História I don't fucking care - Ansiedade ou Medo?

  POV Dean Winchester

  Eu ainda não acredito que aquele rebeldizinho de merda fez aquilo. Ninguém nunca me enfrentou daquele jeito, muito menos um novato. Depois daquilo, eu fiquei alguns poucos segundos encostado na parede, muito mais surpreso do que com raiva. Todos do refeitório me olhavam indignados, como se dissessem: “ Por que diabos você não fez nada? ” Apenas os ignorei e saí do refeitório batendo os pés no chão.

   A única coisa que me passou em mente foi ir até o jardim, o local me relaxava de certa forma. Me trazia paz, e apenas isso. Mas, definitivamente, aquele não era meu dia de sorte...O otário estava lá, fumando um cigarro e olhando para o nada. Agora ele lê meus pensamentos, é isso?

   Quando me dei conta, o sinal já havia tocado, avisando que as aulas pós-intervalo já estavam para começar. Corri para lá, me sentando e pegando meu livro de geografia, que estava lá no fundo da mala.

    A professora ainda não havia chegado, e só por ter entrado na sala um pouco antes dos alunos, já estava ficando frustrado. Charlie me chamou, do outro lado da sala, e fez um sinal com as mãos, indicando que conversaríamos depois.

***

   Absolutamente todas as aulas, desde o começo foram entediantes. Tanto porque já sabia daqueles assuntos todos, quanto porque o relógio não passava. Acho que fiquei tão aborrecido por ter sido “dominado” daquele jeito, que minha mente só me levava para aquilo.

   Quando os alunos já estavam indo embora, a diretora começou a falar nos autofalantes da escola.

   - Caros alunos, peço a vocês para que se dirijam ao ginásio, porque temos alguns avisos para dar. Apenas os alunos do Ensino Médio devem comparecer, obrigada.

***

   Já no ginásio, fiquei à procura de Charlie, que havia evaporado quando o aviso foi dado. Percorri os olhos pelas arquibancadas e logo vi a ruiva. Era praticamente impossível não a reconhecer, apenas pelo fato de seu cabelo - estupidamente vermelho – chamar bastante atenção.

   Fui até a mesma, mas quando olhei para o lado, Castiel estava conversando com ela. Bufei e sentei ao lado da garota, ignorando completamente o dos olhos azuis.

   - Charlie, você acha que é sobre aquela reforma que estavam fazendo, ou é aquela baboseira toda de começo de ano?

   - Provavelmente as duas coisas. Eu falei com a Srta. Milligan sobre isso, e ela disse que seria explicado hoje.

   - Srta. Milligan? – eu e Castiel perguntamos ao mesmo tempo. Olhei para ele indignado, ele realmente estava lendo minha mente.

    - Sim, ela é professora de inglês, mas também é coordenadora. Você deveria saber, Dean.

   - Só agora que eu fui entender o lance da suspensão... – disse pensando alto e o moreno deu uma risada nasal – O que é?

   - Desculpe, Dean, mas eu acho que você sabe o porquê – disse com um sorriso sarcástico nos lábios. Revirei os olhos e olhei para frente, vendo que o “discurso” já ia começar.

   A diretora começou a contar sobre a história do colégio, como é um privilégio ter alunos como nós, e todo aquela falação de sempre. Ela ficou pelo menos uns 10 minutos falando sobre toda a estrutura do local, para então ir para a parte que eu gostaria de ouvir.

    - Nenhum de vocês sabe ainda o que estávamos planejando, desde o ano passado. Apenas seus pais foram informados, para não ocorrerem confusões. Hoje nós iremos inaugurar um campus para nosso colégio – fiquei um pouco confuso, assim como a maioria das pessoas – Isso significa que, a partir de agora, seremos um colégio interno! 

    Abri a boca, mas nada saiu. Eu não acredito que meus pais haviam concordado com aquilo, não era possível. Era tudo o que eu menos queria. Coloquei o rosto entre as mãos e um filme passou pela minha cabeça.

     - Os únicos pais que ainda não foram informados são os dos alunos novos, portanto, amanhã passarei de sala em sala recolhendo as assinaturas de seus respectivos pais, está entendido? – todos disseram um sim, extremamente desanimado – Todos vocês, deverão trazer suas malas, amanhã. No mural estará dizendo qual quarto cada um ficará, e seus respectivos companheiros de quarto. É só isso por hoje, espero que tenham gostado da surpresa!

     Olhei para a ruiva desesperado, tentando processar tudo o que aquela maldita havia falado. Fiquei parado por alguns minutos, digerindo as informações, e pensando o inferno que minha vida iria se tornar.

   - Você quer virar algum tipo de vegetal ou coisa do tipo? – ouvi uma voz irritante invadir minha mente. Olhei para o lado e o moreno me olhava com uma expressão indecifrável – É que você está parado aí, olhando pro nada, parecendo que está fazendo fotossíntese... – ele sorriu e olhou para a ruiva – Vamos, acho que ele quer ser uma flor. Isso vai demorar mais tempo – virou de costas e começou a andar, sendo acompanhado por Charlie.

   Sinceramente, ele era convencido demais para o meu gosto. Talvez fosse apenas uma implicância minha quanto a ele, mas todo aquele sarcasmo me dava ânsia.

   - Cass, eu preciso falar com o Dean sobre algumas coisas. Se puder esperar lá fora, eu agradeço – Charlie disse se afastando do moreno.

   - Claro, Charlie, fica tranquila – ele disse com um sorriso. Mas não aquele sarcástico que eu tanto odiava, agora realmente parecia sincero – Ah, e tchau, princesa. – todos meus pensamentos foram desfeitos e a raiva começou a borbulhar em meu interior. Revirei os olhos, tentando ignorar o comentário e me voltando para a ruiva.

    Ela esperou que Castiel se afastasse para, então, começar a falar.

    - Serio mesmo que ele é seu “rival” esse ano? Tipo: ele? – a olhei confuso, não entendendo o que ela queria dizer – Dentre todos os milhões de babacas que existem nesse colégio, você escolhe justamente ele.

    - Ah, então você quer dizer que ele seu amiguinho agora – disse sarcástico – É só o que me faltava... – pensei alto.

    - Esse não é o ponto, Dean. Pelo menos tente socializar com o Cass, ele é gente boa.

    - Claro, humilhar uma pessoa na frente do refeitório inteiro é ser gente boa agora – comecei a ficar irritado.

    - Mas foi você que ficou provocando! – ela aumentou o tom de voz – Ele não fez nada que você não estava disposto a fazer – parei para pensar, e realmente era verdade.

    - Tá, tá...Eu vou tentar – revirei os olhos – Mas se ele não colaborar, esquece!

    - Muito obrigada, odeio esse clima pesado entre pessoas do mesmo grupo, sinceramente.

    - Mas saiba que eu continuo tendo minha opinião – ela me olhou, como se perguntasse: “Que opinião, seu idiota?” – Ele sempre vai ser um rebeldizinho irritante. A primeira impressão é a que permanece, não é? – disse risonho, levando um soco no braço.

    - Você é um idiota, Winchester.

    - Eu sei que você me ama, ruiva – ri e a abracei.

  POV Castiel Novak

   Após me despedir de Charlie e Dean, esperei mais alguns minutos antes de ir embora. Na verdade, eu me distraí no meio do caminho olhando para as árvores do grande jardim. Me trazia o sentimento de paz, de uma certa forma. Era relaxante ver a natureza. Desde pequeno, sempre gostei de observar os pássaros cantando. Eles eram meu despertador, quando amanhecia e eu tinha que ir para a escola.

   Olhei para o relógio, e quando percebi que estava quase me atrasando para o ônibus, saí correndo em direção ao ponto de ônibus. Ao chegar lá, a porta do veículo já estava se fechando. Mais uma vez,eu tive que correr apressadamente, passando pela porta rapidamente, antes que ela fechasse.

    - Foi por pouco, garoto – disse o motorista engatando a marcha, e fazendo o veículo acelerar.

    - Nem me fale – eu disse, ainda ofegante por causa da maratona que tinha acabado de correr.

    Paguei o motorista e passei pela catraca, me sentando no primeiro lugar que vi. Coloquei meus fones, e comecei a ouvir uma de minhas músicas preferidas, Can You Feel My Heart. Peguei um chiclete de menta, e comecei a mascar. O caminho inteiro, fiquei com a cabeça encostada no vidro e olhando o caminho. É claro que a bati algumas vezes, afinal janelas de ônibus servem para quebrar o crânio no meio, não é mesmo?

    Quando cheguei em casa, mandei uma mensagem para minha mãe, avisando que o colégio avisou que a partir daquele momento seria interno, por alguns motivos, etc. Ela apenas concordou, e pediu para que eu deixasse a casa arrumada, como sempre.

   Quando cheguei em meu quarto, joguei as coisas no chão e caí na cama. Apertei os olhos, pensando no quão ruim seria estudar num colégio interno pela primeira vez. Já não bastava não conhecer ninguém, eu teria que dividir o quarto com alguém que eu não conheço. Ótimo...

   Apesar de ser muito brincalhão e sarcástico, eu tinha um lado escuro dentro de mim: era introvertido, um tanto quanto antissocial e já havia tido alguns problemas relacionados à depressão, quando menor (talvez esse seria o motivo para ser uma casca dura por fora).

   Muitas pessoas não sabem disso, inclusive, acho que apenas Lúcifer conhece esse meu lado. Todos as crises que tinha por não ter um pai, e achar que minha mãe não dava a mínima para a minha existência, realmente me levaram para o buraco, na época. Na verdade, eu nunca havia conhecido meu pai. Após minha mãe, Naomi, ter se casado com meu pai, Chuck, eles me tiveram. Quando eu ainda era um bebê, Chuck morreu num acidente de carro.

   Desde então minha mãe está tentando “encontrar a si mesma”, fazendo viagens, mesmo que por causa do trabalho, ajudam ela a sair um pouco dessa total crise existencial.

   - Por que minha mente não cala a boca, de uma vez por todas? – bufei virando de barriga para baixo, e pegando meu celular.

   Vi que tinham algumas mensagens de um número desconhecido, e me interessei. Ao ler todas elas (eram muitas), cheguei a conclusão que era Charlie e logo adicionei.

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  Eu: Onde conseguiu meu número?

  Charlie: Tenho contatos, querido.

  Eu: Aha, muito engraçado, fala logo.

  Charlie: Tá, eu pedi pro Lúcifer.

  Eu: Acho que está muito curiosa sobre mim, senhorita.

  Charlie: Eu sou lésbica, Novak, baixa a bola.

   Eu: O QUE? SÉRIO?

   Charlie: Seríssimo u.u

   Eu: Bem-vinda ao vale.

   Charlie: VOCÊ É GAY? NÃO ACREDITO 0.0

   Eu: Não, ruiva, eu sou bi. É um pouco diferente.

   Charlie: Tá, tá...que seja. Agora eu tenho coisas importantes para fazer.

    Eu: Coisas importantes, vulgo dormir e comer.

    Charlie: Exato. Bjos, tô atrasada.

    Eu: kajskajsk tá beijos <3

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    Bloqueei o aparelho e fui fazer algo para comer, estava faminto. Peguei um potinho de arroz no congelador, e um bife que havia comprado no fim de semana. Eu havia feito arroz durante a semana e guardado em potes, assim não precisaria ficar fazendo todo o processo 4 vezes por semana, e sim 2.

   Após fazer minha comida, sentei no sofá e fui assistir alguma coisa na televisão, apenas para passar o tempo. Passei de canal em canal, até achar um desenho animado. Poderia ser para crianças, mas era hilário ver os personagens se ferrando o tempo inteiro.

***

   Logo depois de quase cair algumas vezes, consegui pegar a minha mala em cima do guarda-roupa, com a ajuda de uma cadeira. Passei um pano nela, afinal estava lá desde que eu e minha mãe nos mudamos para aquela casa, e um pouco antes da mudança, ela ainda estava guardada. Cocei meu nariz e espirrei várias vezes, por causa do pó, eu tinha um pouco de alergia a ele.

***

   Selecionei as roupas que iria usar, finalizando ao colocar algumas toucas e meias. Passou-se um bom tempo até que conseguisse organizar tudo, inclusive a casa. Sentei no meio da sala, exausto, e ao mesmo tempo ansioso. Não conseguia parar quieto, por causa do dia que estava por vir.

    Encostei a cabeça no chão, sentindo uma pequena camada de suor escorrer pelo meu rosto, eu oficialmente estava morto. Apesar do frio absurdo que estava fazendo, eu estava com muito calor. Tirei meu moletom, e logo depois todas as camisetas que estavam por baixo. Resolvi que era melhor tomar um banho, se não iria fritar no chão.

     Eu não sabia ao certo se estava ansioso ou se estava com medo de "morar" naquela escola.