesmo dando a fala, o homem não desviava o olhar de seu beta e aquilo o intrigou.

— Mas tudo o que se vem do Kim é algo sério. Mes diz o que ele fez? - por fim, o mais velho olhou para si, apenas por segundos.

Jungkook sentiu uma raiva absurda tomar conta de seu ser. A sensação vinha da marca e, queria entender por que motivos aquela insinuação do senhor Lee para com o acastanhado.

— Na verdade, diretor... - o alfa buscou o olhar do garoto ao seu lado, porém o mesmo apenas focava-se em revidar o olhar mortal para o beta mais velho. — O assunto é um pouco delicado. Talvez se o senhor pudesse olhar-me diretamente nos olhos eu... — respirou fundo.

Estava se exaltado devido a troca de sentimentos com seu marcado. A raiva do Kim estava afentando a si e fazendo-o, consequentemente, descontá-la no mais velho.

— Me desculpe. Não quis ser rude.

— Tudo bem, garoto. - levantou de sua cadeira, para posicionar-se de frente aos garotos, escorando a mesa. — Você parece tenso. Pode me dizer o que aconteceu?

Taehyung subitamente segurou a mão do moreno, fazendo o mesmo e até o diretor, olharem para si espantados. Seus olhos estavam azulados, o que chamava mais a atenção de ambos.

— Taehyung? - o mais novo chamou-o, todavia como resposta, recebera um rosnado. — O que acont_ - tentou levar sua mão livre para o rosto do outrem, contudo fôra impedido pelo olhar zulado do mesmo em sua direção.

Lee vendo aquela situação, pôs-se a andar com cautela para atrás de sua mesa. Conhecia o Kim — ao menas pensava conhecê-lo — e já tinha em mente quais seriam próximos atos. Abrira a primeira gaveta do móvel, sem fazer o mínimo ruído possível, e tirou de lá sua seringa já contendo o líquido amarelo.

— Jeonggukie, nós não pod_ - fôra interrompido pelo rápido movimento do mais novo.

O alfa se encontrava segurando o braço do mais velho, que mirava em sua direção a tão costumada agulha de líquido amarelado.

— O que pensava em fazer com isso? - Jeon questionou-o com tom ríspido.

— Ele iria te atacar, eu conheço esse olharzinho dele. - Lee crispou os olhos para o lado do Kim.

O beta mais novo bufou raivoso antes de puxar bruscamente a seringa da mão do diretor e mira-la na direção do pescoço do mesmo, fazendo o homem sacodir seu corpo tentando fugir do aperto do Jeon, este que segurou seu outro braço e puxou-o de costas para si, com as mãos para trás.

— Tae, não faça nada!

— Ah, mas eu deveria! - os olhos já se encontravam com um leve tom de amarelo. — Queria poder te fazer sentir todas as dezenas de agulhadas que você me deu, seu verme!

— E porque não faz isso? - Lee questionou em deboche. — Ainda trás um alfa para ajudar em seu plano de merda. - o homem revirou os olhos. — Não pensei que chegaria a este ponto, Jeon.

O mais novo franzira o cenho. Não entendia lhufas do que acontecia no momento, apenas tentava mante-los afastados um do outro.

— Jeongguk não tem nada haver com essa sua obsessão em me prejudicar. E outra, eu não armei plano algum!

A seringa fôra solta no chão e logo em seguida massacrada pela pisada forte por parte do Kim, fazendo o líquido de dentro da mesma, se alastras naquela pequena parte da sala.

— Vamos, Jeon. - deu as costas e saiu da sala, fechando a porta com força desmedida.

O alfa afrouxou o aperto nos braços do mais velho deixando-o livre. Viu Lee se abaixar ao lado dos destroços da seringa e pegar a agulha intacta, para colocá-la sobre a mesa por fim.

— Isso não vai ficar assim, Jeon. - a voz do beta saira simplista. — Tomem cuidado com seus atos. - o sorriso ladino brotado nos lábios finos, deixou o garoto ainda mais confuso.

Sem dirigir nem mesmo uma última palavra para o diretor, saira da sala em busca de Taehyung, encontrando-o não muito longe da porta.

Aproximou-se rapidamente do acastanhado e observou que este se encontrava com uma feição deveras estranha, assim como um clima tenso o rondava. Decidiu apenas acompanhá-lo no silêncio quebrado de segundos por suas passadas.

[...]

Jeon acompanhou Taehyung até o antigo quarto individual do mesmo.

Encarava o Kim sentado sobre o colchão da cama com um olhar pensativo. Estavam a minutos daquele modo. Não haviam se pronunciado desde a confusão na sala da direção.

O alfa deslizou suas costas pela parede gélida até sentar-se no chão ao lado da porta. Dobrou sua perna esquerda, apoiando o braço de mesmo lado sobre o joelho e suspirou baixo, tentando não despertar o outrem de seus devaneios.

— Me desculpe. - ergueu rapidamente sua cabeça, encontrando com o tão acostumado olhar acastanhado do beta. — Eu percebi que minha raiva estava te afetando.

O moreno teria o respostado, todavia fôra interrompido pela continuação da fala alheia.

— Não consigo me controlar perto daquele homem. Ele é repugnante! - se exaltou ao fim da frase. — Está vendo? Apenas em falar dele meu humor altera. - o mais novo se deixou rir baixo.

— Tudo bem, Tae.

— Não Jeon, não está bem. - o Kim cruzou as pernas sobre o colchão e posicioniu-se de frente para alfa. — Eu posso sentir sua curiosidade.

Taehyung encarou brevemente o mais novo do outro lado do quarto.

Não entendia como havia chego aquele ponto mas, queria matar a curiosidade alheia, contando-lhe todos os acontecimentos de sua vida. Sua confiança para com o alfa, aumentava a cada dia sem seu consentimento.

Pensou então que, por ele ter ficando consigo furante seus dias doentis, seus instintos o fez encontrar a confiança entre a pequena amizade que possuíam.

— Diretor Lee sempre me tratou mal e sinceramente, eu não faço ideia do porque. - o beta encolheu seus ombros no memento em que puxara o ar para seus pulmões. — Ele e meu pai são assim comigo, você já deve ter uma ideia do porque meu progenitor agir como tal... - ele se refeira a morte de sua amada mãe. — Por isso eu não queria contar sobre a marca, Gguk. Nem contamos ao idiota do Lee sobre isso, e ele quis me atacar daquele jeito.

Jungkook reparou na feição de desgosto do outro. Resolveu não comentar no momento, pois sabia que ele não havia acabado seu discurso.

— Desde a morte de minha mãe, eu passei a ser uma outra pessoa. Digamos que mais agressivo e de coração de pedra. - o sorriso amargo que deixara escapar, fez o mais novo concentrar-se ainda mais em si. — Por alguns acontecimentos passados, meu poderes são ativados pela fúria, e eu estou a todo momento furioso... Lee e meu pai, são como melhores amigos e sempre procuram maneiras de me concertarem. Mas sabe, Jeongguk? Aqueles caras não podem querer arrumar algo que eles mesmo criaram.

" Depois do trágico acidente ocorrido a mamãe, eu passei a surtar sem motivos. Independente do lugar onde eu estava, era inevitável controlar o fogo pulsante em meu corpo. Ele pedia para sair e eu apenas obedecia... Lembro da vez que tive um ataque enquanto dormia. Fui acordado pelos gritos daquele que se diz meu pai, ao meu redor, todos os móveis estavam em chamas e meu desespero fazia o fogo se intensificar mais, mas eu não conseguia controlar. Afinal, eu tinha apenas oito anos. Nós conseguimos sair da casa, contudo, nada pode ser recuperado. Graças ao Kim, com sua gloriosa abilidade com ventanias, as chamas não se alastraram por todo bairro. Depois desse dia, ele nunca mais foi o mesmo comigo... Claro que na morte de minha progenitora, ele me reconfortou e deu-me toda atenção que podia. Era um pai perfeito, mas ainda não entendo a mudança drástica. Não encontro os motivos! Bom, na verdade, eu sou o motivo... Quando vim para essa escola, ele e o Kim fizeram uma forte amizade e foi aí que começaram as pinicadas. Todos os dias injetavam aquele maldito e angustioso líquido amarelo em mim. Você não faz idéia da dor que aquilo proporciona, mas meu corpo se acostumou a mesma. Eu não sabia para o que servia na época, porém hoje eu entendo. Aquilo tirava meus poderes por horas! Me mandavam para uma clínica, onde pessoas especializadas me agrediam. E tudo aquilo era apenas para eu aprender a controlar meu pânico. Foi pasando por isso, que eu comecei a ser movido pela raiva. Raiva de todos aqueles que me fazem mal... Minha abilidade se intensifica com a fúria; o fogo que tanto tento evitar, foge de mim com esse sentimento cabuloso."

Taehyung tinha sua cabeça baixa, o olhar distante, indicava que o mesmo viajava em suas amargas lembranças.

— Jeongguk, você e seus amigos conseguiram me fazer mudar, mesmo que minimamente. - o alfa levantou-se num piscar de olhos e enlaçou o acastanhado entre os braços.

O Kim retribuiu o jesto, enlaçando a cintura alheia e o puxando para sentar em suas pernas. Sentiu o moreno apoiar o queixo em seu ombro e afagar suas costas.

— Eu sinto muito por isso, Tae.

— Você não deve sentir nada. É passado. Estou sendo curado por vocês. - um sorriso frouxo surgira em suas lábios. — Obrigada por me ouvir, Ggukie. Eu me sinto tão mais leve. - apertou mais o alfa contra seu peito.

O mais jovem deixara um beijo estalado na bochecha do Kim, antes de se deixarem levar pelo silêncio e o aconchego dos braços um do outro. Podiam partilhar da leveza que tomava conta do corpo de Taehyung, devido a marca.

— Por favor, não comente isso com ninguém. Nem mesmo meu irmão sabe sobre o que lhe acabei de dizer. - o beta levou suas mãos as bochechas do outrem e separou minimamente seus corpos, apenas para olha-lo nos olhos. — Eu confiei em você para partilhar desse sentimentos, por favor, não decepcione. - acariciou a pele alva do alfa e fechou olhos antes de colar suas testas.

Jungkook deixou amostra seus dentes salientes, com o grande sorriso que não pôde segurar.

Uma sensação graciosa tomou conta de seu corpo. Seu beta estava pegado confiança em sua pessoa e aquilo o deixava deveras contente. Poderiam assim, partilhar de segredos e entre outros.

Juntou seus lábios aos do Kim num beijo lento e cheio de sentimentos, que logo fôra retribuído. Sua língua lentamente invadiu a boca alheia e se encontrou com a do outrem, passando a acariciarem-se uma na outra. O acastanhado deixara escapar um arfar, quando Jeon levou uma das mãos a sua nunca e puxara de maneira prazerosa para si, seu cabelos daquela área.

O ósculo findou-se com diversos selares por parte do moreno, antes de se afastar apenas o suficiente para fitar os olhos alheios.

 — Obrigado por confiar em mim, Tae.