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História I do too - It's crazy what you do for a friend


Escrita por: dboyoongi

Notas do Autor


OLÁ
mais uma vez, me perdoem pela demora absurda :( eu tô atolada até o pescoço com a escola, curso, trabalhos e provas finais que estão vindo em montes zzz não estou tendo tempo para nada :( mas voltei com mais um capítulo pra vocês, espero que gostem ~~

P.s: leiam as notas finais xx

Capítulo 5 - It's crazy what you do for a friend


Fanfic / Fanfiction I do too - It's crazy what you do for a friend

Taehyung P.O.V

Enrolo e desenrolo o fone de ouvido várias vezes entre meus dedos, sentindo o vento gelado morder meu rosto no metrô quase vazio demais para uma quinta-feira.

Depois de ficar limpando a escola e me segurando para não bater em Yoo de novo e ser expulso, peguei minhas coisas e corri para cá, tentando não esbarrar com Hoseok.

Não que tenha sido difícil, já que ele anda sumindo ultimamente e eu tento dizer a mim mesmo que isso não me incomoda tanto quanto eu sei que incomoda.

Depois do encontro dele com seu outro pai adotivo, a quase duas semanas atrás, Hoseok ficou diferente. Distante, mais calado, os sorrisos foram ficando raros até sumirem de vez. As mensagens também.

Eu tentei falar com ele, mas não tive sucesso. Ele sempre está ocupado demais agora, com o quê? Eu também queria saber.

E é por isso que em vez de ir para casa depois de um dia longo na escola, eu estou em um metrô quase vazio e tão gelado quanto um iglu, os fones de ouvido em uma mão e um papel amassado com um endereço em outra.

O trem finalmente chega e eu entro, me sentando perto da porta e enfiando os fones no ouvido, deixando a música abafar o barulho dos trilhos. Olho para a tela, vendo uma foto minha e de Hoseok no papel de parede, o seu sorriso quase tão lindo quanto ele.

Eu quero esse sorriso de volta.

Está na hora de fazer uma visita ao senhor Yoo Jaehee.

                                 ///

  O bairro é chique; essa é a primeira coisa que eu noto. Casas grandes e condomínios chiques, com grama falsa e aparada. Os carros parecem custar mais do que a minha vida.

Caminho devagar, agradecendo aos céus por ter colocado dois casacos ao perceber o sol começando a se pôr e o frio se intensificando. Meu celular pesa em meu bolso e eu espero que Hoseok me ligue a qualquer momento, mas nada acontece.

Retiro o papel amassado da mochila e leio devagar a informação ali, para ter certeza de que não estou no lugar errado.

Casa N° 3456.

É uma casa quase tão grande quanto as outras, dois carros estacionados na frente e um pequeno jardim de flores nas janelas. Enfio o papel de volta na mochila e começo a subir os degraus até a porta.

Bato algumas vezes até perceber a campainha ali e aperta-la, ouvindo o barulho ecoar do outro lado da porta.

Esta que é aberta alguns minutos depois por um cara. Não é Jaehee.

— Eu posso te ajudar? — Pergunta me olhando confuso, provavelmente se perguntando o que um adolescente de moletom e touca está fazendo em frente à sua porta polida.

— Na verdade, pode — Digo sem tentar ser simpático, não tenho simpatia por ele e muito menos por Jaehee. — Eu quero falar com Yoo Jaehee.

— Sobre...?

— Eu acho que isso diz respeito a ele.

O cara me olho embasbacado, acho que não estava esperando esse tipo de atitude, mas não me repreende. Ele apenas assente e some. A porta é aberta novamente, dessa vez pela pessoa que vim ver.

Yoo Jaehee é um homem alto, de ombros largos e cintura estreita, com cabelos cumpridos que chegam até seus ombros e um olhar gentil. Nada parecido com o tipo de cara que larga os filhos com um pai abusivo.

— Olá? Desculpa, mas eu te conheço? — Me olha parecendo perdido.

— Meu nome é Kim Taehyung — Respondo. — Amigo do Hoseok.

Observo sua expressão mudar, a cor em seu rosto sumir e o sorriso gentil cair. A máscara se despedaçando ao ouvir o nome de Hoseok.

— Hoseok... — Sussurra. — Faz tanto tempo que eu não escuto esse nome.

Mordo a língua para não fazer um comentário sarcástico.

— Escuta, senhor, a gente pode ter essa conversa aqui mesmo no frio ou você pode me deixar entrar.

Ele parece acordar do transe e assente, abrindo espaço para eu entrar e eu o faço, suspirando ao sentir o ar quente da casa.

Essa que é tão chique por dentro quanto por fora. Tão diferente do apartamento de três quartos onde Hoseok, Sook e Yoosung moram. Me pergunto se foi por isso que ele foi embora.

Minha simpatia inexistente por ele diminuí ainda mais com a ideia.

Sinto sua mão em meu ombro e ele me guia até uma cadeira por ali. Me sento e espero que ele faça o mesmo.

— Você quer um chá? Refrigerante?

— Não. Eu quero conversar.

Jaehee suspira, tirando o óculos do rosto e passando a mão pelo cabelo, nervoso.

— Olha, Taehyung, eu não sei...

— Não, eu acho que você sabe sim — Interrompo. — A quanto tempo você está aqui na Coréia? Hoseok disse que faz mais de cinco anos desde que você foi embora. Por que voltou?

Ele me olha assustado.

— Como você...?

— Hoseok te viu, faz duas semanas atrás, perto do bairro dele e da pré-escola. Sabia disso? Ou não ouviu ele gritar por você feito um maluco?

O maior parece se encolher nele mesmo, a expressão magoada e eu quase sinto pena dele.

Quase.

— Quanto mais rápido você responder mais curta vai ser essa conversa. 

— Eu... — Suspira. — Eu não sabia. Achei que eles não moravam mais lá, se eu soubesse...

— Não teria passado por lá. — Interrompo — Deve ser difícil ver as crianças que você largou.

Sua expressão muda na hora, o homem encolhido se torna um homem raivoso, mas eu não volto atrás e nem sinto medo. Passei minha vida inteira lidando com um homem raivoso.

Yoo Jaehee não é nada além de um covarde.

— Eu não larguei eles! Você não sabe de nada!

Tento não sorrir porque é exatamente essa reação que eu estava esperando. Um Jaehee calmo e gentil não vai ser sincero e me responder o que eu preciso saber, mas um Jaehee furioso vai.

— Ah, mas eu sei, sim. Você foi embora quando ele estava no ensino fundamental, uma criança, e nunca, nem uma vez, ligou para saber se ele estava bem. Sei que abandonou o cara com quem você namorou desde o colégio e depois casou, mas não oficialmente, com dois filhos para criar sozinho.

— Você não entende, eu tive meus motivos. — Engole em seco. — Yoosung estava se tornando agressivo, as coisas no trabalho não iam bem e nós brigavamos demais. Eu fiquei... assustado.

— E então você resolveu que ia abandonar seus filhos com um homem agressivo? 

Ele não responde por vários minutos e eu já espero que ele me expulse daqui, então seu rosto se contorce em uma máscara de dor e suas palavras seguintes fazem meu sangue ferver.

— Eu nunca os quis.

Espera. Espera.

O quê?

— Adotar duas crianças foi ideia dele, não minha, eu não queria, apenas concordei para vê-lo feliz — Confessa entre sussurros, a voz quebrada. — Eu nunca quis filhos porque achava que ia estragar meu casamento. E foi exatamente o que aconteceu.

— Puta merda — Murmuro, sentindo meu peito doer só de imaginar Hoseok, meu Hoseok, ouvindo essas palavras. — Você é um filho da puta, você sabe disso, não sabe? 

— Olha a boca! — Grita de repente. — Eu ainda sou mais velho que você e você me deve respeito!

— Eu não te devo nada! — Retruco no mesmo tom. — Você sabia que ele chorou durante três horas depois de te ver? Que ele quase foi atropelado correndo atrás de você?

— Eu...

— Você sabia que ele apanha? Sabia que Yoosung bate nele?

Observo Yoo Jaehee se desmontar na minha frente, o rosto ficando vermelho e formando uma careta quando ele começa a chorar e eu sei que cutuquei alguma ferida.

Eu poderia ter sido mais gentil e eu teria sido se não tivesse segurado Hoseok enquanto ele chorava por causa ausência do homem parado na minha frente. 

— Eu não sabia! — Soluça. — Se eu soubesse, eu... eu...

— Você não teria feito nada — Digo, amargo. — Você não ama o Hoseok, aposto que nem considera ele seu filho.  Se amasse teria, no mínimo, deixado seu número para ele ligar quando não conseguisse nem andar de tanto apanhar.

— Me desculpa, me desculpa — Pede no meio de suas lágrimas. — Me desculpa.

— Não é para mim que você devia pedir perdão.

— Eu queria, eu juro, eu queria tanto amar ele. Mas eu não consegui. Toda vez que eu... que eu olhava para ele, tudo que eu via era uma criança que estava acabando com o amor da minha vida.

— Você é egoísta. Hoseok não acabou com nada — Cerro os dentes. — você acabou. Você devia ter tentando consertar seu relacionamento, devia ter conversado com o "amor da sua vida". E não devia ter concordado em adotar nenhuma criança se soubesse que ia ser um pai de merda. Você devia ter ficado.

— Eu me arrependo tanto — Cobre o rosto com as mãos. — Tanto.

— Hoseok não precisa do seu arrependimento. Ele precisa de uma família, mas você tirou isso dele. Foi embora e deixou um homem quebrado para cuidar dele e da Sook.

  Jaehee respira fundo, trêmulo, e tira as mãos de seu rosto inchado pelo choro.

— Você o ama? — Pergunta de repente.

— Amo — Respondo sem hesitar. — E é por isso que eu estou aqui. 

— Você cuida dele?

Caramba, desde quando isso virou um questionário para mim?

— Eu tento.

— Yoosung — Seus olhos brilham tristes ao dizer o nome. — Ele não é um homem ruim, Taehyung. Ele não é. Ele é gentil, ele é amoroso, ele é bom. E eu posso garantir que ele ama essas crianças mais do que tudo. Mais do que ele jamais amou qualquer coisa. Inclusive a mim.

— Eu sei. Mas você quebrou ele — Repito. — É por isso que ele bate no Hoseok, porque ele tem medo que ele faça o mesmo que você fez e vire as costas. Ele quer ter controle. Ele é bom, mas isso não justifica ele machucar o próprio filho.  Ele tem culpa. E você tem também. Os dois.

  O mais velho funga e tenta secar o rosto, mas ainda tem lágrimas escorrendo.

— Escuta — Murmuro cansado. — Eu não vim aqui pra te implorar para voltar pra eles, por mim você sumia da vida do Hoseok de vez. Mas, infelizmente, apesar de você não sentir o mesmo, ele te ama.

Espero que ele fale algo. Nada. Continuo.

— Por isso, eu vou te dar uma chance de consertar essa merda toda que você fez — Levanto, ajeitando a mochila em meus ombros e entrego o número de Hoseok para ele. — Se você quer consertar tudo isso, se quer tentar ser um pai decente pro Hoseok e pra Sook, liga pra esse número e dá seu jeito de se redimir.

Sinto vontade de vomitar ao ver a expressão em seu rosto. Já sei de antemão que Jaehee não vai ligar. Nem agora nem nunca. Ele não quer o Hoseok, ele não quer a Sook.

— Esse número...

— É do Hoseok. Mas escuta bem o que eu vou dizer, se você não quer ter nada a ver com eles, joga fora esse número e nunca mais apareça de novo. Se quiser continuar morando aqui o problema é seu, mas fica longe do Hoseok. Você já magoou ele e eu não vou deixar que magoe mais.

Viro as costas para ele e sigo para a porta, ignorando o outro cara que está perto das escadas, olhando tudo chocado.

Paro com a mão na maçaneta e volto a olhar para ele.

— Eu quero que você fique longe dele — Aviso, voltando atrás no que tinha dito antes. Ele não vai ligar mesmo, de qualquer forma. — Eu não quero que ele te veja nunca mais. Você é covarde e egoísta e se eu souber que fez alguma coisa para ele, acabo com você.

Abro a porta e saio na noite fria, enfiando minhas mãos no bolso do moletom e fazendo meu caminho de volta para o metrô, a sensação de dever cumprido aliviando a dor no meu peito.

Uma parte de mim, uma bem pequena, se permitiu criar a esperança de que talvez as palavras dele não fossem vazias e Jaehee realmente se arrependesse. E meu coração dói por Hoseok ao perceber que essa esperança foi em vão.

Ele não se arrepende de ter ido embora, não se arrepende de ter deixado seus filhos e seu marido.

Yoo Jaehee não é nada além de um covarde.

                              ///

Já passou da hora do jantar quando eu chego no condomínio e subo até o meu apartamento, meus olhos ardendo de cansaço e meu peito apertado de saudade.

Hoseok sempre diz o quanto ele acha que depende demais de mim, mas se ele ao menos soubesse o quanto eu dependo dele.

— Mãe? — Chamo. — Mãe?

— Aqui na cozinha — Sua voz é baixa e rouca e eu vou apressado até lá, com medo.

Minha mãe está parada perto da pia, um copo de vinho na mão trêmula e um hematoma do tamanho de um punho em seu rosto. Tem marcas de dedos em seus braços e pulsos.

— Mãe...

— Tá tudo bem — Tenta sorrir. — Ele teve um dia difícil.

Largo minha mochila no chão.

— Mãe, pelo amor de Deus! — Grito sentindo o cansaço sendo substituído pela raiva, quente e vermelha. — Por que você não me ligou?! E que porra de dia difícil?!

— Taehyung — Me olha séria. — Abaixa o tom que eu sou sua mãe. E eu já disse que está tudo bem.

— Não, não está! — Arranco minha touca e passo a mão pelo cabelo, resistindo ao impulso de despedaçar o copo em sua mão na parede. Ou na cabeça dele. — Para de ficar arrumando desculpas pra ele! Ele te bateu, mãe! Isso é crime!

— Ele me ama, Tae. Eu sei que sim.

— Ele ama as garrafas no armário. Ele ama os amigos de bar dele. Ele ama a bebida mas eu posso te garantir, mãe, que isso que ele tá fazendo com você não é amor.

Minha garganta parece contraída, o ato de respirar difícil e a vontade de chorar grande demais para caber em um espaço tão pequeno como o meu coração. Mas eu não choro, não tenho mais lágrimas há muito tempo.

É como um DVD arranhado. A mesma cena toda vez. As mesmas falas e os mesmos personagens.

Meu pai bebe e desconta na minha mãe, bate nela e depois tenta se redimir dizendo que não foi de propósito, que ele não sabia o que estava fazendo quando bebeu o primeiro gole.

A receita perfeita para um relacionamento violento e abusivo. E minha mãe deixa, porque ela tem tanta certeza de que ele a ama.

Mas sou eu quem limpa os machucados, sou eu quem deita com ela enquanto ela chora, sou eu quem assiste, impotente, ela se desfazer. Não ele, quem tanto diz que a ama, nunca ele.

Penso em todas as vezes que eu quis denunciar ele, todas as vezes que eu quis acabar de vez com essa tortura e penso também nos ataques histéricos dela em todas as minhas tentativas.

E mesmo se eu denunciasse, ninguém acreditaria em mim. Eu sou apenas um adolescente com um histórico escolar ruim e problemas de raiva. Minha mãe negaria até o fim e ele também. Os vizinhos não diriam uma palavra.

Eu não posso salvá-la se ela não deixar.

Fecho os olhos por alguns segundos e espero até estar calmo para ir até ela é tirar o copo com cuidado de suas mãos.

— Vem, você precisa dormir. — Sussurro.

Ela não protesta quando eu a pego no colo, seu corpo pequeno encaixando-se nos meus braços. A levo até meu quarto e a deixo em cima da minha cama, cobrindo seu corpo com o edredom.

Faço carinho em seu cabelo por alguns segundos, deixo um beijo demorado em sua testa e uma cópia da chave do meu quarto em cima da cômoda antes de sair, fechando e trancando a porta do outro lado.

Qualquer coisa para tentar protegê-la dele.


Notas Finais


OLÁ DE NOVO

eu disse que teria o ponto de vista do Taehyung em algum momento ~~~ esse capítulo explica um pouco mais sobre o passado do Hoseok e a situação do Taehyung. Admito que senti meu coração apertado enquanto escrevia a parte dele com a mãe. E eu gostaria de lembrar, gente, violência doméstica não é brincadeira. Não é algo para se romantizar. É algo grave e que tem que ser tratado com seriedade. Nesse capítulo o Taehyung não pode fazer nada, mas você pode, por isso se você conhece alguém que passa por isso, ou você não conhece a pessoa mas sabe que ela passa por isso, não pense duas vezes em denunciar, okay?

Espero que tenham gostado e me perdoem a demora. Vou tentar conciliar tudo para não ter esse atraso. A fic já está na reta final ~chorando~ espero que tenham gostado e me deixem saber o que acharam ~~ até o próximo capítulo, FIGHTING!!!!

misaki x


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